sexta-feira, 3 de julho de 2009

7ª Bienal do Mercosul abre inscrições para Mesa de Encontros


Nos dias 21 e 22 de julho, a 7ª Bienal do Mercosul promove a Mesa de Encontros – Artistas em Disponibilidade: a educação como espaço para o desenvolvimento de micropolis experimentais, em Porto Alegre, no Salão de Eventos São José - Hotel Plaza São Rafael, com entrada gratuita mediante inscrição.

As inscrições estarão abertas de 06 a 19 de julho, através de formulário no site www.bienalmercosul.art.br/mesadeencontros.


Os encontros são destinados a educadores, artistas, estudantes e outros profissionais que queiram conhecer e discutir os projetos educativos dos artistas que participam do Programa de Residências do Projeto Pedagógico desta edição da Bienal. Os artistas apresentarão publicamente seus projetos na Mesa de Encontros com o objetivo de confrontar e debater suas propostas com profissionais internacionais interessados nos valores da arte como ferramenta para a educação.

Participam das Mesas, além dos artistas residentes, Lucas Rubinich - professor de sociologia (Argentina), Francisco Reyes Palma - historiador, curador e crítico de arte (México), Marcos Villela - doutor em Educação (Brasil), Tania Bruguera - artista e pedagoga (Cuba), Luis Alarcón e Ana María Saavedra - diretores da Galeria Metropolitana (Chile) e Ricardo Resende - diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte (Brasil).


Bob Wilson destila o pop dos sonetos de Shakespeare

fonte: DW

Rainha Elizabeth 1ª contracena com súdito

Traduzidos na linguagem altamente visual de Robert Wilson, os sonetos de Shakespeare se tornam uma fonte de dramas – poéticos e prosaicos. Musicados por Rufus Wainwright, os poemas adquirem algo de pop.


Encenar Shakespeare, não o dramático e sim o lírico: esse foi o intento do diretor norte-americano Bob Wilson em Shakespeares Sonette (Sonetos de Shakespeare), espetáculo em cartaz no Berliner Ensemble. E para tal, Wilson se associou ao compositor e músico americano-canadense Rufus Wainwright. O resultado é uma noite de variedades, com referência a todos os gêneros de entretenimento, desde a commedia dell'arte até sketches televisivos, passando pelo cabaré.

Georgette Dee

Se na era elizabetana os papéis femininos eram desempenhados por homens, Bob Wilson faz o mesmo, acrescentando a essa prática seu reverso: as atrizes fazem papéis masculinos. Essa inversão – a rainha Elizabeth 1ª, em seu trono, declamando um soneto com voz grave e o próprio Shakespeare, como jovem e ancião, em vozes femininas – intensifica ainda mais o tom farsesco do espetáculo. Tanto que nem o número esporádico do ator travesti Georgette Dee, de microfone na mão, chega a destoar muito do entorno shakespeariano.

"Se mais clara que o Sol, ao olhar cego irradia / e tão feliz me faz, de noite, em sonho, a forma / da tua sombra, que enlevo, ah! não fora de dia / essa sombra que em luz outras sombras transforma?" (soneto 43, na tradução de Jerônimo de Aquino). A contínua alternância de vozes, de personagens e de cenas confere à peça de Wilson um tom onírico, no qual o lirismo e o grotesco convivem, ao lado do sentimental e do patético.

Shakespeare, ancião e jovem

A encenação de Bob Wilson revela o quanto a poesia de Shakespeare comporta. Por um lado, as composições de Wainwright têm o potencial de transformar os sonetos elizabetanos em hits pop – uma banalização que pode até encantar. Por outro, a prática da repetição exaustiva das mesmas palavras em diferentes contextos, recorrente nas peças de Wilson, ajuda a recuperar o que certos versos têm de sublime.

A escolha de uma fonte textual lírica para a encenação não torna o espetáculo pouco dramático. A técnica wilsoniana de inserir pequenos interlúdios esporádicos no fluxo do enredo (módulos cênicos denominados knee pieces por causa de sua função de articulação) é levada ao extremo na sua encenação dos sonetos de Shakespeare para o Berliner Ensemble. É como se o espetáculo fosse composto apenas de breves articulações dramáticas inter-relacionadas.

O design cênico altamente estilizado de Bob Wilson – que no início de seu êxito internacional contribuiu para limpar o palco de todos os naturalismos, seja nos adereços ou na forma de atuação – já se tornou marca registrada e se repete a cada nova encenação. Isso não é novidade. Em uma miscelânea de tantos gêneros pop como Shakespeares Sonette, no entanto, o modelo formal de Bob Wilson quase perde a intenção de seriedade, parecendo mais uma citação de si mesmo.

Autora: Simone Lopes

Revisão: Roselaine Wandscheer