segunda-feira, 30 de março de 2009

Oiticica por ele mesmo

João Pombo Barile
A obra de Hélio Oiticica vai virar cinema. Durante os próximos dois anos, a equipe de gravação da Guerrilha Filmes, comandada por César Oiticica Filho, sobrinho de Hélio, percorrerá diversos museus em todo o planeta filmando obras e recuperando material inédito do artista performático morto em 1980. Para a realização do longa-metragem, com o título provisório de "Hélio Oiticica - Delirium Ambulatorium" e que deve ficar pronto em 2010, César esteve no mês passado no Centro de Arte Contemporânea Inhotim. Ele veio filmar a obra "Magic Square nº 5 - De Luxe (1978)", inaugurada no ano passado no museu. "A ideia de fazer o documentário surgiu quando eu estava organizando a exposição ‘Quasi-Cinemas’, em 2001", conta César Filho. "No meio da turnê, que foi para Nova York, Londres e Colônia, encontrei uma série de 12 rolos em Super-8.

Casaco de general. Hélio Oiticica em uma foto tirada no final dos anos 60

Vi então que eram vários filmes do Hélio que, até aquele momento, não constavam de seu catálogo. Pensávamos que ele tinha feito um único filme, o ‘Agripina é Roma-Manhattan’, de 1972." César conta que, também em 2001, reeditando alguns "héliotapes", se deu conta da riqueza de um grande material em áudio, onde o artista falava de seu trabalho e que até hoje era ignorado. "Nesses héliotapes, ele entrevista, é entrevistado, ou às vezes manda uma carta para amigos como o Waly Salomão e Augusto de Campos. Percebi então que esse material já era o filme", revela. Além dos 12 rolos em Super-8 e os "héliotapes", uma entrevista dada pelo artista ao jornal "Folha de S.Paulo" no final dos anos 70, no qual participou o compositor Jards Macalé, completa o material que servirá como uma espécie de roteiro para o filme.

O rolo sumido. Mas será mesmo uma entrevista dada por Hélio, em 1969 para a BBC de Londres, que poderá mudar os rumos do filme de César. O rolo com o tape da fita, desaparecido há 40 anos, é procurado como uma verdadeira relíquia pela produção do filme na Inglaterra. "Na época ele estava fazendo uma exposição individual na galeria Whitechapel em Londres e que foi organizada pelo crítico de arte Guy Brett. Sei que foi uma matéria grande, de aproximadamente 20 minutos. Mas onde este rolo foi parar? Este é o problema", explica. César acredita que seu filme possibilitará que muito mais gente tome contato com a obra de Hélio. Para ele, é fundamental que o público tenha acesso ao discurso do artista. "Colocar a versão do Hélio sobre os fatos é muito importante. Nos dias de hoje, o discurso do curador ganhou uma dimensão tão grande dentro das artes plásticas que o que você vê são geralmente exposições de curadores. Acho importante que se dê voz ao artista", finaliz.
História

1968 foi o ano em que a bandeira "Seja Marginal, seja Herói", de Oiticica, foi exibida no show de Caetano Veloso na boate Sucata, no Rio

"Você não é o maior cineasta brasileiro?

Ivan Cardoso é o cineasta que mais filmou Hélio em vida. O mestre do terrir produziu dois filmes sobre o artista: "HO", de 1979, e "Heliorama", de 2004. "Hélio sempre foi muito especial para mim. Ele tinha grande admiração pelo meu trabalho", confessa Cardoso. "Volta e meia ele brincava comigo: ‘Você não é o maior cineasta brasileiro?’", Cardoso não esconde o orgulho de ter sido escolhido por Hélio para dirigir um filme sobre sua obra. "O Oiticica era amigo de vários cineastas importantes, mas quem ele escolheu para fazer um documentário sobre a sua trajetória fui eu". (JPB)

sábado, 28 de março de 2009

Revisões e propostas para o circuito de arte em debate

Evento tratou da criação de estratégias para área voltada à minoria da população

Camila Molina do Estadão

O Instituto Inhotim, centro de arte contemporânea aberto ao público em 2006 em Brumadinho, em Minas Gerais (a 60 Km de Belo Horizonte), não é um museu, como diz seu criador, o colecionador Bernardo Paz, "é uma ideia", e não há nada igual no País. É um lugar privilegiado, com milhões de metros quadrados imerso em bela paisagem e em expansão, em que galerias abrigam obras de arte contemporânea da coleção particular de Paz, com predomínio de instalações, criadas por artistas nacionais e estrangeiros de destaque - como Cildo Meireles, Tunga, Doris Salcedo, Olafur Eliasson e Hélio Oiticica - e se espalham pelo grande parque com projeto paisagístico de Burle Marx (1909-1994).

Nesse centro, onde os artistas são convidados a criar obras especialmente para o local, assim como é uma "coleção viva" de centenas de espécies botânicas, ocorreu na semana passada o seminário Revisões e Propostas: Desafios para o Circuito de Arte Brasileiro, que contou com a participação de personalidades do meio, foi aberto ao público e ganhará uma versão impressa.

Num momento em que se pedem ações concretas para além do debate - em âmbito maior, as mudanças na Lei Rouanet são o tema principal, mas no meio das artes visuais vê-se uma profusão de seminários que ficam, infelizmente, só na esfera da discussão, como o que ocorreu durante no ano passado para tratar da crise da Bienal de São Paulo dentro da 28ª edição do evento - Revisões e Propostas, realizado pela parceria entre Instituto Inhotim, Ministério da Cultura (MinC) e Fundação Athos Bulcão, teve, na fala da maioria dos palestrantes e nas incursões veementes de Bernardo Paz ao longo dos debates, a preocupação com a urgência.

"O governo acha que arte é para a elite e que museu é museu de artesanato", disse Paz, que afirmou em outro momento gastar R$ 18 milhões por ano em Inhotim sem uso de incentivos fiscais - segundo ele, um pedido para o MinC de ajuda de R$ 4 milhões para manutenção do centro de arte foi recusado pelo Iphan por causa dos custos com jardinagem. Ao mesmo tempo, um dado levado por Afonso Henrique Luz, representante do ministério, permeou todo o seminário: 93,4% dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nunca foi a uma exposição e o desafio é o de transformar o cenário em que apenas 6% participam, uma expressa minoria.

A primeira mesa do evento foi oportuna, com a presença dos críticos Paulo Sergio Duarte, Glória Ferreira, Celso Fioravante, Luisa Duarte e o jornalista Marcelo Rezende. Sob o tema Crítica de Arte e Projetos Editoriais: Estratégias de Inserção, ficou ???vigente que o campo é de faltas: a de críticos especializados - Paulo Sergio usou de ironia para falar que neste momento de crise talvez fosse melhor "corrigir o tráfico de conceitos" -; a de meios e publicações; de bibliotecas para se encontrar as informações e fontes. Rezende também lançou provocação: "É possível o circuito de arte se emancipar de si mesmo?", indagou sobre uma hierarquia dos censos de ignorância e de sabedoria - afinal, grande parcela do público acredita que o que há no museu não é para eles.

A segunda mesa sobre a crise da Bienal se tornou redundante, mas a terceira, sobre Estratégias de Formação de Acervo, com falas de Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, e de Ricardo Resende, que acaba de assumir o cargo da coordenador de artes visuais da Funarte, rendeu propostas. Araújo falou das estratégias de parcerias e doações (colecionadores, artistas e galerias) que ajudaram a Pinacoteca nos últimos cinco anos a aumentar em 40% seu acervo. Já Resende investiu sua fala na importância dos editais, "o meio mais democrático".

sexta-feira, 27 de março de 2009

Bienal de Havana começa com baratas gigantes e obra de artista brasileiro

Da France Presse

HAVANA, Cuba, 27 Mar 2009 (AFP) - Dez baratas com rostos humanos de dois metros de comprimento subiam pela fachada do Museu Nacional de Belas Artes de Cuba, que abriga a X Bienal de Havana, uma festa da arte internacional que tem como um dos destaques a obra do fluminense Ronald Duarte.

"Sobreviventes" foi o nome escolhido para a instalação do pintor cubano Roberto Fabelo, Prêmio Nacional de Arte 2004, "uma evocação do sentido kafkiano do mundo atual. Dizem que, depois de uma guerra nuclear, as baratas serão as únicas sobreviventes", explicou à AFP a curadora Hortensia Montero.

A Bienal abre suas portas nesta sexta-feira na antiga fortaleza de San Carlos de la Cabaña, onde o pintor brasileiro Ronald Duarte apresentará sua performance "Nuvens de Obbatalá", sobre a violência urbana.

A mostra de Duarte figura entre as 140 exposições pessoais, 12 projetos coletivos e mais de 100 mostras colaterais que animarão até o dia 30 de abril o espaço da Bienal, da qual participam mais de 300 artistas, metade deles da América Latina; Brasil, México e Colômbia são os países mais representados.

ANUNCIADOS OS PARTICIPANTES NA 53ª BIENAL DE VENEZA

fonte: artecapital.net

Foram anunciados os artistas que participarão na 53ª edição da Bienal de Veneza, com curadoria de Daniel Birnbaum e sob o tema “Fare Mondi”. Birnbaum, reitor da Staedelschule Frankfurt/Maem e do museu Kunsthalle Portikus desde 2001, preparara uma mostra com mais de 90 artistas de todo o mundo, que será apresentada no Palazzo delle Esposizioni, no Giardini e no Arsenale.


ARTISTAS PARTICIPANTES:

>Jumana Emil Abboud. Nascida em Shefa-Amer, Palestina em 1971, vive e trabalha em Jerusalém.

>Georges Adéagbo. Nascido em Cotonou, Benin, em 1942, vive e trabalha em Cotonou.

>John Baldessari. Nascido em National City, EUA, em 1931, vive e trabalha em Santa Monica.

>Rosa Barba. Nascida em Agrigento, Itália, em 1972, vive e trabalha em Berlim.

>Massimo Bartolini. Nascido em Cecina, Itália, em 1962, vive e trabalha em Cecina, Itália.

>Thomas Bayrle. Nascido em Berlim em 1937, vive e trabalha em Frankfurt.

>Simone Berti. Nascido em Adria, Itália, em 1966, vive e trabalha em Milão e Berlim.

>Bestué /Vives. Nascido em Barcelona em 1980 e 1978. They live e work em Barcellona.

>Mike Bouchet. Nascido em Castro Valley, EUA, em 1970, vive e trabalha em Frankfurt.

>Ulla Von Breenburg. Nascida em Karlsruhe em 1974, vive e trabalha em Paris.

>Eré Cadere. Nascido em Varsóvia em 1934. Morreu em Paris em 1978.

>Paul Chan. Nascido em Hong Kong em 1973, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Chen Zhen. Nascido em Shanghai em 1955. Morreu em Paris em 2000.

>Nikhil Chopra. Nascido em Calcutá em 1974, vive e trabalha em Mumbai, Índia.

>Chu Yun. Nascido em Jiangxi, China, em 1977. He liveas e works em Pechino.

>Tony Conrad. Nascido em Concord, EUA, em 1940, vive e trabalha em Buffalo e Nova Iorque.

>Keren Cytter. Nascida em Tel Aviv em 1977, vive e trabalha em Berlim.

>Nathalie Djurberg. Nascida em Lysekil, Suécia, em 1978, vive e trabalha em Berlim.

>Anju Dodiya. Nascida em Mumbai em 1964, vive e trabalha em Mumbai.

>Gino De Dominicis. Nascido em Ancona, Itália, em 1944. Morreu em Roma em 1998.

>Elena Elagina (Moscovo, 1949) e Igor Makarevich (Trialety, Georgia, 1943). Vivem e trabalham em Moscovo.

>Öyvind Fahlström. Nascido em São Paulo em 1928. Morreu em Estocolmo em 1976.

>Lara Favaretto. Nascido em Treviso, Itália em 1973, vive e trabalha em Turim, Itália.

>Hans-Peter Feldmann. Nascido em Düsseldorf, Alemanha, em 1941, vive e trabalha em Düsseldorf.

>Spencer Finch. Nascido em New Haven, EUA, em 1962, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Ceal Floyer. Nascida em Karachi, Paquistão, em 1968, vive e trabalha em Berlim.

>William Forsythe. Nascido em Nova Iorque em 1949, vive e trabalha em Frankfurt.

>Yona Friedman. Nascida em Budapeste em 1923, vive e trabalha em Paris.

>Dominique Gonzalez-Foerster. Nascida em Estrasburgo, França, em 1965, vive e trabalha em Paris.

>Sheela Gowda. Nascida em Bhadravati, Índia, em 1957, vive e trabalha em Bangalore, Índia.

>Tamara Grcic. Nascida em Munich em 1964, vive e trabalha em Frankfurt.

>GUTAI Akira Kanayama. Nascida em em Nara, Japão, 1924. Morreu em 2005.

>Sadamasa Motonaga. Nascido em Iga, Japão, em 1922, vive e trabalha em Takarazuk, Japão.

>Saburo Murakami. Nascido em Kobe, Japão, 1925. Morreu em Nishinomiya, Japão, em 1996.

>Shozo Shimamoto. Nascido em Osaka, Japão, em 1928, vive e trabalha em Kyoto.

>Kazuo Shiraga. Nascido em Amagasaki, Japão, 1924. Morreu em 2008.

>Atsuko Tanaka. Nascido em Nara, Japão, em 1932. Morreu em 2005.

>Tsuruko Yamazaki. Nascida em Ashiya, Japão, em 1925, vive e trabalha em Ashiya.

>Jiro Yoshihara. Nascido em Osaka, Japão, em 1905. Morreu em Ashiya, Japão, em 1972.

>Michio Yoshihara. Nascido em Ashiya, Japão, em 1933. Morreu em 1996.

>Guyton\\Walker (Índiana, EUA, 1972); (Georgia, EUA, 1969). Vivem e trabalham em Nova Iorque.

>Gonkar Gyatso. Nascido em Lhasa, Tibete, em 1961, vive e trabalha em Londres.

>Jan Håfström. Nascido em Estocolmo em 1937, vive e trabalha em Estocolmo.

>Anawana Haloba. Nascido em Livingstone, Zâmbia, em 1978, vive e trabalha em Oslo.

>Rachel Harrison. Nascida em Nova Iorque em 1966, vive e trabalha em Nova Iorque.

>SEUAn Hefuna Nascida no Cairo, Egipto, em 1962, vive e trabalha no Egipto e Alemanha.

>Carsten Höller. Nascido em Bruxelas em 1961, vive e trabalha em Estocolmo.

>Huang Yong Ping. Nascido em Quanzhou, China, em 1954, vive e trabalha em Paris.

>Joan Jonas. Nascida em Nova Iorque em 1965, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Mirea July. Nascida em Barre, EUA, em 1974, vive e trabalha em Los Angeles.

>Rachel Khedoori. Nascida em Sydney em 1964, vive e trabalha em Los Angeles.

>Toba Khedoori. Nascida em Sydney, em 1964, vive e trabalha em Los Angeles.

>Koo Jeong A. Nascida em Seoul em 1967, vive e trabalha em Paris.

>Moshekwa Langa. Nascido em Bakenburg, South Africa, em 1975, vive e trabalha em Amesterdão.

>Arto Lindsay. Nascido em Richmond, EUA, em 1953, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

>Renata Lucas. Nascida em Ribeirão Preto, Brasil, em 1971, vive e trabalha em São Paulo.

>Goshka Macuga. Nascida em Varsóvia em 1967, vive e trabalha em Londres.

>Gordon Matta-Clark. Nascido em Nova Iorque em 1943. Morreu em 1978.

>Cildo Meireles. Nascido no Rio de Janeiro em 1948, vive e trabalha em Rio de Janeiro.

>Aleksera Mir. Nascida em Lubin, Polónia, em 1967, vive e trabalha em Palermo, Itália.

>Yoko Ono. Nascida em Tokyo em 1933, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Jorge Otero-Pailos. Nascido em Madrid em 1971, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Blinky Palermo. Nascido em Lipsia, Alemanha, em 1943. Morreu em Kurumba, Maldivas, em 1977.

>Lygia Pape. Nascida em Novo Friburgo, Brasil, 1927. Morreu no Rio de Janeiro em 2004.

>Anna Parkina. Nascida em Moscovo em 1979, vive e trabalha em Moscovo.

>Philippe Parreno. Nascido em Orano, Algery, em 1964, vive e trabalha em Paris.

>Pavel Pepperstein. Nascido em Moscovo em 1966, vive e trabalha em Moscovo.

>Alessero Pessoli. Nascido em Cervia, Itália, em 1963, vive e trabalha em Milão.

>Falke Pisano. Nascido em Amsterdam em 1978, vive e trabalha em Amesterdão.

>Michelangelo Pistoletto. Nascido em Biella, Itália, em 1933, vive e trabalha em Biella.

>Att Poomtangon. Nascido em Bangkok em 1973, vive e trabalha em Frankfurt e Chiangmai, Tailândia.

>Marjetica Potrč. Nascida em Liubliana, Eslovénia, em 1953, vive e trabalha em Liubliana.

>Sara Ramo. Nascida em Madrid em 1975, vive e trabalha em Paris.

>Tobias Rehberger. Nascido em Esslingen, Alemanha, em 1966, vive e trabalha em Frankfurt.

>Pietro Roccasalva. Nascido em Modica, Itália, em 1970, vive e trabalha em Milão.

>Tomas Saraceno. Nascido em Tucuman, Argentina, em 1973, vive e trabalha em Frankfurt.

>Amy Simon. Nascida em Nova Iorque em 1957, vive e trabalha em Estocolmo e Tel Aviv.

>Simon Starling. Nascido em Epsom, UK, em 1967, vive e trabalha em Copenhaga e Berlim.

>Pascale Marthine Tayou. Nascido nos Camarões, África, em 1967, vive e trabalha em Bruxelas.

>Wolfgang Tillmans. Nascido em Remscheid, Alemanha, em 1968, vive e trabalha em Londres.

>Rirkrit Tiravanija. Nascido em Buenos Aires em 1961, vive e trabalha em Nova Iorque.

>Grazia Toderi. Nascida em Padua, Itália, em 1963, vive e trabalha em Milão.

>Madelon Vriesendorp. Nascida em Bilthoven, Países Baixos, em 1945, vive e trabalha em Londres.

>Tian Tian Wang. Nascida em Qingdao, China, em 1980, vive e trabalha em Berlim.

>Richard Wentworth. Nascido em Samoa, Oceania, em 1947, vive e trabalha em Londres.

>Pae White. Nascido em Pasadena, EUA, em 1963, vive e trabalha em Los Angeles.

>Cerith Wyn Evans & Florian Hecker (Llanelli, Galles, 1958); (Augusta, Alemanha, 1975).

>Evans vive e trabalha em Londres. Hecker vive e trabalha em Viena.

>Xu Tan. Nascido em Wuhan, China em 1957, vive e trabalha em Shanghai e Guangzhou,China.

>Haegue Yang. Nascida em Seoul em 1971, vive e trabalha em Berlim e Seoul.

>Héctor Zamora. Nascido na Cidade do México 1974, vive e trabalha em São Paulo.

>Anya Zholud. Nascida em St. Peterbourg, Rússia, 1981, vive e trabalha em Moscovo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Paulo Brusky e José Paulo expõem na 10ª Bienal de Havana

Os artistas plásticos Paulo Brusky e José Paulo estão fazendo as malas para seguir para Havana, em Cuba. Na bagagem, a trajetória artística de ambos, que estarão representando Pernambuco na 10ª Bienal de Havana, desta sexta-feira (27) até a segunda (30). A viagem recebe o apoio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) – que informou ter investido cerca de 50% dos R$ 250 mil totais.

É a primeira vez que o estado ganha uma sala especial na bienal, com o pioneirismo de Paulo Brusky. Localizada na Galeria Rubén Martinez Villena, na Biblioteca Pública em frente à Plaza de Armas, a sala exibirá, a pedidos da organização, não obras recentes, mas um panorama de todos os seus 40 anos de trajetória artística. Serão cerca de 150 itens datados de 1969 a 2009. Entre eles, Arte Correio, Xerografia, Poema Processo/ Poesia Visual/ Experimental, Fax Arte, Fotolinguagem e também filmes sobre a vida do artista e registros de suas intervenções urbanas.

A sala especial também receberá o livro Paulo Bruscky: Arte em Todos os Sentidos, escrito pela jornalista Cristiana Tejo. Com cerca de 120 páginas, a publicação falará, em três idiomas - português, inglês e espanhol - da trajetória do artista.

Já José Paulo, que tem construído carreira ascendente, promete fazer um apanhado de suas melhores obras. O artista tem na bagagem participações em eventos como Otras Contemporaneidades, (Bienal de Valencia, Espanha); Trienal Poli-Gráfica (San Juan, em Porto Rico); Repetir, Repetir, Repetir (Museu de Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro); e a Territoires Transitorir (exposição que aconteceu em Paris, em homenagem ao ano Brasil-França).

A Bienal de Havana acontece há 25 anos, e é considerada como um dos eventos da área mais prestigiado, em todo o mundo. Neste ano, o tema será Resistência e Integração na Era Global, e espera reunir mais de 200 artistas de 44 países.

quarta-feira, 25 de março de 2009

CLAUDE LÉVÊQUE REPRESENTA FRANÇA NA BIENAL DE VENEZA

fonte: site ArteCapital. net


Claude Lévêque irá apresentar Le Grand Soir no pavilhão francês da 53ª edição da Bienal de Veneza este ano. O artista selecionou o curador Christian Bernard, que é o diretor do Musée d’Art Moderne et Contemporain (MAMCO) em Genève, para apoiá-lo no seu projeto.

2007, Soleil noir

Lévêque nasceu em 1953 em Nevers, França, e trabalha e vive em Montreuil e Pèteloup. É considerado há anos um dos grandes artistas do cenário francês e é conhecido por desenhar sobre a cultura popular e o quotidiano para criar ambientes e objetos que usam técnicas sensoriais como o som e a luz.

2007, Tous les soleils

Expôs em instituições de renome por todo o mundo, incluindo o P.S. 1 em Nova Iorque, MAMCO em Genève, o Hamburger Banhof em Berlim e o Musée d’Art Modern em Paris. Para a ocasião da sua apresentação em Veneza, a Culturesfrance, o Centre National des Arts Plastiques e o Flammarion co-publicam uma monografia sobre a sua obra.

Espetacular: http://www.claudeleveque.com

segunda-feira, 23 de março de 2009

Maquete de favela brasileira, uma das atrações da Bienal de Havana

HAVANA, Cuba (AFP) — Uma maquete de quatro metros quadrados representando a favela mineira de "Nossa Senhora de Fátima" será uma das atrações da X Bienal de Havana, que abre suas portas na próxima sexta-feira.

A obra já está sendo montada pelo artista Sergio Cezar, conhecido como "o arquiteto do papelão", na antiga fortaleza colonial de San Carlos de la Cabaña, sede principal da Bienal.

"Trata-se de uma obra que fala das imensas possibilidades criativas do ser humano", afirma o artista, explicando que se trata de uma maquete em escalar menor da que ele montou em seu país com a ajuda dos moradores da citada favela da capital mineira.

"Vivemos num mundo que está num momento muito delicado em relação à natureza. Todas as obras que serão reunidas na Bienal mostram a possibilidade de uma mudança no presente para um futuro melhor", acrescentu o artista, que fez sua obra com material reciclado do lixo.

Bienal de Veneza foge da crise em sua 53ª edição

fonte EFE


Roma, 23 mar (EFE).- A Bienal de Veneza, na Itália, tentará fugir da crise econômica e da arte como mercadoria em sua 53ª edição, graças à visão "não obsessiva com os objetos únicos" do diretor e curador da divisão de arte do evento, o sueco Daniel Birnbaum.

Durante a cerimônia de apresentação da Bienal, que estará aberta ao público entre 7 de junho e 22 de novembro sob o lema "Fare Mondi" (Criando Mundos), a crise foi mencionada apenas duas vezes, a primeira delas quando Birnbaum anunciou que o evento "não reagirá excepcionalmente" às dificuldades econômicas globais.

O curador deu como exemplo a arte de Yoko Ono, que será premiada neste ano com o Leão de Ouro pelo conjunto de sua carreira, para descrever uma edição na qual a Bienal de Veneza estará "mais próxima de outra economia, que foge dos objetos preciosos".

Entre os artistas convidados há figuras de reconhecido prestígio, como o pintor espanhol Miquel Barceló, como outros de países recém chegados ao circuito internacional da arte, como o indiano Nikhil Chopra.

A projeção internacional da mostra ficou patente durante a apresentação, quando diversos jornalistas fizeram perguntas sobre a participação até então inédita de países como Irã e Israel.

O presidente do evento, Paolo Baratta, explicou que a Bienal contará com a participação de 77 países - entre eles o Brasil -, a maior da história da mostra.

Francesco Prosperetti, o diretor-geral do Parc, organismo do Governo italiano responsável pela tutela e pela qualidade da arte contemporânea e da arquitetura, foi outro que mencionou a crise econômica durante seu discurso e afirmou que a Bienal de Veneza também deve "suportar cortes nas despesas".

No entanto, Prosperetti deu como exemplo do esforço feito pela organização as várias ampliações da estrutura expositiva que terão início neste ano, mesmo com menos recursos.

A primeira grande mudança é a criação do Novo Palácio de Exposições chamado de "Área dos Jardins", o qual, nas palavras de Baratta, representa "pela primeira vez na história da Bienal uma sede onde será possível desenvolver atividades permanentes, de forma paralela às festividades e às grandes exposições".

O novo edifício, que se chamará Palácio de Exposições da Bienal, terá acesso disponível ao público durante todo o ano e vai abrigar a biblioteca do Arquivo Histórico das Artes Contemporâneas daqui a uma década.

A 53ª edição da Bienal de Veneza também quis dar um papel mais importante à Itália, país que a partir de agora ocupará um pavilhão de 1.800 metros quadrados, quase duas vezes maior que o anterior.

Outra mudança para este ano é a volta do edifício "Ca' Giustinian" como parte da mostra, graças a um acordo com a Prefeitura de Veneza que previa a restauração da sede histórica.

A última grande novidade da estrutura da edição deste ano é a criação de uma nova ponte que une a zona do Arsenal com a dos jardins, uma infraestrutura que dará coesão aos diversos recintos.

Em seu discurso, Baratta que a terceira sede do evento será a própria cidade de Veneza, graças aos diversos atos paralelos que estão programados por instituições como a Coleção Peggy Guggenheim e o Palazzo Grassi. EFE

sexta-feira, 20 de março de 2009

Mostra de arte brasileira não terá artistas nacionais

por Fabio Cypriano da Folha de S.Paulo


Depois da polêmica Bienal do Vazio, no ano passado, que deixou um andar do pavilhão no Ibirapuera sem produções artísticas, a controvérsia do mundo das artes plásticas nacionais deste ano promete ser o 31º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), previsto para ser aberto no dia 10 de outubro.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, 43, a mostra bienal não terá artistas brasileiros, ao contrário do que indica seu título, mas estrangeiros que estabeleçam algum diálogo com a cultura local ou estejam vinculados a um tipo de produção que ele considere brasileira.

"Minha primeira ideia foi organizar um panorama de arte latino-americana, que acabou amadurecendo nessa ideia de arte brasileira feita por estrangeiros. Esse projeto também reflete minha percepção de que a programação das instituições na cidade é majoritariamente com brasileiros", disse Pedrosa à Folha, na sede do MAM.

Curador da exposição, Adriano Pedrosa, emfrente ao MAM

Criado em 1969 e transformado em evento bienal em 1995, o Panorama visava até então apresentar uma leitura da produção brasileira contemporânea, tendo sido organizado por curadores como Ivo Mesquita, em 1995, ou o cubano Gerardo Mosquera, em 2003, que agregou três estrangeiros à mostra, entre 19 artistas.

A proposta de não incluir artistas brasileiros significaria que a produção nacional anda fraca? "Estou flexibilizando uma noção ossificada de 'arte brasileira', questionando-a. O 'brasileiro' nesse contexto deixa de ser nacionalista. Parece-me pertinente, pois o Brasil e a arte brasileira sempre foram muito abertos", diz Pedrosa.

Residências

Outra inovação será a realização de residências artísticas para estrangeiros, como ocorreu na 27ª Bienal de SP (2006), na qual Pedrosa foi cocurador.

Assim como daquela vez, a Faap irá acolher os artistas em um edifício na praça Patriarca. Esse tipo de procedimento, contudo, teve início antes na carreira do curador: "O projeto de residências é algo que primeiro desenvolvi com a Luisa Lambri, uma italiana que fez fotografias de arquitetura brasileira, em 2003. É um bom exemplo de 'arte brasileira', nesse sentido ampliado".

Pedrosa pretende selecionar cerca de 30 nomes para a mostra: "Meu objetivo é buscar artistas que estabeleçam uma relação mais profunda com a cultura brasileira, como o Superflex [da Dinamarca], que trabalhou com o guaraná Power, ou a [francesa] Dominique Gonzalez-Foerster, que já trabalhou com muitas referências nossas e vive no Rio".

Cerca de metade da seleção, ainda segundo Pedrosa, deve participar do programa com a Faap: "Nas residências, vamos convidar de dez a 15 artistas que potencialmente possam desenvolver uma relação com o país, não apenas para realizar uma obra para o Panorama mas para algo muito além disso. Trata-se assim de reunir artistas estrangeiros que já produzam 'arte brasileira' e oferecer possibilidades para que outros também o façam".

Mais que polêmica, a proposta de Pedrosa é ambiciosa: é possível definir como brasileiro um trabalho de arte contemporânea, independentemente de quem o realize? Essa foi, afinal, uma das questões fundamentais dos modernistas brasileiros, que nunca conseguiram chegar a uma conclusão.

Bienal em NY

Com caráter similar ao do Panorama, apesar de criada em 1932, a Bienal do Whitney --museu sediado em Nova York e dedicado à produção norte-americana-- há oito anos flexibilizou a restrição para que apenas artistas nascidos nos EUA fizessem parte da mostra.

Há dez anos, na revista "Poliéster", Pedrosa criticou a Bienal do Whitney por sua condição restritiva. Já na última edição, em 2008, por exemplo, participaram o suíço Olaf Breuning, o venezuelano Javier Téllez e o israelense Omer Fast, ainda que os primeiros dois vivam nos EUA.

Em edições anteriores, fizeram parte os brasileiros Vik Muniz e Karim Aïnouz.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Akram Zaatari

28 March - 24 May 2009

Galeriestraße 4

80539 München, Germany


http://www.kunstverein-muenchen.de


Akram Zaatari - "This Day. Akram`s audio recordings. Basf cassette", 2007
Color light-jet print, 49 x 40 cm - Courtesy the Artist & Sfeir-Semler Gallery

Kunstverein München is pleased to present the first survey exhibition of Lebanese artist Akram Zaatari (*1966 Saida, Lebanon)

Zaatari studies the cultural and political conditions of the Lebanon's postwar society, dedicating part of his research to the phenomenon of the national resistance movements, underlining the limitations in the representation of territorial conflicts ('All Is Well on the Border', 1997, 'In This House', 2005 and 'Nature Morte', 2008). In his feature length film 'This Day', 2003 Zaatari presents a geographical and mental voyage that comments on the production and circulation of images across the Middle East. "In these moments, film ceases to be part of "an uninterrupted chain of images over which we have lost all power" and is transformed into a tool for investigating how, and in whose interests, images are assigned meaning in the world. The active role of the viewer in that investigation echoes the challenge that for example Godard and Miéville issue at the end of their film: "To learn to see in order to hear elsewhere. To learn to hear one's self speaking in order to see what others are doing. The others, the elsewhere of our 'here'." (Hannah Feldman)

As co-founder of the Arab Image Foundation in Beirut, collecting, archiving and analysing the visual history of the Middle East form the basis of Zaataris work. His 'Madani Project' for example, is an extensive investigation in to the archive of the photographer Hashem el Madani (*1928), studying social relationships in relation to portrait photography and the urban history of the city Saida.

Akram Zaatari`s artistic practice is an ongoing study of historical photographic documents, and there correlation to personal histories - confronting personal with historical political events. Presenting the history of intimate everyday experiences, as a parable for the political and cultural shifts taking place in Beirut and across the Middle East.

Akram Zaatari (*1966 Saida, Lebanon) lives and works in Beirut.
Solo exhibitions: 2006, Paris Photo La Caixa (Barcelona); 2005, Grey Art Gallery (New York); 2004 Portikus, Frankfurt; 2002, Palais des Beaux Arts (Brüssel). Group exhibitions: 2008, Centre Georges Pompidou (Paris); 2007, 52. Biennale, Venice; 2006, Sao Paulo Biennale, Gwangju Biennale (Korea), Sydney Biennale.


Talks & Screenings

Sunday, 29 March 2009, 3 pm:
Artisttalk
Akram Zaatari, Suzanne Cotter (Curator, Modern Art Oxford) and Stefan Kalmár (Director, Kunstverein München)

Sunday, 26 April 2009, 5 pm:
Filmscreening
'This Day' ('Al Yaoum') 2003, 86 min, Akram Zaatari
At Werkstattkino, Frauenhoferstrasse 9, 80469 München

Sunday 5 May 2009, 5 pm:
Filmscreening
'All Is Well On The Border' ('Al-Sharit Bikhayr') 1997, 43 min, Akram Zaatari
'Here and Elsewhere' ('Ici et Ailleurs') 1975, 67 min, Jean-Luc Godard
At Werkstattkino, Frauenhoferstrasse 9, 80469 München

quarta-feira, 18 de março de 2009

MERECE NOTA

Jorge Macchi no Iberê

O artista plástico argentino Jorge Macchi – um dos três homenageados da última Bienal do Mercosul, em 2007, com uma grande exposição no Santander Cultural – está de volta a Porto Alegre. Amanhã, às 18h30min, no auditório da Fundação Iberê Camargo (Avenida Padre Cacique, 2.000), ele fala sobre sua trajetória e mostra imagens de seu trabalho. A entrada é franca. Macchi é o atual convidado do programa Ateliê de Gravura, que chama artistas contemporâneos para trabalhar na velha oficina de gravura de Iberê Camargo.
JIMMIE DURHAM
Pierres Rejetées ...

por Sílvia Guerra do ArtCapital.net


MUSÉE D’ART MODERNE DE LA VILLE DE PARIS
Avenue du President Wilson, 11
75116 PARIS
30 JAN - 12 ABR 2009

O último nativo americano em Paris

“Art is in the not ending-ness of the experience”

“Foi no Iraque que se construiu a primeira cidade. Era a cidade de Gilgamesh e foi também sob o seu reinado que nasceu a primeira linguagem escrita. Tudo começou com ele e com a forma como construiu a cidade. “

“... Queria criar contra a arquitectura monumental europeia então comecei a atirar pedras como um instrumento, o meu instrumento, contra frigoríficos, televisores e automóveis e finalmente sobre um avião mas basta ir a um cemitério para ver como são delicadas as pedras.” > Jimmie Durham

Como o vídeo “Pursuit of happyness” (2002) testemunha, um jovem artista, pode querer “queimar” as suas origens e sair do seu país natal, onde a institucionalização dos valores e da verdade o incomodam. Neste filme, Joe Hill, alter ego de Jimmie Durham, protagonizado por Anri Sala (Albânia,1974), inicia uma recolha itinerante de objectos, num mítico on the road americano. Segue-se uma primeira exposição aclamada pelo público; o galerista paga-lhe generosamente e o artista decide queimar a roulotte onde vivia e partir para o velho continente.

O Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris apresenta uma exposição monográfica consagrada a Jimmie Durham que reúne os últimos 15 anos da sua produção artística na Europa. O seu título provém da expressão pedras rejeitadas pelos construtores do Salmo 118 - 22 da Bíblia, que se refere ao sistema hierárquico do Estado, que o artista rejeita. Nele o arquitecto detém o poder de construir e destruir a Cidade regendo a vida dos cidadãos. Imaginemos, porém, que não conhecemos este artista, nem qualquer facto real sobre a sua vida ou obra e começamos a nossa visita à exposição, onde as obras nos parecem frescos, readymades, dos anos 2000.
Jimmie Durham, “Encore tranquillité”, 2008. Avião, pedra. 150 x 860 x 860 cm.
Cortesia de Pury & Luxembourg, Zurich. © Roman März


Na entrada do Museu encontramos a peça que foi capa da revista Artforum de Janeiro de 2009: “Encore tranquilité” (2008) que consiste de um avião partido em dois por uma enorme pedra. A obra é impressionante, exposta no sopé da escadaria do museu, junto da “Fée Electricité” de Raoul Dufy, a lançar um sortilégio do alto das escadas. Subimos para o primeiro andar do edifício onde se estende a monografia e deparamos com os auto-retratos fotográficos do artista (“Self-portraits” de 1995 a 2006) sob uma máscara de Maria Thereza Alves ou de Rosa Lévy. Prosseguimos com as esculturas de grandes dimensões que fazem o tour da história de arte Ocidental, reinventada por Durham e onde a intervenção com pedras é visível. Expõe-se também os vídeos realizados em co-autoria com a sua companheira, a artista americano-brasileira Maria Thereza Alves que datam da chegada do casal à Europa em 1994 até hoje. Por vezes são solilóquios do artista ao telefone, em frente à câmara, ou registos arquivísticos de ateliers com jovens artistas como o realizado para a Fondazione António Ratto, em Como, na Itália (2004), onde entre os participantes se contava Mário Garcia Torres.

Chegamos a uma grande sala onde estão dispostos diversos bidões de petróleo numa instalação. A peça intitula-se “Sweet life crude” (2008), e cada bidão pintado em doces tons pastel tem uma palavra inscrita como: puro, amor, fraternidade, etc.; depois voltamos aos “self-portraits” de Jimmie Durham, com cores guerreiras no rosto. Passamos ainda por “Saint Frigo” (1996), uma obra que pertence à colecção do Ministério da Cultura português. Talvez por mérito de Isabel Carlos subdirectora do Instituto de Arte Contemporânea entre 1996 e 2001, que também levou Durham a realizar a sua primeira obra de grandes dimensões para a Bienal de Sidney em 2004: “Still Life with Stone and Car”, um Ford Festiva vermelho esmagado por uma enorme pedra pintada com um rosto humano.

“Saint Frigo” é uma das primeiras experiências de Jimmie Durham no seu processo de alteração dos objectos, de “modelagem” escultórica através do lançamento de pequenas pedras; muitas vezes os objectos que utiliza estão destinados a ir para a sucata, como é o caso do mono-motor ex libris desta exposição, ou a serem vendidos a África por não possuírem as condições de segurança exigidas pela União Europeia. Ele transforma estes objectos industriais pela sua intervenção artística em objectos de colecção “salvando-os do desprezo do homem”. Finalmente, numa vitrina de grandes dimensões expõe-se pequenos objectos que são fósseis petrificados de pecorino italiano, nuvens, salame entre outras, que se intitulam “The Dangers of Petrification” (1996–2007).
Jimmie Durham, “He said I was always juxtaposing, but I thought he said just opposing.
So to prove him wrong I agreed with him..., 2005. Cortesia de Pury & Luxembourg, Zurique

Saímos da exposição com um pequeno sorriso à Mona Lisa, mas sentimos que precisamos de saber mais sobre a pré-historia destas pedras rejeitadas...
Rewind ... Jimmie Durham é um nativo americano descendente dos índios Navajo, lutou entre os anos 70 e 80 pelos direitos do homem e dos índios inclusivamente como seu representante nas Nações Unidas. Em 1994 decide transferir-se definitivamente para a Europa devido à desilusão ideológica em relação ao seu país onde “líderes políticos mandam esculpir o seu rosto nas montanhas”. Jimmie Durham nunca se auto-definiu como um artista pois tem dúvidas sobre a marca da assinatura na arte. As suas preferências artísticas vão para “O Cordeiro Mágico” de Van Eyck e “One of these stupid flower painting” de Monet.
Jimmie Durham, “Jesus (Es geht um die Wurst)”, 1992. Técnica mista. 149 x 110 cm. MuHKA, Musée d'Art contemporain, Anvers

Os símbolos americanos do selvagem transformados pelo capitalismo em jipes Cherokee ou na lingerie da personagem Pocahontas, foram o mote para muitas das suas obras que fazem alusão a todos estes clichés adoçados da cultura americana. Seguiu-se depois a sua acção com as pedras e com elas a um certo retorno à natureza pelo poder do primeiro instrumento pré- histórico do homem. Porque não convidar Jimmie Durham a fazer um atelier com jovens artistas portugueses? É um excelente pedagogo. A obra de Jimmie Durham precisa de um certo substrato conceptual e cultural para ser entendida a um segundo nível, mas desde uma primeira leitura as suas obras são surpreendentemente libertadoras no mesmo sentido em que as vanguardas artísticas o foram no início do séc. XX. As de Jimmie Durham são-no numa época de homogeneização da cultura e das últimas etnias.

As pedras rejeitam estar na arquitectura europeia das catedrais do homem branco para voltarem ao seu estádio inicial na natureza: arte conceptual ou arte primitiva?
Sweet life crude!

sábado, 14 de março de 2009

Recessão causa cortes em museus dos EUA

Reuters/Brasil Online Por Christine Kearney

NOVA YORK (Reuters) - Museus de Filadélfia e Nova York estão cortando empregos, reduzindo salários e fechando lojas por causa da redução dos fundos oriundos de doações privadas, ajuda governamental e dividendos de investimentos.
O Museu Metropolitan decidiu fechar 15 das suas lojas espalhadas pelos EUA, deixando apenas 8 abertas em Nova York. Isso representará 250 demissões até 1o de julho, ou 10 por cento da força de trabalho do Metropolitan.
O museu já perdeu 800 milhões de dólares do seu fundo desde meados de 2008, quando o valor era de cerca de 2,9 bilhões de dólares, disse o porta-voz Harold Holzer. Não há planos de reduzir as exposições.
A Academia de Ciências Naturais de Filadélfia anunciou na sexta-feira que deixará de contratar pessoal e reduzirá os salários em 5 por cento. Seu fundo, junto com os investimentos, diminuiu de 60 milhões de dólares no começo de 2008 para menos de 40 milhões.
Holzer disse que o Met perderá 2,2 milhões de dólares do seu orçamento operacional de 220 milhões de dólares no próximo ano fiscal, e o orçamento operacional será ainda mais afetado pela perda de arrecadação, inclusive da venda de produtos.
A frequência a ambos os museus caiu, inclusive entre os estrangeiros - mais propensos a pagar o ingresso sugerido e voluntário de 20 dólares.
Outros museus dos EUA também já demitiram funcionários ou preveem que terão de fazê-lo em breve.
"As pessoas têm menos dinheiro para gastar em experiências educacionais e culturais", afirmou a Academia de Ciências Naturais em comunicado.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Biografia: Oda Projesi (Turquia)

DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO


A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO: O TRABALHO DO GRUPO ODA PROJESI *

Marta Tarquino do site ArteCapital.net - 2009-03-04

O Oda Projesi é um projecto de três artistas: Özge Açikkol, Günes Savas e Seçil Yersel. Começaram a trabalhar juntas em 1997 partindo das possibilidades de relação entre espaços públicos da cidade turca onde nasceram e vivem, Istambul, e os workshops que realizavam com grupos de crianças (actividades que na altura não tinham lugar em nenhuma instituição cultural da cidade). Em 2000 adoptaram o nome Oda Projesi e iniciaram as suas actividades num apartamento de três quartos, alugado num prédio de um antigo bairro de Istambul, Galata, o mesmo local onde começaram por desenvolver os workshops em 1997.

Galata está localizado no centro de Istambul, próximo de uma zona de entretenimento, ao pé da famosa rua pedonal Istiklal. Possui um modo de vida cosmopolita e desde há séculos que acolhe minorias sociais. A arquitectura de Galata caracteriza-se por um estilo clássico urbano de século XIX, destinado, na altura da sua construção, a moradores ricos. Em consequência de mudanças políticas, os prédios viriam a ser abandonados. Desde os anos setenta os seus quarteirões são maioritariamente habitados por imigrantes de várias zonas rurais, mais tradicionais, da Turquia.

O apartamento do Oda Projesi, em Galata, funcionou como um lugar de encontro entre vizinhos e plataforma para projectos, dentro e fora das suas paredes, gerados em cooperação com as pessoas da zona e outras, e com artistas convidados. Diversos, os projectos podiam ser: exposições, conversas e debates, picnics, concertos, actividades com crianças, etc. Os moradores do bairro envolviam-se na sua maior parte, não apenas enquanto audiência mas também como participantes.

Segundo as artistas, o principal objectivo do Oda Projesi é multiplicar as possibilidades de fazer prestando atenção a modos de vida comuns. Ou seja, recuperar a vida quotidiana como um modo de fazer arte, entendida como uma escultura social formada pelas relações entre pessoas e espaços. Uma espécie de performance colectiva em processo contínuo. Para o Oda Projesi, as actividades que ocorrem num espaço específico determinam a sua existência e forma. Procura-se investigar como as pessoas se relacionam com os espaços e os utilizam, através de uma relação flexível entre acção e espaço. Daí, explorar a (re)criação de diferentes lugares passando pelas maneiras de usar situações espaciais e cultivar interacções, lugares esses que promovem relações alternativas entre o espaço privado e o espaço público. Quando as artistas perguntaram a uma rapariga de dezasseis anos, moradora do bairro, se o espaço do Oda Projesi era um espaço de exposição, ela respondeu que às vezes era e outras vezes não, dependendo daquilo que lá se colocava. Oda significa quarto/espaço e Projesi significa projecto.

A posição das artistas do Oda Projesi nada tem a ver com a de artistas convidados para trabalhar com uma comunidade. Trata-se de uma escolha voluntária, o que faz grande diferença, e as próprias artistas pertencem à comunidade, com o seu lugar no bairro. A relação entre o Oda Projesi e o bairro Galata desenvolve-se ao longo do tempo, sem limites pré-estabelecidos e sem pressa. O projecto não depende de apoios institucionais, por conseguinte, não se subordina a atingir expectativas definidas por outros distantes da comunidade. Só deste modo se cumpre o desejo das artistas de criar um monumento composto de gestos da vida quotidiana e de camadas de memórias da comunidade. Primeiro, avizinharam-se das pessoas pela informalidade do dia-a-dia e, depois, os projectos começaram naturalmente a desenvolver-se encadeados. Sem separação entre o “mundo da arte” e o “mundo real”. Há ainda um grande cuidado por parte das artistas em evitar em transformá-los em objectos vendáveis, como obras para serem expostas. Os projectos têm é uma documentação, como espécie de diário com interpretações personalizadas, registadas após a realização das actividades. Deles resulta também (e este é o aspecto mais importante) a memória das experiências nos seus participantes.

O Oda Projesi tem um método de trabalho que estabelece uma relação estreita com características específicas da própria cidade, adoptando o seu estilo de vida e modos de funcionamento. Mesmo antes de o começarem, as artistas já percorriam a cidade pelas suas diversas zonas, fotografando e filmando, reflectindo sobre como a arte nela se pode produzir e apresentar. Na sua opinião, Istambul é uma cidade de formações orgânicas criadas pelos seus habitantes independentemente do poder e das regras determinadas pelo governo local, o que a torna dinâmica continuamente. Utilizando uma metáfora curiosa, comparam Istambul com as cidades ocidentais: estas são como os museus tradicionais, enquanto que a primeira se aproxima mais de um museu de arte contemporânea relacional, flexível, orgânico, orientado pelo “processo”. A instabilidade económica e política de Istambul dá origem a espaços adaptáveis a diversas situações (por exemplo, uma casa para quatro pessoas que acolhe dez), não confinados à especialização e funcionalidade única dos espaços de países economicamente mais estáveis (onde uma escola é construída para apenas assim ser). Este aspecto é interpretado pelo seu lado positivo no trabalho do Oda Projesi, na medida em que se relaciona com a ideia de flexibilidade do espaço e permite a consciência, por parte das pessoas, do seu poder transformador do ambiente em que vivem, privado ou público.

Entre 2000 e 2002, o Oda Projesi convidou vários artistas a passar um dia num dos quartos do apartamento desenvolvendo uma actividade com moradores do bairro. Das várias realizadas no âmbito de “A Day in the Room” (Um Dia no Quarto) destacamos três. “Slide Show”, realizado no dia 30 de Agosto de 2000 pela artista Aydan Murtezaoglu, consistiu numa mostra de slides às crianças do bairro. O conjunto de slides era constituído por dois tipos de imagens: algumas do álbum de família da artista e outras tiradas por si e transformadas em obras de arte através de intervenções subtis. As imagens funcionavam como um ponto de partida para uma conversa com as crianças sobre o que leva um trabalho a ser considerado “arte”, uma vez que a fronteira entre os trabalhos da artista e a sua vida diária era quase imperceptível, sugerindo às crianças estabelecerem relações também com as suas próprias vidas.

No dia 9 de Setembro de 2000, a artista Özge Açikkol (do Oda Projesi) realizou “Bring Something From Your House” (Traz Algo da Tua Casa). Pedia-se às crianças do bairro que trouxessem algo das suas casas para o quarto central, vazio, do apartamento do Oda Projesi. Ao longo do dia as crianças foram colocando diversos objectos no quarto através da janela (que dá para o pátio do prédio), como se fosse uma espécie de armazém. Com os vários objectos organizaram um quarto, cheio de carpetes, almofadas, pequenas mesas com flores de plástico e brinquedos. Depois, ali passaram o resto do dia, a comer e a brincar. No final, cada um levou as suas coisas de novo para casa.

“Picnic” foi a actividade realizada pelo artista Erik Gongrich no dia 10 de Junho de 2001. Desta vez, o projecto acontecia no pátio do prédio, inspirado pela cidade de Istambul que é, aos olhos do artista, uma “cidade-picnic”. Gongrich constatou que bastava estender uma carpete no chão da rua para que o espaço público se tornasse privado. O chão do pátio foi coberto por diversas carpetes de plástico, como as usadas no espaço urbano de Istambul para diversos efeitos, e convidaram-se os habitantes do bairro. Todos levaram alguma comida. Também pelas suas características arquitectónicas, de repente o pátio transformava-se em espaço interior com o ambiente criado. As crianças tiravam os sapatos para brincar em cima das carpetes. Pessoas de fora também participaram. Na sua maior parte, as mães estavam no pátio, os pais participavam pelas janelas das casas.
“Picnic” durou até à noite. Quando escureceu, Gongrich fez uma sessão de slides com imagens de Istambul. Todas as pessoas tinha histórias pessoais ou de familiares a contar em relação com o que identificavam nas imagens. Decorreu um longo serão, animado pela partilha de experiências.

Em síntese, mais do que formulados isoladamente, a arte relacional do Oda Projesi implica uma rede de projectos num processo de continuidade inter-relacional. O seu método de trabalho assenta neste encadeamento de projectos anteriores que inspiram os seguintes, e derivando das relações diárias com os seus vizinhos, comungarem e viverem as diferenças entre as pessoas. As experiências em Galata são utilizadas como matriz para outros projectos noutros lugares, mas cuja base é sempre uma micro-situação, com situações muito pessoais. E desde que o grupo começou a receber convites para outros contextos, países, comunidades, promove uma cuidadosa reflexão de modo a preservar a coerência com os princípios do projecto, habitualmente sem dependência de instituições, organizações ou galerias. Por vezes, as próprias dificuldades económicas originam modos específicos de construir e gerir os projectos.

Em 2003, convidado pelo Kunstprojekte_Riem e pelo Kunstverein Munich, o grupo trabalhou durante um mês na Messestadt Riem, nova área residencial a Este de Munique, Alemanha, na qual vivem famílias de sessenta nacionalidades diferentes e diversas condições socio-económicas. O Kunstprojekte_Riem foi um projecto ambicioso, comissariado por Claudia Butter, de iniciativa da cidade de Munique para integrar trabalhos artísticos nessa área em desenvolvimento no terreno do velho aeroporto. Cederam ao Oda Projesi um espaço na zona residencial para funcionar como ponto de encontro, espaço para workshops e outros eventos de um dia, à semelhança de iniciativas anteriores. Este espaço ficava ao lado do local oficial de encontro entre os moradores, quase sempre deserto. Naturalmente, devido à afinidade da língua, a primeira aproximação deu-se com as famílias turcas e os contactos alargaram-se depois às restantes pessoas. Contaram com a ajuda de um casal turco, dono de uma pequena mercearia na zona, na qual se realizaram também vários encontros entre residentes, com mostras de vídeos realizados na área residencial.

A equipa do Oda Projesi manteve o seu espaço em Riem aberto vinte e quatro horas. Especialmente as mulheres da zona utilizaram-no para desenvolver actividades diárias. Aí podiam realizar-se cortes de cabelo, jantares ou apresentações de cultura turca aos outros moradores (e vice-versa). Enquanto “casa de arte” o espaço induzia à penetração da prática artística no quotidiano. Um dos principais locais que determinam as características desta zona residencial é o edifício de habitação social designado Galeriahaus, no qual habitam seiscentas famílias. Tem no interior um enorme pátio fechado, coberto por vidro, à semelhança de um hospital ou de uma prisão. Aqui o Oda Projesi organizou lanches, com música e dança. Rolos de papel de quarenta metros de comprimento foram colocados à volta do edifício para que todos deixassem um registo pessoal, criando uma espécie de suporte de memória comum. Os resultados davam origem a novas conversas.

Sobre este projecto, que se designou Riem Project (Projecto Riem) a crítica de arte Nina Montmann disse que o Oda Projesi criou “um ‘estar juntos’ temporário e um ponto de identificação. As relações e actividades resultantes poderiam continuar e permitir que fosse estabelecida a urgente necessidade de estruturas. Os encontros, conversas e acções colectivas em Riem correspondem ao que é descrito por Homi Bhabha num contexto pós-colonial: ‘Estes espaços-entre possibilitam o terreno para elaborar estratégias de ser – singular ou comunal – que iniciam novos sinais de identidade, inovando sítios de colaboração e contestação, no acto de definir a própria sociedade’ (Bhabha, 1994: 1-2). Os ‘espaços-entre’ sociais, produzidos pelo Oda Projesi vêem da ideia de possibilitar novos modelos para a identificação e para a colaboração, sem o conteúdo económico, que tornem próximo o contacto com o estrangeiro.” (1).

As práticas do Oda Projesi potenciam-se em estreita relação com o espaço público, sem dúvida o terreno mais fértil para a arte trabalhar com o Lugar. Despertariam, aliás, para uma longa análise em torno do que, ao longo das últimas décadas, tem vindo a caber dentro da definição de “arte pública”. Mas neste momento interessa atender ao que julgamos ser o essencial desse universo da “arte pública”: os modos de aproximação do artista em relação ao Outro, a recepção participante, nos quais se viabiliza o ponto de partida para desenvolver no espaço público contemporâneo a abordagem ao Lugar. A própria noção de Experiência incorporada na arte contemporânea estrutura-se nesse envolvimento do Outro na obra como seu factor constitutivo.

Numa sociedade de acentuada privatização (e veja-se, literalmente, o aumento do “fenómeno” dos condomínios fechados) e descontextualização com vidas e imaginários mais “descolados” dos lugares, a arte no espaço público pode desempenhar um papel relevante na mediação da relação entre as pessoas e os seus contextos. Será também um espaço ideal e pragmaticamente dialógico e cívico quanto mais se cultivarem aproximações, ultrapassando barreiras físicas, sociais, ideológicas e políticas.

Nas propostas do Oda Projesi a arte configura um espaço autónomo de comunicação em que se convidam as pessoas a questionarem-se sobre a representação das coisas, em alternativa à exposição mais passiva incutida pelos mass-media. As práticas destas artistas não apresentam imagens; antes enquadramentos para a viabilização de experiências, nomeadamente a do encontro face-a-face, o confronto directo com a diferença, a pluralidade de faces num mesmo bairro. Não se trata de meramente observar e interpretar. Interessa a possibilidade de ocorrência de diálogo, de modo a que se possa abraçar a pluralidade da sociedade contemporânea.

No contexto do espaço público, em sentido de espaço partilhado por esta vertente artística que previligia, assim, as capacidades de audição e interacção, há também consciência de que o Lugar já não se confina a uma área, a fronteiras limitadas de apenas uma história interna. Intersecta uma ampla constelação de relações sociais e simbólicas. Como define a geógrafa Doreen Massey (2), os lugares concretizam momentos articulados de redes de relações específicas e mais extensas. As suas ligações implicam a imbrincação local/global, e os artistas quando ajem no sentido de (re)construir lugares — ou heterotopias específicas, segundo um termo de Foucault — acabam sempre por se inscrever num duplo processo de translocalização e relocalização. Aí, e como proclama o crítico e comissário independente Hou Hanru, a sua missão associa-se mais à crença e defesa de que “o valor real ou o significado real da arte na sociedade não está no permitir alguns objectos ou experiências estéticas agradáveis, mas no criar espiritualmente, intelectualmente ou culturalmente determinados valores; permitir referências para a sociedade avaliar a sua própria existência. Para isto, o compromisso artístico é muito mais significativo do que simples experiências artísticas.” (3). Por isso, não são artistas no interior do paradigma da economia de mercado — do mercado da arte com a circulação física e financeira de obras. Essa missão é, em síntese, a de promover e requalificar a cidadania. Querem trabalhar para que haja menos…

“Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas (…)
Homens agitados sem bússola onde repousem (…)
Que são como caminhos barricados (…)
(…) que são como danos irreparáveis (…)
Homens que são como sítios desviados
Do lugar” (4)

Marta Traquino
Artista Plástica e Investigadora em arte contemporânea.

NOTAS
* O presente texto é um fragmento da dissertação A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea (Marta Traquino, ISCTE 2006).
(1) Möntmann, Nina, Mixing with the locals, in www.tenstakonsthall.se/?subDir=doc&id=252, Abril 2006.
(2) Massey, Doreen, Space, Place and Gender, Cambridge, Polity Press, 1994.
(3) Hanru, Hou in Pietromarchi, Bartolomeo, (ed.), The [un]common place: art, public space and aesthetics in Europe, Barcelona, Fondazione Adriano Olivetti and Actar, 2005, p.22.
(4) Excerto de um poema de Daniel Faria (1998) in Poesia, Famalicão, Quasi Edições, 2003, pp.144-145.
MERCADO ARTÍSTICO CHINÊS EM DECLIVE

Disponível em: www.nytimes.com - 2009-03-13

Numa altura em que os artistas chineses gozam o seu recente sucesso, o mercado para a arte contemporânea chinesa entra em espiral descendente.

A crise financeira global limpou vastas quantidades de riqueza pessoal, provocando uma descida abrupta nos preços da arte. Subitamente vazias de visitantes, as galerias estão despedindo pessoal, e os colecionadores que as patrocinaram preocupam-se agora que o seus investimentos resultem num erro colossal.

“Tem sido um Inverno longo e frio”, disse Zoe Butt, diretor de programas internacionais da Long March Space, que fechará duas das suas três galerias de Pequim. “A era em que a arte contemporânea chinesa comandava preços tão altos acabou.”

Os leilões, talvez o termômetro mais popular da recente febre pela arte contemporânea chinesa, também têm sido difíceis. O leilão de Outono de arte contemporânea chinesa da Sotheby’s em Outubro foi muito fraco, em comparação com os resultados de Outubro de 2007, com algumas peças ficando sem comprador.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Boletín 9 Décima Bienal de La Habana

de contactobienal@wlam.cult.cu

Sonrisas impregnadas de sana malicia. Miradas cómplices. Una carcajada, ¿por qué no? La ineludible reflexión. Sucede así frente a la obra de Reinerio Tamayo Fonseca (Niquero, 1968) e, incluso, al dialogar con el artista. La clave reside en la eficaz implementación del humor, así como de la cita –rara vez exenta de jocosidad– del estilo o fragmentos de obras de íconos del arte universal: Leonardo Da Vinci, Diego Velázquez, Francisco de Goya, Vincent Van Gogh, los bodegonistas del Barroco español, Pablo Picasso, Salvador Dalí y el Ukiyo-e (más conocido por estampa japonesa). No es palpable la impronta formal de creadores del ámbito nacional; sin embargo, en el orden conceptual, es fuerte la presencia del espíritu contestatario o, como dijera él, de la actitud de las artes plásticas de los 80, período en el cual se desarrolló parte de su formación artística.
Tamayo reconoce dicha herencia, al igual que la del humorismo gráfico: de su práctica provienen la inmediatez e ingeniosidad que le imprime a sus creaciones, al igual que la constante provocación al público. Varios son los premios obtenidos con sus historietas humorísticas en certámenes nacionales y foráneos. Entonces, ¿estamos en presencia de un pintor o de un humorista? “De un pintor que disfruta el trabajo en el caballete”, contesta. Su larga trayectoria pictórica da fe de esta pasión. Ello no significa en medida alguna el desprecio de otras manifestaciones. Según su manera de ver la creación artística, o más bien cómo se da esta en él, primero surge la idea, la cual le demanda ejecutarla por medio de la pintura, el grabado –técnica para la cual tiene varios proyectos que no ha podido llevar a efecto por falta de tiempo– o la escultura.

Si se revisan los listados de obras de sus exposiciones, se puede constatar una presencia cada vez mayor de la obra tridimensional. Ya en la enseñanza elemental algunos de sus profesores se percataron de sus dotes para la escultura. En ese entonces se inicia en el mundo de la cerámica, cuya realización le provoca gran placer. En la pasada Bienal de La Habana el público pudo ver obras suyas que desafiaban el espacio: “ Taxitiburón” –de emplazamiento infeliz en la Cabaña, al verse privada del contacto con su referente: las calles de la Habana Vieja – y uno de los “refrigeradores” que conformaron la muestra colateral Manual de instrucciones, en el Centro Nacional de Conservación, Restauración y Escultura Monumentaria (CENCREM).

Tamayo es un viejo conocido de las citas habaneras . Participó en El mundo es cruel (Centro de Desarrollo de las Artes Visuales, Centro de Arte 23 y 12 y Galería Juan David; Cuarta Bienal); La familia del huracán (Galería La Casona , Quinta Bienal); El gran juego (Centro de Arte 23 y 12, Séptima Bienal), junto a Rubén Alpízar; y el proyecto especial Maneras de inventarse una sonrisa (Centro de Desarrollo de las Artes Visuales, Octava Bienal).

En la Décima Bienal se presentará con la escultura El buque petrolero , realizada con el artista matancero Eulises Niebla Pérez (Matanzas, 1963). No es el primer trabajo que realizan juntos; ya hicieron algunas variaciones de la obra La lámpara maravillosa , durante la exposición personal de Reinerio Tamayo Magma mia!!! (mayo-junio de 2008) , en la Galería Villa Manuela, de la Unión de Escritores y Artistas de Cuba (UNEAC).

Eulises Niebla, tras egresar del Instituto Superior de Arte y cursar estudios en la beca Delfina Studio Trust (Londres), ha ejecutado una vastísima obra. El multipremiado escultor es otro conocido del máximo certamen organizado por el Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam. En 1994 (Cuarta Bienal) participó en la muestra Escultura cubana . Con todo, su presencia en el circuito expositivo capitalino no ha sido sistemática, tal vez a causa de su permanencia en Matanzas. En dicho territorio, especialmente en Varadero, se han emplazado muchas de sus obras.

Común a todas es la impecable factura que da el ejercicio diario del oficio. Al ver sus primeros trabajos, es perceptible un tránsito desde el constructivismo hacia el mínimal. Se opera entonces una reducción de los volúmenes geométricos en su aspecto formal, y el espacio deviene protagonista. Ello se acrecienta cuando se trata de la escultura ambiental, donde, con gran economía de recursos, logra un sabio diálogo obra-entorno. Los materiales por él privilegiados son el metal, el mármol y el cristal, ya sean solos o combinados. Ha dominado con éxito el traicionero y difícil trabajo con el cemento directo; “Columna”, una de las piezas que engalanó la Avenida del Puerto de La Habana durante el Forum Internacional de Escultura Ambiental (La Habana; 18 al 28 de abril de 2000), es una prueba fehaciente de ello: ajustó la idea primigenia –concebida en metal– a los preceptos técnicos del hormigón. Al decir de la Dra. María de los Ángeles Pereira en las palabras del catálogo de dicho evento, “Columna” es una obra “esbelta y grácil, sin rebuscamientos formales, pero, asimismo, plena y rica en su proyección espacial”.

Sus composiciones se caracterizan por la armoniosa relación entre las partes, abordada con cierto hedonismo. Son en su mayoría no figurativas. Ello pudiera deberse a la naturaleza de sus temas: las inquietudes del ser y su historia, a partir de una conceptualización filosófica. Recurre a la cita intertextual como estrategia de inclusión en los espacios legitimados, a la vez que le sirve para cuestionar, desde la periferia, lo dictaminado como válido en los centros de poder. Pero a Niebla también le preocupa lo que le rodea, tanto en un contexto inmediato –Cuba– como en otro que se pudiera pensar más apartado: el resto del mundo.

Con “El buque petrolero”, tanto él como Tamayo pretenden reflexionar sobre algunos aspectos de la globalización, conscientes de que una obra no puede contener por sí sola un fenómeno tan complejo. Sin embargo, el “buque” deviene multisemántico. Se puede leer como símbolo de la distribución de energía en el planeta, de la lucha de poderes entre las grandes potencias, de la manera en que las transnacionales devoran a los países tercermundistas, de la civilización moderna, de los desastres ecológicos. El preciado combustible ha sido la causa de crecientes conflictos bélicos, y el precio del barril rige la economía mundial. Los autores no pretenden dramatizar sobre un mundo en crisis. Cuidado: tampoco es un panfleto; en el intento, más que en el apunte sociológico, se erige la metáfora.

Todo el proceso creativo ha sido documentado, desde la concepción del proyecto en 3D hasta los últimos pasos. La escultura fue concebida para un espacio cerrado –de hecho, se exhibirá en el Pabellón C de La Cabaña–; se pensó para un ambiente en penumbras, con el fin de provocar en el espectador cierta claustrofobia, reforzada por las grandes dimensiones del “buque”. Debido a ello la pieza fue ejecutada por partes en el taller de Niebla, y se ensamblará in situ . Pero los autores no quieren una réplica exacta del “buque”; le han dado la forma ondulada de una serpiente. Otra metáfora. El “buque”, cual voraz reptil, engulle cuanto se interpone ante sus ansias de poder, de dominar el mundo.

“El buque petrolero” tendrá de ambos creadores. De Reinerio, el afán por explorar cualquier tema de la vida que nos afecte como seres humanos; de Eulises, el abordaje mínimal, la línea curva y dinámica, el acabado perfecto. Será entonces la oportunidad de ver juntos a dos grandes de nuestras artes plásticas.
Livro vê teor espiritual no trabalho de Mira Schendel

por Silas Martí da Folha de S.Paulo


Engavetada por mais de uma década, vem a público uma tese polêmica, que analisa o teor espiritual e religioso da obra de Mira Schendel. Escrito em alemão nos anos 90, só agora sai, em português, "Mira Schendel - Do Espiritual à Corporeidade", de Geraldo Souza Dias, que chega às livrarias em abril.
Mira Schendel (1919-1988), artista plástica suíça e radicada no Brasil

"A controvérsia maior é quando se fala em espiritualidade", admite Souza Dias, 54. "Era uma tendência antes na crítica da arte deixar de fora tudo que pudesse trazer impurezas ao discurso mainstream", diz o autor, justificando a longa espera para a publicação do livro, reedição de sua tese de doutorado pela Cosac Naify.
Espécie de "biografia intelectual", o volume de mais de 300 páginas deve surpreender até estudiosos da obra da artista, pela pesquisa minuciosa que envolveu, incluindo a compilação de diários de Schendel e sua troca intensa de cartas com filósofos na Europa e brasileiros, como Haroldo de Campos.
"O cerne do trabalho é o diálogo dela com intelectuais", diz Souza Dias. "Eu fiz cópias de quase tudo, dos diários, dos rascunhos, da correspondência e fui atrás dos interlocutores."
Entre os mais importantes, estão os alemães Jean Gebser (1905-1973), com quem Schendel teria aguçado suas reflexões sobre a transparência, mote central de suas célebres monotipias, e Hermann Schmitz, que, segundo Souza Dias, influenciou a artista com sua teoria do "corpo vivo", ideia que tentava abolir a distinção clássica entre corpo e alma.
Um tanto obscuros, são eles os possíveis pontos de partida para as obsessões de Schendel.
Enquanto Gebser teorizava sobre a direção da escrita, tema caro à artista, o "corpo vivo" de Schmitz deu margem à produção de Schendel ligada à espiritualidade, como as citações bíblicas, as mandalas que desenhou e o flerte com composições do alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007) que fazem referências a Deus.
Descrita como "vulcão interrogativo" pela obsessão em destrinchar os meandros da vida espiritual, Schendel, com seus óculos fundo-de-garrafa, não seguia uma única religião, foi batizada pela mãe católica e criada pelo pai judeu.
Chegou mais tarde a presentear frades dominicanos com uma de suas poucas obras figurativas, uma pintura de duas flores brancas.

Lançamentos

Além da tese de Souza Dias, dois outros livros serão lançados. Na primeira parceria de uma editora brasileira com o MoMA, a Cosac Naify lança "León Ferrari and Mira Schendel: Tangled Alphabets", catálogo da exposição do museu nova-iorquino que sai junto com o início da mostra sobre os dois artistas, no dia 5 de abril.
Editado em inglês, o volume com textos de Luis Pérez-Oramas, Andrea Giunta, que escreve sobre Ferrari, e Rodrigo Naves, que fala sobre Schendel, também deve ser lançado em português pela mesma editora.
Também volta às livrarias "Mira Schendel", de Maria Eduarda Marques, livro-referência sobre a artista, até agora esgotado, da coleção "Espaços da Arte Brasileira", coordenada por Naves.
Contra crise, Bienal do Mercosul cresce

Apesar de corte no orçamento, evento amplia participação de artistas, que também estão na curadoria

por Fábio Cypriano da Folha de S. Paulo


Em vez de sujeitar-se ao colapso econômico mundial, a 7ª Bienal do Mercosul irá ampliar seu formato. Programada para ser inaugurada em 26 de setembro, em Porto Alegre, a mostra denominada "Grito e Escuta", com curadoria da argentina Victoria Noorthoorn e do chileno Camilo Yáñez, mesmo com um corte em seu orçamento, terá ampliada a participação de artistas.
"A crise foi uma grande sacudida, mas a Fundação Bienal decidiu manter o projeto, e nossa decisão foi aumentar o número de artistas para mostrar a pertinência da arte em abordar o que se passa hoje", disse Noorthoorn à Folha, no ateliê de Lenora de Barros, uma das cocuradoras da mostra, na semana passada. A lista dos selecionados será divulgada em maio, mas a curadora estima que, no total, haja cerca de 150 participações, contando autores de trabalhos sonoros.
Segundo a assessoria de imprensa da mostra, o orçamento da Bienal previa a captação de R$ 14 milhões, e agora se trabalha com a previsão de R$ 10 mi. Para chegar a tal economia, entre outras ações, o período da mostra foi reduzido, caindo de três para dois meses, e a abertura às segundas foi extinta.
"Essa crise até ajudou na definição do título, pois se trata de abordar a criação, o grito, e a reflexão, a escuta, tensionando assim os limites da arte contemporânea", diz a curadora.
Nessa edição, o projeto foi selecionado por concurso internacional e artistas ocupam toda a estrutura da mostra. Da equipe curatorial, de dez pessoas, apenas Noorthoorn é curadora de fato. Os demais são artistas: do Brasil, além de Barros, responsável pela programação de uma rádio, denominada Rádio Visual, participam Artur Lescher e Laura Lima, como curadores-adjuntos; da Argentina, Marina de Caro é curadora pedagógica e Roberto Jacoby, adjunto; do Chile, Mario Navarro é adjunto.
Os curadores editoriais são o mexicano Erick Beltrán e o colombiano Bernardo Ortiz. Uma das inovações é que os curadores editoriais serão responsáveis também pelo projeto gráfico e pela identidade visual da Bienal. Em geral, essas são áreas a cargo de publicitários, que muitas vezes elaboram projetos até contraditórios com os conceitos das mostras.
Para Noorthoorn, "os artistas estão ocupando um território que geralmente não é deles, mas isso tem a ver com o desafio de se repensar o sistema das bienais por meio de uma forma distinta, que é colocar o artista no centro do processo".
Além do Santander e dos armazéns do cais, já tradicionais, o recém-inaugurado Museu Iberê Camargo também funcionará como sede do evento. Estão programadas seis mostras distintas para essa edição, todas com foco na produção contemporânea.
Tracey Emin. 20 Years

Exhibition at the Museum of
Fine Arts Berne, Switzerland
19 March - 21 June 2009

Opening:
Wednesday, 18 March, 2009 18 - 20 hrs
Wednesday - Sunday 10 - 17 hrs
Tuesday 10 - 21 hrs
Tracey Emin. 20 Years
19 March - 21 June 2009

Scott Douglas - Tracey Emin - Foto Cortesia Scott Douglas © Scott Douglas, 2008

The first major retrospective exhibition of works by Tracey Emin, one of the most celebrated and influential artists of her generation will be the highlight of this year's exhibition programme at the Kunstmuseum Bern. The show will chart the artist's career from the late 1980s to the present day, presenting the full range of her work in an exceptionally wide range of media - from her famous appliquéd blankets to video; from neons and installation to her intensely personal paintings and drawings. The largest, and most significant showing of Emin's work to date, this eagerly anticipated exhibition will offer the first comprehensive overview of her career.
My Bed, 1998 - Bed, Mattress, Linen, Pillows, Mixed Media - 79 x 211 x 234 cm
Saatchi Gallery London © 2008 Tracey Emim

Tracey Emin is one of the best-known artists working in Britain today. Born in London in 1963, she is a central figure in the generation of Young British Artists (or YBAs) that emerged in the early 1990s, and has produced some of the most memorable, compelling and iconic works of the last fifteen years. Her autobiographical, confessional art has tapped into the mainstream of public consciousness. Emin studied at Maidstone College of Art, and the Royal College of Art in London, and has had major exhibitions around the world. She became a member of the Royal Academy of Arts in 2007, and in the same year, was selected to represent Britain at the Venice Biennale.

Highlights of the exhibition will include My Bed, perhaps the artist's most celebrated work, which caused a sensation when it was shown at the Tate Gallery in 1999. Other large-scale installations, such as Exorcism of the Last Painting I Ever Made (1996), The Perfect Place to Grow (2001) and It's Not the Way I want to Die (2005) will also be reconstructed for the show.

Famously, Emin's art is intimately bound up in her own biography. Drawing directly upon her personal experiences, it often refers, with disarming and sometimes painful frankness, to traumatic episodes in her life, including her rape at the age of 13, her sexually promiscuous adolescence, and abortions. Emin's great achievement is to have drawn upon her background and to have done so in a manner that is neither tragic nor sentimental.

Tracey Emin. 20 Years will include a dazzling array of the artist's embroidered blankets, which she covers in bold, autobiographical texts. The earliest of these, Hotel International, dates from 1993 and was made for her first solo exhibition, where it was shown alongside a collection of letters, memorabilia, teenage diaries and photographs of paintings that she had destroyed. Emin's family relationships are a central, recurring theme in her art, which the artist has explored in a variety of media. The exhibition will feature powerful examples, including a series of raw and deeply personal monoprints from 1994, entitled Family Suite; and There's Alot of Money in Chairs (1994), a poignant and affectionate work made from an armchair given to Emin by her grandmother.

Curator: Kathleen Bühler, phone +41 31 328 09 42, e-mail kathleen.buehler@kunstmuseumbern.ch

Hodlerstrasse 8-12
CH-3000 Bern 7
Phone +41 31 328 09 44
press@kunstmuseumbern.ch

http://www.kunstmuseumbern.ch