quinta-feira, 2 de julho de 2009

BIOGRAFIA: Andreas Gursky

Fonte DW | publicação de maio de 2008

Andreas Gursky: mestre dos "dois olhares"

Suas fotos têm grande formato, são caras, cobiçadas e se transformaram em verdadeiros ícones no mercado de artes. Pela primeira vez, Andreas Gursky expõe, na cidade de Darmstadt, 15 de suas reproduções arquitetônicas.

Gursky: imagens que são metáforas

Não importa se no MoMA de Nova York, no Centro Georges Pompidou de Paris ou no Tate Modern de Londres: em todos os lugares onde as fotos de até sete metros quadrados de Andreas Gursky estão expostas, o observador se detém admirado. O artista radicado em Düsseldorf, considerado o "mestre do segundo olhar", conduz o observador a perceber suas imagens através de uma extraordinária coreografia de personagens e objetos.

Seus trabalhos são sempre compostos sob dois aspectos, explica Gursky. O observador que se aproxima pode "ler" as fotografias, indo até aos mínimos detalhes. À distância, contudo, elas mais parecem "megadesenhos". Um procedimento que foi usado pelo artista também para compor as 15 reproduções arquitetônicas, expostas desde 11 de maio no espaço Mathildenhöhe, na cidade de Darmstadt.

'99 centavos', pelas lentes de Andreas Gursky

Sua obra Paris, Montparnasse, por exemplo, com quatro metros de comprimento e quase dois de altura, reproduz, à primeira vista, um enorme complexo residencial na França, percebido, à primeira vista, como uma fachada austera, constituída de pequenas celas. Num segundo momento, percebe-se que a fotografia de grandes proporções documenta o ornamento da vida em sociedade naquele espaço.

Panorâmicas e mínimos detalhes

"Você tem a sensação de que pode adentrar cada um desses apartamentos, reconhecendo até uma lâmpada ou uma pessoa que está fechando naquele momento a cortina", diz Ralf Beil, diretor do Mathildenhöhe, ao comentar o paradoxo contido no trabalho de Gursky na união entre panorâmicas enormes e detalhismo absoluto.

'Edifìcio Copan', 2002

Não importa se o que se vê é a Bolsa de Valores de Chicago, o plenário de Brasília ou um lixão no México, as fotografias de Gursky reproduzem a realidade social com tamanha plenitude de detalhes, cores e estruturas, com um olhar praticamente isento de preconceitos.

Quando ele fotografa uma loja onde tudo é vendido a 99 centavos, sua encenação mantém, apesar de tudo, a serenidade e o bom humor. "O grande mérito de Andreas Gursky é fazer com que as imagens se transformem em metáforas. Elas funcionam como emblemas do mundo de hoje, apesar de serem totalmente artificiais e construídas", diz Beil.

Discípulo de Bernd e Hilla Becher

Para encenar e preparar suas imagens iconoclastas, Gursky não poupa verbas nem esforços. Não é raro ver o artista ser levantado, com todo seu equipamento, por uma grua no meio da cidade; ou mesmo fotografando de um helicóptero. O argumento usado pelo artista é o de que é necessário ganhar distância do objeto fotografado, a fim de manter a visão.
'Metrô da Sé', São Paulo, 2002

Andreas Gursky nasceu em Leipzig, em 1955, tendo estudado Artes na Escola Folkwangschule, em Essen, (conhecida como "a escola da Pina Bausch"), e na Academia de Artes de Düsseldorf. Ali foi aluno de Bernd e Hilla Becher, cuja obra revolucionou a fotografia na Alemanha. A proximidade dos Becher foi o impulso inicial na carreira de Gursky.

Os primeiros trabalhos do artista ainda mantinham um formato mais reduzido, e sua temática girava em torno da relação do homem com o meio ambiente. Em 1988, surgiram as primeiras reproduções em grande formato que o tornaram internacionalmente conhecido.

Multidões, paisagens naturais, arquitetura e interiores são alguns dos temas preferidos pelo fotógrafo. Gursky é, segundo ele próprio, um artista com muitas exigências em relação a seu trabalho. Alguém sempre em busca da "imagem insuperável", finaliza.

Rudof Schmitz/Sabine Damaschke (sv)

Vernissage-TV leva arte à tela do computador

fonte DW

Interessados em arte que não podem correr de exposição a exposição têm a oportunidade de acompanhar o circuito artístico de perto: os videoblogs da Vernissage-tv levam as últimas mostras à tela do computador.

"O que você ama também faz você chorar" é o lema do atual trabalho do artista alemão Tobias Rehberger, exibido nesta Bienal de Veneza. Rehberger pintou elipses negras no chão e nas paredes e posicionou uma mulher que roda em círculos na obra. No início da Bienal, ele abocanhou um Leão de Ouro com o trabalho.

Quem não pôde ver de perto a instalação de Rehberger em Veneza tem a oportunidade de saber exatamente o que o artista apresenta na cidade italiana através de um vídeo do blog de artes Vernissage-TV. Fundada em setembro de 2005, a web TV já tem mais de 1.100 vídeos na rede. E aproximadamente 50 mil vídeos baixados por dia.

Início casual

"A coisa cresceu mesmo", diz Heinrich Schmidt, que produz a TV ao lado de dois outros sócios e com a colaboração de correspondentes em diversas cidades do mundo. Tudo começou, como é o caso da maioria das boas ideias, mais ou menos por acaso. Para o site de um arquiteto conhecido, Schmidt foi encarregado de criar uma página na internet e documentar uma exposição, fazendo uso, inclusive, de um vídeo.

"Percebemos rapidamente que era muito agradável não só mostrar os trabalhos no museu como também as pessoas que veem esses trabalhos", conta Schmidt. Esse é o conceito básico do que se convencionou chamar de no-comment-videos: "As reportagens normais, na televisão, têm sempre comentaristas. Tudo é resumido de forma rápida e amarrada e bem preparado. Isso era exatamente o que não queríamos", explica Schmidt.


Bruce Nauman - Topological Gardens | representação dos EUA no Pavilhão Giardini da 53a Bienal Veneza - Fare Mondi

Na Vernissage-tv há vídeos apenas com som original. "Queremos levar o espectador da forma mais autêntica possível para as exposições", diz Schmidt. Pois crítica de arte é algo que existe de forma suficiente em outros lugares.

Além disso, a Vernissage-tv oferece entrevistas com artistas, galeristas, especialistas em arte ou até mesmo com produtores pop, como Pharel Williams, que conta, por exemplo, frente às câmeras, como ele e o artista japonês Takashi Murakami colaram milhares de diamantes numa lata de Pepsi.

Sem planos

Os pequenos documentários em vídeo do circuito internacional de artes da Vernissage-tv são curtos, informais e informativos. Um produto adicional perfeito para aqueles que já devoram os cadernos de cultura dos jornais e ainda não se sentem satisfeitos com as revistas especializadas e visitas "reais" a museus no fim de semana.

"Nossa ambição é fazer algo de que gostamos", fala Schmidt. Um plano rígido de trabalho, a web TV não tem, mesmo estando em seu quarto ano consecutivo de existência. O projeto consegue se autogerir graças à publicidade e cooperações diversas.