Mostra não compreende a atual cena argentina
Ao usar categorias passadas para olhar o presente, exposição se faz muito rígida
Ao usar categorias passadas para olhar o presente, exposição se faz muito rígida
"Argentina Hoy", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é uma exposição de arte contemporânea em princípio bastante correta. Ela apresenta alguns bons trabalhos em suportes e técnicas variadas, da instalação à pintura, tanto por artistas desconhecidos por aqui, quanto pelos renomados Leandro Erlich, Jorge Macchi e Tomás Saraceno. Os argentinos são os mais visíveis na cena internacional, todos, aliás, presentes com obras significativas nas últimas edições da Bienal de São Paulo.
No entanto, aqui se incorre num problema similar a outras mostras com esse caráter. O eixo curatorial escolhido pelos organizadores, o brasileiro Franklin Espath Pedroso e a argentina Adriana Rosenberg, acaba empobrecendo os trabalhos da exposição, ao recorrer a categorias da história da arte que não são tema da produção contemporânea.
No caso de "Argentina Hoy", os curadores optaram pela figuração como teor principal da exposição, sendo que esta questão está há muito tempo superada, revelando-se como uma lente obsoleta para se compreender a cena atual.
Se um artista como Estanislao Florido usa uma figura humana na simulação de um video game-na vídeoanimação "O Catador de Papéis", um dos melhores trabalhos da mostra-, ele não está discutindo o retorno ao figurativo, mas sim uma situação muito mais complexa. Entre elas a de que os "heróis" argentinos, hoje, podem estar pertencendo a uma classe de desvalidos que, para sobreviver, precisam ultrapassar os obstáculos da miséria.
Esse afã em se utilizar de categorias do passado para se olhar para o presente torna a mostra rígida demais, numa cena que, afinal, é das mais vibrantes da América Latina. Mas há aí outro complicador: o que significa buscar discutir o caráter nacional numa produção que é cada vez mais globalizada? A ausência de ousadia ao refletir sobre essa questão torna a mostra ainda mais frágil.
ARGENTINA HOY
Quando: de ter. a dom., das 10h às 20h; até 30/8
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651)
Quanto: grátis
Avaliação: regular
No entanto, aqui se incorre num problema similar a outras mostras com esse caráter. O eixo curatorial escolhido pelos organizadores, o brasileiro Franklin Espath Pedroso e a argentina Adriana Rosenberg, acaba empobrecendo os trabalhos da exposição, ao recorrer a categorias da história da arte que não são tema da produção contemporânea.
No caso de "Argentina Hoy", os curadores optaram pela figuração como teor principal da exposição, sendo que esta questão está há muito tempo superada, revelando-se como uma lente obsoleta para se compreender a cena atual.
Se um artista como Estanislao Florido usa uma figura humana na simulação de um video game-na vídeoanimação "O Catador de Papéis", um dos melhores trabalhos da mostra-, ele não está discutindo o retorno ao figurativo, mas sim uma situação muito mais complexa. Entre elas a de que os "heróis" argentinos, hoje, podem estar pertencendo a uma classe de desvalidos que, para sobreviver, precisam ultrapassar os obstáculos da miséria.
Esse afã em se utilizar de categorias do passado para se olhar para o presente torna a mostra rígida demais, numa cena que, afinal, é das mais vibrantes da América Latina. Mas há aí outro complicador: o que significa buscar discutir o caráter nacional numa produção que é cada vez mais globalizada? A ausência de ousadia ao refletir sobre essa questão torna a mostra ainda mais frágil.
ARGENTINA HOY
Quando: de ter. a dom., das 10h às 20h; até 30/8
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651)
Quanto: grátis
Avaliação: regular
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