segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bienal se encerra com recorde de público

Na sétima edição, que se encerrou às 21h de ontem, a Bienal do Mercosul atraiu um público estimado de 306 mil pessoas. O número é superior ao das edições anteriores, considerando-se que este ano o período de abertura ao público foi menor que em 2007. A cifra, divulgada ontem pelos organizadores, não leva em conta o público que participou das performances, os 12 projetos de artistas em programas de residência em nove regiões do Estado e o público que circulou por 10 obras temporárias em espaços públicos de Porto Alegre.

Nos 39 dias em que as exposições estiveram abertas ao público, a média diária foi de 7.849 visitantes.

– Mais uma vez, a identidade da Bienal com a cidade se consolida. A cada realização, notamos a integração da população com o evento – disse o presidente da 7ª Bienal, Mauro Knijnik.

Crítica/Miguel Bakun e Hélio Oiticica


Instituição cria confusão conceitual

por fábio Cypriano da Folha

É bastante esquizofrênica a dupla de exposições em cartaz no Instituto de Arte Contemporânea (IAC): "Natureza e Destino", Sobre a Obra de Miguel Bakun (1909-1963), com curadoria de Eliane Prolik, e "Da Estrutura ao Tempo", sobre Hélio Oiticica (1937-1980), com curadoria de Cauê Alves.

Sem dúvida são duas individuais, com curadores distintos, mas que, ao serem reunidas no mesmo período e na mesma instituição, dão a (falsa) impressão de apresentar algo em comum. Já é fato na cidade que museus tenham designações incongruentes com seus acervos; afinal, o melhor do Museu de Arte Moderna de São Paulo é sua coleção de arte contemporânea, e o melhor do Museu de Arte Contemporânea da USP é seu acervo moderno.

Exatamente por isso o IAC poderia afastar-se dessa confusão. Dedicado a artistas que transitaram do moderno para o contemporâneo, como Sérgio Camargo, Amilcar de Castro, Willys de Castro e Mira Schendel, o IAC tem sido um dos poucos espaços da cidade a apresentar uma produção que, entre os anos 1950 e 1970, representou uma virada fundamental na arte brasileira.

Nesse sentido, a mostra com os Metaesquemas e os Relevos Espaciais de Oiticica mostra coerência com a casa, pois aborda o mesmo período e temática dos artistas que justificaram a criação do instituto.

Contudo, a originalidade do paranaense Bakun reside basicamente em pinturas de paisagens de sua terra natal, com uma temática regionalista e figurativa, que nada tem a ver com Camargo, os Castros e Schendel, denotando uma confusão conceitual da instituição.

Ao menos, no que tange à sala dedicada a Oiticica, o curador problematiza algo que tem muito a ver após o incêndio que destruiu parte do acervo do artista, no qual justamente os Metaesquemas teriam sido grandes vítimas, mas acabaram sendo preservados em sua maioria.

"Não há porque levar a sério minha produção pré-59", escreveu Oiticica, em 1972, desprezando justamente os Metaesquemas, feitos em 1957 e 1958. Atentar à preocupação fundamental da obra de Oiticica é fugir do objeto, mas usando-o para provocar uma reflexão, como faz Alves, é provocar um debate necessário.

SERVIÇO


NATUREZA E DESTINO MIGUEL BAKUN / DA ESTRUTURA AO TEMPO HÉLIO OITICICA

Onde : IAC (r. Maria Antonia, 242, tel. 0/XX/ 11 3255-2009)
Quando : ter. a sáb, das 10h às 18h; dom., das 12h às 17h; até 28/2
Quanto: entrada franca
Avaliação: regular

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Chelpa Ferro em filme do Videobrasil

Documentário feito por Carlos Nader apresenta visão particular sobre o grupo


Camila Molina

Acusma, título da obra que o grupo Chelpa Ferro criou no ano passado, significa uma espécie de alucinação sonora. Instalado agora no Sesc Paulista, o trabalho, inédito em São Paulo - já foi apresentado em Belo Horizonte e no Rio -, é formado por 30 vasos de cerâmica diferentes ligados por fios e com alto-falantes de onde saem sons - composições mescladas à atuação de cinco cantores entoando variações de melodias feitas a partir do solfejar de números (1, 2, 3.....). O som é como sempre afirmam os integrantes do Chelpa, Barrão, Sergio Mekler e Luiz Zerbini, "matéria como outra qualquer" para as criações do grupo e em Acusma ele toma todo o espaço expositivo, por ora mais delicadamente, por ora, não, criando uma atmosfera de "transe", diz Mekler.


A exibição dessa obra do grupo, com uma das atuações de mais destaque hoje no cenário brasileiro, vem a marcar o lançamento, hoje, de documentário sobre o Chelpa Ferro realizado pelo diretor Carlos Nader para a série Videobrasil Coleção de Autores. No Sesc Paulista, o público poderá ter contato com as duas criações até janeiro.

Como afirma Sergio Mekler, quando a diretora do Videobrasil, Solange Farkas, convidou Nader (criador de Pan-cinema Permanente sobre o poeta Waly Salomão), para fazer o filme, o Chelpa Ferro, criado no Rio em 1995, não queria aquele esquema habitual de documentário que tem como linha condutora entrevistas com os artistas. "A gente é avesso a falar e explicar nossos trabalhos. Entregamos ao Nader o nosso arquivo de imagens, tudo o que gravamos em ensaios e montagens para ele montar o documentário", conta ainda Mekler. Acrescido a esse material, o diretor também acompanhou, em 2008, o Chelpa durante os preparativos da exposição Jungle Jam, no Museu de Arte Moderna da Bahia, e da obra Totoro, exibida no ano passado na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, incluindo, assim, imagens próprias ao filme.

O resultado do documentário, sexta obra da coleção do Videobrasil, é um filme diferente, em que a costura das passagens pelas obras e pelas falas dos artistas integrantes do grupo não segue uma linearidade. Antes de aparecer, por exemplo, a barulhenta performance que o Chelpa fez na abertura da 25ª Bienal de São Paulo (2002) - por todo o pavilhão do Ibirapuera ecoou os sons da destruição rítmica de um Maverick, está a viagem dos artistas a Veneza, quando representaram o Brasil na 51ª bienal italiana. Ainda como parte do filme há uma entrevista com o curador Moacir dos Anjos sobre o grupo.

SERVIÇO

CHELPA FERRO
Quando: abertura hoje, às 20h (convidados);
ter. a sex., 13h às 21h; sáb. e dom., 11h às 20h; até 31/1
Onde: Sesc Paulista (av. Paulista, 119, tel. 3179 3700); livre
Quanto: entrada franca

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Morre Jeanne-Claude, conhecida pelas megainstalações ao ar livre

Jeanne-Claude - esposa do artista plástico Christo faleceu aos 74 anos em Nova York. Casal é conhecido mundialmente por megainstalações ao ar livre, como projeto no Central Park de Nova York ou "empacotamento" do Reichstag em Berlim.

A artista plástica Jeanne-Claude, que se tornou conhecida com seus projetos gigantescos ao ar livre, morreu aos 74 anos de idade nesta quinta-feira (19/11) em Nova York. A esposa do também artista plástico Christo foi vítima de um aneurisma cerebral, informou o site do casal.

Christo e Jeanne-Claude conheceram-se em Paris

Numa declaração publicada na página, Christo se disse profundamente triste pela perda da esposa, parceira e colega. Ele anunciou ainda sentir-se firmemente comprometido com a promessa que ambos se fizeram há muitos anos: "A arte de Christo e Jeanne-Claude vai prosseguir".

Wrapped Reichstag, Berlin 1971-95

O casal tornou-se conhecido na Alemanha com o espetacular "empacotamento" do prédio do Reichstag em Berlim em 1995. Também a famosa ponte Neuf, sobre o rio Sena, em Paris, foi "empacotada" de forma artística pelo casal.

Obras cada vez mais excêntricas

Outros projetos extraordinários foram a megainstalação "The Gates" no Central Park de Nova York, em 2005, com 7.500 "portais" com panos de cor laranja; os três mil guarda-sóis armados na Califórnia e no Japão, ou as ilhas inteiras circundadas na Flórida com um plástico rosa flutuante.

Christo The Gates, Project for Central Park, New York City Drawing 2002, in two parts 38 X 244 cm. and 106,6 X 244 cm. (15" X 96" and 42" X 96") Pencil, charcoal, pastel, wax crayon, aerial photograph, fabric sample and hand-drawn technical data.

Milhões de pessoas de todo o mundo visitaram as instalações do casal. Ele trabalhavam em dois novos projetos: a cobertura de mais de dez quilômetros de extensão do rio Arkansas, nos Estados Unidos, e o empilhamento de 400 mil barris de petróleo nos Emirados Árabes Unidos, formando uma estrutura semelhante a uma pirâmide.

Christo and Jeanne-Claude The Wall - 13,000 Oil Barrels Gasometer, Oberhausen, Germany 1999

"Christo sente-se compelido a concluir os trabalhos em andamento, como Jeanne-Claude teria gostado", disse o fotógrafo das obras do casal, Wolfgang Volz.
Jeanne-Claude nasceu em 15 de junho de 1935 como Jeanne-Claude Denat de Guillebon, em Casablanca, no Marrocos. Ela descendia de uma família de oficiais franceses. Seu marido, Christo, nasceu no mesmo dia na Bulgária. Ambos viviam juntos há 51 anos.

The Umbrellas, Japan - USA, 1984-91

Liberdade da obra e liberdade do corpo

Ele começou sua formação profissional como assistente de vôo, antes de encontrar seu caminho na arte. Jeanne-Claude conheceu Christo em 1958 em Paris, depois de encomendar ao artista um quadro da mãe dela. Em maio de 1960, nasceu o filho do casal, Cyril, e dois anos mais tarde Christo e Jeannne-Claude se casaram. Em 1964, a família se mudou para os EUA.

Christo Surrounded Islands, Project for Biscayne Bay, Greater Miami, Florida Drawing 1982 In two parts- 38 X 244 cm and 106,6 X 244 cm (15" X 96" and 42" X 96")

Pouco antes dos primeiros encontros, Christo havia "embrulhado" seu primeiro pote de tinta, envolvendo-o com resina e tela de linho. Em seguida, amarrou-o e tratou-o com cola, areia e tinta de automóvel. A partir daí, começou a se dedicar cada vez mais a esta forma de trabalho.

Christo and Jeanne-Claude Wrapped Trees, Fondation Beyeler and Berower Park, Riehen, Switzerland 1997-98

Desde 1994, o casal usa oficialmente os dois nomes juntos, com direitos iguais para as suas obras. Patrocinadores e contribuições de fundos públicos foram negados por ambos os artistas, que financiaram sua arte só com a venda dos esboços.

Christo and Jeanne-Claude Running Fence, Sonoma and Marin Counties, California 1972-76

"Nosso trabalho trata sempre de liberdade", disse certa vez Jeanne-Claude, completando: "Ela é a inimiga da posse e da durabilidade". Esta liberdade a artista também pretende manter após falecimento: segundo a agência de notícias DPA, seu corpo foi colocado à disposição da ciência.

Christo and Jeanne-Claude The Wall, Wrapped Roman Wall Via Veneto and Villa Borghese, Rome, Italy

Christo and Jeanne-Claude The Pont Neuf Wrapped, Paris 1975-85


Christo and Jeanne-Claude Vallley Curtain, Rifle, Colorado, 1970-72


http://www.christojeanneclaude.net


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Metaesquema


fonte: O Globo



Oiticica é leiloado por US$ 122,5 mil atingindo o dobro da estimativa inicial na Christie's


Um metaesquema, trabalho da fase concretista do artista plástico Hélio Oiticica, foi vendido na terça-feira por US$ 122,5 mil, no leilão de arte contemporânea da Christie's. A obra de 1957 atingiu o dobro da estimativa inicial, que era de US$ 60 mil. O preço máximo esperado era de US$ 80 mil. Todos os metaesquemas que pertencem ao Projeto Hélio Oiticica foram preservados no incêndio que destruiu parte da obra do artista, no mês passado.

Também foi vendida uma pintura da brasileira Mira Schendel, em têmpora e folha de ouro sobre madeira, por US$ 74 mil - correspondendo às estimativas, que também variavam entre US$ 60 mil e US$ 80 mil. Mais quatro obras de Mira Schendel estariam em outro leilão de arte latino-americana ontem, incluindo ainda trabalhos dos brasileiros Tunga, Beatriz Milhazes, Roberto Magalhães, Manabu Mabe, Aldemir Martins e Raimundo de Oliveira.

A Christie's vendeu 89% dos lotes, faturando quase US$ 14,7 milhões, 90% do estimado. A venda mais valiosa foi da escultura em bronze "Mulher fumando", do colombiano Fernando Botero, arrematada por US$ 1,14 milhão. Botero também atingiu seu recorde por uma obra em papel, com uma aquarela vendida a US$ 614,5 mil - mais que o dobro de seu último recorde em obras em papel, de US$ 301 mil.

A Sotheby's também está fazendo um leilão de arte latino-americana esta quarta-feira, no qual uma das grandes atrações era uma escultura do brasileiro Sergio Camargo, estimada entre US$ 350 mil e US$ 450 mil. Uma tela de Diego Rivera e uma escultura de Botero também eram destaques.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Crítica


Dupla cria "cosmética da pobreza" Na tentativa de levar ruas ao museu, Osgêmeos tornam a miséria um produto de consumo e caem no entretenimento

por Fabio Cypriano


A transposição do grafite para galerias e museus é um debate que ocorre desde a década de 70. A mostra "Vertigem", da dupla paulistana Osgêmeos, em cartaz na Faap até dezembro, poderia ser observada como mais um capítulo dessa história.

A dupla já incorreu na institucionalização, em São Paulo, quando, em 2006, organizou "O Peixe que Comia Estrelas Cadentes", na Fortes Vilaça.

Daquela vez, os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo transformaram seus personagens em seres tridimensionais para que o visitante fosse envolvido no universo onírico da dupla. Contudo, a "instalação", que mais parecia a atração de um parque de diversões, situava-se no campo do entretenimento e não agregou nada ao debate de como levar um trabalho transgressor feito na rua para o cubo branco de uma galeria de arte.

Agora, os Pandolfo tentam uma nova fórmula: levar a própria rua para o museu, ou melhor, seus habitantes. Um elemento fundamental no grafite é seu diálogo com o espaço urbano, marcado pela poluição visual e sonora das cidades, transformando-o e a ele agregando, em alguns casos, carga poética, como n'Osgêmeos, ou política, como em tantos outros pixadores e grafiteiros. Era óbvio em "O Peixe que Comia Estrelas Cadentes" que o diálogo com a rua fazia falta.

Em "Vertigem", essa deficiência buscou ser compensada por fotos e vídeos de moradores de rua em situações miseráveis, o que é, sem dúvida, uma tentativa de manter o lírico diálogo entre os grafites e o entorno.

O problema é que, enquanto na rua essa tensão é autêntica, dentro de um espaço museológico as imagens desses miseráveis são mera ilustração e, pior, apropriação rasa de um estado de indigência típico das metrópoles latino-americanas. Ivana Bentes denomina uma operação parecida no cinema nacional como "cosmética da fome".

Pois Osgêmeos realizam com "Vertigem" uma "cosmética da pobreza", já que tornam a miséria um produto de consumo fácil, caindo, novamente, no campo do entretenimento.

E a questão não está no uso de elementos populares. É sabido que Hélio Oiticica buscava se inspirar na favela para pensar seu trabalho, mas sua meta não era criar uma chique representação da pobreza, como se vê nas fotos em "backlight" dos Pandolfo. No debate sobre a transposição da arte de rua para o museu, "Vertigem" não tem nada a declarar.

SERIÇO

VERTIGEM - Osgêmeos
Onde: Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/ xx/11/3662-7198, SP)
Quando: de ter. a sex., das 10h às 20h; sáb. e dom., das 10h às 17h; até 13/12
Quanto: entrada franca
Avaliação: ruim

Tunga surpreende com exibição de série de aquarelas

Artista mostra cerca de 30 trabalhos dos últimos cinco anos, entre os quais garrafas "decoradas" com cristais, aço e urina


Obra, que usa elementos de sexo e escatologia, é reunida em livro-catálogo com aproximadamente 60 imagens e texto do autor 





Sem título , 2005 - aquarela sobre papel de algodão - 45 x 31 cm

Para um artista que habituou o público a esperar por performances cinematográficas, instalações de grande porte e objetos complexos, Tunga inaugura amanhã, na galeria Millan, em São Paulo, uma exposição supreendente.

A narrativa tumultuária dá lugar à atmosfera de serenidade sugerida por uma série de mais de 30 aquarelas, em tons claros e diluídos, em formato de 30 cm x 40 cm. 
São pequenas cenas que podem despertar, ao primeiro olhar, reminiscências da infância, livros de fábulas e ilustrações encantadas. A repetição, em várias delas, de uma palmeira poderá ser associada à obra da modernista Tarsila do Amaral -e o autor concordará.


De perto, porém, não são tão normais. A serenidade se não é enganosa, não é plena: o observador logo identificará conflito e perceberá que a suavidade dos tons envolve situações de sexo e escatologia.


São, afinal, trabalhos de Tunga, um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira e internacional, que desde a década de 70 concebe uma poética perturbadora, marcada pela ousadia, pela potência das formas e pela capacidade de nos transportar à terra dos mitos, dos sonhos e pesadelos.


"A arte é uma continuação do processo de reflexão, que vai se desbloqueando e te pondo em contato com outros universos", diz o artista, que realizou as aquarelas ao longo de cinco anos e chamou-as de "phanografias" ("phanos", do grego, significa luminoso).


A origem das "phanografias" é relatada num livro-catálogo que reúne a série completa de imagens -cerca de 60. Um texto de Tunga nos fala, em tom fabuloso, de uma garrafa de cristal, posta sobre sua mesa de trabalho, que ele se pôs a decorar de modo bizarro, utilizando coisas como correntinhas e fragmentos de ímã, até torná-la uma espécie de talismã.


Certo dia, premido pela vontade de urinar, decidiu fazê-lo na garrafa. Tomado por uma força autoral estranha, que parecia não ser sua, supreendeu-se com o fato de o objeto ter adquirido ares de acabado, "se configurando como uma lamparina" a refletir "luz agradável de tom amarelado".


Ao expor a tais reflexos o papel úmido de uma aquarela sobre a qual trabalhava, o artista teria verificado que uma forma fora impressa. Sua garrafa transformara-se num "phanoscópio de projeção".


Há algo de borgiano nessa história, que trapaceia com realidade e ficção, mas isso também faz parte da poética de Tunga. Fato é que ao lado das aquarelas, ele também expõe três garrafas, como as que descreve no texto -"decoradas" com âmbar, cristal de rocha, aço, urina e outros materiais.


Elas estarão acondicionadas em caixas cujas portas laterais podem ser retiradas ou substituídas por espelhos.

SERVIÇO

QUASE AURORA - TUNGA
Quando: abertura amanhã, às 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 11h às 17h; até 19/12
Onde: galeria Millan (r. Fradique Coutinho, 1.360, tel. 3031-6007); livre

Marcos Augusto Gonçalves da Folha de S. Paulo

Opinião sobre o Grafitte: tem nosso apoio


Movimento ainda se confunde com vandalismo


Folha de S. Paulo

Enquanto a produção de artistas que se alternam entre rua, galerias e museus conquistou o circuito cultural, um outro movimento urbano, virulento e transgressor, segue seu percurso à margem e é habitué das páginas policiais.

Acusada de vandalismo -rubrica que um dia assombrou o próprio grafite-, a pichação, também chamada de "pixo", é um fenômeno típico de São Paulo que busca reconhecimento como manifestação artística por meio de ações orquestradas e controversas.

Depois de rabiscar o Centro Universitário Belas Artes, a galeria Choque Cultural e as paredes da Bienal de São Paulo, o mesmo grupo de pichadores promete uma espécie de represália aos grafites "domesticados". "Tem gente ganhando cachê pra fazer trabalho em espaço público. Pode fazer, mas vai estar sujeito a ser "atropelado'", avisa Djan Ivson, 25, pichador que participou das ações.

"Atropelar", na gíria das ruas, quer dizer, simplesmente, pichar por cima. "A rua é de quem chegar. Não tem essa. Já questionamos o meio acadêmico e o circuito das artes. Essa onda do grafite legalizado é uma revolta antiga dos pichadores", diz. "Pra onde foi a transgressão?"

Ivson espalha pela cidade a sua marca, Cripta, e teve seus "pixos" expostos na Fundação Cartier, em Paris, na mostra "Nascido nas Ruas", em julho. "Em Paris, foi a primeira vez que fui tratado como artista."

Incompreendida? Maldita? O "pixo" desperta mais fúria que complacência. Para Miguel Chaia, crítico e cientista social, a pichação é, acima de tudo, uma expressão significativa. "É uma forma bonita que cria um enigma com as letras e recompõe a necessidade de interpretação", define. (FM)

CCSP: Mostra reúne artistas emergentes


Fotografia e pintura são as linhas mestras de exposição que está em cartaz no Centro Cultural São Paulo até março 

Nomes com trajetória já consolidada, como Daniel Senise e Rochelle Costi, apresentam trabalhos feitos especialmente para o prédio 


"Estrada 5', tela da jovem artista Ana Prata que integra mostra no CCSP; sua obra também visita bucólicos cenários domésticos




O descontrole e o cruzamento de linguagens dão o tom da 3ª Mostra do Programa de Exposições 2009 do Centro Cultural São Paulo. O tradicional projeto voltado à exibição de novos artistas tem o melhor recorte do ano na seleção de oito nomes, em cartaz até 14/3.



A qualidade das mostras individuais dos emergentes também ganha o forte apoio de três artistas de carreira mais extensa -Daniel Senise, Rochelle Costi e Ricardo Basbaum-, que foram convidados para apresentar obras feitas especialmente para o prédio.


A fotografia é a base da pintura de Ana Prata, 28, mas não a limita. "Minhas telas têm uma perspectiva errada, os encaixes não são perfeitos. A pintura absorve algo do aleatório, do acaso", conta ela, que, em grandes quadros, retrata desde um acidente numa estrada até ambientes domésticos onde nada parece acontecer.

A jovem artista mineira tem expostas tais telas ao lado de peça do carioca Daniel Senise, 54, prestigiado pintor brasileiro da geração 80.



Mas Senise apresenta um projeto tridimensional. A escultura "Eva", de Victor Brecheret, vai ser completamente escondida por dezenas de tijolos feitos de papel reciclado.


O papel originário é todo composto de folders e convites de exposições, descartados e agora com outro fim.


"É como se a ideia de arte se transformasse em matéria. Essa conversão tem a ver com a minha pintura", avalia o artista.


O hibridismo de meios também está presente nas 25 caixas que Rochelle Costi, 48, espalhou pelo centro cultural, mescla de instalação e fotografia, que retratam a "iconografia" das áreas técnicas do centro cultural, como a gráfica e a serralheria. "É como se um mundo subterrâneo de imagens emergisse", diz ela.


E a fotografia é a linguagem escolhida por Sofia Borges, 25, que retrata um "ambiente evasivo" pontuado por uma luz estourada e que revela um espaço algo próximo de ateliê. E, numa das paredes, há uma tela. É de autoria de Rafael Carneiro, 24, e está presente na mostra.

SERVIÇO

3ª MOSTRA DO PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES 2009
Quando: de ter. a sex., das 10h às 20h, e sáb. e dom., das 10h às 18h; até 14/3 Onde: CCSP (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002)
Quanto: entrada franca

Mario Gioia da Folha de S. Paulo 



Fogo apressa digitalização do acervo de Leonilson

Fogo apressa digitalização do acervo de Leonilson
Incêndio de obras de Oiticica, em outubro, ressaltou importância de cópia virtual


Além de iniciativa on-line, trabalhos serão exibidos em sala especial na Pinacoteca;

Krajcberg e Volpi também terão trabalhos na internet 



Fabio Cypriano

O incêndio de parte do legado de Hélio Oiticica, no mês passado, foi o estopim para a digitalização do acervo de outros artistas brasileiros. Nos primeiros momentos da catástrofe, em outubro, quando a família de Oiticica estimava a perda em 90%, o único alívio era saber que praticamente todos os documentos estavam ao menos preservados virtualmente.


"Isso abriu nossos olhos e nos fez dar atenção para algo que nós mesmos já havíamos feito e deveria, então, ser ampliado", afirma Eduardo Saron, superintendente do instituto Itaú Cultural (IC), responsável pelo acervo virtual.
Assim, num primeiro momento, ficou decidido que três artistas deveriam passar por processo semelhante àquele por que passaram os arquivos de Oiticica: Leonilson (1957-1993), Frans Krajcberg, 88, e Alfredo Volpi (1896-1988).


"Começamos a digitalizar as obras de Leonilson há muito anos, totalizando umas 1.500, e depois paramos. Agora, acertamos com a família o término da digitalização das demais 2.000 obras, 40 cadernos e agendas do artista", conta Saron. Segundo ele, o material deve estar disponível até junho do próximo ano no site do IC (www.itaucultural.org.br), inclusive os cadernos, que poderão ser manuseados virtualmente.


Por conta do incêndio do acervo de Oiticica, aliás, a obra de Leonilson ganhou um porto seguro também fisicamente. Segundo Ana Lenice Dias Fonseca da Silva, irmã do artista, já está definido o comodato [empréstimo] à Pinacoteca. "Fomos informados na última semana de que o comodato foi aprovado pelo conselho da instituição, agora entramos numa fase de acertos finais."


O comodato, confirmado por Marcelo Secaf, presidente da Associação Amigos da Pinacoteca, conforme proposto pelo Projeto Leonilson, será feito inicialmente por um período de dez anos, com uma doação agora e outra em cinco anos.


Na primeira vez, serão doados os 108 desenhos de Leonilson feitos para a coluna de Barbara Gancia, na Folha, entre 1991 e 1993, e outros dois bordados, como são chamados os trabalhos da fase final do artista. "Achamos que seria muito importante essa série de desenhos não ser desmembrada", conta Dias Fonseca.
Uma das contrapartidas da Pinacoteca será, além de abrir uma sala com obras do artista, organizar o "catologue raisonné" (com todas as obras) de Leonilson. "Com a digitalização do Itaú, isso será muito mais simples", afirma Secaf.



Krajcberg e Volpi


Já no caso de Franz Krajcberg, não serão disponibilizadas no site apenas suas obras mais tradicionais. De acordo com o instituto, serão digitalizados também mais de cem filmes -sendo que alguns deles o próprio Krajcberg não via há mais de 40 anos. "Estamos negociando com ele como isso vai para a internet", diz Saron.


Finalmente, o modernista Volpi deve ganhar o "catologue raisonné": "Fomos procurados pelo [marchand] Paulo Kuczynski e estamos organizando o catálogo, que deve ficar pronto em 2011", afirma o superintendente do instituto.

Anunciada equipe de curadores da 29.ª Bienal de SP

Equipe de cinco curadores estrangeiros vão ajudar na concepção da mostra cujo tema é 'Arte e Política'

Camila Molina, de O Estado de S. Paulo

Como estratégia para driblar o curto prazo que se tem para a realização da 29.ª Bienal de São Paulo - menos de um ano, já que está marcada para ocorrer em 2010, entre 21 de setembro e 12 de dezembro, a diretoria da instituição anunciou na tarde desta segunda, 16, a equipe de cinco curadores estrangeiros que ajudarão no processo de concepção da mostra e na escolha de artistas participantes.

Além de Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, curadores-chefes da exposição, anunciados anteriormente, ainda vão compor o time: como convidados, a espanhola Rina Carvajal, do Miami Art Museum; o sul-africano Sarat Maharaj, que vive em Londres, onde é professor na Universidade Goldsmiths, e também na Universidade de Lund e na Academia de Artes de Malmo, ambas na Suécia; como assistentes, o angolano Fernando Alvim, que dirige A Trienal de Arte de Luanda; a japonesa Yuko Hasegawa, do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio; e a espanhola Chus Martinez, curadora-chefe do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona.

No anúncio, feito na Fundação Bienal de São Paulo, o presidente da instituição, Heitor Martins, afirmou que na semana passada o Ministério da Cultura aprovou os orçamentos tanto do pré-projeto (de R$1,6 milhão) quanto do projeto da 29.ª Bienal (de R$ 29,3 milhões) para captação de recursos por meio da Lei Rouanet.

Martins ainda disse que do montante total a instituição já tem R$ 13,25 milhões (R$ 12,5 milhões por patrocínio do Banco Itaú e outras empresas e ainda R$ 750 mil livres). "Fechamos um ciclo que iniciamos em abril (quando ele foi convidado a se candidatar a presidente da entidade), em que afirmamos categoricamente que íamos tentar fazer a Bienal em 2010", disse o empresário Heitor Martins, sócio-diretor da empresa internacional de consultoria McKinsey.

A mostra terá como tema principal a relação entre Arte e Política - 26 artistas já estão confirmados, sendo que apenas dois deles foram divulgados, Cildo Meireles e Arthur Barrio, nomes de uma geração com trajetória iniciada nos anos 1960. "Eles vão apresentar obras inéditas na exposição", afirmou Moacir dos Anjos, completando que "vários artistas" vão produzir trabalhos novos para a Bienal. "Convidamos os curadores como interlocutores que nos ajudassem na realização de uma Bienal internacional. Eles são outras vozes em lugares distintos, outras percepções para trabalharmos a plataforma Arte e Política", afirmou Moacir dos Anjos.

Ainda como parte da "rede", fazem parte da equipe da 29.ª Bienal a artista Stella Barbieri (responsável pelo projeto educativo); a arquiteta Marta Bogéa (expografia); André Stolarski (design e produção gráfica); Jacopo Crivelli Visconti (trabalhou para a entidade na gestão passada de Manoel Pires da Costa e agora retorna com a função de fazer a relação institucional da Bienal com instituições estrangeiras); e de Helmut Batista, diretor do projeto Capacete (vai ser o curador do programa de residências da exposição).

Na coletiva de imprensa foi perguntado o que de contemporânea terá a 29.ª Bienal, que tem em sua equipe tanto curadores quanto outros profissionais que já participaram de edições da exposição - Rina Carvajal, por exemplo, esteve na curadoria da 24.ª Bienal; ou mesmo o anúncio de artistas como Meireles e Barrio, nomes constantes das grandes mostras e do circuito.

"Vai ser uma Bienal com uma leitura contundente e com olhar crítico para refletir sobre o mundo de hoje", afirmou Rina - Moacir disse que muitos artistas da lista de participantes serão jovens criadores. "Este é um projeto de refundação da Fundação Bienal de São Paulo e o papel da arte brasileira é outro, já que o Brasil está entrando no mapa de maneira diferente. Os países emergentes já emergiram", disse o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, membro da diretoria da Bienal de São Paulo como representante do Ministério da Cultura.

sábado, 14 de novembro de 2009

Curadoria: Bienal de SP 2010


A Fundação Bienal de SP anuncia nesta segunda-feira o nome dos curadores estrangeiros da 29ª mostra, em 2010: serão o sul-africano Sarat Maharaj, que foi cocurador da Documenta 11, em 2002 (Kassel, Alemanha), e Rina Carvajal, curadora-adjunta do Miami Art Museum que já trabalhou na Bienal de São Paulo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Intervenção no Copan


Mauricio Adinolfi
realiza intervenção artística no Edifício Copan


Marco da arquitetura moderna em São Paulo abre espaço para projeto do artista, que apresenta instalações e colagens em madeira no foyer e galeria dos blocos C e D.

Mostra “Sobre mar, madeiras e outros animais” tem entrada gratuita e fica aberta de 17 de novembro e 17 de dezembro na Avenida Ipiranga, 200.

Décio Hernandez Di Giorgi
Adelante Comunicação Cultural
dgiorgi@uol.com.br
MSN: deciogiorgi@yahoo.com.br
Tels.: (55 11) 3589 6212 / 8255 3338

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Adriana Varejão parte rumo a paisagens marítimas



Mario Gioia da Folha de S.Paulo

Formas circulares, paisagens marítimas, figuras do imaginário popular. Na série de pinturas apresentada a partir de hoje na galeria Fortes Vilaça, a artista carioca Adriana Varejão passa a trabalhar com diversos elementos novos.

'Pérola Imperfeita', uma das pinturas da série inédita da artista carioca Adriana Varejão

"Chega de quadrados", brinca ela, pintora surgida no final dos anos 80 e um dos nomes mais conhecidos da arte brasileira no exterior. Varejão, 45, teve a última individual em São Paulo em novembro de 2005, justamente exibindo a série "Saunas", marcada pela reprodução de azulejos.

A exceção na mostra são duas grandes telas "craqueladas". "Vejo essas duas peças como desenhos. Quis colocá-las na entrada como uma espécie de introdução à minha produção mais nova."

A nova série começou a ser criada quando Varejão conheceu a produção em cerâmica do artista português Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), feita na cidade de Caldas da Rainha, em Leiria, centro de Portugal.

"Tive um impacto muito forte. Quis começar a trabalhar com esse material, mas foi um processo cheio de idas e vindas, que durou seis meses."

A artista decidiu fazer as obras em fibra de vidro, "mas à moda da cerâmica". Começou a pintar cenas quase mitológicas na superfície côncava das peças, a maioria com elementos marítimos, como estrelas-do-mar, anêmonas e conchas.
"As figuras que aparecem nas pinturas têm mais a ver com o imaginário popular do que os registros históricos que eu costumava usar", diz Varejão.

Para a artista, as pinturas se contrapõem à produção de tom mais asséptico da cena de arte contemporânea.
"Queria algo oposto ao minimalista, aos projetos rigorosos e elaborados. Essa pintura não tem nada a ver com algo que é feito aqui. Isso me agrada bastante", avalia Varejão.

SERVIÇO

ADRIANA VAREJÃO
Quando: abertura hoje, às 19h; de ter. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 22/12
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/3072-7066); livre

Quanto: entrada franca

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nuno Ramos vence prêmio Portugal Telecom

da Folha

Três brasileiros conquistaram o prêmio Portugal Telecom de Literatura, anunciado ontem, em São Paulo. O livro de contos "Ó" (ed. Iluminuras), de Nuno Ramos, foi o grande vencedor da noite. Ele levará R$ 100 mil reais.
 Autores portugueses consagrados, como António Lobo Antunes, também concorriam.
 Em segundo lugar ficou "Acenos e Afagos" (ed. Record), de João Gilberto Noll, que levou R$ 30 mil.
"A Arte de Produzir Efeito sem Causa" (ed. Companhia das Letras), de Lourenço Mutarelli, foi escolhido em terceiro lugar e vai receber R$ 15 mil.
"Eu não sou escritor, sou artista plástico. Se pudesse significar algo para a literatura, eu gostaria que fosse a tentativa de estimular a literatura mais experimental", disse Ramos

MAM do Rio recebe exposição do artista Carlos Vergara



O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro abre ao público carioca no dia 13 de novembro a exposição Carlos Vergara: A dimensão gráfica – uma outra energia silenciosa. A mostra traz um conjunto de mais de 200 trabalhos realizados pelo artista dos anos 1960 até hoje, onde a linguagem gráfica é o fio condutor.
A exposição tem curadoria do colecionador George Kornis, que por mais de um ano pesquisou os arquivos do ateliê do artista, com intuito de reunir os trabalhos produzidos por Carlos Vergara que tornasse visível ao público a linguagem gráfica que perpassa sua produção, há quase 50 anos.
George Kornis destaca que a produção de Vergara se expressa por diversas linguagens, e esta exposição no MAM pretende dar visibilidade à linguagem gráfica, presente em toda a sua trajetória, de diversas maneiras: monotipias, gravuras, desenhos, 3D, fotografias, filmes.
– Vergara não é somente um pintor, como ele costuma ser apresentado –, comenta Kornis. –Sempre me incomodou que na boa e vasta bibliografia sobre ele há uma fixação em torno de sua obra pictórica –, diz.
A mostra terá trabalhos nunca mostrados, além de obras inéditas no Rio, como a instalação que fez para a Capela do Morumbi, em São Paulo, em 1992, ou o conjunto completo de monotipias da série Gávea. O célebre painel de desenhos de 20 metros de comprimento, feito para a Bienal de Veneza, em 1980, também estará na mostra do MAM.
As 200 obras são provenientes do ateliê do artista e de coleções privadas, como a de, Gilberto Chateaubriand e do próprio George Kornis, além de outros acervos. Para se chegar a esse universo, o curador pesquisou por mais de um ano o Acervo Carlos Vergara, para mapear a produção do artista.
– O acervo está muito bem organizado, então foi possível visualizar, em toda sua extensão, as múltiplas linguagens e os interesses que atravessam sua trajetória.

Serviço:


Exposição: “Carlos Vergara: a dimensão gráfica – uma outra energia silenciosa”

Visitação: 13 de novembro de 2009 a 14 de março de 2010

De terça a sexta, das 12h às 18h
Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h

Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85
Parque do Flamengo

sábado, 7 de novembro de 2009

SUPERFLEX



Superflex se rebela contra o capitalismo

por Júlio Cavani


Os dinamarqueses do grupo Superflex estão entre os mais famosos ativistas políticos no atual cenário da arte contemporânea internacional. Depois de participarem de algumas das principais bienais do mundo, eles mostram seu trabalho no Recife pela primeira vez a partir desta segunda-feira(09/11), na Galeria Vicente do Rego Monteiro, da Fundação Joaquim Nabuco do Derby.


Vídeo Carro em chamas, que faz parte da exposição dos artistas dinamarqueses, mostra ícone do consumismo em cena repleta de tensão.

As contradições da sociedade capitalista são o principal alvo dos trabalhos do Superflex, mas com uma nova abordagem sem maniqueísmos esquerdistas. Eles já chegaram a ter obras censuradas porque atingiram o orgulho de grandes marcas multinacionais. Na Fundação Joaquim Nabuco, são projetados dois vídeos dos artistas, em cartaz em períodos diferentes. O primeiro é Carro em chamas, que é lançado nesta segunda, às 19h, e continua em exibição até 29 de novembro. O segundo, a partir de 1º de dezembro, é McDonald's inundada, inédito no Brasil.

Carro em chamas mostra exatamente o que o título diz. Durante 11 minutos, um automóvel pega fogo até ser totalmente carbonizado. No lugar de monótona, a cena é carregada de tensão e beleza plástica, pois a filmagem tem fotografia de cinema e mostra os efeitos do calor e o movimento do fogo em detalhes. A imagem, que faz uma referência direta aos protestos ocorridos em Paris há três anos, funciona como uma catarse contra os mecanismos de exclusão social, simbolizada pela destruição de um dos maiores ícones do consumismo.

McDonald's inundada (20 minutos) também tem um título bastante literal. Em um estúdio, os artistas construíram uma réplica do ambiente interno de uma lanchonete e depois alagaram o local com o uso de mangueiras. Aos poucos, a água preenche o ambiente até o teto. O filme, também cuidadosamente fotografado, oferece a sensação de que as forças da natureza se rebelaram contra esse templo internacional da alimentação comercial padronizada. Temas como aquecimento global, manipulação de individualidades e saúde pública podem ser indiretamente associados à obra.

Em 2004, na Bienal de São Paulo, o Superflex teve um trabalho censurado. A obra consistia na distribuição de latas de um refrigerante fabricado por pequenos produtores de guaraná do amazonas, que foram engolidos pelo velado monopólio das grandes companhias de bebida nacionais. Fundado em 1993, o grupo é formado por Reuter Christiansen, Jakob Fenger e Rasmus Nielsen.

Uma programação com cinco debates, acompanha o período da mostra, que é a primeira de um programa de dez exposições em torno do tema Política da arte. Entre os convidados estão Jochen Volz (co-curador da Bienal de Veneza em 2009 e diretor do Centro de Arte Contemporânea Inhotim) e o crítico Luiz Camilo Osório (curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).

Museus correm para expor Oiticica



SP ganha mostra com "Metaesquemas" e relevos que é aberta hoje; Inhotim terá pavilhão exclusivo para artista carioca



"Cosmococas" serão exibidas em três instituições dos EUA; após incêndio, custos de exposição paulistana dobram 



Mario Gioia e Silas Marti da Folha de S. Paulo





Depois do incêndio de 30% do acervo de Hélio Oiticica que estava na casa do irmão, César Oiticica, no Rio, museus e instituições aceleram mostras e espaços dedicados ao artista carioca, no Brasil e no exterior. Em São Paulo, hoje, o IAC (Instituto de Arte Contemporânea) inaugura a exposição "Da Estrutura ao Tempo", que exibe 18 trabalhos de Oiticica (1937-1980) do início de carreira, de 1956 ao começo da década seguinte.


Após o incêndio ocorrido no último dia 16, a mostra ganhou mais interesse e teve os custos duplicados. "A segurança, que já era maior que o normal, foi reforçada. O seguro também aumentou", conta Roberto Bertani, diretor do IAC.


As obras emprestadas por cinco colecionadores de São Paulo e do Rio também estão com o valor dobrado. Em média, cada um dos 14 "Metaesquemas" presentes no IAC vale US$ 300 mil (cerca de R$ 516 mil). Cada um dos quatro relevos que completam "Da Estrutura..." é avaliado em US$ 700 mil (R$ 1,2 milhão).


O curador da exposição, Cauê Alves, fez o recorte no começo da carreira de Oiticica por avaliar que as leituras sobre essa fase se repetem. 
"É um período muito importante na trajetória do Hélio e que tem sido visto como antecipador da obra mais sensorial dele, quando ele abandona o plano, quase como se a trajetória dele tivesse uma evolução linear", afirma Alves. "Mas ele poderia ter trilhado outros caminhos. A rigor, os "Metaesquemas" se aproximam muito da produção de outros construtivos, como Barsotti e Amilcar de Castro.

Pavilhão exclusivo


Na esteira de mostras de Oiticica pós-incêndio, o Instituto Inhotim pretende inaugurar no ano que vem um pavilhão para abrigar cinco das nove "Cosmococas" produzidas pelo artista, com o cineasta Neville d'Almeida, nos anos 70.


Só uma das instalações, "CC5 Hendrix War", está montada hoje no museu de Brumadinho, na Grande BH. Com a construção do novo pavilhão, as outras quatro obras da série, que já integravam o acervo do Inhotim, poderão ser vistas juntas pela primeira vez desde 2005, quando foram expostas no Rio e em Buenos Aires. 
"Esse projeto já existia antes do incêndio, mas agora se torna mais urgente", afirma Rodrigo Moura, um dos curadores do centro mineiro. "Toda a situação de como mostrar a obra do Hélio mudou muito."


No trabalho já montado, Oiticica faz uma homenagem ao músico Jimi Hendrix. As demais obras da série são instalações com projeções de slides, espécie de fusão entre artes plásticas e cinema, dedicadas a outras figuras centrais na história da arte, como Luis Buñuel, Yoko Ono e John Cage. "Nossa filosofia era homenagear pessoas de grande transgressão", lembra Neville d'Almeida, que fez a série com Oiticica entre março e agosto de 1973, no apartamento onde o artista vivia em Nova York.


"Hendrix, por exemplo, fez uma transgressão tão violenta, tão absoluta que o vice-presidente na época disse que ele era um veneno para a juventude americana." 
Esse veneno aparece no branco da cocaína usada nas fotografias da série. Contornos dos rostos de Hendrix e Monroe, por exemplo, são traçados por cima dos retratos com carreiras da droga. As "Cosmococas" formam parte expressiva da filosofia de Oiticica e seu chamado programa ambiental. "É uma obra matricial de como artistas vão pensar o papel do espectador dentro da imagem em movimento", diz Moura.


Três obras da série serão exibidas no exterior. Uma delas, a que homenageia Buñuel, pode ser vista agora no museu Yerba Buena, em San Francisco. Em fevereiro de 2010, viaja para o Hunter College, em Nova York, e segue em setembro de 2010 para o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles.

DA ESTRUTURA AO TEMPO

Quando: abertura hoje, às 11h (convidados); de ter. a sáb., das 10h às 18h, e dom., das 12h às 17h; até 28/2
Onde: IAC (r. Maria Antonia, 242, tel. 0/xx/11/3255-2009); livre
Quanto: entrada franca

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Serra e Sayad querem acabar com os museus de SP

por Celso Fioravante do Mapa das Artes

O jornal “O Estado de S. Paulo” publicou no último dia 9 de agosto uma reportagem na qual detalhou uma proposta nefasta do governo do Estado de São Paulo, de, por meio de seu Secretário de Cultura, João Sayad, transferir para as prefeituras a administração dos 49 museus públicos estaduais que ainda não são geridos por organizações sociais, como a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa. Isso significa que a dupla Serra-Sayad não está interessada em manter os museus do Estado e por isso decidiu passar a conta para as prefeituras. Visto que é provável que muitas prefeituras não aceitem essa proposta indecente, a tendência é que os museus do Estado caiam ainda mais no ostracismo (como já acontece com 12 deles) ou se juntem aos seis museus-fantasmas do Estado (aqueles que existem só no papel), conforme apontou a reportagem.
Dá até medo de ter governantes tão maquiavélicos! Eles sabem que gastar com a manutenção de museus não traz votos pra ninguém e por isso já querem se livrar deles! De olho nas futuras eleições, preferem investir em obras com muito ferro e cimento, que chamem a atenção, como o faraônico complexo cultural de dança e ópera, que pretendem construir na Estação da Luz.
A reportagem de “O Estado de S. Paulo”, assinada por Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise, revela ainda que, para passar a conta para as prefeituras, o Estado está restaurando e/ou reformando apenas três dos 49 museus. E não vai reformar mais nenhum, conforme declarou o próprio secretário Sayad! Nem eu acreditei quando li isso!!!
Ou seja, o governo do Estado prefere abrir mão de imóveis e acervos museológicos a ter que gastar com eles uma mínima parte de seu orçamento que seja. O Ministério Público Estadual deveria fazer uma análise aprofundada desse processo para verificar se o Estado pode abrir mão de suas responsabilidades dessa forma. Hoje, as vítimas do descaso da administração do Estado de SP são os museus, mas amanhã quem serão? As escolas, os hospitais...
E por falar em Ministério Público Estadual, me causou estranhamento a atitude do MPE de indeferir a posse do empresário Heitor Martins como presidente da Fundação Bienal de São Paulo, alegando “conflito de interesses”, como divulgou o jornal “Folha de S. Paulo” em reportagem de Silas Martí em 07 de agosto último.
O “conflito” seria o fato de a empresária Fernanda Feitosa, mulher de Heitor Martins, ter um contrato de aluguel de espaço na Fundação Bienal até 2015...
Mas qual seria exatamente o “conflito”? O contrato entre Feitosa e a Fundação Bienal não existe desde 2005, quando ocorreu a primeira edição da feira SP-Arte? O primeiro contrato não foi anterior à posse de Heitor Martins? A empresária não tem cumprido o contrato? Ela não tem pago pra usar o espaço da FB?
Na minha opinião, “conflito de interesse” (e falta de vergonha na cara) é usar dinheiro público para contratar, mulher, filho, genro, namorado de neta e tudo ficar por isso mesmo!
O Mapa das Artes São Paulo agradece o Instituto Moreira Salles pela cessão da imagem da fotografia “Vista Panorâmica do Vale do Anhangabaú, a partir do Mosteiro de São Bento” (c. 1911), de Vincenzo Pastore (1865-1918), pertencente ao seu acervo, parcialmente reproduzida na capa desta edição do Mapa das Artes São Paulo.

Celso Fioravante - Editor
mapadasartes@uol.com.br

terça-feira, 3 de novembro de 2009

HÉLIO OITICICA NO INSTITUTO DE ARTE CONTEMPORÂNEA - IAC

"Da Estrutura ao Tempo" reúne trabalhos do carioca Hélio Oiticica (1937-1980), que recentemente teve obras destruídas por um incêndio ocorrido no Rio de Janeiro (RJ). São exibidos 18 trabalhos (sendo 14 metaesquemas), com curadoria de Cauê Alves. Na ocasião o IAC comemora três anos no Centro Universitário Maria Antonia e inaugura nova reserva técnica, com investimento de R$ 600 mil (ambas de 07/11/2009, às 11h, a 28/02/2010).

Palestra Hoje em SP: Nicolas Bourriaud


Martins Martins Fontes recebe o renomado escritor Nicolas Bourriaud para o lançamento de suas obras



Tudo pronto para a recepção do escritor Nicolas Bourriaud, em São Paulo. Com previsão de chegada, dia 03 de novembro, o crítico de arte apresenta-se no Itaú Cultural. A apresentação aberta ao público terá início às 19h30.O tema de abertura Mesa Formas de Convívio: Os Limites da Coabitação será debatido durante a 7ª Edição do Próximo Ato - Encontro Internacional de Teatro Contemporâneo.Em seguida à apresentação, o escritor participa da noite de autógrafos dos seus livros Estética Relacional e Pós-Produção - Como a Arte Reprograma o Mundo Contemporâneo - lançamento Martins Martins Fontes.

Em Estética Relacional, Bourriaud investiga a sensibilidade coletiva em que se inscrevem as novas formas da arte, detendo-se na vertente convivial e interativa dessa revolução, procurando saber por que os artistas passaram a produzir modelos de socialidade e a se situar dentro da esfera inter-humana. Já em Pós-Produção - Como a Arte Reprograma o Mundo Contemporâneo, que é um prolongamento do anterior, mostra como entender e interpretar as novas manifestações artísticas da atualidade, abordando as relações entre a cultura em geral e a obra em particular.

ESTÉTICA RELACIONAL
Autor: Nicolas Bourriaud
ISBN: 9788599102978
Preço: R$ 25,50
Páginas: 152 pp.
Martins Fontes

PÓS-PRODUÇÃO - COMO A ARTE REPROGRAMA O MUNDO CONTEMPORÂNEO
Autor: Nicolas Bourriaud
ISBN: 9788561635114
Preço: R$ 19,80
Páginas: 112 pp.
Martins Fontes

Entrevistas Vol. 1 e 2: Hans Ulrich Obrist

Entrevistas de Hans Ulrich Obrist começam a ser publicadas no Brasil


Silas Martí da Folha de S.Paulo

Duas conversas determinaram a vida de Hans Ulrich Obrist, 41. Na primeira, entrevistava o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer. Depois, o artista italiano Alighiero Boetti.

Hans Ulrich Obrist, diretor da Serpentine Gallery, lança volumes de entrevistas
Gadamer dormiu durante o papo e mais tarde provocou Obrist a transcrever o seu silêncio. Boetti reclamou do marasmo no meio artístico, culpa de curadores sem vontade de fugir de amarras tradicionais.

Hans Ulrich Obrist, diretor da Serpentine Gallery

Mais do que silêncio, Obrist se acostumou a transcrever suas conversas. O curador suíço, hoje diretor da Serpentine Gallery, em Londres, tem mais de 2.000 horas de entrevistas gravadas com quase todas as personalidades relevantes na arte, na arquitetura e na ciência que despontaram no século 20.
Também respondeu a Boetti e se empenhou em transformar a noção de curador --realizou desde os anos 80 algumas das mostras mais inusitadas (e elogiadas) por críticos e artistas.

Mas não estão dissociados os papéis. Obrist entrevista toda essa gente como pesquisa para exposições. Enquanto editoras vão escolhendo conversas de seu repertório para lançar em formato de livro, ele pensa em como organizar esse conhecimento no espaço físico de museus e galerias --a Serpentine, aliás, virou QG de suas ações.

ENTREVISTAS VOL. 1 E VOL. 2

Autor: Hans Ulrich Obrist

Tradução: Beatriz Horta, Diogo Henriques, Izabela Leal

Lançamento: Cobogó

Quanto: R$ 32 (cada volume)
Onde: Livraria Cultura

Estão saindo agora no Brasil, pela editora Cobogó, uma série dessas entrevistas. Dois volumes já chegaram às livrarias --entre os entrevistados, Merce Cunningham, Yoko Ono, Walter Zanini, Robert Crumb, Manoel de Oliveira, Augusto de Campos e Jeff Koons e mais quatro devem ser lançados até meados do ano que vem.

Essa ligação com o Brasil também deve se estreitar em 2010, quando Obrist vem ao país entrevistar uma série de artistas. A lista de nomes ainda não confirmados tem Tom Zé, José Celso Martinez Corrêa e o ermitão João Gilberto.

No exterior, seu segundo volume de entrevistas saiu pela Charta, que deve publicar ao todo 22 livros. No lançamento do mês passado, estão conversas com Björk, Miranda July, Richard Hamilton, Doris Lessing, Ai Weiwei e Arto Lindsay.
"Faço uma entrevista por dia, é como um diário ou cápsula do tempo, uma forma sistemática de lutar contra o esquecimento", conta Obrist à Folha. "Vivemos num momento de acúmulo de informação, mas o aumento exponencial de dados não significa que teremos melhor memória do que ocorre."

Contra o acúmulo de informação no mundo, Obrist despeja um falatório inesgotável em páginas de livros. Não sabe quantos volumes já publicou ou quantos livros já reproduziram entrevistas suas --uma pesquisa com seu nome na Amazon traz 363 resultados.

Não assusta que ele se descreva hoje como "máquina de livros".
Talvez pelo excesso, Obrist saltou da posição 35 para o primeiro lugar da lista das cem pessoas mais influentes nas artes plásticas divulgada há duas semanas pela revista "Art Review". É o primeiro curador a ocupar o topo em pelo menos dez anos, depois de um monopólio do posto por colecionadores, galeristas e o artista blockbuster Damien Hirst --sinal de que, em tempos de recessão, premiaram a reflexão.

"Minhas entrevistas acontecem em trens, cafés, aviões, restaurantes", conta. "Tento produzir memória; com exposições, tento recriar a realidade, e, nas entrevistas, avançar contra o esquecimento."

Todo e qualquer esquecimento. As conversas não seguem roteiro rígido. Saltam de um tema a outro, ressaltam desvios, interrupções --o gato de Yoko Ono faz uma participação especial, ou o telefone de Gadamer. Num livro de entrevistas com o artista alemão Hans Peter Feldmann, Obrist faz uma pergunta na página da esquerda e o artista responde com uma imagem à direita.

"Não são conversas para descobrir alguma coisa, são situações abertas. Tem mais a ver com o processo do que com o resultado final", diz Obrist.
"Quando já conheço o artista, vou tentando encontrar novos capítulos de sua vida e aos poucos consigo chegar a um retrato total, registrar todas as dimensões daquela personalidade."

Costuma ser vasto esse campo. Mais do que a vida de cada entrevistado, Obrist quer saber sobre a cidade onde vive, sobre projetos, sobre o estado geral da vida pública e privada. Também conclui cada entrevista perguntando que projeto impossível gostariam de realizar.

Alguns deles, depois da entrevista, viraram realidade, como uma exposição de Alighiero Boetti que ficou em cartaz nos aviões da Austrian Airlines, proposta de levar as obras para além das paredes do museu.
"Vejo uma dimensão urbanística no papel do curador", diz Obrist. "Foi quando comecei a fazer e pensar em mostras inusuais, idealizadas também a partir da escala das cidades."

Mais de cem desses projetos saíram compilados neste ano no livro "Unbuilt Roads". Nem todos se propõem a serem realizados. Alguns se anunciam mesmo como fracassos, mas estão ali, abertos à consulta, apontando os tais caminhos não construídos do título.

E realizar os realizáveis, juntos numa grande mostra, é o maior projeto não realizado do curador Hans Ulrich Obrist, ainda sem data para acontecer mas já na memória que ele produziu para virar realidade.