quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Luis Felipe Noé na Bienal de Veneza

Com uma trajetória de 50 anos marcada pelo compromisso social e a inovação estética, o artista será o representante argentino na mostra plástica mais importante do mundo. León Ferrari obteve o máximo galardão em 2007.
Noé encontra linguagens sempre novas para expressar sua visão sobre as tensões e antagonismos da vida argentina.



A Bienal ficará em cartaz de 7 de junho a 22 de novembro e terá como eixos a encenação de artistas-chave da história da arte que ainda continuam produzindo obras e que constituem claras influências sobre as seguintes gerações. A escolha de Noé se ajusta com precisão a estes lineamentos.
“Sem dúvidas, sua obra é representativa da Argentina no sentido mais profundo, real e simbólico, com todas as suas contradições, idas e voltas, durante o último meio século, no passado, no presente e na soma de ambos: isto é, no futuro ", explicou o crítico Fabián Lebenglik, o curador designado pela Chancelaria argentina para a Bienal.
Noé, por sua vez, confessou que ficou contente ao saber do reconhecimento, “porque entendo que é a minha obra atual e não simplesmente aquela que realizei nos anos ´60. Sinto-me vivo criativamente e não a viúva de um artista que existiu nos ´60”.
Nasceu em Buenos Aires em 1933, o artista integrou entre 1961 e 1965 o grupo Otra Figuración (também conhecido como Nueva Figuración), junto a Ernesto Deira, Rómulo Maccio e Jorge de la Vega, que marcou um ponto de quebra na agitada vida cultural da Argentina nos anos 60.
A obra de Noé representa uma singular conjunção entre vanguarda estética e vanguarda política. A partir da compartimentação da superfície de suas pinturas que já se observam em quadros como “Mambo” (1962) ou “Introdução à esperança” (1963), Noé encontra linguagens sempre novas para expressar sua visão sobre as tensões e antagonismos da vida argentina.
Na Bienal Internacional de Veneza 2007, León Ferrari, outro destacado artista argentino foi reconhecido com o Leão de Ouro por seu compromisso ético e político e pela vigência estética de sua obra, que compreende seis décadas. Ferrari participou dos collages de sua série de L´Osservatore Romano (2001) e a escultura “A civilização ocidental e cristã” (1965), com um Cristo crucificado contra um bombardeiro americano. O diretor da Bienal, Robert Storr, também convidou o argentino Guillermo Kuitca para integrar a mostra central com obras de sua produção recente, que aludem a outros artistas nacionais, como Alfredo Hlito e Lucio Fontana.

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