sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Oficinas preparam a sétima Bienal do Mercosul



Por Bruno Cobalchini Mattos/Jornal Já

Os preparativos para a sétima Bienal do Mercosul, que ocorre em Porto Alegre de 16 de outubro a 29 de novembro, entraram na etapa final final.

“Grito e Escuta” é o título do evento, que apresenta este ano uma mudança metodológica.

A ênfase será no processo de criação – e não em um tema específico. O objetivo é apresentar as diversas etapas da criação de uma obra de arte, mostrando como, por quem e – principalmente – por que razão elas são produzidas.

Além disso, serão mostrados os diferentes papéis e função que os artistas assumem junto à sociedade.
A argentina Victoria Noorthoorn (curadora geral da exposição ao lado do chileno Camilo Yáñez) esteve em Porto Alegre para a Mesa de Encontros, onde foram apresentadas as principais diretrizes do evento.

Em seguida, teve início o Curso de Mediadores, responsável pela formação da equipe que fará contato com o público nas diversas instalações.

Agora, em agosto, começam as oficinas dos artistas em residência.

O objetivo é aproximar os artistas da Bienal dos cidadãos, através de oficinas que ocorrerão em espaços públicos diversos, tais como escolas, praças e parques.

Nas diversas atividades os participantes poderão desenvolver suas próprias obras. A ideia é desmistificar a prática artística mostrando que, assim como qualquer outra, é uma atividade que depende mais de pesquisa, trabalho e dedicação, sendo possível a qualquer pessoa e independendo de algum “dom divino”.

Outra novidade da 7ª Bienal do Mercosul é o projeto radiovisual, que pretende ampliar ao máximo o público atingido pelo evento.

A rádio FM Cultura de Porto Alegre irá levar ao ar diariamente um programa de uma hora que contará com depoimentos de artistas, mediadores, curadores e, principalmente, do público das exposições.
Ao que tudo indica, esta será a Bienal do Mercosul de maior alcance desde a sua criação, doze anos atrás.

Renata Tassinari brinca com cores em nova exposição


Obra de Renata Tassinari: 'Maré'

De tão poderoso, o contraste entre as cores anula as molduras: a arte torna-se inteiriça, num enquadramento peculiar. Assim é o trabalho de Renata Tassinari, a artista paulistana que há mais de 20 anos brinca com vastas extensões monocromáticas que se intercalam na tela. E é de posse desses experimentos que ela inaugura nesta quinta-feira (06.08) a exposição "Entre Cores", na galeria Lurixs, em Botafogo.

A mostra apresenta obras inéditas, feitas em 2008 e 2009, com tamanhos variados, que chegam até mais de dois metros de comprimento. Nelas, a artista dá prosseguimento ao trabalho que começou no início da década, quando passou a pintar sobre as superfícies de acrílico que originalmente comporiam as molduras, e não as telas. Assim, nos trabalhos apresentados na Lurixs, Renata exibe cores pintadas no "avesso" de molduras de acrílico.

Na abertura da exposição será lançado ainda o livro "Renata Tassinari" (Editora Francisco Alves), que passa a limpo a obra da artista, desde o início de sua carreira, em 1985.

ENTRE CORES

Até 4 de setembro. Segunda a sexta, das 14h às 19h. Aos sábados, agendamento por telefone. Galeria Lurixs (Rua Paulo Barreto 77, Botafogo). Tel: 2541-4935. Entrada franca.

Árvores, tema das esculturas de Frida Baranek

Obras são formadas por decks sobre uma estrutura de ferro:o visitante pode subir em cima da peça

Estadão

SÃO PAULO - Inspirada no movimento das árvores, Frida Baranek apresenta duas esculturas em Exteriores. As obras são formadas por decks sobre uma estrutura de ferro - o visitante pode subir em cima da peça e buscar o equilíbrio. A mostra também tem gravuras inspiradas neste tema (detalhe acima).

Esculturas da artista são inspiradas no movimento das árvores. Foto: Divulgação

Gabinete de Arte Raquel Arnaud. R. Arthur Azevedo, 401, Pinheiros, 3083-6322. 10h/ 19h (sáb., 12h/16h; fecha dom.). Abre sáb. (8), 12h. Grátis. Até 19/9.I

Tiago Carneiro da Cunha derrete formas em mostra

Artista exibe série de esculturas na Fortes Vilaça

por Silas Marti da Folha

Tiago Carneiro da Cunha derreteu seus personagens.
Substituiu os ângulos retos da resina pelos excessos disformes do barro. A série que mostra agora em individual na Fortes Vilaça retoma seus protagonistas clássicos: o ladrão, o pedinte, Gargântua, de Rabelais.

Gargantua Rex, 2009 | Faiança policromada | 40 x 40 x 43 cm

Mas fora dos contornos, refastelando em matéria e pigmento. São formas em estágio larval, que parecem moldadas só até o ponto em que sejam reconhecíveis. No lugar da definição "clean", Carneiro da Cunha parece traduzir para as esculturas o gesto espesso da pintura.
Seus glutões, cães, filósofos e caveiras de louça parecem saídos de uma tela de Lucian Freud: tons calados em camadas maciças, transbordantes. É uma regressão à indefinição, como se tivesse escancarado demais o discurso em suas primeiras mostras, com objetos de resina translúcidos, que pareciam cortados a laser.
Ele volta atrás, mas mantém a dimensão contida, a escultura como objeto de mesinha de centro, ícone. Industrial ou larval, Carneiro da Cunha ainda prefere sussurros dissonantes a uma grande sinfonia histérica.

TIAGO CARNEIRO DA CUNHA

Quando: ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 29/8
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 3032-7066)
Quanto: entrada franca

CRÍTICA: "Argentina Hoy" por Fábio Cypriano

Fonte: Folha de S. Paulo

Mostra não compreende a atual cena argentina

Ao usar categorias passadas para olhar o presente, exposição se faz muito rígida

RES y Constanza Piaggio, La Dama 2005

"Argentina Hoy", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é uma exposição de arte contemporânea em princípio bastante correta. Ela apresenta alguns bons trabalhos em suportes e técnicas variadas, da instalação à pintura, tanto por artistas desconhecidos por aqui, quanto pelos renomados Leandro Erlich, Jorge Macchi e Tomás Saraceno. Os argentinos são os mais visíveis na cena internacional, todos, aliás, presentes com obras significativas nas últimas edições da Bienal de São Paulo.
No entanto, aqui se incorre num problema similar a outras mostras com esse caráter. O eixo curatorial escolhido pelos organizadores, o brasileiro Franklin Espath Pedroso e a argentina Adriana Rosenberg, acaba empobrecendo os trabalhos da exposição, ao recorrer a categorias da história da arte que não são tema da produção contemporânea.
No caso de "Argentina Hoy", os curadores optaram pela figuração como teor principal da exposição, sendo que esta questão está há muito tempo superada, revelando-se como uma lente obsoleta para se compreender a cena atual.
Se um artista como Estanislao Florido usa uma figura humana na simulação de um video game-na vídeoanimação "O Catador de Papéis", um dos melhores trabalhos da mostra-, ele não está discutindo o retorno ao figurativo, mas sim uma situação muito mais complexa. Entre elas a de que os "heróis" argentinos, hoje, podem estar pertencendo a uma classe de desvalidos que, para sobreviver, precisam ultrapassar os obstáculos da miséria.
Esse afã em se utilizar de categorias do passado para se olhar para o presente torna a mostra rígida demais, numa cena que, afinal, é das mais vibrantes da América Latina. Mas há aí outro complicador: o que significa buscar discutir o caráter nacional numa produção que é cada vez mais globalizada? A ausência de ousadia ao refletir sobre essa questão torna a mostra ainda mais frágil.

ARGENTINA HOY
Quando: de ter. a dom., das 10h às 20h; até 30/8
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651)
Quanto: grátis
Avaliação: regular

MP veta nova presidência da Fundação Bienal


MPE condiciona presidência da Bienal a rescisão de contrato

Fundação tem acordo com evento dirigido pela mulher de Heitor Martins, eleito em maio

Camila Molina do Estadão

O Ministério Público Estadual (MPE), por meio de ofício do promotor Airton Grazzioli, da curadoria de Fundações do órgão, indeferiu ontem os registros da eleição e posse do consultor Heitor Martins como presidente da diretoria executiva da Fundação Bienal de São Paulo. O principal argumento é o "conflito" entre o cargo de Martins e o contrato entre a Bienal e o evento SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - dirigido por Fernanda Feitosa, mulher do presidente eleito. Segundo Grazzioli, há três alternativas: eleger um novo presidente para a diretoria executiva; entrar, em até dez dias, com processo judicial contra a decisão; ou revogar o contrato com o SP Arte, que só venceria em 2015.

Heitor Martins foi eleito em 28 de maio presidente da diretoria executiva da Bienal e empossado em 27 de julho. O contrato entre a Bienal e a SP Arte foi firmado em 2004 e desde 2005 o evento - uma feira de arte moderna e contemporânea que envolve galerias nacionais e estrangeiras - ocorre anualmente no prédio da instituição, no Ibirapuera.

"Fico surpreso e triste com a decisão do MPE", diz Martins. "Tenho uma profissão (é sócio-diretor da empresa de consultoria McKinsey), o cargo de presidente da diretoria é uma posição não remunerada e a relação entre o SP Arte e a Bienal é legítima." Segundo ele, quando foi convidado a se candidatar à presidência da instituição, sua primeira pergunta foi a questão da SP Arte, que a instituição não considerou um problema pelo fato de o contrato de cessão (ou aluguel) de espaço para a realização do evento no prédio ter sido firmado antes, na gestão de Manoel Francisco Pires da Costa. "Vinha colocando todos os meus melhores esforços para revitalizar a Fundação, mas agora o caso é matéria do conselho da instituição." O presidente do Conselho Administrativo da Bienal, Miguel Alves Pereira, não quis fazer nenhuma declaração. "Vamos estudar e não sei quando faremos uma reunião. Fico chocado com a impertinência do MPE, porque a Bienal está há anos em crise e quando se consegue uma equipe profissional é tudo barrado", diz Pereira. Martins já levava adiante o projeto de realização da 29ª Bienal de São Paulo, mostra programada para ocorrer em 2010 (leia ao lado).

"Há conflito de interesse porque o presidente da diretoria executiva vai ter de fiscalizar o contrato, as obrigações que seriam da feira", diz Grazzioli. "Enquanto isso a Bienal fica no limbo", afirma o promotor. Segundo Fernanda Feitosa o fato é um "absurdo". "As pessoas que alugam o prédio não negociam com o presidente. Existe um contrato, todo ano ele é corrigido com os índices que a Bienal estipula", diz a diretora da feira, que fala em "indenizações" caso haja algum encerramento do evento. Segundo ela é "ingenuidade achar que o presidente da instituição, que tem coisas mais sérias para fazer, seja a pessoa responsável por fiscalizar." "Se meu marido fosse membro do conselho em 2004, tudo bem, mas minha relação com a Bienal é anterior à eleição." Fernanda ainda diz que já realiza desde julho pagamento de dez parcelas do aluguel do prédio para a SP Arte de 2010, marcada para ser inaugurada em 29 de abril.

Em 17 de julho o MPE enviou à Bienal ofício pedindo esclarecimentos envolvendo a eleição de Martins. Além da questão da SP Arte, também questionou os membros estatutários da equipe de sua diretoria e a eleição de novos sete conselheiros (Alfredo Egydio Setúbal, Carlos Jereissati, José Olympio Pereira, Paulo Sérgio Coutinho Galvão Filho, Susana Leirner Steinbruch, Tito Enrique da Silva Neto - indicados por Martins - e Cacilda Teixeira da Costa), também ocorrida em 28 de maio. Grazzioli, ainda no ofício de ontem, rejeitou a ata que elegeu os conselheiros.