domingo, 31 de maio de 2009

Meio artístico acha positiva eleição do novo presidente



Projeto do empresário Heitor Martins, eleito anteontem, tem votos de confiança

por Camila Molina do Estado de S. Paulo

Heitor Martins, eleito anteontem novo presidente da direção executiva da Fundação Bienal de São Paulo, agora terá como desafio realizar uma grande 29ª edição da mostra, para abrir em outubro de 2010, tal afirmou que são seus planos. "Se a Bienal fosse adiada, perderia seu sentido", disse. Ao contrário do que foi publicado ontem no Estado, durante a reunião ordinária do conselho da Bienal, anteontem à noite no prédio da instituição, o candidato, único, não foi eleito por unanimidade. Estavam presentes na eleição 27 conselheiros e 4 votos foram feitos por meio de procuração, contando um total de 31 votações. Dentre elas, o consultor e empresário teve um voto contra. Também foram contadas duas abstenções.

Martins afirmou que nas próximas semanas promoverá encontros com artistas, galeristas, críticos e profissionais de instituições culturais para discutir e ouvir sugestões para a 29ª Bienal de São Paulo.

"Achei a eleição de Martins positiva e promissora já que ele tem um envolvimento muito forte com a arte. Há uma expectativa grande em torno da ação dele, vai enfrentar um bom projeto", diz Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado. O artista Nuno Ramos é direto. "Pior do que estava a Bienal acho difícil imaginar. Não o conheço, mas achei seu discurso sensato e estou esperançoso." O curador e crítico Agnaldo Farias também vai nessa linha. "A eleição dele foi ótima, suscitou um debate e uma movimentação por parte dos conselheiros porque a situação da instituição estava no fundo do poço. Acho que agora a Bienal anda porque a gestão anterior (de Manoel Pires da Costa) vai entrar para a história como a mais trágica da instituição."

O historiador, crítico e curador Tadeu Chiarelli dá seu "voto de confiança" ao novo presidente e acha que não há ninguém melhor do que ele para dar uma guinada na instituição. "Espero que ele não tenha como meta apenas desenvolver o problema da próxima edição da Bienal. A grande questão da instituição é a falta de uma política que transcenda as edições da mostra e ele não pode perder a oportunidade de estabelecer coordenadas para que a Bienal dinamize o circuito de arte brasileiro", afirma. Chiarelli defende a ideia de se pensar um plano político da Bienal que leve em conta, de uma maneira contínua, cinco edições da mostra. "Pode ser que teoricamente a Bienal não tenha um papel museológico, mas nossos museus, infelizmente, não conseguem dar conta de certas questões. A base para que o público possa entender a produção recentíssima artística e o conhecimento da arte vêm de uma sedimentação de várias perspectivas. Os museus não têm coleções e nem sempre conseguem trazer mostras que contribuam para esse processo."

Reforçando também que "a Bienal não pode tornar-se um balcão de exposições", Chiarelli diz que vê com bons olhos a proposta de Heitor Martins de fazer a 29ª edição com mais de um curador, dentre eles, um estrangeiro. "Seria bom se tivesse um colega latino-americano", diz. "Hoje grande parte da produção contemporânea tem diálogo com arte dos anos 60 e 70 e há artistas excepcionais que nunca foram mostrados com abrangência. Onde está, por exemplo, uma bela retrospectiva de Anna Bella Geiger? Ou de Luis Camnitzer (artista nascido na Alemanha que vive no Uruguai)?" "Dá para pensar também no grande público sem desmerecê-lo", continua.

ARTIGO


Desde 2008 este Blog vem acompanhando os desdobramentos da Bienal do Vazio que culminou numa crise política ameaçando as próximas edições da mostra e finalmente a eleição de Heitor Martins para presidente da instituição que mesmo com muitas desconfianças dá um novo alento ao futuro da Bienal SP. Abaixo um artigo bastante interessante(publicado na Folha de S. Paulo do dia 31/05) analisando os papéis da Bienal por Terixeira Coelho.

A Bienal e o sistema da arte

TEIXEIRA COELHO

A Bienal continua vendo a si mesma como se estivesse nos anos 50, ignorando todo o sistema que ajudou a criar


"NOSSAS ARTES foram instituídas, e seus tipos e usos fixados, num momento bem diferente do nosso, por pessoas cujo poder de ação sobre as coisas era insignificante perto do que temos hoje. Mas o surpreendente crescimento de nossos meios, a maleabilidade e precisão que alcançam, as ideias e os hábitos que introduzem nos garantem mudanças próximas e profundas na antiga indústria do Belo."
Citei num artigo de 2008 sobre a Bienal essas mesmas palavras de Paul Valéry tiradas de "A Conquista da Ubiquidade" (1934) e às quais Walter Benjamin recorreu em 1939 na sua última versão de "A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica". Elas continuam válidas como ponto de reflexão sobre "a crise da Bienal de São Paulo".
Pensando com Valéry, a Bienal de São Paulo surgiu num momento bem diferente do atual. Não havia então o sistema da arte que hoje existe. Quando a Bienal abriu as portas em 1951, não só o mundo tinha apenas duas ou três bienais como, no Brasil, Masp, MAM e Pinacoteca mal engatinhavam e MAC-USP e Lasar Segall não eram sequer projetos.
Não havia mercado da arte à altura do nome, nem institutos culturais bancados por empresas. Havia arte e crítica de arte, mas não um sistema da arte, algo que a abertura da própria Bienal viria estimular.
A Bienal era o clínico geral da arte do momento. Num ambiente sem especialistas em número suficiente para um país no entanto nada pequeno, a Bienal era ao mesmo tempo o barco, seus passageiros, sua carga, o farol e o porto. O poder das pessoas disponíveis para o que então se fazia era grande no seu contexto, mas, como diz Valéry, "insignificante perto do que temos hoje".
Hoje esse sistema da arte existe e começa por um sistema de museus que cumpre em larga medida a função que antes era da Bienal. Esse sistema exibe a arte feita aqui e a arte do mundo. Ainda não há no país um representante do museu mundial que existe no hemisfério Norte. Mas o sistema de museus implantado faz em larga medida aquilo que a Bienal fazia no início -e mesmo o que ela vem fazendo nos últimos anos.
Esse sistema requer, para funcionar, curadores, historiadores, conservadores, críticos (e público, por certo). Tudo isso exige cursos, universidades, pesquisa, teses, livros, intercâmbio, redes pessoais e institucionais. Sem falar em secretarias, fundações e ministérios.
A capacidade da Bienal à época de sua fundação era "insignificante perto do que temos hoje". No entanto, ela continua vendo a si mesma e organizando a si mesma como se estivesse nos anos 50, ignorando todo o sistema que ajudou a criar.
Da esmagadora maioria de seus membros não se pode dizer que representem de fato esse quadro, que é um quadro de especialistas. O sistema da arte requer financistas, experts em comunicação e captação, ao lado de instituições de arte e especialistas da arte. Estes são minúscula minoria na Bienal. (E não é indiscutível que os demais estejam nela bem representados.) E da presença das instituições de arte na Bienal, nada.
A questão da Bienal é institucional. Mas continua sendo tratada como questão pessoal, uma questão de indivíduos. As pessoas são decisivas, mas, sem a instituição, movem menos do que poderiam. Se hoje existe um sistema da arte no país, e de modo particular um sistema de museus, não é compreensível que esse sistema não esteja institucionalmente representado na Bienal. Isso torna a Bienal institucionalmente fraca. Injeções de dinheiro não alterarão o quadro.
Fala-se agora em reforma do Conselho da Bienal. Se essa reforma não se abrir para o sistema institucional da arte no país, não avançará nada. É esse sistema que fala pela arte no país, é esse sistema que diz a arte no país. Sem ele, a Bienal é muda. E não muda. A Bienal é um patrimônio desse sistema, que ela insiste em ignorar. Sua natureza e suas prerrogativas continuam a fazer sentido, no sistema da arte. Mas, para que ela esteja à altura das "mudanças próximas e profundas na antiga indústria do Belo", precisa parar de pensar em pessoas e pensar em instituições, aproximar-se delas, incorporá-las. Não é a panaceia universal. Mas é uma proposta à altura da época.

JOSÉ TEIXEIRA COELHO NETTO, 65, é professor titular aposentado da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Pulo), crítico e curador do Masp (Museu de Arte de São Paulo). É autor de "Dicionário Crítico de Política Cultural", entre outras obras.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ateliê 397 apresenta “Sessão Corredor: Vídeos de Artistas”


O Ateliê 397 apresenta a segunda edição da “Sessão Corredor: Vídeos de Artistas” em 29/05/09, das 21h às 23h. O projeto exibe trabalhos em vídeo de curta duração (em loop) no corredor a céu aberto do espaço. São apresentados trabalhos de Adriano Casanova, Bel Goudart, Cristiano Lenhardt, Fernando Peres, Flamínio Jallageas, Leo Ayres, MM Não É Confete, Marcio Shimabukuro, Kika Nicolela e Paulo Meira. A partir das 23h ocorrerá uma festa com DJs.

Ateliê 397
Vila Madalena: r. Wisard, 397, tels. (11) 3034-2132 e 9996-9812. www.atelie397.com

Regina Silveira comenta suas obras



É admirável que ainda estejam em pleno vigor artistas já na faixa dos 70 anos, como Nelson Leirner, que acaba de inaugurar mostra com releituras de algumas de suas obras-chave, no Itaú Cultural, e Regina Silveira, que terá documentário sobre sua obra veiculado pela TV Cultura amanhã, às 21h30.
"Regina Silveira - Luz e Sombra", dirigido por Sérgio Roizenblit, parte da discussão da artista sobre sua exposição individual mais recente em São Paulo, "Mundus Admirabilis e Outras Pragas", na galeria Brito Cimino (hoje Luciana Brito), no ano passado.
A artista gaúcha explica, sem afetações e calmamente, todo o processo de elaboração da mostra, na qual ela ancora suas criações em pragas das mais diversas. Com intervenções feitas para o espaço, objetos e instalações, Silveira exibe sua habilidade em elaborar obras em variados suportes e, em geral, com forte teor político.
"Rerum Natura", por exemplo, é um aparelho de jantar de porcelana, mas completamente "invadido" por insetos diversos. Silveira, assim, questiona o uso nobre do material e "polui" tal louça com figuras e personagens inusuais.
O documentário sabe explorar as propostas da artista e foge de abordagens batidas, comuns em produções sobre artes visuais.


REGINA SILVEIRA - LUZ E SOMBRA

Quando: amanhã (sábado 30/05), às 21h30
Onde: TV Cultura
Classificação: livre

Heitor Martins é eleito presidente da Fundação Bienal


Silas Martí da Folha de S.Paulo

O empresário Heitor Martins, 41, foi eleito nesta quinta-feira (28) presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Candidato único ao cargo, ele teve 28 votos a favor, um contra e duas abstenções --27 conselheiros foram à reunião na Bienal e quatro votaram por meio de procuração.

Sócio-diretor da consultoria financeira McKinsey, Martins é investidor e colecionador de arte, casado com Fernanda Feitosa, criadora da feira SP Arte.

Além dele, foram eleitos ontem para a diretoria e o conselho todos os nomes que havia sugerido, priorizando profissionais do setor financeiro para dirigir a instituição e colecionadores para integrar o conselho.

Minutos após a eleição, Martins adiantou à Folha a intenção de convidar mais de um curador para realizar a próxima Bienal, sendo um deles estrangeiro. Ele terá como prioridade agora apresentar propostas para realizar a mostra em outubro de 2010 --o evento corria o risco de ser adiado para 2011 por falta de verbas e atrasos na escolha do curador.

"Essa é a primeira missão, fazer a Bienal em 2010 e expandir a sua conexão com o governo e com diversos níveis da sociedade", disse Martins.

Com apoio declarado do ministro da Cultura, Juca Ferreira, com quem se reuniu na última terça, Martins diz que vai buscar agora estreitar laços com os governos do Estado e do município, além de patrocinadores da iniciativa privada.

Também disse que a escolha do curador será uma decisão dele e de sua diretoria, em vez de uma eleição de projetos submetidos à fundação, como ocorreu nas duas últimas edições da mostra. Segundo ele, serão nomes que nunca fizeram uma Bienal de São Paulo.

Estão na nova diretoria Jorge Fergie, sócio de Martins na consultoria McKinsey; Eduardo Vassimon, ex-vice-presidente do banco Itaú BBA; e os empresários Luis Terepins e Pedro Barbosa. Outros membros são Justo Werlang, ex-presidente da Bienal do Mercosul, o colecionador Miguel Chaia e o advogado Salo Kibrit.

Por indicação de Martins, passam a integrar o conselho da Fundação Bienal: Alfredo Egydio Setúbal, Carlos Jereissati Filho, José Olympio Pereira, Paulo Sérgio Coutinho Galvão Filho, Susana Steinbruch e Tito Enrique da Silva Neto.


quinta-feira, 28 de maio de 2009

CAPACETE convida para a apresentação e palestra



Ducha (Rio de Janeiro) - artista
Mariana Castillo Deball (Mexico) - artista em residência

Segunda-Feira, dia 1 de junho 2009

horário 19:33

No CINE GLORIA
Praça Luís de Camões, subsolo // Memorial Getúlio Vargas
Antiga Praça do Russel // tel 21 2556. 0781
http://cinegloria.net/about/


Pedimos certa pontualidade PLEASE!!!!

Este é o primeiro evento de uma série mensal em colaboração com o Cine Gloria

Próximos palestrantes:
Ernesto Neto (Rio de Janeiro) - artista
Ulrik Heltoft (Copenhagen) - artista em residência

Contato: contato@capacete.net - a/c Helmut Batista


Projeto Residência Artistica


Projeto Residência Artistica 2009 - Base 7 (Brasil) e Fundación El Levante (Argentina)



A Base7 Projetos Culturais convoca artistas, teóricos, educadores ou gestores brasileiros interessados em realizar residência de produção artística em contextos sociais na Fundación El Levante (http://www.ellevante.org.ar), em Rosário, na Argentina. As propostas devem ser enviadas até 15/06/09 para marta@base7.com.br.
O Projeto Redesearte promove a construção de uma rede internacional de agentes culturais que, por meio das ferramentas da arte contemporânea, pretende contribuir para o fortalecimento da coesão social.
A iniciativa tem como origem as metodologias desenvolvidas entre a Galeria de Arte Contemporânea Paul Bardwell, do Centro Colombo Americano de Medellín, na Colômbia, e a Transit Projectes, de Barcelona, na Espanha. Desde 2005, elas têm colocado em prática projetos e intervenções, com a participação de artistas em processos de sensibilização e acesso ao bem cultural por indivíduos e comunidades em situação menos favorecidas.
Atualmente o projeto se desenvolve em sete instituições culturais de Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Nicarágua, Venezuela e Espanha.
Nesta, que é a segunda convocatória realizada pela Redesearte, será selecionado um artista de cada um destes países para viajar a outro para trabalhar com temas definidos pelas respectivas instituições.
A proposta temática é originada pelo país que recebe o artista. Assim, a Fundación El Levante propõe aos artistas brasileiros que, partindo de um conceito de pedagogia social, o residente apresente um projeto sobre processos de formação, visando à configuração de práticas artísticas que possam gerar instâncias de participação de discussão e investigação, que propicie intercâmbios e produção critica em relação a um contexto.
Poderão se inscrever profissionais envolvidos em projetos de gestão com outros artistas, ou que estejam comprometidos com projetos que envolvam terceiros, seja de sua própria produção ou a partir de propostas metodológicas inovadoras relacionadas com a formação artística: experiência com crianças, estudantes de arte, artistas ou outros grupos sociais, em relação a uma prática artística que se propõe ativa nos processos de transformação social e na construção de pensamento critico.
A partir do projeto selecionado, serão feitos contatos com instituições locais que possam envolver-se com o mesmo.
Entre as propostas recebidas, a Base7 irá selecionar entre três e cinco projetos, a serem submetidos à escolha final, que será feita pela Fundación El Levante.
A residência será realizada no período de 01 a 30/09/09. O artista receberá a passagem aérea de ida e volta, espaço de trabalho e moradia, honorários de 500 Euros e uma verba de 1.000 Euros para produção.
A apresentação da proposta deverá ser feita por meio do envio de uma ficha de inscrição preenchida com os dados pessoais do artista. Para obter mais informações sobre o Projeto Redesearte visite o site www.deseartepaz.org.
A Base7, por sua vez, juntamente com a Fundación Can Xalant, recebe um artista da Espanha para residência no Brasil no período de 01 a 30/10/09, para trabalhar com o tema "Fronteiras". Obs.: Caso algum artista tenha interesse em receber este artista em sua residência ou ateliê, entre em contato com a Base7.

BIENAL: Lenga-Lenga Crise e Presidência


A Bienal tem salvação?


Rampa do prédio do Pavilhão da Bienal

POR TRÁS da crise da Bienal de São Paulo, podem estar o "grau de controvérsia da arte contemporânea", o "modelo defasado" da mostra de artes plásticas ou mesmo a última gestão, do advogado Manoel Pires da Costa, que "dilapidou a Bienal de seu cabedal ético".
Nos dias que antecederam a eleição para a presidência da Fundação Bienal, que acontecerá hoje numa reunião a portas fechadas, a Folha ouviu 41 dos atuais 53 conselheiros da instituição. Todos foram procurados pela reportagem -dois não quiseram dar declarações e os demais estavam fora do país.
Mesmo saudosos do mecenato de Ciccillo Matarazzo, acreditam viver o início de uma nova era. Falam em abolir "vícios", limar a "velharia inoperante" e "conselheiros fantasmas". Como solução, sugerem até juntar num só evento as mostras de arte e arquitetura, que hoje acontecem em anos alternados, e aumentar o intervalo entre as exposições.
Candidato único hoje, o empresário Heitor Martins é visto com uma "aura de esperança", "um farolzão no fim do túnel para a Bienal".

O QUE PENSA O CONSELHO DA BIENAL

Leia os destaques da enquete feita pela Folha de S. Paulo que ouviu 41 dos 53 conselheiros

CRISE

"O problema da Bienal é que ela tem que fazer uma Bienal a cada dois anos. O problema é o intervalo. Tem anos bons e anos menos bons. Quando as coisas se complicam, é ruim para todo mundo. Seria positivo para a Bienal dar uma repaginada, uma reciclada."
ÁLVARO AUGUSTO VIDIGAL
61, banqueiro

"É difícil dirigir uma fundação desse porte com a vedação de qualquer remuneração. Isso afasta aqueles que poderiam profissionalmente se voltar à Bienal, deixando o lugar a diletantes, que muitas vezes não são os mais talhados ao exercício da função."
CARLOS FRANCISCO BANDEIRA LINS
62, advogado

"A Bienal não está em crise. Estamos saindo de uma gestão excelente. É o mundo que está em crise, e a Bienal faz parte do mundo."
ARNOLDO WALD FILHO
46, advogado

"A Bienal viveu até aqui do espírito do Ciccillo Matarazzo. Ele deu alma à instituição, só que agora o mundo mudou, e a Bienal precisa de um conceito mais moderno de governança corporativa. Não é uma crise terrível, é uma crise que com um pouco de sabedoria se supera."
BENO SUCHODOLSKI
65, advogado

"O motivo principal é a gestão temerária que está se encerrando, que dilapidou a Bienal de seu cabedal ético. Falta gestão que busque resultados, que busque responder às demandas."
EVELYN IOSCHPE
60, administradora cultural

"A Bienal não está em crise nenhuma, está absolutamente em ordem. Não tem nenhum problema, nenhum tipo de constrangimento."
MANOEL FRANCISCO PIRES DA COSTA
70, advogado

"O apego da última diretoria ao cargo desgastou tudo e acabou esvaziando a Bienal e o interesse das pessoas do conselho."
ELIZABETH MACHADO
58, economista

"No dia em que a Bienal não estiver em crise, não será mais a Bienal. É da essência da Bienal esse conflito."
ROBERTO DUAILIBI
73, publicitário

SOLUÇÕES

"O curador tem a sua importância, mas não pode virar o dono da Bienal. Há uma espécie de ditadura dos curadores. A Bienal é a grande festa das artes, tem que ser uma coisa bonita, atraente. Não pode ter um monte de cacarecos lá. Eleição de curador é bobagem. O curador é uma pessoa de confiança do presidente."
CARLOS BRATKE
66, arquiteto

"Estamos fazendo o que o Ciccillo faria: num momento de exaustão, repensar o modelo para que se inicie uma nova etapa, que esperamos que seja brilhante."
DECIO TOZZI
72, arquiteto

"É importante incorporar [ao conselho] pessoas das novas mídias, senão ficamos tratando de um assunto e a arte vai correndo por outro caminho, atropela isso."
FABIO MAGALHÃES
66, arquiteto

"Precisa ter um retorno às bases, gente que tenha não a vaidade de pertencer ao conselho ou à diretoria, que tenha o que o Ciccillo tinha: uma dedicação genuína e desprendida. Em vez de egoísmo, responsabilidade."
MANOEL FERRAZ WHITAKER SALLES
68, advogado

"A estrutura da Bienal precisa ser reformada, para que seja mais ágil e adequada aos dias de hoje. Precisa fazer um "aggiornamento" da Bienal como um todo."
ANDREA MATARAZZO
53, secretário da Coordenação das Subprefeituras de São Paulo

"Falta à Bienal uma estrutura administrativa profissional. Falta deixar de ser dependente do prestígio de "A", "B" ou "C". Não deveria ser função do presidente sair atrás de patrocínio, com o pires na mão."
EMANOEL ARAUJO
68, artista e curador

EXPECTATIVAS

"Heitor Martins vai assumir com uma aura de esperança de todos que sempre gravitaram em torno da Bienal, artistas, intelectuais."
MIGUEL ALVES PEREIRA
66, arquiteto

"Não há dúvida de que quem pegar essa presidência é um homem corajoso."
PEDRO ARANHA CORRÊA DO LAGO
51, economista

"A gente espera que ele tenha uma gestão objetiva, prática, moderna, atual e que ele possa manter a fundação num nível de integridade."
PEDRO CURY
75, arquiteto

"Mais do que uma luz, o Heitor [Martins] é um farolzão no fim do túnel para a Bienal sair dessa."
CESAR GIOBBI
60, jornalista

"A expectativa é que a Bienal possa ser o que ela foi no passado, que não fique sendo questionada a cada momento sobre a lisura das coisas."
RUBENS MURILLO MARQUES
72, professor
"Agora é que vai começar o momento em que todos pensam para apagar tudo isso que foi feito pelo atual presidente."
BENEDITO JOSÉ SOARES DE MELLO PATI
84, advogado

BIENAL SP I


Conselheiros admitem crise e sugerem soluções para a Bienal


por Silas Martí da Folha de S.Paulo

Não há dúvida entre os conselheiros da Bienal de São Paulo de que a mostra passa por sua maior crise desde que foi fundada em 1951 por Ciccillo Matarazzo. Mas discordam quando o assunto é como restaurar o prestígio do segundo maior e mais tradicional evento de arte contemporânea no mundo.

Na enquete feita pela Ilustrada, cada conselheiro foi convidado a opinar sobre os motivos da crise atual, sugerir soluções para o futuro e dizer o que espera da nova gestão. Heitor Martins deve ser eleito hoje presidente da Fundação Bienal, substituindo Manoel Pires da Costa, que deixa a presidência com dívida de R$ 4 milhões.

Com 15 membros vitalícios e 38 temporários, o conselho, que não é remunerado, funciona como espécie de congresso da Bienal, podendo vetar decisões do presidente e rejeitar suas prestações de contas.

Formado em sua maioria por representantes da elite paulista, é um órgão que se reconhece como inchado e, com idade média de 69 anos, idoso --ainda há conselheiros que entraram para a instituição a convite do próprio Ciccillo Matarazzo.

A ideia original era que os conselheiros, representantes de classes abastadas e com prestígio político e financeiro, ajudassem a buscar recursos para as mostras. Hoje, no entanto, há reclamações de que boa parte está ali em busca de status, não para contribuir.

Segundo os conselheiros, a falta de verbas é a principal causa da crise da Fundação Bienal. "Está em crise porque vive da caridade da iniciativa privada", resume o jornalista e conselheiro Cesar Giobbi, 60. "Nos últimos tempos, a Bienal foi mal gerida", diz o professor Rubens Murillo Marques, 72.

Outra razão seria o envelhecimento da instituição e do conselho. "Esse conselho não se renovou. Podia dar uma boa sacudida, ter sangue novo, mais gente jovem", diz a jornalista Maria Ignez Barbosa, 64, mulher do ex-embaixador Rubens Barbosa, que chegou a ser cotado para presidir a fundação.

"A arte evoluiu, mas a Bienal não tem evoluído, fica lá uma velharia inoperante, que pouco participa, mas vai a festas, badalações", afirma o arquiteto Carlos Bratke, 66, que já presidiu a Fundação Bienal. "Não é isso que a gente quer, a gente quer gente trabalhando."

Soluções

Até agora, o único passo rumo à mudança foi a aprovação pelo conselho de um novo estatuto para a Fundação Bienal, que, entre outras medidas, deve reduzir para 40 o número de conselheiros e punir, com a perda do cargo, os que não forem às reuniões.

Enquanto isso, conselheiros sugerem desde juntar as mostras de arte e arquitetura numa só Bienal, para facilitar a captação de recursos, a aumentar os intervalos entre as exposições, com itinerâncias da Bienal por outras cidades e parcerias com museus de São Paulo.

A proposta de juntar as bienais numa só deve ser apresentada por uma comissão de conselheiros ao futuro presidente, com o argumento de já não haver distinções tão claras entre arte, arquitetura e design. "Por que separar arquitetura e arte? Estamos tentando encontrar novos formatos para reunir o que há de contemporâneo", adianta Fabio Magalhães, 66.

Para sanar problemas de orçamento, alguns defendem a volta das representações nacionais, mecanismo extinto desde 2006 em que cada país escolhia e financiava seus artistas na mostra. É um ponto polêmico, no entanto, porque limitaria a liberdade do curador.

Conselheiros enfatizaram a necessidade de instalar na Bienal uma estrutura administrativa permanente e moderna, que evitasse o desmanche de equipes a cada edição da mostra. "É preciso um "aggiornamento" da Bienal como um todo", resume Andrea Matarazzo, 53, atual secretário da Coordenação de Subprefeituras de São Paulo, que também foi cotado para o cargo de presidente.

Embora seja vista com bons olhos a candidatura de Heitor Martins, chamado de "herói", "corajoso" e "farolzão no fim do túnel" por alguns conselheiros, também há resistência à sua indicação para o cargo.

"Parece que a Bienal cogitou nomes importantes e acabou com um desconhecido que se aventurou a ser presidente", disse um membro do conselho que não quis ser identificado.

BIENAL SP II


Novo estatuto da Bienal vai punir os conselheiros que faltarem


por Silas Martí da Folha de S.Paulo


Na tentativa de corrigir os problemas de um conselho idoso, pouco atuante e mais afeito a badalações do que à gestão da Fundação Bienal, conselheiros acabam de aprovar um novo estatuto para a instituição. Dos 33 artigos, 24 foram alterados.

Embora sem efeito imediato, o novo estatuto, obtido com exclusividade pela Folha, reduz de 53 para 40 o número de conselheiros, incluindo os membros vitalícios. Sendo que os mandatos dos 38 temporários vencem em junho do ano que vem, é a brecha para uma renovação ampla e inédita no órgão.

Também limitam cada mandato de quatro anos a uma única reeleição, que depende da presença do conselheiro nas reuniões --a Bienal costuma realizar dois encontros ordinários por semestre-- e, caso tenha integrado a diretoria, da aprovação de suas contas.

Pelo novo estatuto, perde o mandato de conselheiro aquele que faltar a mais de cinco reuniões consecutivas do grupo. Para que se torne vitalício, contará a idade do conselheiro, sua frequência aos encontros e também a aprovação de suas contas pelo conselho fiscal.

Outra medida de grande impacto é o veto à votação por meio de procurações. Até agora, conselheiros ausentes podiam delegar seus votos aos que compareciam às reuniões por meio de procurações, de modo que um só conselheiro acabava votando em nome de muitos outros, distorcendo o resultado das votações.

A partir da entrada em vigor do novo estatuto, será permitido que cada conselheiro compareça às reuniões com no máximo uma procuração e apenas para a votação em matérias que exigem quorum qualificado. É obrigatório também que a procuração indique os itens a serem votados e o sentido dos votos do conselheiro ausente.

Foram definidas também regras para a eleição do presidente e vice-presidente do conselho, que até agora eram definidas a cada eleição. Pelo novo documento, a eleição será por voto secreto e maioria simples.

Novos rumos

Num ponto que indica com clareza algumas intenções futuras do conselho, determinam pela primeira vez que o órgão terá o poder de redefinir ou alterar os intervalos de tempo entre as exposições. Também criam um dispositivo oficial para que se dê maior atenção ao arquivo histórico da fundação, cujo estudo foi um dos motes da última edição da Bienal.

O documento também estabelece a criação de uma comissão de acompanhamento da diretoria, responsável por fiscalizar mais de perto os atos do presidente, apresentando relatórios a cada reunião.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nelson Leirner relê obra política dos anos 60


por Mario Gioia da Folha de S.Paulo

É uma mostra pequena, com apenas oito trabalhos, mas consegue deixar clara a obra provocativa de Nelson Leirner, 77. "Ocupação Nelson Leirner" inaugura uma série de exposições especialmente produzidas para o Itaú Cultural, que vai enfocar artistas que sirvam de referência a gerações mais novas.

Leonardo Wen/Folha Imagem
Retrato do artista plástico Nelson Leirner, 77, na galeria do Itaú Cultural, em São Paulo

Já estão confirmadas "ocupações" do diretor teatral José Celso Martinez Corrêa e do artista Abraham Palatnik, que irão acontecer no segundo semestre na instituição.

Leirner começou a ficar conhecido no final dos anos 60, sendo um dos precursores do happening no Brasil e produzindo trabalhos que ironizam o sistema de arte. O artista também produziu obras de forte teor político, como "O Porco" (1966), presente no Itaú.

"O Porco" e outros três trabalhos importantes de Leirner dos anos 60 -"Homenagem a Fontana 2" (1967), "Matéria e Forma - Tronco e Cadeira" (1964) e "Stripencores" (1968)-- ganharam reletituras feitas pelo artista neste ano.

"As obras são muito emblemáticas dentro da minha produção", conta Leirner. "Ao mesmo tempo, quis dar visibilidade a "Tronco e Cadeira", que é muito menos conhecida e tão importante quanto "O Porco"."
Em 1967, o artista foi muito criticado quando exibiu em Brasília "O Porco", objeto-escultura com um porco empalhado dentro de um engradado de feira. "Hoje tudo é menos ideológico", avalia ele.

Entre as ironias propostas por ele, estão plotagens da tela "Homenagem a Fontana". "A obra inicial foi feita para mexer, mas hoje não é permitido. Por isso multipliquei-a por quatro."

OCUPAÇÃO NELSON LEIRNER
Quando: abertura nesta quarta-feira (27), às 20h (convidados); de ter. a sex., das 10h às 21h, e sáb., dom. e feriados, das 10h às 19h; até 28/6
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 2168-1776); livre
Quanto: entrada franca

terça-feira, 26 de maio de 2009

French Pavilion - La Biennale di Venezia



Le Grand Soir - Claude Lévêque
June 7 - November 22, 2009

Curator: Christian Bernard

French Pavilion
53rd International Exhibition of Art
La Biennale di Venezia



Claude Lévêque | Le grand soir | 2009
Néon blanc - 200 x 177 cm | 3 exemplaires - Photo Charles Duprat
© ADAGP Claude Lévêque | Courtesy the artist and kamel mennour, Paris

Bienal do Mercosul (Porto Alegre/RS) realiza convocatória aberta a artistas



A 7ª Bienal do Mercosul - Grito e Escuta, em cartaz de 16/10/09 a 29/11/09 em Porto Alegre (RS), realiza uma convocatória aberta a artistas interessados em participar da mostra “Projetáveis / Proyectables / Projectables”. Artistas de todo o mundo podem apresentar projetos para a mostra, uma das sete da Bienal do Mercosul e agendada para o Santander Cultural. As inscrições ficam abertas de 22/05/09 a 10/07/09. O regulamento está no website www.bienalmercosul.art.br/projetaveis.
Essa seção da 7ª Bienal, concebida pelo curador-adjunto e artista Roberto Jacoby, se propõe a explorar a materialização e localização específica dos projetos que utilizam a www como canal além das fronteiras geográficas ou de suportes finais. Os “Projetáveis” são peças bytes + atoms, formas híbridas que viajarão pela internet para serem baixadas ou transmitidas em tempo real, via streaming, para em seguida integrarem a exposição na 7ª Bienal.
Os projetos apresentados podem ser visuais (fotografias, imagens, slide shows, sombras, vídeos, filmes de curta, media ou longa metragem, animações, vídeo-instalações, flashes), sonoros ou performáticos (VJ e DJ, performances, conferências), ou outros meios (páginas web e jogos interativos), etc. Os projetos devem ser "projetáveis" em monitores, telas ou objetos.

Mais informações:

www.bienalmercosul.art.br e projetaveis@bienalmercosul.art.br.

INHOTIM ABRE PAVILHÕES EM OUTUBRO

Além da escultura de Chris Burden, o Instituto Inhotim planeja inaugurar em outubro uma série de pavilhões de outros artistas de peso, quase dobrando seu tamanho atual.
Até lá, as brasileiras Valeska Soares e Rivane Neuenschwander, a canadense Janet Cardiff, o norte-americano Matthew Barney e o argentino Jorge Macchi devem ganhar seus próprios espaços no centro de arte contemporânea em Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte.
Para marcar as aberturas, o Instituto Inhotim planeja também um ciclo de palestras, que deve trazer, entre outros, o curador suíço Hans Ulrich Obrist, da Serpentine Gallery, de Londres, ao país.

Artista plástico Arcangelo Ianelli morre em São Paulo

Notícia foi confirmada pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
Morte aconteceu na manhã desta terça, por falência múltipla de órgãos.

Do G1, em São Paulo


Sérgio Castro/AE - 06/04/01
Artista ao lado de sua escultura "Dança branca oval", no Parque da Aclimação

Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (26), o Hospital Israelita Albert Einstein informou a morte do artista plástico Arcangelo Ianelli, ocorrida às 8h, por falência múltipla de órgãos.

Autodidata, Ianelli estudou na Associação Paulista de Belas Artes e também foi aluno de Colette Pujol, no começo da década de 1940. Durante os anos 50, formou o Grupo Guanabara, ao lado de artistas como Manabu Mabe, Jorge Mori, Tikashi Fukushima e Wega Nery, entre outros.

Ianelli começou a aventurar-se dentro da arte abstrata a partir de 1961, passando por diferentes fases – com um trabalho expressivo na abstração geométrica a partir dos anos 70, quando também começa a atuar como escultor.

Suas obras fazem parte do acervo de museus na América do Sul, México, EUA, Canadá, Itália, Japão e Alemanha, além de já ter exposto ao longo de seus mais de 60 anos de carreira na Europa, Ásia e Américas.



ENTREVISTA: Heitor Martins - candidato único a presidência da Bienal

"Déficit não é tão absurdo", diz candidato à presidência da Bienal

por Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo

Mesmo sendo eleito nesta quinta, o empresário Heitor Martins só deve tomar posse após um período de transição de no máximo dois meses, para a captação de R$ 1,8 milhão, de acordo com a carta enviada ontem, pelo candidato, aos conselheiros da Fundação Bienal. A eleição do presidente depende da aprovação do conselho, que se reúne a portas fechadas e define as regras da votação, por exemplo, se será por unanimidade ou maioria simples. Não há quórum mínimo.

"Vamos trabalhar já, mas fazer uma transição que não seja uma ruptura", disse Martins à Folha, cercado de obras de artistas contemporâneos como Lygia Clark, Tunga e Jac Leirner, além de modernos como Volpi e Pancetti, todos de sua coleção. Entre as propostas do candidato, aliás, está reforçar a presença da arte brasileira na Bienal. Leia a seguir.

Folha - O que levou o sr. a ser candidato a presidência da Bienal?
Heitor Martins - Foi uma combinação de fatores. Tenho uma grande afinidade com o tema, desde criança me entusiasmei com artes plásticas. Quando universitário, tive um pôster da mostra "Tradição e Ruptura" [realizada na Bienal, em 1984] no quarto. Eu visitava as bienais, depois passei a colecionar e, quando morei na Argentina, fiz um curso livre na Faculdade de Belas Artes. Poucas instituições culturais no Brasil têm 60 anos, como a Bienal, e a sua importância, na divulgação da arte, é evidente, comparável somente ao MoMA [Nova York], à Bienal de Veneza, à Documenta de Kassel, ao Centro Pompidou [Paris]. Contribuir com uma entidade que tem essa história é um chamado ao qual não se pode recusar.

Folha - Quem o convidou para ser candidato?
Martins - Foi o Jorge Wilhem, que conheci por conta da Fundação Nemirovsky, com a qual eu contribuí. Ele me indicou há uns três meses, mas, quando surgiu a candidatura do Andrea Matarazzo [secretário da Coordenação de Subprefeituras de São Paulo], eu achei que ele tinha condições. Com a desistência dele, fui procurado também pelo Julio Landmann [conselheiro da Bienal] e aceitei.

Folha - E o sr. procurou se inteirar da situação financeira da Bienal?
Martins - A questão da situação da Bienal ganhou dimensão exagerada. Objetivamente ela é simples. O déficit da Bienal passada se transformou num endividamento de R$ 4 milhões, que não é um valor tão absurdo. A questão para mim foi entender isso e montar uma boa equipe que possa superar esse problema e colocar a Bienal nos trilhos novamente.

Folha - É isso que o sr. faz em sua empresa de consultoria?
Martins - Trabalho numa empresa de consultoria estratégica, que tem como clientes empresas que querem crescer. Para mim, a questão na Bienal é isso, não olhar para o passado, mas acertar os recursos para ela voltar a florescer. Posso dizer que 80% do tempo que já gastamos é em pensar como levar a Bienal para frente, qual equipe, como organizar, que tipo de aspiração.

Folha - O sr. leu o relatório do Ivo Mesquita para pensar sua proposta?
Martins - Sim. O que temos tido como questão central é a ideia de "refazer" e, é claro, isso só pode ser em cima das bienais anteriores. Nos últimos anos se abriu um debate sobre o papel das bienais e como elas devem ser geridas, mas a segunda questão deve estar baseada na primeira. Vamos repensar a Bienal, na gestão, nos recursos, na relação com o governo, a sociedade. Nossa gestão é dar continuidade ao debate. A última Bienal, no entanto, teve um debate mais intelectual, e o que queremos é que esse debate seja plástico. Também queremos que a arte brasileira tenha uma presença ainda maior, e que se pense na produção internacional tendo a produção nacional como referência.

Folha - Mas isso não é um debate para o curador?
Martins - Sim. E como nossa agenda está apertada, já que não queremos prorrogar a Bienal para 2011, mas mantê-la em 2010 -afinal, esse é o objetivo da instituição e, se ela não o cumpre, perde o sentido-, nós vamos indicar uma equipe de curadores logo. Mas não queremos curadores que já trabalharam na Bienal de São Paulo, queremos um novo olhar.

Folha - E quanto à Bienal de Veneza, a Bienal de São Paulo deve continuar indicando os representantes do pavilhão brasileiro?
Martins - Creio que sim. Nossa diretoria gostaria de manter essa tradição e, por isso, estamos integrando essa representação em nosso projeto. Já que queremos abordar a arte brasileira como referência no contexto internacional, Veneza é um ponto estratégico, e gostaríamos que os curadores que organizarem São Paulo indicassem a representação de Veneza já na própria proposta.

Folha - Qual será seu maior desafio, na sua opinião?
Martins - Temos três objetivos: resolver a situação financeira, viabilizar a 29ª Bienal em 2010 e preparar as bases para um projeto continuado. A Bienal tem um efeito fênix, a cada novo presidente ela morre e tem que recomeçar. Queremos uma fórmula de estabilidade, fortalecendo o modelo de gestão, que precisa quer uma relação estreita com a sociedade. Vamos trazer uma agenda positiva, e creio que, com isso, os recursos virão, mas é preciso entusiasmar a sociedade.

Candidato promete "agenda positiva" para Bienal

por Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo

O empresário Heitor Martins, até agora único candidato à presidência da Fundação Bienal de São Paulo, encontra-se nesta terça-feira (26) com o ministro da Cultura, Juca Ferreira. A reunião sugere que dificilmente outro candidato terá chance na eleição, marcada para quinta-feira.
"Martins saberá conduzir a Fundação Bienal em sua missão fundamental no desenvolvimento das artes visuais do país, num momento excepcional de visibilidade internacional dos artistas brasileiros da área", divulgou o Ministério da Cultura, na semana passada, em nota de apoio inédito a um candidato na história da Bienal.

Danilo Verpa/Folha Imagem
O empresário Heitor Martins, candidato único à presidência da Bienal, em sua casa, em SP

Sucedendo três gestões de Manoel Francisco Pires da Costa, marcadas por crises, Martins, 41, chegará à instituição com um perfil técnico, quando muitos ex-presidentes usaram a instituição para melhorar a imagem. "Não vou ser a mesma coisa", disse Martins em entrevista exclusiva à Folha, no domingo, em sua casa, perto do Jóquei Clube de SP.

As dívidas da Bienal, em torno de R$ 4 milhões, não assustam o candidato: "Traremos uma agenda positiva. Creio que com isso os recursos virão".

Nesta segunda-feira (25), Martins enviou uma carta aos conselheiros da Bienal com suas propostas, que incluem a realização da Bienal em 2010 --o que, para a atual gestão, estava quase descartado por problemas financeiros e atrasos-- e os nomes de sua diretoria. Entre estes, o ex-presidente da Bienal do Mercosul, Justo Werlang, o crítico e colecionador Miguel Chaia e o advogado Salo Kibrit.

"Nosso maior desafio está no fortalecimento do modelo de gestão e no aprimoramento da relação com a sociedade", disse.

Na carta, segundo a Folha apurou, são sugeridos conselheiros para a instituição, todos empresários ligados ao colecionismo, que se tornam importantes apoios para a eleição: Suzana Steinbruch, José Olympio Pereira, Alfredo Egydio Setúbal, Milú Villela, Carlos Jereissati Filho, Paulo Sérgio Coutinho Galvão Filho e Tito Enrique da Silva Neto. O banqueiro Roger Wright, morto em acidente de avião na última sexta, também estava na lista.


Instituições de arte paulistanas vivem crise permanente


por Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo


A crise que ronda a Fundação Bienal não é muito distinta da situação pela qual passam outras instituições de arte paulistanas, como o Masp (Museu de Arte de São Paulo) e o MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo).
Criados no mesmo período, o Masp (1945, por Assis Chateaubriand), o MAM e a Bienal (1948 e 1951, por Ciccillo Matarazzo) têm modelo de gestão centralizador e personalista, como foram seus mecenas fundadores.
Chateaubriand e Matarazzo construíram impérios com boas assessorias, mas profissionais da arte nunca foram incorporados a tais instituições. Com a morte de ambos, os museus e a Bienal ficaram com estruturas frágeis, dependentes de personalidades fortes. Quando Edemar Cid Ferreira assumiu a Bienal, por exemplo, injetou dinheiro e recolocou-a no circuito mundial.
Sem tal cacife, o empresário Manuel Francisco Pires da Costa dependeu de verbas governamentais, mas, com suas confusões administrativas, contratando parentes e usando sua empresa para criar a revista da instituição, perdeu legitimidade e aporte financeiro, levando a Bienal à sua mais séria crise.
Renovar a estrutura dessas instituições ajudaria a imunizá-las contra as crises. Foi o que propôs Ivo Mesquita, curador-chefe da última Bienal: "Importante e procedente é uma nova composição do conselho, incluindo [...] profissionais experientes como diretores de museus, curadores, artistas, galeristas, acadêmicos, que possam contribuir para um entendimento e uma presença mais orgânica da instituição na sociedade e no meio artístico brasileiro e internacional".

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ARTIGO: SAIU NA FOLHA

Crítica/"Estética Relacional" e "Pós-Produção"

Bourriaud analisa artes plásticas sem temor nem preconceito

Obras fundamentais sobre a produção contemporânea, no entanto, chegam atrasadas ao país

Por Fábio Cypriano

Finalmente, dois livros fundamentais sobre a produção contemporânea em artes plásticas são publicados no Brasil: "Estética Relacional", de 1998, e "Pós-Produção", de 2004, ambos do crítico e curador francês Nicolas Bourriaud.
O primeiro, já um clássico, é dos poucos livros que olha a produção dos anos 90 sem preconceito, por alguém que acompanhou de perto toda uma geração, especialmente como curador, e conseguiu traçar linhas comuns. No geral, livros com tal ambição estão mais ocupados em detratar a arte contemporânea em vez de compreendê-la.
Em 1998, Bourriaud partiu de um grupo de artistas, hoje quase todos estrelas de grandes mostras ou bienais, como Dominique Gonzalez-Foerster, Pierre Huyghe, Rirkrit Tiravanija e Maurizio Cattelan, e percebeu que, em todos, a ideia de arte como um campo de trocas é comum. Com isso, o crítico francês chegou à definição da estética relacional como "uma arte que toma como horizonte teórico a esfera das relações humanas e seu contexto social mais do que a afirmação de um espaço simbólico autônomo e privado".
Tal conceituação amparou-se ainda na produção de artistas que se tornaram referência nos anos 90, como o cubano Felix Gonzalez-Torres, e os americanos Gordon Matta-Clark e Dan Graham, entre outros.
Não à toa Bourriaud foi um dos conferencistas da 27ª Bienal de São Paulo, "Como Viver Junto", de 2006, que exibiu vários dos artistas abordados em "Estética Relacional". Centrada nas ideias de Hélio Oiticica, contudo, a própria Bienal tornou clara uma das deficiências centrais da produção de Bourriaud -seu total desconhecimento da obra de Oiticica, um precursor da arte como estado de encontro, um dos pilares da estética relacional.
Já o livro "Pós-Produção", mais recente, continua o raciocínio de "Estética Relacional" sob nova ótica. Enquanto no primeiro volume o foco está no aspecto de convivência e interação da arte contemporânea, o segundo trata das formas de saber que constituem essa produção, especialmente aquelas vinculadas à estrutura em rede da internet, que geram um infinito campo de pesquisa para os artistas.

Reorganizar elementos
Assim, as práticas contemporâneas não estariam mais preocupadas com a ideia de original, singular, e sim em como reorganizar elementos já existentes, dando a eles novos sentidos, o que, obviamente, tem uma relação forte com os "ready-mades" de Marcel Duchamp, cuja "virtude primordial", segundo o autor, é o estabelecimento de "uma equivalência entre escolher e fabricar, entre consumir e produzir".
Esse procedimento pós-produtivo, então, seria a marca fundamental do processo de produção contemporâneo. Essas ideias de Bourriaud, contudo, já fazem parte da recente historiografia da arte contemporânea e influenciaram a organização de várias mostras pelo mundo. Aqui elas chegam um tanto atrasadas.
Tanto que, há duas semanas, o próprio Bourriaud encerrou sua curadoria na Trienal da Tate, denominada "Altermodern", criando aí uma nova forma de pensar a produção contemporânea.
Não há dúvida de que Bourriaud é dos poucos que não têm medo de pensar a arte hoje. A questão é que ele transforma sua reflexão na mesma velocidade das estações de moda o que, afinal, é mesmo um sintoma desses tempos.

SAINT CLAIR CEMIM EM SP

Escultor Saint Clair Cemin ganha retrospectiva em São Paulo

por Silas Marti da Folha de S.Paulo

Três graças se juntam num passo de dança, mas uma é cubista, outra futurista e a terceira rococó, o que faz o baile descambar para um samba do crioulo doido. Na retrospectiva do escultor Saint Clair Cemin, que o Instituto Tomie Ohtake abre nesta quinta-feira, fica evidente a polifonia, para o bem ou para o mal. "Eu uso estilos como quem usa cores", resume Cemin, 57.

WITNESS - White lackered - stainless steel | 326 cm X 48 cm X 90 cm | 2008

"Cada estilo é uma janela para mais possibilidades artísticas." No bronze síntese da exposição, a tela renascentista de Rafael, ou a escultura neoclássica de Antonio Canova, com as três graças em harmonia perfeita, acabam traduzidas no cozidão de estilos de Cemin, capaz de juntar Aleijadinho a Joseph Beuys.
Logo na entrada, uma obra em gesso é pretexto para exibir o virtuosismo do escultor, que executa um panejamento em sentido clássico, ou seja, a representação pétrea das dobras e pregas do tecido. Mais adiante, resíduos formais de surrealistas como Salvador Dalí vão ressurgir numa espada molenga, tentáculos de um molusco metálico e uma cadeira gigantesca, de encosto alongado e pernas bambas.
O barroco de Aleijadinho é revisto em duas figuras que se atraem e repelem ao mesmo tempo. Em aço inoxidável, reluzente até não poder mais, "O Pensador" de Rodin ganha releitura à luz de Takashi Murakami. Uma cadeira de ferro, refletida à exaustão por um jogo de espelhos, é aceno ao conceitualismo de Joseph Kosuth.
"A falta de uma linha contínua tem sido a única linha contínua no meu trabalho", admite Cemin, que se define "onívoro em termos de arte". É a deixa para aludir ao "metabolismo elétrico, digital" de "Computer", escultura em madeira rústica com um nó de troncos retorcidos, índice dessa digestão de influências.
Cemin, artista "sem estilo", parece mostrar mastigados conceitos-chave da produção escultórica moderna. Sua retrospectiva escancara o método antropofágico por trás do trabalho e toma ares de mostra coletiva, como se tentasse reunir o melhor representante de cada período, embaralhando forma, conteúdo e ornamento.
Arrancando outra mordida, agora na literatura, parece evocar o poema em que T.S. Eliot escreveu: "O tempo presente e o tempo passado / Talvez ambos estejam presentes no tempo futuro, / E o tempo futuro contido no tempo passado". De um monte de areia no meio do espaço expositivo, surge uma roda de bronze, a forma liberta da matéria amorfa. Com o nome "Childhood", ou "infância", atravessa tempos, do embrião à fixidez da forma final, juntando todas as épocas, de Eliot e Antonio Canova aos dias de hoje, ontem e amanhã.


Esta é a primeira grande exposição do artista no Brasil, desde sua mostra individual em 2006. Radicado em Nova York e Paris, o gaúcho já participou da Documenta de Kassel, Bienal do Mercosul e Bienal de São Paulo.

SAINT CLAIR CEMIN

Quando: abertura hoje, às 20h; ter. a dom., 11h às 20h; até 5/7

Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 2245-1900)

Quanto: entrada franca


BIENAL DO MERCOSUL ADIADA

Bienal do Mercosul será aberta no dia 16 outubro
A sétima Bienal do Mercosul, que seria inaugurada em setembro, foi adiada e será realizada entre os dias 16 de outubro e 29 de novembro deste ano, em Porto Alegre.
As exposições ficarão abertas ao público durante 45 dias, no Armazéns do Cais do Porto, no Santander Cultural, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul e em espaços públicos da cidade.
Cerca de 70% das obras serão produzidas pelos artistas especialmente para esta bienal. A lista completa dos participantes será divulgada no início de julho.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Heitor Martins deve assumir a Fundação Bienal



Consultor apresentará sua candidatura na próxima reunião do conselho da entidade

Camila Molina do Estadão


O consultor Heitor Martins, de 41 anos, deverá ser o próximo presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Ontem, ele anunciou que aceita o convite para se candidatar ao cargo de presidente da diretoria executiva da Bienal, se tornando, portanto, o único candidato oficial. A reunião ordinária do conselho está marcada para o dia 28 e nela já ocorrerá a eleição. Martins é paulista de Marília, sócio-diretor da empresa internacional de consultoria McKinsey e estudou na Fundação Getúlio Vargas. Ele já tem proposta de trabalho preparada para a instituição, equipe e projeto para realizar a próxima Bienal de São Paulo em 2010.

"Ele tem algumas condições, entre elas, a de acertar uma presidência de transição", diz o conselheiro Julio Landmann. Ele seria eleito já no dia 28, mas durante 60 dias sua equipe trabalharia com a equipe atual da Bienal para "equacionar as contas". "Há outras solicitações, mas a transição é uma maneira de fazer acertos", afirma Landmann. Martins está atualmente na Europa, mas, segundo o presidente do conselho da Bienal, Miguel Alves Pereira, o consultor já enviaria nesta semana sua proposta de trabalho para ser apreciada pelos 60 conselheiros (10 deles vitalícios) e discutida na próxima reunião.

O cargo de presidente da Bienal está oficialmente vago desde 6 de fevereiro, quando, pelo estatuto, terminou a gestão de Manoel Pires da Costa. As contas do ano de 2008 da fundação, com déficit contábil de R$ 2,891 milhões, foram aprovadas no último dia 5 pelos conselhos fiscal e administrativo. Pires da Costa continua respondendo pelo cargo até a eleição. Desde o ano passado, a instituição convidou oito pessoas (incluindo Martins) a se candidatar à presidência, entre eles, o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, e o diplomata Rubens Barbosa. "Não há outro candidato oficial, mas pode ser que algum conselheiro apresente candidato durante a reunião", pondera Landmann.

Martins é casado com Fernanda Feitosa, diretora e idealizadora da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo que, neste ano, em sua quinta edição, ocorreu até domingo no Pavilhão da Bienal (o evento tem contrato até 2015 para ocorrer no prédio). Colecionadores de arte, eles têm grande trânsito no meio artístico. "Eu seria a pessoa adequada porque poderia reunir recursos para a instituição. Mas quem quer que assuma que tenha um projeto para a fundação andar", afirmou Martins ao Estado.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

'Ninguém quer presidir a Bienal? Como? Eu quero!', diz Forest



O artista francês de 75 anos propõe edição feita pela internet e começa sua campanha por meio de site

por Camila Molina do Estadão

"Não são políticos, cientistas, ou os financistas das Bolsas de Valores que vão resolver os problemas da Bienal de São Paulo. Ela precisa de sentido e são os artistas que portam os sentidos." Enquanto ninguém aceita se candidatar à presidência da Fundação Bienal de São Paulo - o tempo passa e fica o jogo do empurra-empurra -, um artista de outro país, o franco-argelino Fred Forest, de 75 anos, lança agora sua candidatura ao posto. "Não preciso de dinheiro porque faço a próxima edição pela internet", diz Forest, que criou um site, Campanha para uma Nova Bienal, para alimentar o debate e fazer sua proposta reverberar: www.fredforest.org/paraumanovabienal. Já faz tempo que o artista está empenhado na situação da instituição: em 1973, participou da 12ª edição com o projeto Bienal 2.000 e mais recentemente, desde 2006, vem desenvolvendo a Bienal 3.000 (www.biennale3000saopaulo.org).

"Estarei acompanhado por uma equipe de artistas, especialistas da comunicação, críticos de arte, teóricos das ciências humanas e da filosofia, engenheiros em informática e especialistas em marketing. A idade média das pessoas que integram nossa equipe será de 25 anos", escreve o artista, no site. Até agora, a Bienal já convidou oito pessoas a encarar o desafio de presidir a instituição - e desde o ano passado, todo mundo vem dizendo não. A fundação esperaria até amanhã a resposta do consultor e empresário Heitor Martins, de 41 anos, se ele aceita ou não se candidatar para que, enfim, seja marcada uma reunião-geral do conselho da instituição para a eleição do novo presidente.

Enquanto isso, Forest já lança sua candidatura, como um happening, uma provocação, para chacoalhar a situação. "Na literatura há artistas que questionam as coisas, mas nas artes plásticas, não. Os artistas é que devem ser donos do próprio destino, sem política, sem funcionários e sem dinheiro. Talvez seja ingênuo dizer isso, mas se todos pensarem assim poderemos mudar a sociedade no nível das ideias e das propostas", continua o candidato, doutor em literatura pela Universidade Sorbonne.

Forest começou sua carreira artística como pintor, mas foi com a videoarte, na década de 1960, que deu início a uma pesquisa mais crítica e experimental, de criações de obras interativas e misturando mídias diferentes. Centrou suas ações no tema da comunicação e estética - e na conversa com o Estado, se apresentou dizendo que Marshall McLuhan, o autor da teoria da comunicação de massas ("O Meio é a Mensagem"), já escreveu sobre seu trabalho. "Hoje não é a pintura que vai propor questões, mas a internet", continua Forest, que veio a São Paulo, Porto Alegre e Brasília por conta de sua participação no Ano da França no Brasil. Ele inaugurou no Museu de Arte Contemporânea da USP no Ibirapuera a mostra O Centro Experimental do Território e Laboratório Social, baseado no Second Life, além de também abrir instalações cibernéticas na Universidade do Rio Grande do Sul e na de Brasília.

Mas, como afirma, o comitê do Ano da França não queria que ele viesse. "Foi o comitê brasileiro que se tornou responsável pela minha vinda, pessoas como Daniela Bousso e Felipe Chaimovich", conta. "O comitê francês disse que eu já tinha feito coisas suficientes no Brasil", continua. Entre as "coisas suficientes", ele conta sobre sua participação na 12ª Bienal de São Paulo, episódio que até o levou a ser interrogado no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que funcionava no prédio onde hoje é a Estação Pinacoteca - era o regime ditatorial no Brasil.

Naquela Bienal, Forest participou de uma seção especial formada por artistas que trabalhavam com a comunicação. Como não havia computador, publicou anúncios em jornais com dois números de telefone. "Quando as pessoas ligavam, uma voz dizia que elas tinham um minuto para se expressar livremente." Depois, ele promoveu um happening: dez pessoas foram à Praça da República com cartazes em branco, até que o local foi enchendo de gente e a polícia apareceu para bloquear tudo.

"Alguém escreveu MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária, em espanhol) num dos cartazes e me levaram para o Dops. A polícia tentou me intimidar, mas, ingênuo, fingi que não entendia nada. Não sou um herói porque sou estrangeiro, mas tinha a imprensa para me ajudar", diz Forest. A princípio ele não sabia que seu happening (a documentação sobre ele pode ser vista no site webnetmuseum) iria tomar aquela proporção. "Era algo para tocar no senso nobre da política, o das ações simbólicas."

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sophie Calle - LIVRO & EXPOSIÇÃO


Sophie Calle fará exposição em São Paulo após a Flip

da Folha Online

A artista plástica francesa Sophie Calle vai expor sua obra mais recente,"Cuide de Você" ("Prenez Soin de Vous", no original), em São Paulo. Depois que participar da sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que ocorrerá entre os dias 1º e 5 de julho, Calle vem a São Paulo para a exposição, que estará no Sesc Pompéia. A abertura ocorrerá no dia 10 de julho e, no dia 11, a artista falará ao público em palestra aberta. A exposição ficará na capital paulista até o dia 07 de setembro, seguindo depois para Salvador.
O livro que resultou dessa exposição é um dos assuntos que será abordado por Sophie Calle na Flip. Trata-se de uma obra feita a partir de um rompimento amoroso: o antigo companheiro da artista rompeu o relacionamento por e-mail, terminando o texto com a frase "Cuide de você". Ela levou isso ao pé da letra: pediu a 107 mulheres das mais diferentes profissões que lessem e interpretassem o texto, cada uma de acordo com sua especialidade. Atrizes, cantoras, psiquiatras, uma filósofa, uma menina de nove e até mesmo uma cientista forense dissecaram a missiva enquanto eram filmadas por Calle. O conjunto dessas interpretações resultou numa premiada obra que representou a França na Bienal de Veneza, em 2007.

TAKE CARE OF YOURSELF
Autor: CALLE, SOPHIE
Editora: DAP-DISTRIBUTED ART
ISBN: 2742768939
ISBN-13: 9782742768936
Livro em inglês
Encadernado
1ª Edição - 2007
Preço: R$ 371,25 na Livraria Cultura


DIAS & RIEDWEG em NY


Exposição em Nova York enfoca migração e exílio

da Efe, em Nova York


O carioca Maurício Dias e o suíço Walter Riedweg exibem a partir de hoje "...and It Becomes Something Else", um conjunto de obras que explora temas de imigração, exílio e deslocamento, e que poderá ser visto na Americas Society, em Nova York, até o dia 1º de agosto.
Uma das peças mais relevantes da exposição é "Raimundos, Severinos e Franciscos", que fala da imigração interna no Brasil.
Reprodução
"Raimundos, Severinos e Franciscos" (1998), de Mauricio Dias e Walter Riedweg, é um dos destaques da exposição em Nova York

A obra mostra um grupo de porteiros de São Paulo, todos eles chamados Raimundo, Severino ou Francisco, nomes típicos do Nordeste brasileiro, que migraram para trabalhar na construção civil. Muitos destes homens se tornaram zeladores dos edifícios que ajudaram a construir.
"As pessoas que vivem nesses lugares não sabem seus nomes, então nós queríamos reinscrevê-los nesse sistema", declarou Dias.
Outra das peças centrais da exposição é uma instalação sobre o trabalho dos policiais da fronteira entre San Diego (Estados Unidos) e Tijuana (México), que examina o contraste entre a atitude repressiva dos policiais com imigrantes e a afetividade que aqueles têm com os cachorros que os acompanham em sua tarefa.
Na sala em que a peça é exibida, há uma tela que projeta entrevistas com os policiais da fronteira, rodeada por duas paredes repletas de imagens de seus cães e que estão decoradas pelos próprios agentes com estrelas e os nomes dos animais, "humanizando-os e heroicizando-os", nas palavras de Dias.
Para estes artistas, o tema da imigração também contém estereótipos e preconceitos que se originam no mundo ocidental. "Isto faz que alguém possa se transformar em um mero imigrante e não em uma pessoa", diz Dias.
Oriundos de diferentes campos das artes, Dias e Riedweg trabalham juntos há 16 anos e estão radicados no Rio de Janeiro.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Leandro Erlich na Luciana Brito Galeria



Leandro Erlich – Fragmentos de Una Casa
Abertura: 12 de maio, terça-feira, às 19hs (hoje).

O artista plástico argentino Leandro Erlich inaugura sua segunda mostra individual na Luciana Brito Galeria. Fragmentos de Una Casa é composta por três obras/ instalações inéditas, concebidas especialmente para o espaço da galeria: Window and Ladder, Skylight e Shattered Door.

Window and Ladder – Too Late for Help
parede de fibra de vidro, escada de metal, estrutura metálica. 2008


Window and Ladder - projeto para a galeria. 2009

Leandro Erlich (Buenos Aires, 1973) é hoje um dos artistas argentinos de maior ressonância internacional, com participação em diversas bienais de arte como Biennale di Venezia (2001 e 2005), Bienal de la Habana (2000), Whitney Biennial (2000), Istanbul Biennial (2001), Shanghai Biennale (2002), Liverpool Biennial (2008), Singapore Biennale (2008) e Bienal Internacional de São Paulo (2004). Exposições individuais recentes aconteceram no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid (2008), no P.S.1 Contemporary Art Center, em Long Island City (2008) e no Museo d’Arte Contemporanea de Roma (2006).


Luciana Brito Galeria
www.lucianabritogaleria.com.br

Rua Gomes de Carvalho, 842–Vl. Olímpia–Tel. (11) 3842.0635
Período: de 13 de maio a 13 de junho de 2009.
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