segunda-feira, 2 de março de 2009

Exibição de "Penetráveis" amplia visão sobre Oiticica

Ótima exposição no Rio reúne trabalhos que convidam o espectador à interação

por Fábio Cypriano da Folha

Os "Penetráveis" representam um dos momentos fundamentais na trajetória de Hélio Oiticica (1937-1980), quando o artista passa a criar espaços de convivência que rompem com a relação formal entre arte e observador e pedem presença ativa e distendida no tempo.
"Hélio Oiticica: Penetráveis", em cartaz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (Centro HO), no Rio, com curadoria de César Oiticica, César Oiticica Filho e Luciano Figueiredo, apresenta um conjunto significativo, sem cair no risco de "museificar" os trabalhos. São seis penetráveis, mas alguns contêm outros vários, como "Éden", que possui seis, como "Cannabiana", "Lololiana" ou "Yemanjá".
Criados para serem vivenciados (ou penetrados) pelo espectador, seria uma contradição "institucionalizar" essas obras de modo que só pudessem ser vistas e não experimentadas. É o que tem ocorrido com outros trabalhos daquele período, caso notório dos "Bichos", de Lygia Clark, muitas vezes exibidos em vitrines, como se não fossem objetos para serem manipulados.

Éden

Mas no Centro HO, como queria o autor, não há limites à participação. Além de apresentar obras que tiveram bastante visibilidade recentemente, como "Tropicália", ou muito conhecidas, como "Éden" (exposta na Whitechapel Gallery, de Londres, em 1969, e vista hoje pelos novos manuais de história da arte como uma espécie de obra-prima de Oiticica), a exposição surpreende especialmente ao remontar penetráveis até agora praticamente ignorados, que estimulam um novo olhar sobre o autor. É o caso, por exemplo, de "Rhodislandia: contact", de 1971, feito na Universidade de Rhode Island, que traz um Oiticica mais introspectivo e intimista. O trabalho troca as cores fortes em superfícies por telas transparentes e iluminação colorida, além de um piso com pedras e galhos secos, materiais que tinham relação com o contexto norte-americano.
Mais inesperado ainda é "Rijanviera", de 1979, montado apenas na galeria Café des Arts, do Hotel Meridien, do Rio, naquele ano. Composto por uma estrutura de metal com várias plataformas por onde circula água, esse Penetrável só ganha sentido quando percorrido pelo visitante descalço. Enquanto em "Tropicália" a referência era o morro da Mangueira, em "Rijanviera" é a maré baixa das praias cariocas. Reconhecida mas ainda muito incompreendida, quando não simplificada em demasia, a obra de Oiticica, com essa mostra, ganha novas possibilidades de compreensão, em seus diálogos com o contexto e em seu convite à interação -algo que no virtualismo do século 21 se reveste de um sentido extra.
HELIO OITICICA: PENETRÁVEIS

Onde: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (r. Luís de Camões, 68, Rio, tel. 0/xx/21/2242-1012)
Quando: de ter. a sex., das 11h às 18h; sáb. e dom., das 11h às 17h; até 21/6
Quanto: entrada franca
Avaliação: ótimo
Zilvinas Kempinas to represent Lithuanian at 53rd Venice Biennale 2009

Organized by the Vartai Gallery, commissioner Laura Rutkutė, curator Laima Kreivytė.

New York-based Lithuanian artist Žilvinas Kempinas employs videotape as a sculptural material rather than visual data carrier. In his installations invisible forces of gravity and air circulation animate architectural space, reshaping it into a totally new environment. His latest work, a large-scale installation TUBE was created at Atelier Calder (Saché, France) and will be set up for the Lithuanian pavilion in Venice to resonate with the environment of the city. TUBE addresses the physical and optical experience of the viewer, passage of time, perception of the body and architecture.

Kempinas has been using magnetic tape since the beginning of this decade to construct monumental yet fragile spaces of experience. Playful gestures and geometric clarity are equally important. His artistic practice is based on recycling the principles of minimal, abstract, op art and kinetic art in the post-medium condition.

Zilvinas Kempinas. Tube, 2008 Installation view, Atelier Calder, France

Žilvinas Kempinas was born in 1969 in Plunge, Lithuania. He lives and works in New York. Solo exhibitions: Kunsthalle Wien, Austria (through January 25, 2009); Grand Café, Saint Nazare, France (2008); Contemporary Art Centre, Vilnius, Lithuania (2007); Palais de Tokyo, Paris (2006); P.S.1, New York (2003); Spencer Brownstone Gallery, New York (2004, 2006, 2007). Selected group shows: The Immediate Future, Lund Konsthall, Sweden (January 31 – March 29, 2009), Now Jump, Nam June Paik Art Center, Yongin/Seoul, Korea (through February 5, 2009), Manifesta 7, Bolzano (2008); New Work: Zilvinas Kempinas, Alyson Shotz, Mary Temple, SFMOMA (2008); Go East, Museum of Modern Art, Luxembourg (2008). In 2007 Kempinas was awarded the Calder Prize and Atelier Calder residency.

Laura Rutkutė is a co-founder of Vartai Gallery, coordinator of an international contemporary art project ARTscape in collaboration with “Vilnius – European Capital of Culture 2009”.

Laima Kreivytė is an art critic and curator based in Vilnius. In 2007, she was part of the curatorial team of Prague Biennale 3. Since June 2007, she has been working as a visual arts projects manager at “Vilnius – European Capital of Culture 2009”.

Lithuanian Pavilion at the 53rd Venice Biennale is principally funded by the Lithuanian Ministry of Culture.