segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rehearsal Studio


Musée d'art Contemporain de Montréal
de 14 de outubro de 2008 a 11 de janeiro de 2009


Apresentada na exposição Sympathy for the Devil: Art and Rock and Roll Since 1967, pelo artista tailandês Rirkrit Tiravanija, a obra Untitled 1996 (Rehearsal Studio No. 6 Silent Version) oferece aos visitantes o acesso a um estúdio real de gravação. Músicos de todos os níveis podem reservar uma hora de tempo livre ensaiar lá durante o horário museu. Contruido integralmente com painéis de Plexiglas, o estúdio está equipado com microfones, duas guitarras, um baixo e um drum kit electrônico. Fones permitem que a platéia fora do espaço possa ouvir os músicos. Os instrumentos são amplificados, mas não são alimentados diretamente em uma gravação console. Para os espectadores andando pela exposição, estes ensaios são paradoxalmente "silenciosos".

O estúdio está disponível desde 14 de outubro e fica em exposição 11 de janeiro de 2009. O uso do espaço está sujeito a disponibilidade dos horários que foram organizados em uma tabela de acordo com o funcionamento do museu.

De Terça-feira a sexta-feira, das 14 às 15h e das 15.30h às 16.30.
Quarta-feira à noite das 18 às 19h e das 19.30 h às 20.30h.

Os interessados em participar do projeto podem baixar da internet o termo de condições e o formulário de inscrição para uso do estúdio.
Condições
Formulário de Inscrição

Rirkrit Tiravanija, Untitled 1996 (Rehearsal Studio No. 6 Silent Version), 1996. Paredes de Plexiglass, quadro metálico, violão, guitarra, baixo, kit de percussão eletrônica, microfones, equipamento de gravação, auscultadores e carpete. Dimensões variáveis. Cortesia Gavin Brown's Enterprise, em Nova York.

Cildo, Renata Lucas e Sara Ramo são os principais nomes do Brasil em Veneza

15/12/2008

SILAS MARTÍ
da Folha de S.Paulo

Os artistas Cildo Meireles, Renata Lucas e Sara Ramo serão os principais nomes brasileiros na mostra internacional da próxima Bienal de Veneza, que começa em junho do ano que vem. Escolhidos pelo co-curador da mostra, Jochen Volz, alemão radicado em Belo Horizonte, são três dos artistas mais respeitados da arte contemporânea no país.

"A trajetória deles têm a ver com um questionamento que nos interessa para a exposição", disse Volz, que divide com o sueco Daniel Birnbaum a curadoria da Bienal de Veneza. A próxima edição da mostra italiana, "Fazer Mundos", tem como idéia central destacar o processo de produção de uma obra de arte, no lugar do trabalho concluído, e o diálogo entre artistas jovens e experientes.

Cildo, 59, que já participou de duas edições da Bienal de São Paulo e da Documenta de Kassel, além da Bienal de Veneza de 2003, representa a geração de nomes consagrados da arte brasileira, enquanto Renata, 37, e Sara, 33, espanhola radicada na capital mineira, são jovens elogiadas pela crítica e valorizadas pelo mercado.

Depois de se retirar da 27ª Bienal de São Paulo, em 2006, como protesto à reeleição de Edemar Cid Ferreira para conselho da Fundação Bienal, Cildo abriu em outubro deste ano uma aguardada exposição individual na Tate, em Londres. Artista que despontou nos anos 70, considerado por Volz "um dos nomes mais importantes no cenário mundial hoje", é conhecido por questionar o valor simbólico da arte, além de seu papel como mercadoria.

São dele a série "Inserções em Circuitos Ideológicos", em que fez circular garrafas de Coca-Cola e cédulas de dinheiro com inscrições de protesto contra o regime militar, e a escultura "Babel", em que empilhou rádios numa estrutura em forma de torre, num grande coro de freqüências dissonantes.

Embora acredite que o modelo das grandes mostras "não dá mais conta do recado", Cildo está disposto a encarar mais uma Bienal de Veneza.

"De todas as bienais, acho que Veneza é a que menos teria condições de mudar, porque foi a primeira delas", disse Cildo à Folha. "Em última análise, são os artistas e seus trabalhos que definem uma exposição mais do que o peso institucional do lugar onde é feita."

"Não gosto de Veneza"

Mas, se Cildo não depende do lugar para criar suas instalações e performances, Veneza preocupa Renata Lucas. Conhecida pela destruição e construção de espaços arquitetônicos, intervenções que dão novas funções a lugares já habitados, ela derrubou paredes de galerias, cobriu fachadas com tijolos, duplicou calçadas e postes e revestiu com chapas de compensado grandes cruzamentos de cidades como o Rio.

"Tudo em Veneza é tombado, há mil restrições, e eu vou ter de trabalhar com elas", adianta ela à Folha. "É uma cidade estranha, parece que tudo está de costas para você, as fachadas das casas são voltadas para os canais, que são, na verdade, as ruas. Não gosto de Veneza."

Renata, aliás, diminui até a fama da mostra. "Eu não sei por que tem tanto glamour em torno de Veneza, já que na verdade eles não proporcionam basicamente nada para uma artista além de publicidade."

É a mesma artista que plantou árvores e plantas tropicais nos jardins de paisagismo simétrico da Tate Modern, em Londres, no ano passado, numa mostra que consolidou o braço internacional de sua carreira. No Brasil, Renata participou em 2006 da 27ª Bienal de SP, a exposição que Cildo Meireles se recusou a integrar.

Pequenos mundos

Em contraponto ao aspecto monumental das intervenções de Lucas, Sara Ramo entra na mostra com uma visão mais poética de um mundo particular. Suas obras em vídeo e fotografia põem em xeque a realidade com um lirismo às avessas, cheio de melancolia.

"Ela desenvolve pequenos mundos imaginários com uma linguagem muito mais pessoal, um sentido poético", diz Volz.

Vencedora da bolsa Pampulha e depois do prêmio Marcantonio Vilaça, Sara também esteve na Bienal do Mercosul de 2007 e foi um dos nomes mais fortes da última Paralela, encerrada neste mês em SP.

X Bienal de la Habana


Otros
X Bienal de la Habana

fonte Revista Art Nexus nov/2008

Más de 200 artistas de 43 países se reunirán en la X Edición de la Bienal de la Habana que se realizará del 27 de marzo al 30 de abril de 2009 en la ciudad de la Habana bajo el eje central de Integración y resistencia en la era global. Con esta edición la bienal celebrará 25 años de fundada y rendirá un homenaje a algunos artistas que han contribuido al desarrollo del arte latinoamericano como León Ferrari, Fernell Franco, Antonio Ole, Sue Williamson, Wilfredo Lam y Raúl Martínez.

Entre los países que han enviado proyectos figuran México, Colombia, Argentina, Chile, Venezuela, Haití, Cuba, Sudáfrica, Nigeria y Zimbabwe; se presentarán, también, propuestas de Italia, China, Corea, Japón, España y por vez primera en estos eventos, se exhibirá una propuesta de Alaska.
Además de las exposiciones el evento incluirá un encuentro teórico muestras de videos y documentales y talleres con algunos artistas cubanos como Tania Brugueras, reconocida por sus instalaciones y performances.
Rirkrit Tiravanija - Demonstration Drawings

THE DRAWING CENTER
35 Wooster Street New York,
NY 10013

12 SET - 06 NOV 2008


fonte: artnet.net

O “grito” do mundo
Contrariamente às instalações que o trouxeram à luz do mundo da arte, e que o consagraram em 2004 com o Prémio Hugo Boss, envolvendo “happenings” sociais - onde normalmente aplicou os seus dotes culinários, Rikrit Tiravanija apresenta no Drawing Center, em Nova Iorque, um trabalho diferente.
O artista torna-se comissário (ou manter-se-à artista?) juntando cerca de 200 trabalhos em desenho.
Estes desenhos, semelhantes a muitas imagens que podemos encontrar a ilustrar a imprensa diária ou do mesmo tipo que vamos vendo nos serviços informativos televisivos, foram capturados em papel e desenhados a lápis por tailandeses anónimos - a quem Tiravanija pediu para fazerem parte do seu projecto.
“Demonstration Drawings” apresenta-se assim dispersa pelas paredes da galeria principal do Drawing Center, ainda que de uma forma agregada – tal como as cenas, das quais se apropriou. São imagens de pequena dimensão, que se encontram dispostas sem nenhum foco em particular. O que as une é sim o facto de se tratarem de imagens de manifestações: uma das faces mediáticas das consequências da globalização – sinal dos conflitos, carregando uma visão/consciencialização colectiva sobre o mundo actual.
São as vozes que protestam, que discordam ou alertam para as políticas do mundo supostamente democráticas e que deveriam respeitar o desejo de uma maioria. A reflexão que resulta destes desenhos põe em causa a própria noção de democracia, e que se manifesta por esta agregação do crescendo de vozes que protestam: como se as vozes discordantes do mundo, que são constantemente “recicladas” nos média (recorrendo aos bancos de imagem ou de vídeo – como num acto de apropriação), estivessem todas contidas no espaço da galeria.
Entre os vários desenhos destacam-se as manifestações que se deram recentemente na Tailândia e em Burma (actualmente União de Myanmar) e que relembram episódios dramáticos, tais como a morte em directo de um fotojornalista japonês – amplamente divulgada pelas cadeias televisivas ou cenas onde forças policiais ou militares descarregam granadas de gás lacrimogéneo, água em alta pressão, ou mesmo bastonadas e detenções.
O trabalho é assim bastante político pela forma como foram escolhidas as imagens. Retratando acontecimentos da actualidade recente, podem considerar-se ainda bastante actuais, pois a sua fresca memória, que é constantemente reciclada pelos média, não os coloca num plano que se possam considerar históricos.
Para além do mencionado acontecimento, os desenhadores comissionados por Tiravanija retratam também as manifestações que ocorreram um pouco pelo mundo inteiro, contra a guerra no Iraque desencadeada pelos EUA, como forma de manutenção da paz mundial – relembrando as alterações sofridas pelo mundo após 11 de Setembro de 2001. Ao mesmo tempo, são mostrados desenhos do “outro lado”: homens armados, claramente muçulmanos, manifestam-se contra os EUA – alguns segurando cartazes de apoio ao presidente Ahmadinejad, denunciando as novas tensões geopolíticas.
Vêem-se tambem desenhos de manifestantes israelitas que se revoltam contra a sua retirada dos colonatos onde habitavam, ainda dentro de um registo próximo do anteriormente referido.E existem também os “clássicos” desenhos das manifestações sindicais – que reanimam a memória em volta das supostas extintas lutas de classes.
Ainda que não propositadamente, e apesar da familiaridade das imagens retratadas, a crise económica que recentemente tanto tem levantado preocupações volta encontrar significado nestas vozes discordantes. Os desenhos não estão assim tão longe da realidade actual, não sendo contudo na maioria dos casos completamente hiper-realistas.
Tiravanija volta assim a aplicar a sua “arte social”. Nesta ocasião, dando voz a anónimos que por sua vez usam a sua oportunidade para dar voz aos “gritos” do mundo.


Pedro dos Reis