segunda-feira, 29 de março de 2010

Oscar Cruz abre novo espaço expositivo

Galeria Oscar Cruz abre novo espaço expositivo no dia 30 de março
com mostra coletiva de artistas brasileiros e estrangeiros. Destaque
para a arte contemporânea carioca, com a inauguração da coletiva,
“Com Afeto, Rio”, curada por Bernardo Mosqueira

No dia 30 de março, terça-feira, às 20 horas, o galerista Oscar Cruz inaugura novo espaço de arte contemporânea brasileira e internacional no bairro paulistano do Itaim. A Galeria Oscar Cruz está localizada no endereço da extinta galeria Baró Cruz, agora com novo projeto com um novo e renovado grupo de artistas representados.

Oscar Cruz atua no mercado da arte brasileira e internacional há 15 anos e inicia uma nova fase da sua carreira com propostas para atender o crescente interesse do público por arte contemporânea em grandes exposições e feiras internacionais. Um dos diferenciais da galeria é a forte presença de artistas contemporâneos internacionais com passagens por mostras institucionais como a Bienal de São Paulo e do Mercosul.

Os artistas representados pela Galeria Oscar Cruz são: César Gabler (Chile), Daniel Alcalá (México), Eduardo Basualdo (Argentina), Giulianno Montijo (Brasil), Hernán Salamanco (Argentina), Julio Grinblatt (Argentina), Lina Kim (Brasil), Marcelo Amorim (Brasil), Marco di Giorgio (Brasil), Mariana López (Argentina), Martín di Girolamo (Argentina), Martin Legón (Argentina), Michael Stubbs (Inglaterra), Michael Wesely (Alemanha), Nino Cais (Brasil), Pablo Siquier (Argentina), Rodrigo Cunha (Brasil) e Sebastian Gordín (Argentina).

Michael Wesely (Alemanha)

“O mercado brasileiro de arte contemporânea vem crescendo constantemente e por este motivo carece de novos talentos. Neste sentido, um dos principais projetos da galeria é enfatizar a produção contemporânea, apoiando o surgimento de novos talentos e trabalhando para consolidar e inserir seus artistas no circuito nacional e internacional.”, atesta Oscar Cruz, que atua há 15 anos no mercado paulista e carioca.

Mostras inaugurais

A coletiva no andar térreo reúne pinturas, fotografias, colagem, esculturas, objetos e aquarelas dos artistas representados.

No piso superior é apresentada a coletiva de artistas cariocas Com Afeto, Rio”, organizada pelo jovem curador Bernardo Mosqueira. São apresentados vídeos, fotografias, desenhos, pinturas, performances, objetos e instalações de Alessandro Sartori, Bernardo Ramalho, Coletivo LaRica, Coletivo Opavivará, Daniel Toledo, Daniela Antonelli, Felipe Fernandes, Gilvan Nunes, Glaucia Mayer, Joana Traub Cseko, João Penoni, Julia Cseko, Julia Debasse, Leo Ayres, Pedro Victor Brandão, Pontogor + Julia Pombo, Rodrigo Torres, Susana Guardado, Tiago Rivaldo.

Serviço:

Eventos: exposição de artistas da galeria e coletiva “Com Afeto, Rio”, com curadoria de Bernardo Mosqueira
Abertura:
dia 30 de março, terça-feira, das 19 às 23 horas
Período expositivo: de 31 de março a 10 de maio de 2010
Local: Galeria Oscar Cruz
Endereço: Rua Clodomiro Amazonas, 526, Itaim Bibi - São Paulo, SP
Telefone: (55 11) 3167 0833
Horários de funcionamento: terça a sexta-feira, das 11 às 19 horas; e sábados, das 11 às 17 horas
Entrada franca e Livre
Estacionamento: duas vagas gratuitas em frente à galeria e estacionamento conveniado
próximo

www.galeriaoscarcruz.com

Mais informações para a imprensa:

Adelante Comunicação Cultural

Décio Hernandez Di Giorgi
Tel.: (55 11) 3589 6212 / 8255 3338 (cel.)
E-mail: dgiorgi@uol.com.br
MSN: deciogiorgi@yahoo.com.br

Crítica/"Andy Warhol, Mr. America"

Mostra revela faceta crítica de Warhol

Exposição aponta sarcasmo do artista em relação aos mitos americanos e exibe obras experimentais, além das famosas


O rótulo "artista pop" é muito pequeno para definir Andy Warhol, como se pode perceber na mostra "Andy Warhol, Mr. America", que será aberta no próximo sábado, na Estação Pinacoteca.
A reportagem da Folha viu a exposição em sua primeira montagem, em Bogotá, na Colômbia, no ano passado.
Obviamente, estão nas obras, como nas gravuras de Marilyn Monroe e nas das latas de sopa Campbell's, os elementos que marcam a chamada arte pop, ou seja, o uso de elementos do mundo das celebridades e da publicidade -nessas imagens, Warhol sempre se apropriou de fotos de jornal.
Mas o que a exposição revela com intensidade é, em primeiro lugar, uma faceta crítica, que até então costuma ser atribuída apenas ao pop inglês, onde o movimento surgiu, com a famosa colagem "O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão diferentes, Tão Atraentes", de Richard Hamilton, de 1956.
Se Warhol não usava ironias em seus títulos, elas estão presentes, contudo, em suas próprias construções. Suas celebridades são maquiadas com cores fortes e berrantes, outro elemento que o caracteriza como pop, mas exibidas após situações de fraqueza. Na série sobre Jackie Kennedy, por exemplo, ela surge não quando estava gerando um padrão de beleza para o país, mas no momento de luto.
É como se Warhol apontasse para o poder ambivalente da imagem que se torna impressa, afinal ela não é capaz de revelar tudo. Nesse sentido, o custo da fama revela-se perverso e sem glamour. Mesmo assim, ao colorir tais imagens, ele apela para a sedução, uma das razões que o tornou a ser tão reconhecido popularmente.
Outro caráter importante da exposição é exibir, junto com os trabalhos mais famosos, sua obra mais experimental, até então normalmente vista em pequenas mostras ou como trabalhos menores. Warhol produziu filmes alternativos em grande quantidade -há 17 deles na exposição- e trabalhou em vários suportes, chegando até a criar ambientes imersivos, como "Silver Clouds" (nuvens prateadas), de 1966, ou "Cow Wallpaper" (papel de parede de vaca), de 1972.
São trabalhos precursores das instalações contemporâneas, que o levam muito além da mera produção pop.
Finalmente, o curador Philip Larratt-Smith acerta ainda ao apontar o caráter sarcástico de Warhol em relação aos mitos americanos. O artista abordou a violência contra os negros, em "Confrontos Raciais", a miséria, em "Desastres do Atum Enlatado", retratou temas tabus como a homossexualidade, a obsessão pela morte e, como se não fosse suficiente, a sociedade do espetáculo.
Assim, quem observa apenas as cores fortes e as imagens sedutoras, fica apenas na superfície da obra de Warhol, mas quem quiser se aprofundar de fato nessas imagens, vai descortinar um mundo não colorido e tampouco atrativo, o que afinal é o retrato da América. (FABIO CYPRIANO)


ANDY WARHOL, MR. AMERICA

Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, Centro, SP, tel.0/ XX/11/ 3335-4990); até 23/5
Quanto: R$ 3 a R$ 6 (sábado, grátis)
Cotação: ótimo


sexta-feira, 19 de março de 2010

Exposição em SP reúne 100 peças de Hélio Oiticica

No fim de 2009, o nome do artista plástico carioca Hélio Oiticica (1937-1980) virou notícia após um incêndio atingir parte de suas obras. Deixando a tragédia de lado, o Itaú Cultural abre amanhã para convidados, e domingo para o público, a exposição "Hélio Oiticica - Museu É o Mundo". A mostra, que entrelaça os escritos e a obra do artista experimental, marca ainda os 30 anos de sua morte.

Com curadoria de César Oiticica Filho, sobrinho do artista, e Fernando Cocchiarale, é a maior exposição de Oiticica em São Paulo. O evento, que vai ocupar três andares do instituto, traz 100 peças, das quais 65 pertencem à coleção da família. "A exposição é um resumo panorâmico dos trabalhos feitos por Hélio desde o início do Grupo Frente (núcleo do concretismo carioca) até os anos 1970", explica Cocchiarale.

Em destaque estão 15 Bólides (caixas), 12 Parangolés (capas), oito Penetráveis (instalação) e uma Cosmococa (instalações com projeção de fotos e música). Junto das obras, anotações de Oiticica.

Para César, o aspecto mais ambicioso da exposição é extrapolar a galeria. Seguindo o nome da mostra, uma citação do artista, a curadoria vai levar cinco Penetráveis para outros espaços da cidade. As obras poderão ser vistas na Casa das Rosas, Teatro Oficina, Pinacoteca do Estado, Parque Mário Covas e Ibirapuera. "A ideia é atingir quem está na rua, amplificando o alcance da mostra."

Museu é o Mundo. Itaú Cultural: Avenida Paulista, 149. Tel. (011) 2168-1776. Amanhã, somente convidados.
De 21 de março a 16 de maio. Ter. a sex., das 9h às 20h. Sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h. Grátis. Livre.

terça-feira, 16 de março de 2010

Bienal de São Paulo divulga cartaz da sua 29ª edição

A Fundação Bienal divulgou o pôster da exposição deste ano, sua 29ª edição.

O cartaz foi criado pela nova área de design da fundação e contem o verso do poeta Jorge de Lima: "Há sempre um copo de mar para um homem navegar", título da mostra, extraído de "Invenção de Orfeu" (1952).

MARINA ABRAMOVIĆ NO MOMA DE NOVA IORQUE


O Museum of Modern Art de Nova Iorque apresenta “Marina Abramović: The Artist is Present”, a primeira retrospectiva de larga escala num museu americano do trabalho de performance da artista, até 31 de Maio de 2010.

Marina Abramović, "Portrait with Flowers". 2009. Black-and-white gelatin silver print.

Reconhecida internacionalmente como pioneira e figura-chave na arte da performance, Marina Abramović (Iugoslávia, 1946) usa o seu próprio corpo como sujeito, objeto e meio, explorando os limites físicos e mentais.

A exposição percorre a prolífera carreira de Abramović com cerca de 50 obras que se estendem por quatro décadas de intervenções e peças sonoras, obras em vídeo, instalações, fotografias, performances solo e coletivas.

A mostra inclui a estréia mundial de uma nova obra de performance executada pela própria Abramović e a execução de performances históricas de influentes artistas especialmente selecionados para esta exposição.

Disponível em: www.artdaily.com

Paris recebe mostra de Lucian Freud

Para uma parte da crítica, ele é o maior pintor em atividade no mundo. Para outra, não passa de um acadêmico consagrado. Para o mercado de arte, sua obra é uma mina de ouro. Para os museus, trata-se de um sucesso garantido de público, como se vê nas salas lotadas de "Lucian Freud - O Ateliê", aberta na última quinta em Paris, no Centre Georges Pompidou.

"Working at Night", de 2005, é uma das obras de Lucian Freud expostas em Paris;

É a primeira grande mostra de Freud na França em 22 anos. Com curadoria de Cécile Debray, reúne 55 telas, algumas consideradas obras-primas, e a maioria pertencente a coleções particulares, o que torna a exibição (que vai até 21/7) ainda mais atrativa. Dela consta o quadro "Benefits Supervisor Sleeping", arrematada há dois anos por US$ 33 milhões (R$ 58 milhões) -um recorde para um artista vivo.

"After Cézanne", tela de 2000

Neto do fundador da psicanálise, Lucian Freud nasceu em Berlim, em 1922. Sua família migrou para a Grã-Bretanha em 1934, e ele se naturalizou inglês em 1939, o mesmo ano da morte do avô Sigmund. Começou a estudar artes bastante jovem, mas foi o encontro com Francis Bacon, em 1945, que libertou a sua pintura das convenções que a dominavam.

"Naked Admirer", de 2004

Como ocorreu com Bacon e outros nomes da "escola de Londres", Freud passou, a partir dos anos 60, a pintar quase só no ateliê. Seu método de trabalho é baseado na observação detida do modelo, num processo lento de produção, com quatro ou cinco telas por ano, as quais ele pinta sempre de pé.

Dividida em salas, o foco da mostra é a experiência do ateliê na obra de Freud, o modo como ele transformou tal espaço em seu universo pictórico.

"Painter's Garden with Eli", de 2006

Na primeira, "Interior/ Exterior" predomina o "embate" entre o mundo da rua e o ambiente fechado do ateliê, situado atualmente no bairro Notting Hill. Ali, estão expostas raras paisagens urbanas feitas por Freud, quase hiperrealistas, mostrando terrenos vazios e fundos de prédios.

A sala "Reflexão" agrupa uma série de autorretratos em diferentes épocas, inclusive o famoso "Painter Working, Reflection" (1993), em que ele se pintou nu, aos 71 anos. O isolamento no ateliê transforma o próprio artista em tema crucial e o estimula a refletir sobre a sua relação de poder com o modelo, às vezes com ironia.

"Reflection with Two Children (Self-Portrait)", autorretratro de 1965

As releituras de clássicos que Freud admira, como Cézanne e Chardin, dominam a seção "Retomadas". Mas a sala de maior impacto é "Igual à Carne - Cenografias e Composição", com nus extraordinários que fizeram a fama de Freud.

Os modelos surgem em total entrega ao pintor, tombados em camas ou no chão, gordos, estranhos, desidealizados, dessublimados. As pinceladas firmes e densas acentuam os estragos feitos no corpo pelo tempo e pelo uso. "Eu trabalho a pintura para que ela seja igual à carne", disse o pintor.

É como se, para Freud, a carne fosse o último tema da pintura figurativa, a expressão derradeira do controvertido naturalismo do artista, sobre o qual o próprio amigo Bacon emitiu um dos juízos mais severos: "O problema com a obra de Lucian é que ela é realista sem ser real".

ALCINO LEITE NETO da Folha de S.Paulo

segunda-feira, 15 de março de 2010

Artista coloca touros em cima das vacas da CowParade em SP



Dois touros de sorriso maroto, feitos de isopor, acordaram nesta manhã de segunda-feira montados em duas vacas da CowParade, evento importado da Suíça que espalha dezenas de animais coloridos de resina pela cidade de São Paulo.

A intervenção não autorizada durou pouco. Lá pelas 10h, os touros foram retirados pelos organizadores da parada. "Fomos avisados e mandamos retirar [os touros], mas não danificaram as vacas, está tudo bem", disse a assessora de imprensa do evento.

O manifesto foi feito pelo artista Eduardo Srur, 36, que há alguns anos promove em São Paulo a discussão sobre o que é arte pública. O alvo desta vez foi a CowParade por ser "o maior e mais bem sucedido evento de arte pública no mundo".

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Intervenção do artista Eduardo Srur em vaca da Cow Parade instalada na av. Paulista

Na semana passada, cerca de 20 vacas tiveram que mudar de lugar por fazerem alusão direta a marcas patrocinadoras --saíram das ruas e foram para dentro de lojas. A CowParade já passou por dezenas de cidades do mundo e acontece em São Paulo pela segunda vez em SP, depois de ter passado por Rio, Belo Horizonte e Curitiba.

"A escultura do touro remete ao touro Bandido, aquele que nunca foi domado em rodeios, personagem de novela, lenda nacional", disse Srur à Folha, que acompanhou a instalação dos dois animais na madrugada de domingo para segunda. "Não consigo ver relação entre uma vaca importada da Suíça e o nosso país. É um objeto estéril, e o touro vem para fazer uma inseminação cultural, gerar uma discussão."

Os dois touros foram feitos pelo escultor Heitor Morrone, 29, com ajuda de outras três pessoas, em dez dias. Ele e um assistente, usando chapéus de caubói, instalaram os touros e os prenderam com um cabo de aço ao redor da barriga da vaca. Vídeos e fotos serão publicados no site de Srur.

A ação começou por volta da 1h, na esquina da av. Faria Lima com av. Cidade Jardim, numa vaca pintada com onças e jacarés, instalada num posto de gasolina, principal patrocinador da CowParade. Participaram oito pessoas, incluindo um cinegrafista e dois motoristas de caminhão, que transportaram os "animais".

Uma unidade móvel da Polícia Militar e um carro da CET estavam estacionados do outro lado da av. Faria Lima e não intervieram no trabalho. Um policial chegou a se aproximar, riu e foi embora.

"O pessoal passa muito aqui para tirar foto, mas agora acho que não vão tirar mais foto dessa aí", disse João Adolfo de Oliveira, 48, segurança de uma banca de jornal na av. Paulista, esquina com a rua Augusta, onde foi feita a segunda intervenção.

Cada patrocinador paga ao evento cerca de R$ 40 mil por vaca e chama convidados para pintá-las. O site da CowParade informa que, na primeira edição, em 2005, foram levantados R$ 4 milhões em patrocínio e R$ 1,2 milhão para instituições carentes. Neste ano, o evento termina dia 21 e custou cerca de R$ 2 milhões. As quase 80 vacas serão leiloadas em abril, por um preço mínimo de R$ 5 mil.

A artista Fernanda Eva, que assina a vaca verde da av. Faria Lima, recebeu R$ 1.000 para fazer o trabalho. Ela ficou chateada com a intervenção de Srur. "É uma apropriação de mau gosto, me entristece que ele não consiga reconhecer uma obra de arte", disse Fernanda à Folha, que afirmou ter passado um mês pintando a vaca. "E ele conseguiu danificar a obra, tem umas colas grudadas, arrancou a pintura."

Não é de hoje que a CowParade gera polêmica. O evento começou em 1998 em Zurique, Suíça, país que tem a vaca como símbolo, e se espalhou pelo mundo. Em 2004, em Estocolmo, artistas "sequestraram" um dos animais e ameaçaram "decapitá-lo" caso os participantes não assinassem uma carta declarando que a CowParade não era um evento de arte. No final, a vaca foi feita em pedacinhos e mandada de volta dentro de um saco.

FERNANDA EZABELLA da Folha de S.Paulo

quinta-feira, 11 de março de 2010

BIENAL: Evento terá "terreiros" entre a exposição


Em 1998, com a antropofagia como tema central, o curador Paulo Herkenhoff, da 24ª Bienal de São Paulo, tornou o tema uma referência internacional. Para a 29ª edição, Agnaldo Farias, o cocurador brasileiro da mostra, diz que já encontrou o mote que vai marcar essa Bienal: a noção de terreiro.

"Essa é uma bienal que pretende celebrar a política, mesmo enquanto os políticos a desmoralizam. Não poderíamos organizar uma mostra que fosse simplesmente contemplativa e, por isso, vamos ter seis terreiros, que é o lugar da festa, do sagrado e do profano, como espaços para encontro em meio à exposição", conta Farias.

A ideia surgiu na primeira reunião do time curatorial, a partir da canção de Assis Valente, "Brasil Pandeiro", que se popularizou com os Novos Baianos, e tem o verso "Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros/ que nós queremos sambar". Segundo Farias, "foi no morro que o Oiticica criou os parangolés, e o terreiro é uma construção essencialmente brasileira, o que faz todo sentido para o caráter que queremos dar à mostra".

Assim, no pavilhão do Ibirapuera, em meio à mostra, serão dispostos seis terreiros, cada um organizado por um artista, de acordo com os temas usados na 29ª Bienal. Ernesto Neto, o único até agora confirmado, será o criador do terreiro da "Lembrança e Esquecimento", uma reflexão sobre o papel do monumento. Os demais temas são "Dito, Não Dito e Interdito", uma tribuna para debates, inspirada em Guimarães Rosa; "Pele do Invisível", o espaço para projeção de filmes; "Longe Daqui, Aqui Mesmo", que irá abordar as utopias; "Eu Sou a Rua", espaço para palestras e debates; "O Mesmo, o Outro", o lugar das performances, a partir de um texto de Jorge Luis Borges. "Durante a Bienal vamos ter entre 200 e 300 ações acontecendo nesses espaços, seja a apresentação do coro da Osesp, seja uma peça de dança contemporânea", diz Farias.

Na última quarta, um ciclo gratuito de palestras deu início à programação da 29ª Bienal. Organizado por Helmut Batista, coordenador do projeto Capacete, o primeiro debate foi com o artista albanês Anri Sala, no teatro Arena. Nesta quinta, o brasileiro Amilcar Packer e o britânico Jeremy Deller irão abordar suas trajetórias artísticas, no mesmo local. "O Arena foi cedido ao Helmut pela Funarte e toda a programação dele, durante esse ano, terá apoio da Bienal. Creio que essa é uma forma de mostrar o que entendemos por política, adensando o debate e colaborando com outras instituições, em vez de ficarmos apenas no Ibirapuera", conta Farias. Folha de S. Paulo

quarta-feira, 10 de março de 2010

MAIS MULHERES E MAIS DISCRIÇÃO NA WHITNEY BIENNIAL

Com a crise a afetar as instituições, galerias e criadores, parece mais do que razoável que o Whitney Musem de Nova Iorque tenha optado este ano por organizar uma bienal com metade dos artistas que nos anos anteriores (55) e sobretudo, com um perfil discreto e afastado de ostentações.

A 75ª edição da Whitney Biennial (até dia 30 de Maio), intitulada apenas “2010”, é a primeira da história em que a presença feminina é maioritária. E isso fica ainda mais patente no último piso do museu, onde foi organizada a retrospectiva “Collecting Biennials”. Aí se mostra o melhor de cada década, desde Rauschenberg até Andy Warhol ou Jasper Jones, mas os nomes femininos rareiam: Eva Hesse, Cindy Sherman e poucas mais.

No entanto, nos três pisos que ocupa a bienal são muitas as propostas assinadas por mulheres e, surpreendemente, não se trata nem de arte feminista nem de uma ode à juventude extrema – como ocorreu durante a última década. A grande maioria das artistas tem mais de 40 anos, havendo inclusive quem chegue aos 76, como Lorraine O’Grady, relativamente desconhecida até agora e que finalmente encontrou reconhecimento.


A sua proposta, the first and the last of the modernists é um desdobramento inquietante de fotografias do cantor Michael Jackson e do poeta Baudelaire em diferentes etapas da sua existência, mas organizadas por idades e aos pares, de forma a que se pode ver a evolução e transformação de ambos os ícones, cujas vidas tiveram um certo paralelismo, por incrível que possa parecer.

Disponível em: www.elpais.com

BIENAL DE SP INICIA CICLO DE PALESTRAS

Anri Sala, artista plástico albanês que atualmente reside em Berlim, inaugura hoje, às 20h, o ciclo de palestras que integra a programação da 29ª Bienal de São Paulo, no Teatro Arena (rua Dr. Teodoro Baima, 94, Centro; tel.0/xx/11/ 3897-4122; entrada franca). Os curadores da mostra, que acontecerá entre setembro e dezembro, Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, também falarão sobre o conceito construído para a Bienal deste ano. A primeira rodada de palestras prosseguirá amanhã, com participação do artista plástico inglês Jeremy Deller e do chileno Amilcar Parker, às 20h, também no Teatro Arena.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Fundação já possui verba para Bienal deste ano

Não se ouviu o espocar de rolha saltando de uma garrafa de champanhe, mas o clima da reunião da diretoria da Fundação Bienal de São Paulo, na última segunda, era próximo à felicidade entorpecente provocada pelo espumante francês.

Nela, Heitor Martins, presidente da instituição, anunciou que já havia captado R$ 23 milhões para a organização da 29ª Bienal de São Paulo, com inauguração prevista para 21 de setembro, quando a estimativa mínima para o evento era R$ 20 milhões. Só em caixa, Martins já conta com R$ 11 milhões, o equivalente ao que foi gasto na última edição, em 2008, a chamada "Bienal do Vazio", que deixou um rombo de mais de R$ 4 milhões, também já pagos pela nova direção.

Essa situação rompe uma histórica crise, que teve início em 2000, quando a Bienal passou a ter dificuldades de captação e levou Ivo Mesquita a renunciar ao cargo de curador, quando se propôs o adiamento do evento. "A Bienal nunca se recuperou daquele choque. Creio que as últimas duas edições foram interessantes, mas não se comparam às anteriores", diz o curador costarriquense Jens Hoffmann, que dirige o Instituto de Arte Contemporânea Wattis, em São Francisco, e pretende visitar também a próxima edição.

Outros curadores estrangeiros, que não visitaram a última edição, como Agustín Perez Rubio, do Museu de Arte Contemporânea de Leon (Espanha), estão comprando suas passagens para SP. "Curadores como Chus Martínez e Yuko Hasegawa ajudam a dar prestígio à nova Bienal", diz Rubio.

Retomada

Assim, ao que tudo indica, é o momento da retomada da Bienal. "Creio que nos últimos anos, a Fundação era mais hermética, e nós conseguimos nos aproximar mais da sociedade, pois temos um projeto bem estruturado e estamos fazendo um esforço de comunicação", diz Martins, à Folha, que espera chegar aos R$ 30 milhões, valor considerado como ideal para organizar a 29ª Bienal.

Itaú Unibanco, Fiat, Oi, Deutsche Bank, Votorantim e Klabin são algumas das empresas que estão investindo na Bienal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, revertendo o perfil da última década, marcada basicamente por investimento direto da União, um dos fatores que gerava atrasos. "Conseguindo endosso do patrocinador, criamos um engajamento e um maior controle de qualidade. Nossa perspectiva é criar agora vínculos de longo prazo", explica Martins. Pode parecer incrível, mas até agora a Bienal sequer tinha uma setor de captação. "Nós revertemos o perfil da Fundação, que até agora tinha mais funcionários envolvidos com funções administrativas do que com a preparação da própria Bienal", conta o presidente. Assim, foi terceirizada, por exemplo, a contabilidade e criadas três novas áreas, captação, design e relações institucionais, além de ter reforçada a produção. "Creio que tudo isso está sendo possível, pois a instituição nunca teve uma diretoria como essa, com perfis muito distintos. Temos advogados, financistas, professores e até organizadores de outras bienais. Posso ser o que mais aparece, mas não sou o que mais trabalha", diz Martins.

Apoio

O clima de otimismo, não vem só do parque Ibirapuera. Desde que foi lançado candidato a presidente, numa situação de vácuo enquanto a Bienal se afundava em dívidas, Martins já tinha o apoio das entidades culturais da cidade. "Nós o apoiamos, pois ele tinha uma história de relação com a arte contemporânea e acredito que fazia parte do projeto dele o contato com as outras entidades", conta Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado.

Essa mobilização inicial, concretizada numa carta de apoio, foi motivada pelo Ministério Público (MP), que chegou a indeferir a posse de Martins, já que sua mulher, Fernanda Feitosa, promove a SP Arte no prédio da Bienal. Mas o MP voltou atrás, após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que proíbe ingerências de Martins no contrato de Feitosa com a Bienal.

Reunidas agora no "São Paulo Polo de Arte Contemporânea", um fórum que visa programar as atividades paulistanas durante a Bienal, as instituições museológicas da cidade, cujas reuniões contam até com o secretário estadual de Cultura, João Sayad, recolocam a instituição como figura central na cultura visual da cidade.

Em algumas edições recentes, é bom que se lembre, as mostras paralelas eram mais elogiadas do que a própria Bienal. "A Bienal agora tem a capacidade ser novamente o polo articulador dessa ação", diz Araújo.

FABIO CYPRIANO da Folha de S.Paulo

Galeria expõe obras de artista vetadas por família de Oiticica


Um dos artistas selecionados para o polêmico Panorama da Arte Brasileira "sem brasileiros", com curadoria de Adriano Pedrosa, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no ano passado, não mostrou as obras previstas para a mostra.

Obra de Jorge Pedro Núñez que se assemelha aos trabalhos de Hélio Oiticica

O venezuelano Jorge Pedro Núñez apresentaria colagens e fotomontagens que se apropriam de trabalhos de Hélio Oiticica (1937-1980), como os Metaesquemas e as Cosmococas, mas a família de Oiticica não autorizou sua apresentação por considerá-los plágio.

O MAM optou então por não comprar uma briga. No catálogo da mostra, contudo, estará a carta em que Núñez tentou convencer, em vão, os Oiticica a autorizar a exibição. As obras "não autorizadas", além de várias outras que se apropriam de outros artistas, como os quadrados de Josef Albers, estarão expostas, a partir de amanhã, na galeria Luisa Strina.

Apropriação é uma das modalidades mais praticadas na produção contemporânea. Ela pode ser vista nas colagens e gravuras de Rauschenberg, até recentemente em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, e mesmo no trabalho de Oiticica, que para criar suas Cosmococas utilizava fotografias, capas de discos, jornais e livros, como "Notations", de John Cage.

Em sua carta, Núñez explica que se trata de uma "homenagem" ao artista e que sua série de Cosmococas foi feita a partir do catálogo "Quasicinemas", da retrospectiva de Hélio Oiticica organizada pelo argentino Carlos Basualdo no New Museum, em Nova York. "Nem consultei a família Oiticica porque acho que esses trabalhos não têm nada a ver com plágio", disse Luisa Strina na montagem da mostra, anteontem. A Folha tentou falar com Cesar Oiticica, mas não obteve resposta. Além de Núñez, Strina apresenta também a série de 12 desenhos do argentino Matías Duville, "Esto Fue Otro Lugar".

Feitos em grande escala e apresentados no térreo da galeria, os desenhos lembram imagens de ficção científica criadas no início do século 20.

FABIO CYPRIANO da Folha de S.Paulo


MATIAS DUVILLE E JORGE PEDRO NÚÑEZ

Onde: Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502; tel. 0/xx/11/3088-2471)

Quando: abertura amanhã, às 19h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 14/4

Quanto: grátis