Mario Gioia da Folha de S.Paulo
Formas circulares, paisagens marítimas, figuras do imaginário popular. Na série de pinturas apresentada a partir de hoje na galeria Fortes Vilaça, a artista carioca Adriana Varejão passa a trabalhar com diversos elementos novos.
"Chega de quadrados", brinca ela, pintora surgida no final dos anos 80 e um dos nomes mais conhecidos da arte brasileira no exterior. Varejão, 45, teve a última individual em São Paulo em novembro de 2005, justamente exibindo a série "Saunas", marcada pela reprodução de azulejos.
A exceção na mostra são duas grandes telas "craqueladas". "Vejo essas duas peças como desenhos. Quis colocá-las na entrada como uma espécie de introdução à minha produção mais nova."
A nova série começou a ser criada quando Varejão conheceu a produção em cerâmica do artista português Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), feita na cidade de Caldas da Rainha, em Leiria, centro de Portugal.
"Tive um impacto muito forte. Quis começar a trabalhar com esse material, mas foi um processo cheio de idas e vindas, que durou seis meses."
A artista decidiu fazer as obras em fibra de vidro, "mas à moda da cerâmica". Começou a pintar cenas quase mitológicas na superfície côncava das peças, a maioria com elementos marítimos, como estrelas-do-mar, anêmonas e conchas.
"As figuras que aparecem nas pinturas têm mais a ver com o imaginário popular do que os registros históricos que eu costumava usar", diz Varejão.
Para a artista, as pinturas se contrapõem à produção de tom mais asséptico da cena de arte contemporânea. "Queria algo oposto ao minimalista, aos projetos rigorosos e elaborados. Essa pintura não tem nada a ver com algo que é feito aqui. Isso me agrada bastante", avalia Varejão.
SERVIÇO
ADRIANA VAREJÃO
Quando: abertura hoje, às 19h; de ter. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 22/12
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/3072-7066); livre
Quanto: entrada franca