sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Serra e Sayad querem acabar com os museus de SP

por Celso Fioravante do Mapa das Artes

O jornal “O Estado de S. Paulo” publicou no último dia 9 de agosto uma reportagem na qual detalhou uma proposta nefasta do governo do Estado de São Paulo, de, por meio de seu Secretário de Cultura, João Sayad, transferir para as prefeituras a administração dos 49 museus públicos estaduais que ainda não são geridos por organizações sociais, como a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa. Isso significa que a dupla Serra-Sayad não está interessada em manter os museus do Estado e por isso decidiu passar a conta para as prefeituras. Visto que é provável que muitas prefeituras não aceitem essa proposta indecente, a tendência é que os museus do Estado caiam ainda mais no ostracismo (como já acontece com 12 deles) ou se juntem aos seis museus-fantasmas do Estado (aqueles que existem só no papel), conforme apontou a reportagem.
Dá até medo de ter governantes tão maquiavélicos! Eles sabem que gastar com a manutenção de museus não traz votos pra ninguém e por isso já querem se livrar deles! De olho nas futuras eleições, preferem investir em obras com muito ferro e cimento, que chamem a atenção, como o faraônico complexo cultural de dança e ópera, que pretendem construir na Estação da Luz.
A reportagem de “O Estado de S. Paulo”, assinada por Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise, revela ainda que, para passar a conta para as prefeituras, o Estado está restaurando e/ou reformando apenas três dos 49 museus. E não vai reformar mais nenhum, conforme declarou o próprio secretário Sayad! Nem eu acreditei quando li isso!!!
Ou seja, o governo do Estado prefere abrir mão de imóveis e acervos museológicos a ter que gastar com eles uma mínima parte de seu orçamento que seja. O Ministério Público Estadual deveria fazer uma análise aprofundada desse processo para verificar se o Estado pode abrir mão de suas responsabilidades dessa forma. Hoje, as vítimas do descaso da administração do Estado de SP são os museus, mas amanhã quem serão? As escolas, os hospitais...
E por falar em Ministério Público Estadual, me causou estranhamento a atitude do MPE de indeferir a posse do empresário Heitor Martins como presidente da Fundação Bienal de São Paulo, alegando “conflito de interesses”, como divulgou o jornal “Folha de S. Paulo” em reportagem de Silas Martí em 07 de agosto último.
O “conflito” seria o fato de a empresária Fernanda Feitosa, mulher de Heitor Martins, ter um contrato de aluguel de espaço na Fundação Bienal até 2015...
Mas qual seria exatamente o “conflito”? O contrato entre Feitosa e a Fundação Bienal não existe desde 2005, quando ocorreu a primeira edição da feira SP-Arte? O primeiro contrato não foi anterior à posse de Heitor Martins? A empresária não tem cumprido o contrato? Ela não tem pago pra usar o espaço da FB?
Na minha opinião, “conflito de interesse” (e falta de vergonha na cara) é usar dinheiro público para contratar, mulher, filho, genro, namorado de neta e tudo ficar por isso mesmo!
O Mapa das Artes São Paulo agradece o Instituto Moreira Salles pela cessão da imagem da fotografia “Vista Panorâmica do Vale do Anhangabaú, a partir do Mosteiro de São Bento” (c. 1911), de Vincenzo Pastore (1865-1918), pertencente ao seu acervo, parcialmente reproduzida na capa desta edição do Mapa das Artes São Paulo.

Celso Fioravante - Editor
mapadasartes@uol.com.br