Projeto do empresário Heitor Martins, eleito anteontem, tem votos de confiança
por Camila Molina do Estado de S. Paulo
Heitor Martins, eleito anteontem novo presidente da direção executiva da Fundação Bienal de São Paulo, agora terá como desafio realizar uma grande 29ª edição da mostra, para abrir em outubro de 2010, tal afirmou que são seus planos. "Se a Bienal fosse adiada, perderia seu sentido", disse. Ao contrário do que foi publicado ontem no Estado, durante a reunião ordinária do conselho da Bienal, anteontem à noite no prédio da instituição, o candidato, único, não foi eleito por unanimidade. Estavam presentes na eleição 27 conselheiros e 4 votos foram feitos por meio de procuração, contando um total de 31 votações. Dentre elas, o consultor e empresário teve um voto contra. Também foram contadas duas abstenções.
Martins afirmou que nas próximas semanas promoverá encontros com artistas, galeristas, críticos e profissionais de instituições culturais para discutir e ouvir sugestões para a 29ª Bienal de São Paulo.
"Achei a eleição de Martins positiva e promissora já que ele tem um envolvimento muito forte com a arte. Há uma expectativa grande em torno da ação dele, vai enfrentar um bom projeto", diz Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado. O artista Nuno Ramos é direto. "Pior do que estava a Bienal acho difícil imaginar. Não o conheço, mas achei seu discurso sensato e estou esperançoso." O curador e crítico Agnaldo Farias também vai nessa linha. "A eleição dele foi ótima, suscitou um debate e uma movimentação por parte dos conselheiros porque a situação da instituição estava no fundo do poço. Acho que agora a Bienal anda porque a gestão anterior (de Manoel Pires da Costa) vai entrar para a história como a mais trágica da instituição."
O historiador, crítico e curador Tadeu Chiarelli dá seu "voto de confiança" ao novo presidente e acha que não há ninguém melhor do que ele para dar uma guinada na instituição. "Espero que ele não tenha como meta apenas desenvolver o problema da próxima edição da Bienal. A grande questão da instituição é a falta de uma política que transcenda as edições da mostra e ele não pode perder a oportunidade de estabelecer coordenadas para que a Bienal dinamize o circuito de arte brasileiro", afirma. Chiarelli defende a ideia de se pensar um plano político da Bienal que leve em conta, de uma maneira contínua, cinco edições da mostra. "Pode ser que teoricamente a Bienal não tenha um papel museológico, mas nossos museus, infelizmente, não conseguem dar conta de certas questões. A base para que o público possa entender a produção recentíssima artística e o conhecimento da arte vêm de uma sedimentação de várias perspectivas. Os museus não têm coleções e nem sempre conseguem trazer mostras que contribuam para esse processo."
Reforçando também que "a Bienal não pode tornar-se um balcão de exposições", Chiarelli diz que vê com bons olhos a proposta de Heitor Martins de fazer a 29ª edição com mais de um curador, dentre eles, um estrangeiro. "Seria bom se tivesse um colega latino-americano", diz. "Hoje grande parte da produção contemporânea tem diálogo com arte dos anos 60 e 70 e há artistas excepcionais que nunca foram mostrados com abrangência. Onde está, por exemplo, uma bela retrospectiva de Anna Bella Geiger? Ou de Luis Camnitzer (artista nascido na Alemanha que vive no Uruguai)?" "Dá para pensar também no grande público sem desmerecê-lo", continua.
Martins afirmou que nas próximas semanas promoverá encontros com artistas, galeristas, críticos e profissionais de instituições culturais para discutir e ouvir sugestões para a 29ª Bienal de São Paulo.
"Achei a eleição de Martins positiva e promissora já que ele tem um envolvimento muito forte com a arte. Há uma expectativa grande em torno da ação dele, vai enfrentar um bom projeto", diz Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado. O artista Nuno Ramos é direto. "Pior do que estava a Bienal acho difícil imaginar. Não o conheço, mas achei seu discurso sensato e estou esperançoso." O curador e crítico Agnaldo Farias também vai nessa linha. "A eleição dele foi ótima, suscitou um debate e uma movimentação por parte dos conselheiros porque a situação da instituição estava no fundo do poço. Acho que agora a Bienal anda porque a gestão anterior (de Manoel Pires da Costa) vai entrar para a história como a mais trágica da instituição."
O historiador, crítico e curador Tadeu Chiarelli dá seu "voto de confiança" ao novo presidente e acha que não há ninguém melhor do que ele para dar uma guinada na instituição. "Espero que ele não tenha como meta apenas desenvolver o problema da próxima edição da Bienal. A grande questão da instituição é a falta de uma política que transcenda as edições da mostra e ele não pode perder a oportunidade de estabelecer coordenadas para que a Bienal dinamize o circuito de arte brasileiro", afirma. Chiarelli defende a ideia de se pensar um plano político da Bienal que leve em conta, de uma maneira contínua, cinco edições da mostra. "Pode ser que teoricamente a Bienal não tenha um papel museológico, mas nossos museus, infelizmente, não conseguem dar conta de certas questões. A base para que o público possa entender a produção recentíssima artística e o conhecimento da arte vêm de uma sedimentação de várias perspectivas. Os museus não têm coleções e nem sempre conseguem trazer mostras que contribuam para esse processo."
Reforçando também que "a Bienal não pode tornar-se um balcão de exposições", Chiarelli diz que vê com bons olhos a proposta de Heitor Martins de fazer a 29ª edição com mais de um curador, dentre eles, um estrangeiro. "Seria bom se tivesse um colega latino-americano", diz. "Hoje grande parte da produção contemporânea tem diálogo com arte dos anos 60 e 70 e há artistas excepcionais que nunca foram mostrados com abrangência. Onde está, por exemplo, uma bela retrospectiva de Anna Bella Geiger? Ou de Luis Camnitzer (artista nascido na Alemanha que vive no Uruguai)?" "Dá para pensar também no grande público sem desmerecê-lo", continua.
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