terça-feira, 27 de janeiro de 2009

BIOGRAFIA - Tehching Hsieh

F
ontes: Blog Eric Coutinho e site da revista ArtForum.


Neste mês de janeiro Tehching Hsieh abre exposição em dois dos mais importantes museus de arte de NovaYork, MOMA e Guggenheim(21 e 30/01) com registros e documentações de seus trabalhos. Em março a editora MIT Press lança uma monografia de sua obra.
(leia no final detalhes sobre as obras que serão apresentadas nas mostras, texto originalmente publicado no site da Revista ArtForum em 22/01)

Tehching Hsieh
é um artista performático, nascido em Taiwan em 1950 e residente na cidade de Nova York, EUA desde 1974. Em sua terra natal fazia pintura abstrata, mas mesmo antes de deixar seu país, Hsieh abandonou a pintura. Em 1978, depois de se estabelecer nos Estados Unidos, inicia a primeira de uma série de performances com um ano de duração, chamada de One Year Performance.

Foram cinco as performances dessa série, sendo elas:

The Cage Piece 1878-79 - Hsieh se confina em uma cela dentro de seu estúdio, se comprometendo a não sair de lá, não falar, ler, escrever, ouvir rádio ou ver TV durante todo o ano

The Time Piece 1980-81 - Durante um ano inteiro, o artista batia cartão em um relógio de ponto em seu estúdio de hora em hora.

The Outdoor Piece 1981-82 - O artista agora se compromete a viver durante um ano em ambientes externos, não podendo entrar em casas, lojas, ou qualquer outro ambiente fechado, vivendo nas ruas com uma mochila e um saco de dormir.



The Rope Piece 1983-84 - Uma performance em dupla com Linda Montano, onde os dois viveram durante um ano amarrados por uma corda, entretanto sem poder se tocar e tendo que estar sempre no mesmo ambiente um do outro.

No Art Piece 1985-86 - Após a repercussão de The Rope Piece, Hsieh se retira e nesta One Year Performance o artista se compromete a não fazer arte, não falar, não ver e não ler sobre arte, além de não ir à nenhum museu ou galeria, apenas viver. Não há registros.

Em Earth, o que seria (ou é?) sua última performance, Hsieh se compromete a ficar até o final do século, ou os próximos 13 anos, trabalhando com arte, no entanto sem levá-la a público. Em 1° de Janeiro de 2000, Tehching Hsieh anuncia para artistas, curadores e imprensa, na New York’s Judson Memorial Church:


“I kept myself alive. I passed the December 31, 1999.”

Disse ainda não ter produzido arte durante estes treze anos, nem ter documentado de nenhuma forma o período. Disse ter apenas vivido sua vida. Em 2000, Hsieh se casa com a artista chinesa Qinqin Li. Ele acredita que não se pode fazer arte e viver normalmente a vida e aparentemente, abandonou a arte.

Left: Tehching Hsieh, One Year Performance 1980–1981. Performance view, 1980. Tehching Hsieh. Photo: Michael Shen. Right: Tehching Hsieh, One Year Performance 1978–1979. Performance view. Photo: Cheng Wei Kuong.

Taiwanese-American artist Tehching Hsieh is well known for his durational performances. An installation of his first One Year Performance 1978–1979, commonly known as “Cage Piece,” debuted at the Museum of Modern Art in New York on January 21, inaugurating MoMA’s new “Performance” series. His second One Year Performance 1980–1981, or “Time Clock Piece,” will be included in the Guggenheim Museum exhibition “The Third Mind,” opening on January 30. A comprehensive monograph of his oeuvre, Out of Now, is slated to be published by MIT Press and Live Art Development Agency in March.

IT’S COINCIDENTAL THAT “Cage Piece” and “Time Clock Piece” will be exhibited in January in New York, along with the publication of the book. “Cage Piece” is, for me, my most important work. Reinstalling the cage brought back memories of the year that I lived inside the cage and also memories of the following years, in which I struggled to return to normal life. The installation of the original cage at the museum is somewhat hidden: There will be a separate room built inside the gallery space that contains the cage, and the audience will see documents of this piece before they approach the room. The cage is the same size as the original and includes the same source of light––a one-hundred-watt bulb.

“Time Clock Piece” has never been shown in its complete form, with all the original documents, which include still and moving images, a 16-mm film camera, and a 16-mm projector to run the film loop. For me, these documents are important, but they are secondary, because they offer only traces. There are elements that are invisible and can only be approached through the viewer’s own experience and imagination. As an artist, after having finished my work, I am separated from the artwork; as a witness, I can provide original thoughts that will help the artworks to be better understood.

The book, two years in the making, is authored with Adrian Heathfield. Before we started working on the book, I had spent a lot of time digitizing my extensive archives. I’ve always had an uneasy relationship with language. I’m accustomed to asking questions and answering them in my mind without using any verbal or written tactics, so I found it hard to transform my thoughts into language. Adrian is a good listener and a keen thinker, and he was cautious to not categorize my work in any way that was not true to my original concepts. There have also been other important artists and writers who have responded to my artworks in deep and beautiful ways.

As told to Arthur Ou

Veja parte do registro de suas obras, incluindo material de vídeo, no website:
http://www.one-year-performance.com

Artista Mônica Nador leva cores a bairro de Santo André

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo 25/01/2009

"É ela quem faz desenho na casa dos outros", diz a menina com menos de cinco anos, camisa rosa e saia vermelha, apontando a artista Mônica Nador, que tem coordenado a pintura da fachada de casas no Jardim Santo André, em Santo André, cumprindo promessa que nada tem de religiosa: gastar tinta onde é necessário.

Projeto da artista plastica Mônica Nador, que pinta casas em bairros da periferia; o projeto está indo para o Jardim Santo André (SP)

Nos últimos três meses, a jovem moradora da região em processo de urbanização, que se tornou conhecida por ser onde ocorreu a tragédia do caso Eloá, viu cerca de 30 casas ganharem cores e padrões inéditos. A mudança é tão significativa que as ruas da região, ainda sem nome, passaram a ser chamadas com referências às pinturas realizadas. A rua do Jacaré, com uma pintura do animal, por exemplo, foi onde a garota apontou a artista.

Tigres, cachorros ou macacos, plantas e ainda objetos como bules, xícaras e fruteiras são elementos que agora fazem parte da fachada das moradias, feitos a partir de encontros com os próprios moradores.

"Mesmo que não sejam eles que pintem, sempre peço que ao menos eles escolham os desenhos [...] Mas também estabeleço alguns critérios: não pode ser logomarca, e é preciso ter alguma relação com a pessoa", conta Nador.

Artista que iniciou sua carreira nos anos 80, no momento em que se pregava o retorno à pintura, Nador, apesar do reconhecimento, decidiu, na década seguinte, que não iria mais usar pincéis dentro de museu. "Eu achava que estava gastando tinta onde não era necessário", costuma dizer.

Em 2004, após várias experiências em pintar casas junto com seus moradores, Nador fundou o Jardim Miriam Arte Clube (Jamac), instalando-se de forma fixa no bairro homônimo da região sul da capital. Rapidamente, veio o reconhecimento, com o grupo convidado para a Bienal de São Paulo de 2006, "Como Viver Junto".

Habitação e arte

Graças à sua atividade com o Jamac, Nador foi contatada por profissionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Governo do Estado de São Paulo (CDHU). "Estamos desenvolvendo um trabalho de urbanização de favelas e, ao concluirmos duas delas, percebemos que população precisava mais do que obras, mas de sentimento de pertencimento, de valorização da auto-estima, e que a arte poderia ajudar nisso", disse à Folha Viviane Frost, superintendente de ações de recuperação urbana da CDHU.

Na próxima semana, a especialista apresenta os resultados já alcançados no Jardim Santo André num congresso sobre urbanização e inclusão social na América Latina, na Universidade da Flórida (EUA).

O trabalho de Nador no Jardim Santo André é considerado piloto, mas deve se estender a todas as 3.000 moradias do local, segundo Lair Krähenbühl, secretário de Estado da Habitação e presidente do CDHU. "Criamos uma dotação orçamentária, o projeto São Paulo de Cara Nova, com R$ 50 milhões a serem gastos não só em pinturas, mas em melhorias estruturais como muro de arrimo", explica o secretário, que estima gasto de R$ 1 mil por moradia.

Em um local de tons escurecidos, as novas casas coloridas se sobressaem. Uma das que alcança maior destaque é a do casal Gilcilene Girardelli e Edielson Ferreira Bento. "Eles queriam usar o desenho de um cachorro com chapéu, mas achei que seria forçado e mostrei o desenho de uma criança, com quem trabalhei no Japão, no ano passado, e eles gostaram", conta Nador. "Nossos amigos e parentes nem reconhecem mais nossa casa, só espero que a japonesa não cobre direitos autorais", brinca Bento.

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