segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bienal se encerra com recorde de público

Na sétima edição, que se encerrou às 21h de ontem, a Bienal do Mercosul atraiu um público estimado de 306 mil pessoas. O número é superior ao das edições anteriores, considerando-se que este ano o período de abertura ao público foi menor que em 2007. A cifra, divulgada ontem pelos organizadores, não leva em conta o público que participou das performances, os 12 projetos de artistas em programas de residência em nove regiões do Estado e o público que circulou por 10 obras temporárias em espaços públicos de Porto Alegre.

Nos 39 dias em que as exposições estiveram abertas ao público, a média diária foi de 7.849 visitantes.

– Mais uma vez, a identidade da Bienal com a cidade se consolida. A cada realização, notamos a integração da população com o evento – disse o presidente da 7ª Bienal, Mauro Knijnik.

Crítica/Miguel Bakun e Hélio Oiticica


Instituição cria confusão conceitual

por fábio Cypriano da Folha

É bastante esquizofrênica a dupla de exposições em cartaz no Instituto de Arte Contemporânea (IAC): "Natureza e Destino", Sobre a Obra de Miguel Bakun (1909-1963), com curadoria de Eliane Prolik, e "Da Estrutura ao Tempo", sobre Hélio Oiticica (1937-1980), com curadoria de Cauê Alves.

Sem dúvida são duas individuais, com curadores distintos, mas que, ao serem reunidas no mesmo período e na mesma instituição, dão a (falsa) impressão de apresentar algo em comum. Já é fato na cidade que museus tenham designações incongruentes com seus acervos; afinal, o melhor do Museu de Arte Moderna de São Paulo é sua coleção de arte contemporânea, e o melhor do Museu de Arte Contemporânea da USP é seu acervo moderno.

Exatamente por isso o IAC poderia afastar-se dessa confusão. Dedicado a artistas que transitaram do moderno para o contemporâneo, como Sérgio Camargo, Amilcar de Castro, Willys de Castro e Mira Schendel, o IAC tem sido um dos poucos espaços da cidade a apresentar uma produção que, entre os anos 1950 e 1970, representou uma virada fundamental na arte brasileira.

Nesse sentido, a mostra com os Metaesquemas e os Relevos Espaciais de Oiticica mostra coerência com a casa, pois aborda o mesmo período e temática dos artistas que justificaram a criação do instituto.

Contudo, a originalidade do paranaense Bakun reside basicamente em pinturas de paisagens de sua terra natal, com uma temática regionalista e figurativa, que nada tem a ver com Camargo, os Castros e Schendel, denotando uma confusão conceitual da instituição.

Ao menos, no que tange à sala dedicada a Oiticica, o curador problematiza algo que tem muito a ver após o incêndio que destruiu parte do acervo do artista, no qual justamente os Metaesquemas teriam sido grandes vítimas, mas acabaram sendo preservados em sua maioria.

"Não há porque levar a sério minha produção pré-59", escreveu Oiticica, em 1972, desprezando justamente os Metaesquemas, feitos em 1957 e 1958. Atentar à preocupação fundamental da obra de Oiticica é fugir do objeto, mas usando-o para provocar uma reflexão, como faz Alves, é provocar um debate necessário.

SERVIÇO


NATUREZA E DESTINO MIGUEL BAKUN / DA ESTRUTURA AO TEMPO HÉLIO OITICICA

Onde : IAC (r. Maria Antonia, 242, tel. 0/XX/ 11 3255-2009)
Quando : ter. a sáb, das 10h às 18h; dom., das 12h às 17h; até 28/2
Quanto: entrada franca
Avaliação: regular