segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Galeria LEME inaugura individual do artista japonês Atsushi Kaga


Why can we keep going forward? Because we forget the problem of yesterday

Atsushi Kaga, artista japonês residente na Irlanda, utiliza-se de diferentes suportes para criar seus trabalhos - pintura, desenho, escultura, animação - sempre acompanhados de sarcasmo e senso de humor. Seu estilo foi influenciado pela cultura popular japonesa – meio no qual ele cresceu – e sua abordagem, intencionalmente amadora e intimista, cria contextos que mesclam a vida e arte. Ele descreve seu trabalho como uma incorporação das margens do mundo – ao mesmo tempo desconhecido e cotidiano – onde há "perguntas mundanas para as quais não existem respostas especiais". Em seu projeto na Galeria Leme ele traz à tona aspectos anônimos da vida, analisando a si próprio inserido em um mundo avesso.

Rua Agostinho Cantu 88 in the Night, 2009 - Acrílica e marcador sobre tela - 35 x 27 cm

Para sua primeira exposição no Brasil - Why can we keep going forward? Because we forget the problem of yesterday, Atsushi está produzindo a partir do que encontrou disponível em São Paulo. Além de objetos, o artista tem usado como base para o seu trabalho algumas impressões interessantes em relação à cidade e às pessoas que nela habitam. Na bagagem, nada exceto melancolia, que trouxe para confrontar a energia e vivacidade brasileira, que estava ansioso por conhecer. O resultado é um trabalho ao mesmo tempo melancólico e bem-humorado: ele tem utilizado materiais descartados na rua para as suas esculturas, e pintado os travestis que trabalham em frente ao seu estúdio. Com estas apropriações, Atsushi busca questionar o valor agregado àquilo que esperamos, nos desfazemos ou descartamos, e de que forma isso influencia quem nos tornamos.

O artista chegou a São Paulo no dia 24 de junho, para uma residência na Galeria Leme apoiada pelo Culture Ireland, e ficará na cidade até o dia 23 de julho, quando retorna a Dublin.

Sobre o artista:

Atsushi Kaga (Tóquio, 1978), vive e trabalha em Dublin, Irlanda.

O artista formou-se em 2005 no National College for Art & Design, em Dublin, e desde então tem exposto internacionalmente. Recebeu a premiação Visual Arts Bursary do Arts Council of Ireland em 2007 e 2009. Nos próximos meses ele fará outras duas residências: em outubro próximo no Fountainhead, em Miami, e no Irish Museum of Modern Art (IMMA) por seis meses a partir de janeiro de 2010.

SERVIÇO
Galeria LEME
Exposição: Atsushi Kaga - Why can we keep going forward? Because we forget the problem of yesterday
Abertura: 12/08, às 19h até 19/09.
Rua Agostinho Cantu, 88, Butantã - tel. (11) 3814-8184
http://www.galerialeme.com

Salão Paranaense divulga lista de selecionados

A 63º edição do Salão Paranaense divulgou, nesta segunda-feira (10), os artistas selecionados que irão expor na mostra. A abertura do Salão acontecerá no dia 29 de outubro, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná.

Trabalho do artista Cristiano Lenhardt é um dos selecionados desta edição

Os artistas selecionados foram avaliados pelo conselho curador - formado por cinco críticos de arte - que escolheram 27 participantes, incluindo os artistas nacionais convidados.

Ao todo se inscreveram 525 artistas Nesta edição o conselho curador foi formado pelos críticos de arte Stephanie Dahn Batista (PR), Marilia Panitz Silveira (DF), Fabrizio Vaz Nunes (PR), Marcos César de Senna Hill (MG) e Paulo Sérgio Duarte (RJ), que além de analisar as obras das participações espontâneas também fizeram as indicações de seis artistas com uma atuação expressiva na arte contemporânea.

Criado em 1944, o Salão Paranaense é o evento mais tradicional promovido pelo Museu de Arte Contemporânea do Paraná e, além de ininterrupto desde sua fundação, é o Salão mais antigo do País. Desde a edição de 2005, passou a ser bienal.

Veja os artistas selecionados:


1. ALICE SHINTANI
(São Paulo/SP)

2. AMALIA GIACOMINI
(Rio de Janeiro/RJ)

3. ANDRÉ HAUCK (Belo Horizonte/MG)
4. ANDREI THOMAZ
(São Paulo/SP)

5. ANGELLA CONTE
(São Paulo/SP)

6. BEANKA MARIZ (Rio de Janeiro/RJ)
7. C.L. SALVARO
(Curitiba/PR)

8. CARLA VENDRAMI
(Curitiba/PR) In Memoriam

9. CHARLY TECHIO
(Curitiba/PR)

10. CRISTIANO LENHARDT
(Recife/PE)

11. DACH - DANIEL ARAUJO CHAVES - (Curitiba/PR)
12. ELDER ROCHA
(Brasília/DF)

13. ESTEVÃO MACHADO
(Belo Horizonte/MG)

14. FABIO MAGALHÃES
(Salvador/BA)

15. GRUPO PORO
(Belo Horizonte/MG)

16. LAERTE RAMOS
(São Paulo/SP)

17. LEONARDO TEPEDINO - (Rio de Janeiro/RJ)
18. LOISE RODRIGUES
(Brasília/DF)

19. MARCELO SILVEIRA
(Recife/PE)

20. MARCUS ANDRÉ
(Rio de Janeiro/RJ)

21. MARIA LYNCH
(Rio de Janeiro/RJ)

22. MILENA TRAVASSOS
(Fortaleza/CE)

23. MILLA JUNG
(Curitiba/PR)

24. PATRICIA OSSES
(São Paulo/SP)

25. PAULO ALMEIDA
(São Paulo/SP)

26. PAULO VIVACQUA
(Rio de Janeiro/RJ)

27. WASHINGTON SILVERA (Curitiba/PR)

Vencedor do Pritzker, Paulo Mendes da Rocha constrói em Vitória


Silas Martí da Folha de S.Paulo


Não têm hora os trabalhos do mar. Paulo Mendes da Rocha sabe disso e quer o contraste entre o "desfile monumental" de navios e sua construção no cais do porto de Vitória.

Perspectiva de museu de arte moderna que será construído no cais do porto de Vitória

Numa espécie de moldura concreta da paisagem marítima, o vencedor do Pritzker projeta o que será o museu de arte moderna da capital capixaba e um teatro operístico, complexo batizado de Cais das Artes pelo governo do Espírito Santo.

Orçado em R$ 120 milhões, bancados pelo Estado, começa a sair do papel em novembro deste ano e deve ser concluído em meados de 2011, com a promessa de inserir Vitória no circuito nacional das grandes exposições e espetáculos.

Em escala menor, também tem certo valor afetivo para Mendes da Rocha, que nasceu em Vitória, mas nunca projetou na cidade. Seu avô trabalhou na construção do aterro onde hoje fica o parque Moscoso.

É o que ele chama de "inexorável confronto entre as terras e o mar" das cidades costeiras. Da mesma forma que o aterro que seu avô ajudou a construir, Mendes da Rocha faz um projeto ambicioso numa zona de "territórios ganhados do mar".

"É uma esplanada em frente ao mar, no canal de entrada do porto de Vitória", descreve. "A cidade fica espetacular nesse ponto, um confronto entre os navios belíssimos, iluminados, moventes e as construções."

Mendes da Rocha tenta manter a transparência da paisagem erguendo o pavilhão sobre pilares, num projeto que lembra o Museu de Arte Moderna do Rio, construído no aterro do Flamengo por Afonso Reidy nos anos 50. "É uma sucessão de espaços nesse engenho horizontal, suspenso do chão."

Brutalismo à beira-mar

Lá dentro, são cinco salões de exposição articulados entre rampas transparentes, com vista para a esplanada lá fora. Dessa forma, as áreas entre um espaço expositivo e outro devem ganhar uma iluminação natural vinda de baixo para cima, uma grande caixa vazada, que se mistura à praça exterior.

Essa fusão de espaços internos e externos marca quase todos os projetos do arquiteto, de linhagem modernista. Lembra, nos traços ortogonais e também pelo esquema de andares intercalados, as construções de Vilanova Artigas, que desenhou o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Numa transposição do estilo brutalista para a beira do Atlântico, Mendes da Rocha faz um teatro de 1.300 lugares debruçado sobre o mar. Colado ao chão, por causa do fosso da orquestra, é uma estrutura que começa na esplanada, mas tem dois de seus pilares de sustentação fincados direto na água.

"Não é extravagante fazer a fundação no mar", diz Mendes da Rocha, sobre um dos pontos mais impressionantes do projeto. Segundo o arquiteto, o lençol freático no terreno é tão alto que os pilares teriam de atingir a mesma profundidade tanto na esplanada quanto no mar.

Atrás da plateia, janelas dão vista para o outro lado do canal de Vitória, onde está a cidade de Vila Velha e o convento de Nossa Senhora da Penha, 300 metros sobre o nível da água -o lado de lá da moldura concreta de Mendes da Rocha.