Andreas Gursky: mestre dos "dois olhares"
Suas fotos têm grande formato, são caras, cobiçadas e se transformaram em verdadeiros ícones no mercado de artes. Pela primeira vez, Andreas Gursky expõe, na cidade de Darmstadt, 15 de suas reproduções arquitetônicas.
Suas fotos têm grande formato, são caras, cobiçadas e se transformaram em verdadeiros ícones no mercado de artes. Pela primeira vez, Andreas Gursky expõe, na cidade de Darmstadt, 15 de suas reproduções arquitetônicas.
Não importa se no MoMA de Nova York, no Centro Georges Pompidou de Paris ou no Tate Modern de Londres: em todos os lugares onde as fotos de até sete metros quadrados de Andreas Gursky estão expostas, o observador se detém admirado. O artista radicado em Düsseldorf, considerado o "mestre do segundo olhar", conduz o observador a perceber suas imagens através de uma extraordinária coreografia de personagens e objetos.
Seus trabalhos são sempre compostos sob dois aspectos, explica Gursky. O observador que se aproxima pode "ler" as fotografias, indo até aos mínimos detalhes. À distância, contudo, elas mais parecem "megadesenhos". Um procedimento que foi usado pelo artista também para compor as 15 reproduções arquitetônicas, expostas desde 11 de maio no espaço Mathildenhöhe, na cidade de Darmstadt.
Sua obra Paris, Montparnasse, por exemplo, com quatro metros de comprimento e quase dois de altura, reproduz, à primeira vista, um enorme complexo residencial na França, percebido, à primeira vista, como uma fachada austera, constituída de pequenas celas. Num segundo momento, percebe-se que a fotografia de grandes proporções documenta o ornamento da vida em sociedade naquele espaço.
Panorâmicas e mínimos detalhes
"Você tem a sensação de que pode adentrar cada um desses apartamentos, reconhecendo até uma lâmpada ou uma pessoa que está fechando naquele momento a cortina", diz Ralf Beil, diretor do Mathildenhöhe, ao comentar o paradoxo contido no trabalho de Gursky na união entre panorâmicas enormes e detalhismo absoluto.
Não importa se o que se vê é a Bolsa de Valores de Chicago, o plenário de Brasília ou um lixão no México, as fotografias de Gursky reproduzem a realidade social com tamanha plenitude de detalhes, cores e estruturas, com um olhar praticamente isento de preconceitos.
Quando ele fotografa uma loja onde tudo é vendido a 99 centavos, sua encenação mantém, apesar de tudo, a serenidade e o bom humor. "O grande mérito de Andreas Gursky é fazer com que as imagens se transformem em metáforas. Elas funcionam como emblemas do mundo de hoje, apesar de serem totalmente artificiais e construídas", diz Beil.
Discípulo de Bernd e Hilla Becher
Para encenar e preparar suas imagens iconoclastas, Gursky não poupa verbas nem esforços. Não é raro ver o artista ser levantado, com todo seu equipamento, por uma grua no meio da cidade; ou mesmo fotografando de um helicóptero. O argumento usado pelo artista é o de que é necessário ganhar distância do objeto fotografado, a fim de manter a visão.
Andreas Gursky nasceu em Leipzig, em 1955, tendo estudado Artes na Escola Folkwangschule, em Essen, (conhecida como "a escola da Pina Bausch"), e na Academia de Artes de Düsseldorf. Ali foi aluno de Bernd e Hilla Becher, cuja obra revolucionou a fotografia na Alemanha. A proximidade dos Becher foi o impulso inicial na carreira de Gursky.
Os primeiros trabalhos do artista ainda mantinham um formato mais reduzido, e sua temática girava em torno da relação do homem com o meio ambiente. Em 1988, surgiram as primeiras reproduções em grande formato que o tornaram internacionalmente conhecido.
Multidões, paisagens naturais, arquitetura e interiores são alguns dos temas preferidos pelo fotógrafo. Gursky é, segundo ele próprio, um artista com muitas exigências em relação a seu trabalho. Alguém sempre em busca da "imagem insuperável", finaliza.
Rudof Schmitz/Sabine Damaschke (sv)
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