quinta-feira, 30 de abril de 2009

ARTIGO: Performance


DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *


por EMANUEL CAMEIRA do site português ArteCapital.com

Mas quem foi que lhe disse que a arte devia ser vida?
Esta noite improvisa-se de Luigi Pirandello

Ainda desconhecidas para alguns, as performances de Tehching Hsieh (Taiwan, 1950) medem-se literalmente por anos. Também por isso são marcos numa linguagem artística em aberto desde a década de 60 do século , quando outro era já o registo, mais voltado para uma desmaterialização do objecto, refazendo o entendimento formalista sobretudo ao querer privilegiar na obra de arte aspectos de conceito e de processo e, como tão bem notou Lucy Lippard (1), concebendo-a em termos efémeros, interdisciplinares, na directa interacção com o público e próxima do quotidiano. Mas explicar o recente interesse curatorial e académico pelo trabalho de Hsieh implica contudo situá-lo primeiro entre uma teia de circunstâncias onde constam a crescente atenção ocidental a artistas asiáticos (muitos da diáspora europeia e norte-americana), o actual peso dos estudos performativos no quadro da teoria cultural ou mesmo a emergência de projectos expositivos baseados na reconstituição de performances históricas.

Tehching Hsieh, “One Year Performance”, 1978 – 1979

Corria o ano de 1974 e Hsieh desembarcava ilegalmente num pequeno porto de Filadélfia. Essa condição de outsider, de imigrante ilegal, constitui aliás algo com que lidará até à amnistia de 1988, decorria a derradeira das suas seis performances, quase todas acontecidas na vibrante cena nova-iorquina. E sob que forma? Sempre a excessiva presença do corpo preso a situações-limite, de intenso desgaste físico e mental: vemo-lo enjaulado no atelier e impedido de qualquer tipo de estímulo (2), contacto material ou humano (pedia-se inclusive o silêncio da audiência nas poucas vezes que a houve), picando o ponto hora a hora, na pele de sem-abrigo, amarrado a Linda Montano pese embora nunca lhe podendo tocar, recusando fruir de actividades de cariz artístico. Obras portanto singularíssimas, as “one year performances”, nelas se intensificaram as ligações da arte com a vida mediante o recurso a uma longa e metafórica duração anual. Diz o artista:

Tehching Hsieh, “One Year Performance”, 1980 – 1981

One year is the largest single unit of how we count time. It takes the earth a year to move around the sun. Three years, four years is something else. It is about being human, how we explain time, how we measure our existence. A century is another mark, which is how the last piece was created. (3)

Tehching Hsieh, “One Year Performance (Outdoor Piece)”, 1981 – 1982

De facto, “Earth” é diferente. A 31 de Dezembro de 1986 Tehching Hsieh nada revela do conteúdo da performance. A arte que produzirá apenas será descrita no fim, treze anos depois. Quem esteve na Judson Church de Manhattan e então assistiu ao anúncio, “I kept myself alive. I passed the Dec 31, 1999”, pôde testemunhar a desconstrução dessa espécie de ontologia da performance associada grosso modo à ideia de acontecimento momentâneo e não tanto à experiência vivida extensamente no tempo. A absoluta diluição da arte na vida, aqui flagrante, mostra uma radicalidade que concretiza o tal princípio de Allan Kaprow segundo o qual the line between art and life should be kept as fluid, and perhaps indistinct, as possible (4). Ora, destituída de parâmetros palpáveis, a obra está na vida de Hsieh. Transfiguração da vida porque no plano da arte ou desmistificação desta por via das contingências do dia a dia (lembre-se a ocasião em que adormece e deixa de picar o ponto ou a rixa de rua que o força a entrar num espaço coberto, a esquadra), parecem surgir enquanto possíveis rotas de sentido.

Tehching Hsieh, “One Year Performance (Art-Life)”, 1983 – 1984

Julgo ter sido Jacinto Lageira a afirmar a necessidade de na performance reconhecer a integração das componentes física, sensível da acção, e formal, do intelecto. Verdade é que sem sujeito para a viver a forma não ganharia existência. Porém, o performer pensa emergido na especificidade de um corpo já vivido, material pensante, dotado de história. Parte do fascínio de Tehching Hsieh provém daí:

His destination: Manhattan, center of the art world. Once there, though, Hsieh found himself ensnared in the benumbing life on an illegal immigrant. He eked out a living at chinese restaurants and construction jobs, feeling alien, alienated and creatively barren until it came to him: he could turn his isolation into art. Inside an unfinished loft, he could build himself a beautiful cage, shave his head, stencil his name onto a uniform and lock himself away from a year. (5)


Tehching Hsieh, “One Year Performance”, 1985 - 1986

Na performance, a obra encontra-se na imanência da encarnação. Há um sujeito que vejo e me interpela acerca de variados traços da vida individual e social, privacidade, trabalho, liberdade, alteridade. Hsieh estabelece pois com a arte uma nova e visceral vinculação, submetida a sua corporalidade à pura passagem do tempo, a um duradouro e repetitivo conjunto de tarefas e constrangimentos.

Tehching Hsieh parou de criar a partir de 31 de Dezembro de 1999. Alexandra Munroe, curadora sénior de arte asiática no museu Solomon R. Guggenheim arrisca a seguinte interpretação:

maybe he was a man choosing art as a tool to demonstrate a certain philosophical set of conditions, and it served his purpose, so he doesn’t need it anymore. I think he’s bigger than art on some level. I think – I’ll be really extreme here – that he killed art so he could transcend it. (6)

Tehching Hsieh, “Earth”, 1986 – 1999

Até dia 18 de Maio uma réplica da jaula construída no âmbito da primeira “one year performance” pode ser vista no MoMA. Um mês antes termina no Solomon R. Guggenheim a exposição “The third mind: american artists contemplate Ásia, 1860-1989”, que documenta a segunda das performances.

Emanuel Cameira

NOTAS

* Título adaptado de De que falamos quando falamos de performance, revista Marte, nº 3, edição da Associação de Estudantes da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2008.
(1) Lippard, Lucy R. (1997), Six years: the dematerialization of the art object from 1966 to 1972, California, University of California Press.
(2) Exceptuando a alimentação que diariamente lhe era levada por um amigo.
(3) Retirado da entrevista a Hsieh disponível em www.thebrooklynrail.org/arts/sept03/tehchinghsieh.html
(4) In Harrison, Charles e Wood, Paul (eds.) (2003), Art in Theory 1900-2000 – an anthology of changing ideas, Oxford, Blackwell Publishing, p. 720.
(5) Sontag, Deborah (2009), “The art of pushing the boundaries of life”, in International Herald Tribune, 27 de Fevereiro, disponível em www.iht.com/articles/2009/02/27/arts/artist.php


Volpi no Rio


Exposição no Instituto Moreira Salles reúne telas raras de Alfredo Volpi

O Rio já viu muitas exposições de Alfredo Volpi, mas a curadora Vanda Klabin conseguiu, numa pesquisa em coleções particulares, encontrar obras raramente ou nunca antes expostas. Na mostra "Volpi: dimensões da cor", aberta ao público no Instituto Moreira Salles (IMS), Vanda olha para o Volpi do fim dos anos 1950 e do início dos 60, momento em que o pintor abandona as paisagens e marinhas e começa a delinear os elementos que marcariam toda a sua produção artística posterior.


- É um período muito significativo e fecundo na obra do Volpi, em que ele introduz elementos puramente abstratos, com os quais sedimenta seu afastamento do naturalismo - afirma Vanda.
Em seu caminho para a geometria, Volpi, sem nunca se filiar a movimentos artísticos, recebeu influência de concretos e neoconcretos. Uma série de obras na exposição representa essa aproximação, causando um estranhamento em relação ao que mais se conhece de Volpi. Numa montagem sem divisórias, em que todas as obras são vistas em conjunto, o visitante pode atentar para as relações entre essas telas e outras mais diretamente identificadas com Volpi, como a geometria das suas famosas bandeiras, que começaram a aparecer em meados da década de 1950 - e que nada mais são, como mostra Vanda, elementos geométricos, cada qual um "quadrado do qual se retira um triângulo".
Têmpera revela o movimento dos pincéis


Exposição de Alfredo Volpi, no Instituto Moreira Salles - Mônica Imbuzeiro Apesar da ligação com a arte construtiva, em grande parte feita através dos amigos Willys de Castro e Theon Spanudis (signatário do Manifesto Neoconcreto, em 1959), Volpi manteve a "antimoderna" técnica da têmpera, que substituíra sua pintura a óleo em 1944. Nascido na Itália, Volpi nunca se naturalizou brasileiro, apesar de ter vindo aos 2 anos, com os pais imigrantes, para São Paulo, e só ter voltado uma vez à Europa, em 1950. Depois dessa viagem, inspirado pela tradição da pintura italiana, Volpi não abandonou mais a têmpera. Deixando a tinta rarefeita, a técnica revela ao espectador o movimento do artista.
Depois do flerte com o concretismo, Volpi se afastou completamente do movimento e começou a explorar os signos que se repetem em sua obra posterior. Bandeiras, fachadas e elementos náuticos se alternam como elementos geométricos que se repetem, em diferentes combinações. Na mostra, Vanda põe lado a lado obras com composições semelhantes, em que o artista varia apenas as cores.

INFORMAÇÕES

Local: Instituto Moreira Salles (INFORMAÇÕES)
Preço(s): Grátis.
Data(s): Até 5 de julho de 2009.
Horário(s): Terça a sexta, 13h às 20h; sábado, domingo e feriados, 11h às 20h.

ALELUIA

Funarte vai financiar Brasil em Veneza

por Fabio Cypriano da Folha de S.Paulo

O Ministério da Cultura por meio do Fundo Nacional da Arte (Funarte) deve viabilizar a representação brasileira na Bienal de Veneza, prevista para ser inaugurada no dia 7 de junho, que podia não ocorrer por falta de patrocínio.
Afundada em dívidas, a Fundação Bienal de São Paulo que, desde 1993, indica os representantes brasileiros em Veneza, não tem como pagar os custos da representação na mais tradicional das bienais. A seleção foi feita por Ivo Mesquita, curador da última edição da Bienal de São Paulo, e traz o fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor alagoano Delson Uchôa.
Luiz Braga/Divulgação
Fotografia do paraense Luiz Braga, que estará na Bienal de Veneza deste ano

"Fomos procurados pelos galeristas dos artistas e por Mesquita para ajudar a realizar a representação em Veneza e estamos conseguindo os recursos. Seria uma vergonha não abrir o pavilhão brasileiro", disse à Folha Ricardo Resende, 47, diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, no Rio.
Uma carta assinada pelo curador, pelos artistas e seus galeristas (Eduardo Leme, no caso de Braga, e Luciana Brito, para Uchôa) foi enviada ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, pedindo o apoio do órgão para viabilizar a representação nacional, orçada em R$ 350 mil.
Contudo, para conseguir chegar a tal objetivo, o Ministério da Cultura precisa que a Fundação Bienal renuncie à função. "Como o Ministério das Relações Exteriores estabelece, por um convênio, que a Fundação Bienal é a entidade que organiza e produz a representação, é preciso que ela abra mão dessa tarefa", conta Resende.
"Não tenho certeza se de fato é preciso abrir mão de alguma coisa, mas certamente vamos fazer tudo possível para fazer com que a Funarte se torne a comissária da representação nacional", declarou à Folha o presidente da Fundação Bienal, o empresário Manoel Francisco Pires da Costa, 70, que está deixando o cargo e não atuou na negociação.
O convênio firmado entre o Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Bienal vence no próximo mês de junho e Resende irá propor que, a partir de então, o Ministério da Cultura passe a assumir essa responsabilidade. "Eu acho ótimo que a Funarte assuma a representação em Veneza; se isso tivesse ocorrido desde o primeiro dia que assumi a Bienal, tudo teria sido muito mais fácil", disse Pires da Costa.


Bienal de São Paulo sem Presidente



Após desistência de Matarazzo, Bienal continua em busca de presidente

por Fabio Cypriano da Folha de S.Paulo

Um vácuo de poder assombra a Fundação Bienal. Por pouco a representação brasileira não vai a Veneza, o que deve acontecer graças a galeristas e ao Ministério da Cultura.
Em parte, tudo isso está ocorrendo pelo fato de não se descobrir pessoas dispostas a assumir o cargo de presidente da instituição. O último ato desse roteiro foi a desistência do secretário municipal Andrea Matarazzo (Coordenação das Subprefeituras).

Bruno Miranda/Folha Imagem
Secretário Andrea Matarazzo desistiu da Fundação Bienal

Já o atual presidente, Manoel Francisco Pires da Costa, diz que está limitado em suas funções: "Eu não consegui dinheiro, pois a Bienal de Veneza não era minha obrigação, mas do próximo presidente." Mas foi o próprio Pires da Costa que indicou o curador do pavilhão, Ivo Mesquita. "Fiz isso pedindo anuência ao embaixador Rubens Barbosa, meu amigo, que no final do ano passado era o candidato a ser meu sucessor", diz o presidente.
Esse vazio de poder incomoda ao presidente do Conselho da Fundação, Miguel Pereira, que convocou uma reunião para o próximo dia 5.
"Esse presidente [Pires da Costa] é não desejado, é preciso que o conselho assuma responsabilidades, pois eu não posso decidir sozinho", diz Pereira.
Por enquanto, o nome que mais circula entre os conselheiros é o do empresário e colecionador Heitor Martins, casado com Fernanda Feitosa, diretora da feira SP Arte.
A empresa de auditoria que analisa as contas do mandato de Pires da Costa - assim que elas forem aprovadas ele deixa de ser presidente - também está em fase final de seu trabalho e, segundo a Folha apurou, o déficit da instituição é de R$ 2,9 milhões, abaixo dos R$ 4 mi divulgados por Matarazzo.
Pires da Costa relativiza esses valores: "O déficil real da Fundação Bienal está em cerca de R$ 600 mil, o restante são regras contábeis que devem ser descontadas, como por exemplo cerca de R$ 900 mil de imobilizados, que não são dívidas."
O presidente ainda afirma que a há pelo menos R$ 200 mil a receber da participação de países estrangeiros na última edição da Bienal.
"O que temos é um grave problema de fluxo de caixa, mas isso é algo constante aqui", diz ele.



quarta-feira, 29 de abril de 2009

Franceses ensinam: as aparências enganam



Meias Verdades, no Rio, é mostra que discute limites entre realidade e ficção

por Roberta Pennafort

Nas fotografias nas paredes, as mulheres estão com a aparência de manequins. No vídeo, uma viagem pelos Estados Unidos, narrada por uma das viajantes - terá sido real ou inventada? Em instalações videográficas, diversas histórias são contadas supostamente por pessoas diferentes, mas... no fim, parece até que se trata de um mesmo homem. O que é ficção? O que é realidade? A questão está no ar em Meias Verdades, exposição a ser aberta ao público amanhã no Oi Futuro, no Rio.

Parte do extenso calendário cultural do Ano da França no Brasil, a mostra, que ficará em cartaz até 28 de junho, traz à cidade trabalhos de Sophie Calle, Pierrick Sorin e Valérie Belin, "os três maiores artistas contemporâneos da França atualmente", diz Adon Peres, curador, com Ligia Canongia.

"A questão (do que é realidade e ficção) é cada vez mais frequente nas artes visuais, e também na literatura. O curioso é que na montagem da exposição, os próprios funcionários do Oi Futuro já erraram na hora de identificar as mulheres e os manequins."



Trailer do Filme Double Blind(No Sex Last Night), de 1992 da artista Sophie Calle em exposição no Oi Futuro, no Rio.

Peres se refere às fotos de Valérie Belin, manipuladas digitalmente de modo a aproximar as imagens de jovens modelos a rostos inumanos, todos perfeitos, como avatares. Capazes de "condensar o silêncio, como se as coisas e seres ali estampados prescindissem do discurso, desconfiassem da palavra e, mais, bastassem a si mesmas com imagens", como descreve a curadora, as obras de Valérie - uma artista em ascensão, com obras presentes no Museu Contemporâneo da Fotografia de Paris - ocuparão o primeiro andar do Oi Futuro.

"O que eu quero que as pessoas vejam é o tratamento pictórico da imagem, de modo que se perguntem se estão vendo uma foto ou uma pintura hiper-realista", explica Valérie, que admira o trabalho dos colegas franceses e também de artistas brasileiros, como Ernesto Neto, Cildo Meireles e Vik Muniz. "São muitas questões que quero levantar: O que é a vida, hoje? Como ela é moldada pelas metamorfoses e forças de destruição?" O centro cultural é bem apropriado para a mostra, por tratar de tecnologia e arte em seus espaços. Em seu segundo andar, estão dois vídeos de Sorin. Retrato de Cidade mostra embarcações que navegam por um rio tendo como tripulantes personagens interpretados pelo artista.

Em Projetos de Artistas, o videomaker, que se utiliza do humor em seus trabalhos e já veio para a Bienal Internacional de São Paulo, também assume distintos papéis: travestido de artistas, zomba deles.

Sophie Calle exibirá seu filme Double Blind, de 1992, no terceiro andar. Nele, ela apresenta aos espectadores o norte-americano Gregory Shepard como seu companheiro de um ano. Os dois filmam uma viagem que fazem juntos, de cadillac, de Nova York à Califórnia, que é narrada pela artista. Mas não é possível saber se aquilo aconteceu mesmo ou não.

Destaque na Bienal de Veneza, em 2007, Sophie, também escritora, é presença confirmada na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho. Ela foi o ponto de partida de Meias Verdades. "Diante da obra, sofremos um duplo impacto, em si contraditório: ou acreditamos verdadeiramente no que vemos e no que lemos ou enveredamos pela desconfiança de que os textos mentem, ou inventam e, nesse caso, não sabemos exatamente o que fazer com os ?documentos? fotográficos", avalia Ligia Canongia. É ver para crer - e desconfiar.

Contemporâneos

SOPHIE CALLE: Celebrada artista francesa, nascida em 1953, Sophie Calle trabalha nos campos da fotografia, da instalação e da arte conceitual. Em julho, sua individual Prenez Soin de Vous chegará ao Brasil: será apresentada no Sesc Pompeia, em São Paulo, e, depois, a partir de setembro, no MAM da Bahia.

VALÉRIE BELIN: Artista nascida em 1964, Valérie se dedica ao gênero fotográfico.

PIERRICK SORIN: Filmes de curta duração e videoinstalações são os terrenos explorados por este profissional multimídia, nascido em 1960.


GERALDO DE BARROS - MODULAÇÃO DE MUNDOS

Exposição de Geraldo de Barros reúne 133 obras do fotógrafo no SESC Pinheiros

por Mario Gioia da Folha de S.Paulo

"A composição é para Geraldo um dever." A avaliação de Pietro Maria Bardi sobre a obra fotográfica de Geraldo de Barros, que apresentava sua primeira individual no Masp, em 1951, serve como guia para nova exposição sobre o artista, aberta hoje no Sesc Pinheiros.
"Geraldo de Barros - Modulação de Mundos" tem curadoria de João Bandeira, do Centro Universitário Maria Antonia, e de Fabiana de Barros, filha do artista, radicada em Genebra.

Fotografia que faz parte da exposição sobre Geraldo de Barros no Sesc Pinheiros

Mesmo não sendo uma retrospectiva, "Modulação de Mundos" sintetiza as diversas facetas de Barros (1923-1998), exibindo 133 obras --73 fotografias, 36 móveis e 24 "pinturas-objeto", feitas em fórmica.
Pintor ligado ao grupo Ruptura --protagonista de mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1952, que marca o início da arte concreta no Brasil--, Barros também foi nome-chave na renovação da fotografia brasileira entre o final dos anos 40 e o começo da década seguinte.
Não menos importante é sua atividade como designer, responsável pela cooperativa Unilabor (de 1954 a 1964) e pela empresa Hobjeto (de 1964 a meados dos anos 80).

Modulações

"Conhecendo mais a obra do Geraldo e acompanhando essas diversas mostras, o que mais me chamou a atenção em sua obra é essa tendência para o modular", diz Bandeira, 48.
Assim, por exemplo, a série de fotografias "Fotoformas", feita de 1948 a 1952, utilizaria um conjunto fixo de formas que seriam trabalhadas em diversas combinações pelo artista para dar resultados diversos.
"A mesma imagem do telhado da estação da Luz rendeu diversas fotografias, com Geraldo experimentando diversos rearranjos", explica Bandeira.
Já no design, Barros utilizava um número pequeno de partes constitutivas de móveis (caixas retangulares, armações metálicas) para criar linhas variadas.
"Com isso, ele faz a transição do móvel moderno feito em escala artesanal para um padrão industrial. Esse pensamento modular foi decisivo no sucesso da Unilabor e da Hobjeto", avalia o curador.
Já nas pinturas feitas em fórmica nos anos 80, Barros utiliza cores básicas em formas geométricas que facilitam sua reprodução. E a fórmica permite que a pintura ganhe uma identidade mais "industrializada".
"Ele antecipa essa ideia quando confecciona um panfleto na Bienal de São Paulo, em 1979, dando instruções ao público de como fazer cinco protótipos de seus quadros", conta ele. O folheto, assim como diversos documentos de época, também serão expostos.

GERALDO DE BARROS - MODULAÇÃO DE MUNDOS
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 10h30 às 21h30, e sáb., dom. e feriados, das 10h30 às 18h30; até 28/6
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 3095-9400); livre

terça-feira, 28 de abril de 2009

Prêmio Turner 2009



Prêmio Turner de arte quer atrair mais público e não causar só perplexidade

Fonte: Reuters


O Prêmio Turner, um dos principais troféus de arte contemporânea do mundo, pretende fazer em 2009 o que ainda não conseguiu fazer no passado: atrair o público.
O prêmio anual, que comemora sua 25ª edição este ano, ganhou uma reputação de provocativo e impopular fazendo o Reino Unido - com seus tabloides incluídos - debater acaloradamente sobre o "o que é arte?".
Os quatro artistas finalistas de 2009, revelados nesta terça-feira, podem ser mais fáceis de ser entendidos que muitos candidatos anteriores, garantem os juízes.

O finalista Roger Hiorns é conhecido por sua exposição de 2008 "Seizure", na qual encheu um apartamento abandonado de um bloco londrino dos anos 60 de sulfato de cobre líquido que gradativamente encrustou toda a superfície com brilhantes cristais azuis.

Obra 'Seizure', do artista Roger Hiorns, finalista do Prêmio Turner. Foto EFE

É de alguma forma um alquimista moderno - disse a jurada e conservadora Andrea Schlieker.
Ele utiliza materiais ordinários, de detergente líquido a perfume ou fogo e os converte em algo mágico e maravilhoso - elogiou Andrea.

O finalista Enrico David, de origem italiana, está, segundo o jurado e crítico de arte Jonathan Jones, obsecado pela figura e com o corpo humano.

Obra do artista Enrico David, finalista do Prêmio Turner. Foto EFE

É uma espécie de surrealista contemporâneo - afirmou Jonathan.

Entre os finalistas de 2009 há uma mulher, Lucy Skaer, que faz desenhos e esculturas que frequentemente têm fontes fotográficas como ponto de partida.

Obra do artista Richard Wright finalista do Prêmio Turner. Foto EFE

O quarto candidato é Richard Wright, de 49 anos. O prêmio reconhece artistas ativos no Reino Unido e de menos de 50 anos.
Wright é especializado em grandes murais feitos especificamente para o espaço em que estão. Jonathan disse que suas obras recordam tanto a geometria exata dos azulejos islâmicos como os afrescos medievais.

Obra da artista plástica Lucy Skaer, finalista do Prêmio Turner. Foto EFE

As obras dos artistas finalistas estarão em exibição a partir do dia 7 de outubro e o ganhador será anunciado no dia 7 de dezembro.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Participação brasileira na Bienal de Veneza está em risco

Vergonha Nacional


Maurício Moraes Colaboração para a Folha

O vazio que marcou a última edição da Bienal de São Paulo pode chegar ao pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza, o evento mais importante das artes plásticas no mundo. Até o momento, a Fundação Bienal não garante a produção da mostra, orçada em R$ 350 mil.

Afundada em dívidas que ultrapassam R$ 4 milhões e em meio a uma crise política, a instituição pode esvaziar a representação artística e do Estado brasileiro em Veneza, já que o pavilhão é considerado território diplomático do país.

Para levantar fundos, a Bienal entrou às pressas com pedido no Ministério da Cultura para captação de recursos via lei Rouanet, mas não deve haver tempo hábil para os trâmites.

"Não aparecer em Veneza é lamentável, uma perda incrível para o circuito brasileiro", diz Ivo Mesquita, curador da representação brasileira e responsável pela última edição da Bienal de São Paulo. "Os reis escandinavos, por exemplo, vão representar seus países. É um dano na imagem do Brasil."

Os artistas selecionados para o pavilhão brasileiro são o fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor alagoano Delson Uchôa. Ambos seguem produzindo normalmente, apesar da incerteza sobre a mostra.

Segundo apurou a Folha, a Fundação Bienal protocolou em 17 de março um projeto de captação de fundos via lei Rouanet para custeio da representação brasileira em Veneza. O pedido está sob analise técnica e, na melhor das hipóteses, poderá ser votado apenas em maio, quando acontece a próxima reunião do Conselho Nacional de Incentivo à Cultura.

Somente a partir daí, a fundação estaria apta a buscar um patrocinador e fazer a captação. As obras, no entanto, deveriam ser despachadas no dia 5 de maio, para a produção da mostra, que será inaugurada no dia 7 de junho.

Sem decisão

O presidente da Fundação Bienal, Manoel Pires da Costa, que deve deixar o cargo em breve, reconhece que "por enquanto não há nenhuma decisão" sobre o pavilhão do Brasil em Veneza. "Não posso tomar a decisão do próximo presidente", esquiva-se. A Bienal procura há cinco meses um novo nome para substituir Pires da Costa, que está à frente da fundação há três mandatos.

O mais cotado para assumir é Andrea Matarazzo, secretário paulistano das Subprefeituras. Segundo o presidente do conselho da fundação, o arquiteto Miguel Alves Pereira "o Manoel [Pires da Costa] já não decide mais nada". Ele crê que haverá representação, mas não dá garantias nem sabe de onde poderia vir o dinheiro.

O Itamaraty, responsável pela manutenção do pavilhão do Brasil em Veneza, disse por meio de sua assessoria que trabalha com a possibilidade da representação brasileira.

Em nota, o Ministério da Cultura diz que desde outubro "vem buscando o entendimento com as instituições brasileiras e italianas para resolver esta situação extremamente delicada que se abriu com a crise administrativa da Fundação Bienal de São Paulo e o vazio institucional então decorrente". Segundo o comunicado, o ministério "não pode resolver de forma unilateral a questão, nem substituir administrativamente a instituição responsável".

quinta-feira, 23 de abril de 2009

FRANÇA NA TELA



Mostra de vídeos do Museu de Arte Moderna de Paris traz a São Paulo uma geração de herdeiros da nouvelle vague

por Silas Martí da Folha de S. Paulo




"Zidane, Un Portrait du 21ème Siécle", de Philippe Parreno e Douglas Gordon

Cada grão de areia no deserto do Novo México corresponde a um ponto prata no filme super-8 que Dominique Gonzalez-Foerster usou em "Atomic Park". É seu resumo sombrio da era Bush gravado onde os Estados Unidos testaram a bomba atômica antes de aniquilar Hiroshima e Nagasaki.
Outro francês, Melik Ohanian, projetou sem tela, num deserto da Califórnia, o filme "Punishment Park", obra de Peter Watkins banida por 25 anos nos EUA, crítica à lei dos anos Nixon que previa torturar os militantes dos direitos civis. Em cena, só o projetor e a trilha sonora do filme, com o deserto como pano de fundo.
São obras centrais da mostra "Entre-Temps", com 21 vídeos do Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, que começa hoje no Museu da Imagem e do Som e tem outra parte aberta amanhã no Paço das Artes, dentro do Ano da França no Brasil.
Herdeiros estéticos da nouvelle vague e do nouveau roman, movimentos franceses de cinema e literatura dos anos 70, artistas como Gonzalez-Foerster, Ohanian, Philippe Parreno e Pierre Huygue, nomes fortes da cena internacional presentes na mostra, levam ao vídeo uma fragmentação da narrativa e a noção de tempo dilatado.


"Atomic Park"Dominique Gonzalez-Foerster

"O filme começa no presente, recua ao passado e reencontra a experiência terrível dos testes atômicos numa explosão cromática", resume Gonzalez-Foerster, 44. "O deserto vira um imenso cubo branco, em que tudo se destaca."
"É a tentativa de capturar a dimensão luminosa dessa paisagem", diz Ohanian, 40, sobre seu filme no deserto. "Uma projeção sem tela é metáfora para um mundo sem projetos, orientado pela ausência." Não espanta que a retomada estética proposta por esses artistas recorra aos vazios da América como cenário -a filosofia que deu base às ideias cinematográficas e literárias nos anos 70 ganhou mais adeptos nos EUA e acabou sendo suprimida na França, como gritos perdidos num deserto.
Seguindo esse embaralhamento narrativo e temporal, Philippe Parreno e Douglas Gordon apontam 17 câmeras para os passos de Zinedine Zidane em campo, numa partida entre Real Madrid e Villareal. Transformam os 90 minutos do jogo num retrato atemporal do atleta: escrutínio da forma física plano a plano e espécie de ode à solidão do jogador em meio ao espetáculo coletivo.
Também sozinha, num tempo suspenso e irreal, a personagem de mangá Ann Lee, de cabelos e olhos azuis, protagoniza uma série de filmes de Parreno, Pierre Huygue e Gonzalez-Foerster. Cada artista dá sua versão da história, mas ela acaba sempre reclamando que não foi desenhada para sobreviver.

ENTRE-TEMPS

Quando: abertura hoje, às 19h30 (MIS) e amanhã, às 20h (Paço); de ter. a sex., das 12h às 19h; sáb. e dom., das 11h às 18h (MIS); de ter. a sex., das 11h30 às 19h; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30 (Paço); até 28/ 6 (MIS); até 22/6 (Paço)
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 0/ xx/11/2117-4777); Paço das Artes (av. da Universidade, 1, tel. 0/xx/ 11/3814-4832)
Quanto: entrada franca


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nicolas Bourriaud é lançado no Brasil pela Martins Fontes

Fonte: www.martinseditora.com.br

Coleção Todas as Artes, da editora Martins, lança Estética Relacional e Pós-produção, do teórico e crítico de arte Nicolas Bourriaud

ESTÉTICA RELACIONAL (Coleção Todas as Artes)
Autor: Nicolas Bourriaud
Editora: Martins
ISBN: 978-85-99102-97-8
Preço: R$ 25,50
Páginas: 152 pp.
Tradução: Denise Bottmann




PÓS-PRODUÇÃO - COMO A ARTE REPROGRAMA O MUNDO CONTEMPORÂNEO (Coleção Todas as Artes)
Autor: Nicolas Bourriaud
ISBN: 978-85-61635-11-4
Preço: R$ 19,80
Páginas: 112 pp.
Tradução: Denise Bottmann



Os livros apresentam pontos em comum ao descrever a sensibilidade coletiva na qual se inserem as novas formas da prática artística, tomando como ponto de partida o espaço mental que a internet abriu para o pensamento. Enquanto Estética Relacional trata do aspecto convivial e interativo dessa revolução, Pós-produção apreende as formas de saber geradas pelo surgimento da rede, propondo orientações diante do caos cultural e deduzindo novos modos de produção a partir dessa desorganização.
Estética Relacional é uma obra composta por textos - atualizados e revisados - publicados em revistas especializadas, como Documents sur l´Art, e em catálogos de exposições, além de alguns inéditos. No final do livro há um glossário para facilitar a leitura e familiarizar o leitor com os termos empregados na área de artes.
Bourriaud levanta questões sobre os verdadeiros interesses da arte contemporânea, suas relações com a sociedade, a história e a cultura. Discute a necessidade de saber interpretar as novas abordagens da arte com relação a sua forma material, tendo como ponto de partida a arte dos anos 1960.
O escritor investiga a sensibilidade coletiva em que se inscrevem essas novas formas da arte, detendo-se na vertente convivial e interativa dessa revolução, procurando saber por que os artistas passaram a produzir modelos de socialidade e a se situar dentro da esfera inter-humana.
Com as relações humanas estabelecidas dentro de espaços de controle que decompõem o vínculo social em elementos distintos, a prática artística aparece como um campo fértil de experimentações sociais ao efetuar ligações que possibilitam abrir algumas passagens obstruídas e várias utopias de proximidade.
Em "Pós-produção", o autor nos mostra como entender e interpretar as novas manifestações artísticas de arte em nossa época abordando as relações entre a cultura, em geral, e a obra, em particular. Todas essas práticas, embora muito diferentes em termos formais, recorrem a formas já produzidas. Elas inscrevem a obra de arte numa rede de signos e significações, em vez de considerá-la como forma autônoma ou original.
O ponto de partida da obra é o espaço mental mutante que a internet - ferramenta central da era da informação - abriu para o pensamento, apreendendo as formas de saber que o gera. Assim, é possível orientar-se no caos cultural em que estamos mergulhados, deduzindo, a partir dele, novos modos de produção.
Bourriaud mostra que, surpreendentemente, as ferramentas mais utilizadas para produzir esses modelos relacionais são as obras ou estruturas formais preexistentes, em que os produtos culturais e as obras de arte constituem um estrato autônomo capaz de fornecer instrumentos de ligação entre os indivíduos.

Sobre o autor:
Nicolas Bourriaud (França, 1965). Escritor, crítico de arte, curador de várias exposições(atualmente curador da mostra ALTERMODERN – Tate Triennial 2009
 - veja entrevista na postagem do dia 03 de março), fundador da revista Documents sur l''Art, é autor de teorias sobre a arte contemporânea, explicitadas em seus títulos: Formes de vie - L''art moderne et l''invention de soi e Pós-produção - Como a arte reprograma o mundo contemporâneo, também lançamento da Martins.


Link
ALTERMODERN – Tate Triennial 2009

Tate Britain, 4 Fevereiro – 26 Abril 2009
http://www.tate.org.uk/britain/exhibitions/altermodern/

Bibliografia
NICOLAS BOURRIAUD

Radicant
-Nova Iorque, Sternberg Press & Berlin (Merve Verlag), 2009.

Postproduction
-Dijon, Les presses du réel, 2004.
-Nova Iorque, Lukas & Sternberg, 2001.

Formes de vie. L’ art moderne et l’ invention de soi
-Paris, Denoël, 1999.

Esthétique relationnelle
-Dijon, Les presses du réel, 1998.


sábado, 18 de abril de 2009

Jorge Macchi – Last Minute na Pinacoteca



Artista argentino constrói relógio gigante em SP


por Silas Martí da Folha de S.Paulo


Nenhum minuto é igual a outro na obra de Jorge Macchi. Ele já inventou um relógio digital em que os números eram palitos de fósforo, que mudavam com o passar das horas, sem nunca pegar fogo. Também já desenhou um relógio em que o ponteiro dos segundos era uma gota de sangue.

Mantendo a cor vermelha do desenho, o artista argentino montou agora seu maior relógio: um grande círculo que ocupa a sala octogonal da Pinacoteca do Estado. O ponteiro gigante dá uma volta completa em 60 segundos, varrendo o chão com um sensor para tocar uma espécie de sinfonia do tempo.

Jorge Macchi e Edgardo Rudnitzky no relógio gigante na Pinacoteca do Estado

São as imperfeições do piso traduzidas pelo músico Edgardo Rudnitzky, parceiro de Macchi, numa trilha incidental para cada minuto que passa. "Música e tempo são bons amigos", diz Rudnitzky, 52. "Esse é um tempo interno, de expectativas, que se alarga com mudanças mínimas minuto a minuto."

Mas quase nada acontece. Macchi enxerga o tempo como intervalo entre dois acontecimentos que ele nunca revela. Suas obras mostram o interstício, o espaço morto grávido de passado e futuro entre instantes de uma narrativa secreta.

Se no relógio de fósforos e na gota de sangue que marcava os segundos ele confessa que "existia a possibilidade de uma catástrofe que nunca vinha", aqui o tom é outro. "Importa a contemplação, a imagem da continuidade", diz Macchi, 45.

É um quadro que ganha mais força ainda sob o teto de vidro da Pinacoteca. O passeio do sol pelo céu desloca as sombras desse relógio no chão, numa terceira dimensão embalada pela música do próprio espaço, já que o piso funciona como partitura da composição.

"A sala se transforma num relógio duplo, solar e de segundos", descreve Macchi. "Queríamos um vínculo com a arquitetura, o aspecto mais poderoso desse lugar", diz Rudnitzky.

Poderoso porque vazio. Macchi já martelou pregos numa parede formando a partitura de uma sinfonia, também já instalou um globo de espelhos no teto de uma sala esburacada como alusão à algazarra morta do fim de festa. Agora são só as paredes despidas em torno de outro tipo de tempo e música que fogem ao tiquetaque maçante.

No lugar da catástrofe consumada ou vindoura, a paz dos minutos quase iguais. "É um eterno retorno, mas com leves mudanças, mais espaço para o som", diz Macchi. "Um psicólogo diria que estou curado."

JORGE MACCHI
Quando: abertura hoje, às 11h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 31/5
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
Quanto: R$ 4; grátis sáb.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Em crise, Bienal é adiada para 2011

Instituição procura novo presidente

por Catia Seabra da Folha de S. Paulo


Enfrentando severa crise, o conselho de administração da Bienal de São Paulo já trabalha com adiamento de um ano da mostra de arte. Pelo calendário apresentado ao secretário municipal Andrea Matarazzo(recém-convidado a assumir a presidência da fundação), a próxima Bienal está programada para 2011. Não mais para o ano que vem, como originalmente previsto. Além disso, planejada para este ano, a Bienal de Arquitetura só deverá acontecer a partir de 2010.
Até lá, o futuro presidente ganharia fôlego para sanear as contas da fundação, negativas, pelo menos, há dois anos.
O prédio onde ocorre a Bienal de São Paulo e a Bienal de Arquitetura, projetado por Oscar Niemeyer e que fica no parque Ibirapuera

Segundo números obtidos pela Folha, a Fundação Bienal de São Paulo encerrou 2008 com uma dívida de curto prazo de R$ 4,657 milhões, sendo R$ 2,39 milhões com fornecedores e R$ 859 mil em empréstimos.
Ainda de acordo com o documento(encaminhado ao conselho fiscal e chamado de "minuta" pela presidência da Bienal) a fundação gasta, ao longo do ano, mais do que arrecada.
Em 2008, sua receita foi de R$ 13,9 milhões, e as despesas, R$ 15,6 milhões: um buraco de R$ 1,643 milhão. Em 2007, o déficit foi de R$ 1,551 milhão.

Procura-se
Desde outubro, o conselho da Bienal procura um sucessor para o atual presidente da fundação, Manoel Pires da Costa. Pelo estatuto, seu mandato estaria encerrado no dia 6 de fevereiro, dois meses depois da conclusão da Bienal.
Mas a debilidade financeira está afugentando os potenciais pretendentes. Presidente do conselho administrativo da fundação, o arquiteto Miguel Pereira conta que, antes de Matarazzo, outros cinco foram sondados para o cargo.
Os números da fundação, reconhece, os desencoraja. "A bienal está demorando a resgatar o prestígio e credibilidade. Sofremos um revés acentuado, principalmente nos últimos dois anos", afirma Pereira.
Também dedicado à escolha do novo presidente, o conselheiro Julio Landmann conta que a lista de convidados incluiu José Olympio, Rubens Barbosa e Suzana Steinbruch.
"Não me lembro de outra Bienal em que o novo presidente não estivesse conhecido até meados de março. Estamos no mínimo um mês atrasados", diz Landmann.
Aberta essa lacuna, o conselho está, segundo Landman, disposto a adiar a Bienal para 2011. "Eu jamais faria em 2010. Não me parece lógico. O conselho, por si só, já está convencido de que não seria ideal. Vamos dizer: não teria empecilho jogar ela para frente por mais um ano", admite Landmann.
Ao ser convidado pelo conselho, Matarazzo foi informado de que a intenção é montar a Bienal de artes somente em 2011. É a data que fixa o tamanho do mandato do novo presidente.

Consenso
"Há um consenso de que a mostra foi postergada para 2011. Estou trabalhando com esse prazo", afirma Matarazzo, à espera da revisão de uma auditoria sobre os números da Bienal. Até o presidente Manoel Pires da Costa reconhece: "Não é uma coisa absurda, em função do que está acontecendo na economia do mundo, deixar para fazer a Bienal daqui a dois, três anos".
Pires da Costa(que teve a minuta de balanço questionada pelo conselho fiscal) prefere generalizar a crise: "É um problema da economia do mundo".
Na semana passada, as contas da Bienal foram apresentadas para o conselho de administração. Contratada pela fundação, a empresa Deloitte Touche Tohmatsu apontou ressalvas nas demonstrações financeiras da fundação. A auditoria será revista.
O presidente da Bienal chegou a agendar uma entrevista com a Folha para falar sobre a saúde financeira da fundação. Mas, por orientação de seu advogado, o encontro foi cancelado. Em nota, a assessoria disse esperar o fim da auditoria.
Matarazzo, por sua vez, depende desses números para tomar sua decisão. "Nunca tinha cogitado isso. O que me sensibiliza é o risco de a Bienal terminar", acrescenta ele, que carrega o sobrenome de Ciccillo Matarazzo, fundador da instituição.


Pires da Costa tem trajetória polêmica na Fundação Bienal



por Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo


Manoel Francisco Pires da Costa entrou para a Fundação Bienal de São Paulo no final de 2000, numa das vagas abertas após uma série de conselheiros, entre eles Milú Villela, deixarem a instituição, depois de polêmicas que culminaram com a renúncia do então curador da 25ª Bienal, Ivo Mesquita.

Auxiliando na captação de um evento já em desgaste, Pires da Costa aproximou-se do então presidente da Fundação, o arquiteto Carlos Bratke, que lançaria seu nome para sucedê-lo, com apoio de Edemar Cid Ferreira, em julho de 2002. Na época, Pires da Costa era filiado ao PPS e havia sido presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros), cargo que teve que deixar após ser acusado, em 1996, de má gestão administrativa no Banco Patente pelo Conselho do Sistema Financeiro Nacional.
Manoel Francisco Pires da Costa, atual presidente da Bienal

A primeira polêmica com Pires da Costa na Bienal ocorreu em junho de 2003, quando Ethel Leon, curadora da 5ª Bienal de Arquitetura, pediu demissão do cargo por "falta de apoio institucional e verbas", quatro meses antes da mostra.

Em março de 2005, Pires da Costa foi reeleito presidente. Após uma enxurrada de críticas à 26ª Bienal, que teve Alfons Hug como curador, o presidente abriu mão de indicar um substituto e realizou um processo seletivo, organizado por um conselho, que escolheu Lisette Lagnado para cuidar da 27ª Bienal de São Paulo, realizada em 2006.

Em abril de 2007, às vésperas da segunda reeleição, Pires Costa se autodenunciou ao Ministério Público, admitindo que contrariou o estatuto da Bienal, que proíbe que membros da instituição forneçam bens à instituição, por usar sua empresa TPT para publicar a revista "BienArt".

Naquele mesmo mês, pela primeira vez na história da Bienal, o Conselho Fiscal recusou as contas da gestão de Pires da Costa, por "julgá-las comprometidas", mas a instituição reelegeu o empresário com um "voto de confiança" e a condição de uma comissão de ex-presidentes averiguarem as contas de sua gestão, que não chegou a nenhuma conclusão.

Em maio de 2007, a Folha publicou que, além de fazer negócios com a Bienal pela TPT, Costa comprava duplicatas que a instituição tinha para receber das firmas que alugavam espaços no pavilhão de exposições. Além disso, sua mulher recebia pela jardinagem e arranjos florais da Bienal e a corretora de seu genro fez os seguros da 27ª Bienal.

O Ministério Público considerou que, apesar de irregular, o negócio de Pires da Costa com a TPT não trouxe prejuízos à Fundação, mas realizou um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual, entre outras coisas, o empresário comprometeu-se a não contratar empresas de parentes de diretores, conselheiros da Fundação e seus parentes de até o terceiro grau.

Assim como ocorreu com a mostra do "vazio", no ano passado, que não pagou artistas e prestadores de serviço dentro dos prazos estabelecidos, problemas com pagamento também marcaram a edição de 2006, que só teve suas contas encerradas quase dois anos depois de seu término.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

Artista brinca com a atual crise econômica



Carlos Garaicoa faz narrativa de falsas transações comerciais

por Camila Molina do Estadão

Em tempos de crise econômica mundial, o artista cubano Carlos Garaicoa criou uma narrativa de mentiras na obra Cómo Hacerse Milionario a Través del Junk Mail, que dá também título à exposição que ele apresenta na Galeria Luisa Strina. O trabalho começou como uma brincadeira: lançar e receber e-mails com propostas de transações milionárias de dinheiro que não passam de invenções e que não levam a nada concreto. A ironia da obra relaciona-se com o absurdo de uma realidade abstrata em que os valores e a moeda são negociados em esfera nada palpável. "É uma ideia esperançosa nesta época", diz o artista. Na galeria, ele colocou uma quantidade grande de impressões dos e-mails emoldurados, formando uma massa de mentiras. "Coleciono há mais de dois anos esses e-mails e quero fazer um livro com esse material."

Garaicoa, de 42 anos, criador cubano de destaque na cena mundial, que também participa da Bienal de Havana, usa sempre de um "olhar muito literário e conceitual" em sua produção. As palavras são caras na construção de sua poética, assim como a relação com a arquitetura. De certa forma, sua ação é sempre mínima, apresentada por meio de estética limpa.

Exige-se, portanto, o olhar atento aos desdobramentos abrigados nas ideias por detrás da suposta simplicidade ou limpidez de seus trabalhos. É assim com a instalação Mis Obsesiones Públicas e Mis Obsesiones Privadas, formada por duas grandes caixas de vidro com inscrições, respectivamente, de desenhos, que remetem à arquitetura de prédios de uma cidade e de ferramentas usuais como martelos e chaves de fenda. Dentro de cada uma das caixas transparentes há a projeção de um vídeo, compondo, assim, um jogo entre a ideia de cidade e da mecânica do trabalho - num deles, uma animação representa o suicídio de um corpo que salta do alto de um edifício. "São dois continentes, duas Caixas de Pandora", diz o artista.

Cómo Hacerse Milionario a Través del Junk Mail, que ocupa o térreo e o primeiro piso da galeria, com trabalhos todos novos, começou a ser elaborada no Brasil, quando o artista viveu entre 2006 e 2007 no Rio. Garaicoa também celebra a feliz coincidência de ter agora também a exibição de uma grande exposição sua que vem itinerando desde o ano passado pelo País - na próxima semana chega a Belo Horizonte e talvez venha a São Paulo.

Já no terceiro piso e no terraço, o gaúcho Marlon de Azambuja, de 30 anos, que vive na Espanha, exibe Projeto Moderno, sua primeira individual na galeria. Seu trabalho, tendo como mote a arquitetura e o questionamento do absurdo da sobreposição da estética sobre a função, também se abre em vários desdobramentos. Casa Modernista para Pássaros é "ironia light", com desenhos e maquete. Depois, no terraço, ele apresenta esculturas que são gaiolas com periquitos nas formas de prédios ícones de museus: o Masp, o New Museum e a Tate Modern.

Serviço

Carlos Garaicoa e Marlon de Azambuja.
Galeria Luisa Strina.
Rua Oscar Freire, 502, tel. 3088-2471.
Das 10 h às 19 h (sábado até 17 h; fecha domingo).
Até 16/5

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Herdeiros de Hélio Oiticica querem tirar nome do artista do centro de arte por causa de briga com prefeitura



por Suzana Velasco do Globo

Os herdeiros de Hélio Oiticica retiraram as obras do artista plástico do centro municipal que leva seu nome, próximo à Praça Tiradentes, e desmontaram nesta quarta-feira a exposição com os famosos penetráveis do artista, que ficaria em cartaz até junho. O motivo foi o não pagamento, pela prefeitura, da segunda parcela de R$ 267 mil aos herdeiros, que, no comando do Projeto Hélio Oiticica, produziram a mostra, e aguardavam o dinheiro desde janeiro. Na reserva técnica do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, inaugurado em 1996 agora só se encontram as peças que foram desmontadas da exposição.


'Éden penetrável', de Hélio Oiticica, uma das obras da mostra retirada do centro de arte/ Foto divulgação

- Estamos nos desvinculando do centro de arte. E vamos tentar tirar o nome do espaço - afirma César Oiticica, irmão do artista e desde o início à frente do projeto.

Ana Durães, diretora do centro há dois meses, afirma que o atraso no pagamento se deve a uma auditoria que está sendo em toda a Secretaria municipal de Cultura. Segundo ela, César Oiticica foi informado pela secretária de Cultura, Jandira Feghali, de que o pagamento seria realizado em breve.

- O projeto ia receber o dinheiro em alguns dias, era só esperar um pouco. Não precisava fazer um estardalhaço. Mas o César achou que era uma luta, como se estivéssemos contra ele. Ele foi muito intransigente - diz Ana.

Greek Pavilion

Greek Pavilion
53rd International Art Exhibition
La Biennale di Venezia

"Paraxena"
June 7 - November 22, 2009
Official Inauguration: June 4, 14:00

Artist: Lucas Samaras
Commissioner: Hellenic Ministry of Culture
Curator: Matthew Higgs
General Coordinator: Vivian Efthimiopoulou
Organization: Hellenic Ministry of
Culture Directorate of Visual Arts for the
Promotion of Contemporary Art

Lucas Samaras represents Greece at the 53rd International Art Exhibition La Biennale di Venezia

Curated by Matthew Higgs, Lucas Samaras will present the multi-installation "Paraxena" in the Greek Pavilion in the Giardini della Biennale.

The exhibition for the Greek Pavilion brings together works from three recent series (2005-2009) of photographic and video works, juxtaposed with a discrete group of works from the mid 1960s.

The three recent groups of works – from the "Nexus", "Chairs", and "iMovie" series – have not been widely seen outside of the USA, they will be shown alongside a major video installation "Ecdysiast and Viewers" (2006), which is on loan from the collection of the Museum of Modern Art, New York.

The "Chairs" and "Nexus" series are photographic works, which further extend Samaras' radical use of photographic technologies (a dialogue that began in the late 1960s with his first experiments with Polaroid technology.) Both photographic series originate in images taken during Samaras' walks through New York City. They present a kind-of hallucinatory urbanism. The "iMovie" films (beginning in 2005) take this sense of 'strangeness' – alluded to the exhibition's title "Paraxena" - into Samaras' domestic environment, and his everyday routines. These recent works will be shown alongside the major installation 'Ecdysiast and Viewers', in which Samaras films the reactions of peers and colleagues (inc. fellow artists Chuck Close and Jasper Johns, and Artforum editor Tim Griffin) whilst observing a video self-portrait in which Lucas lays himself bare for the camera.

This frank self-portrayal in "Ecdysiast" is amplified in a group of three sculptures from the "Jewels" series of the mid 1960s, which represent three extremities of the artist's torso: the head, the groin, and the feet: a form of "incomplete" self-portraiture.

The final work - which will be the first work the visitor encounters - is a major mirrored structure "Doorway" (1966-2007): Upon entering the pavilion the viewer will be confronted with a reflected image of themselves. The work's title "Doorway" is apt given that the work will occupy the threshold between the exterior space of the Giardini gardens and the 'interior' space of the pavilion and Lucas Samaras' work.

The "reflected" image of the viewer sets up a "narrative" that runs throughout the exhibition: where the issue of being observed, by both oneself and others, and the activity of observing are central devices in the work. Together the works create a fluid conversation that articulates many of the persistent themes of Samaras' work.

The exhibition privileges Samaras' most recent work, but does so in a way that sets up conversation across four decades of his practice, establishing a historical context for the new work.

This conversation across time is amplified in the publication, the first section of which consists of a "visual essay" of images of Samaras' work – with at least one image for each of the 50 years Lucas has been exhibiting.

Lucas Samaras' show at the Greek Pavilion in Venice will take place on the 50th Anniversary of his first solo show in 1959 at the Reuben Gallery in New York.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Becas Fundación Marcelino Botín



Convocatoria: Artes Plásticas 2009 / 2010
Fundación Marcelino Botín

La Fundación Marcelino Botín destina 220.000 euros a Becas de Artes Plásticas para formación, investigación y realización de proyectos personales en el ámbito de la creación artística (no trabajos teóricos), para artistas de cualquier nacionalidad. Deben tener entre 23 y 40 años, para las becas de formación, sin límite de edad para las referidas a investigación.

El tiempo de disfrute de esta beca será de 9 meses. Las becas fuera del lugar de origen, pueden prorrogarse por otro periodo, previa solicitud anual en los plazos de la convocatoria pública.

La ayuda se disfrutará a partir de su concesión, por el periodo pactado y sin interrupción. Es imprescindible su inicio antes de finalizar 2009.

Dotación:
Sin cambio de residencia: 16.000 euros.
Con traslado a otro país, distinto al de su residencia actual: 24.000 euros.
Con traslado a Estados Unidos: 28.000 euros.
Las cantidades anteriores comprenden los conceptos de viajes, alojamiento, manutención, alquiler de estudio, etc. Estas cantidades se incrementarán con el seguro médico y, en caso de las de formación, la matrícula en el centro de formación elegido, previa aceptación del mismo, que serán asumidos por la Fundación Marcelino Botín.

El plazo límite de recepción de solicitudes:
8 de mayo de 2009

Más informaciones sobre las becas, la documentación solicitada y el formulario de solicitud:

Fundación Marcelino Botín
Pedrueca 1
39003 Santander
España

Tel. +34 942 226 072
Fax +34 942 226 045

http://www.fundacionmbotin.org/inicio.asp
fmabotin@fundacionmbotin.org


The Biennale de Lyon 2009



by Artdaily.org

The Biennale de Lyon: 10th edition, will take place from Wednesday September 16, 2009 until Sunday January 3, 2010. An authorial biennale rooted in a museum project The Lyon Biennale stemmed from a project by Lyon’s Museum of Contemporary Art, directed by Thierry Raspail since its inception 1984. From 1984-1988, the Biennale was preceded by an annual event entitled October of the Arts, which ended with the exhibition Colour Alone: The Experience of Monochrome. This retraced the adventure of monochrome, from the beginnings of Impressionism and the historical avant-gardes topical work by artists ranging Malevitch to Anish Kapoor. Staged in various venues around the city, Colour Alone was highly successful, making its mark and illustrating Lyon's potential for hosting an international event, following the Paris Biennale's closure in 1985. event gave rise to the inaugural Lyon Biennale in September 1991.

Panoramic view of Lyon.

The desire to create an event capable of artistic self-renewal while building a stable, long-term project that bonded with its host territory led to an organisational model specific to the Lyon Biennale an Artistic Director builds the event's identity over time, and each edition chooses a curator/ curators with whom he collaborates closely to devise an artistic project.

The Lyon Biennale is therefore truly an authorial biennale and, as Jean-Hubert Martin noted, “a clever of having themes addressed through the personalities of others”. Each biennale provides the opportunity to explore a specific issue. Its nine editions thus far formed three successive trilogies the first devoted to History, the second to Globalisation, and the third to Temporality. They have been curated by an international array of art historians, critics professional curators including Harald Szeemann, Jean-Hubert Martin, Le Consortium (with Robert Nickas and Anne Pontégnie), Stéphanie Moisdon and Hans Ulrich Obrist, and now, in 2009, Hou Hanru.

Cineasta francês filma obscuridade de Iberê Camargo



por Fábio Cypriano da Folha de S. Paulo


Depois de trabalhar com nomes como a performer Marina Abramovic, a coreógrafa Meg Stuart e os artistas plásticos Jan Fabre e Michelangelo Pistoletto, todos bastante radicais em suas respectivas áreas, o cineasta francês Pierre Coulibeuf, nascido em 1949, prepara agora sua nova produção, que traz para a cena o pintor Iberê Camargo (1914-1994).

O filme em 35 mm, que também terá uma versão para uma instalação, será exibido em junho na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que comissionou a obra de Coulibeuf.

"Vi toda a documentação sobre Iberê e, ao mesmo tempo, descobri o prédio de Siza, que muito me impressionou. Achei muito interessante o arquiteto fazer o edifício inspirado nele e, com isso, achei que tinha elementos significativos para um filme que relacionasse pintura e arquitetura", disse Coulibeuf à Folha.

No início do mês passado, foram realizadas as filmagens para a nova produção de Coulibeuf, na sede da Fundação Iberê Camargo, inaugurada há cerca de um ano, projeto do arquiteto português Álvaro Siza.

"A forma do prédio me levou a pensar na estrutura do filme, concebido como um labirinto percorrido por dois personagens ficcionais", disse o diretor. Os personagens são interpretados por um ator brasileiro, Mateus Walter, e uma bailarina portuguesa radicada em Berlim, Vânia Rovisco.

Sede da Fundação Iberê Camargo, projeto do arquiteto português Álvaro Siza.

"Como sempre em meus trabalhos, trata-se do olhar de um artista sobre outro artista, portanto não será uma biografia do Iberê. Além do mais, o que eu faço é a transposição de alguma área específica, como a performance ou a dança, para a linguagem do cinema. Agora, o tema será a relação entre a pintura e seu habitat", conta.

Livre para entrar na obra de Camargo, Coulibeuf inspirou-se num momento específico, quando o artista gaúcho, depois de viver no Rio, voltou a Porto Alegre.

"O momento de sua carreira que mais me interessou foi o dos anos 1960, que podemos chamar de 'período obscuro' e que relaciono com minhas próprias obsessões", diz. Nessa fase, Camargo aborda uma temática de fato densa, que mergulha em conflitos fundamentais da condição humana, como a solidão.