Evento tratou da criação de estratégias para área voltada à minoria da população
Camila Molina do Estadão
O Instituto Inhotim, centro de arte contemporânea aberto ao público em 2006 em Brumadinho, em Minas Gerais (a 60 Km de Belo Horizonte), não é um museu, como diz seu criador, o colecionador Bernardo Paz, "é uma ideia", e não há nada igual no País. É um lugar privilegiado, com milhões de metros quadrados imerso em bela paisagem e em expansão, em que galerias abrigam obras de arte contemporânea da coleção particular de Paz, com predomínio de instalações, criadas por artistas nacionais e estrangeiros de destaque - como Cildo Meireles, Tunga, Doris Salcedo, Olafur Eliasson e Hélio Oiticica - e se espalham pelo grande parque com projeto paisagístico de Burle Marx (1909-1994).
Nesse centro, onde os artistas são convidados a criar obras especialmente para o local, assim como é uma "coleção viva" de centenas de espécies botânicas, ocorreu na semana passada o seminário Revisões e Propostas: Desafios para o Circuito de Arte Brasileiro, que contou com a participação de personalidades do meio, foi aberto ao público e ganhará uma versão impressa.
Num momento em que se pedem ações concretas para além do debate - em âmbito maior, as mudanças na Lei Rouanet são o tema principal, mas no meio das artes visuais vê-se uma profusão de seminários que ficam, infelizmente, só na esfera da discussão, como o que ocorreu durante no ano passado para tratar da crise da Bienal de São Paulo dentro da 28ª edição do evento - Revisões e Propostas, realizado pela parceria entre Instituto Inhotim, Ministério da Cultura (MinC) e Fundação Athos Bulcão, teve, na fala da maioria dos palestrantes e nas incursões veementes de Bernardo Paz ao longo dos debates, a preocupação com a urgência.
"O governo acha que arte é para a elite e que museu é museu de artesanato", disse Paz, que afirmou em outro momento gastar R$ 18 milhões por ano em Inhotim sem uso de incentivos fiscais - segundo ele, um pedido para o MinC de ajuda de R$ 4 milhões para manutenção do centro de arte foi recusado pelo Iphan por causa dos custos com jardinagem. Ao mesmo tempo, um dado levado por Afonso Henrique Luz, representante do ministério, permeou todo o seminário: 93,4% dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nunca foi a uma exposição e o desafio é o de transformar o cenário em que apenas 6% participam, uma expressa minoria.
A primeira mesa do evento foi oportuna, com a presença dos críticos Paulo Sergio Duarte, Glória Ferreira, Celso Fioravante, Luisa Duarte e o jornalista Marcelo Rezende. Sob o tema Crítica de Arte e Projetos Editoriais: Estratégias de Inserção, ficou ???vigente que o campo é de faltas: a de críticos especializados - Paulo Sergio usou de ironia para falar que neste momento de crise talvez fosse melhor "corrigir o tráfico de conceitos" -; a de meios e publicações; de bibliotecas para se encontrar as informações e fontes. Rezende também lançou provocação: "É possível o circuito de arte se emancipar de si mesmo?", indagou sobre uma hierarquia dos censos de ignorância e de sabedoria - afinal, grande parcela do público acredita que o que há no museu não é para eles.
A segunda mesa sobre a crise da Bienal se tornou redundante, mas a terceira, sobre Estratégias de Formação de Acervo, com falas de Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, e de Ricardo Resende, que acaba de assumir o cargo da coordenador de artes visuais da Funarte, rendeu propostas. Araújo falou das estratégias de parcerias e doações (colecionadores, artistas e galerias) que ajudaram a Pinacoteca nos últimos cinco anos a aumentar em 40% seu acervo. Já Resende investiu sua fala na importância dos editais, "o meio mais democrático".
Nesse centro, onde os artistas são convidados a criar obras especialmente para o local, assim como é uma "coleção viva" de centenas de espécies botânicas, ocorreu na semana passada o seminário Revisões e Propostas: Desafios para o Circuito de Arte Brasileiro, que contou com a participação de personalidades do meio, foi aberto ao público e ganhará uma versão impressa.
Num momento em que se pedem ações concretas para além do debate - em âmbito maior, as mudanças na Lei Rouanet são o tema principal, mas no meio das artes visuais vê-se uma profusão de seminários que ficam, infelizmente, só na esfera da discussão, como o que ocorreu durante no ano passado para tratar da crise da Bienal de São Paulo dentro da 28ª edição do evento - Revisões e Propostas, realizado pela parceria entre Instituto Inhotim, Ministério da Cultura (MinC) e Fundação Athos Bulcão, teve, na fala da maioria dos palestrantes e nas incursões veementes de Bernardo Paz ao longo dos debates, a preocupação com a urgência.
"O governo acha que arte é para a elite e que museu é museu de artesanato", disse Paz, que afirmou em outro momento gastar R$ 18 milhões por ano em Inhotim sem uso de incentivos fiscais - segundo ele, um pedido para o MinC de ajuda de R$ 4 milhões para manutenção do centro de arte foi recusado pelo Iphan por causa dos custos com jardinagem. Ao mesmo tempo, um dado levado por Afonso Henrique Luz, representante do ministério, permeou todo o seminário: 93,4% dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nunca foi a uma exposição e o desafio é o de transformar o cenário em que apenas 6% participam, uma expressa minoria.
A primeira mesa do evento foi oportuna, com a presença dos críticos Paulo Sergio Duarte, Glória Ferreira, Celso Fioravante, Luisa Duarte e o jornalista Marcelo Rezende. Sob o tema Crítica de Arte e Projetos Editoriais: Estratégias de Inserção, ficou ???vigente que o campo é de faltas: a de críticos especializados - Paulo Sergio usou de ironia para falar que neste momento de crise talvez fosse melhor "corrigir o tráfico de conceitos" -; a de meios e publicações; de bibliotecas para se encontrar as informações e fontes. Rezende também lançou provocação: "É possível o circuito de arte se emancipar de si mesmo?", indagou sobre uma hierarquia dos censos de ignorância e de sabedoria - afinal, grande parcela do público acredita que o que há no museu não é para eles.
A segunda mesa sobre a crise da Bienal se tornou redundante, mas a terceira, sobre Estratégias de Formação de Acervo, com falas de Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, e de Ricardo Resende, que acaba de assumir o cargo da coordenador de artes visuais da Funarte, rendeu propostas. Araújo falou das estratégias de parcerias e doações (colecionadores, artistas e galerias) que ajudaram a Pinacoteca nos últimos cinco anos a aumentar em 40% seu acervo. Já Resende investiu sua fala na importância dos editais, "o meio mais democrático".