segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mais Bienal de Veneza


Desfile de rua marca início da participação brasileira na Bienal de Veneza



por Marcos Augusto Gonçalves da Folha de S.Paulo


Com bailarinos no abre-alas, ao som de batuques, guitarras e programações digitais, o cortejo lembrava mais um bloco de Carnaval moderno brasileiro do que a festa dos mascarados venezianos, embora percorresse animadamente um pedaço da margem do canal de San Marco e dobrasse a rua Giuseppe Garibaldi, nas proximidades das duas principais áreas onde acontece a 53ª Bienal de Veneza --os Giardini e o Arsenale.
Marcos Augusto Goncalves/Folha Imagem

Os músicos Kassin (à esq.) e Arto Lindsay durante o desfile pelas ruas de Veneza

Quem liderava a coisa, na noite da última sexta (5), era o compositor, produtor e performer Arto Lindsay, na companhia do músico Kassin.

Nascido nos EUA, radicado no Brasil e casado com uma baiana, Arto formou-se nos círculos da cultura de vanguarda de Nova York e assinou a produção de discos de artistas brasileiros famosos, como Marisa Monte e Caetano Veloso. Ele foi convidado por Daniel Birnbaum, curador da Bienal, a apresentar um projeto. Decidiu-se por um desfile inspirado no Carnaval da Bahia.

Em 2004, Arto e o artista contemporâneo norte-americano Mathew Barney criaram uma espécie de bloco em Salvador. Depois disso, em 2008, também a convite de Birnbaum, ele apresentou um cortejo performático em Frankfurt (Alemanha), intitulado "I Am a Man". Em Veneza, a performance ganhou o nome de "Multinatural (Blackout)".

"Esse formato oferece várias possibilidades e cria relações interessantes. É musical, teatral e literário, parece uma ópera", disse Arto à Folha no sábado, sentado numa mesa do bar Paradiso, na entrada dos Giardini, onde se localizam os pavilhões nacionais que fazem parte da Bienal.

A coreografia foi criada por Richard Siegel, que trabalhou com bailarinos e estudantes de Veneza. Na parte musical, os principais nomes, além de Arto e Kassin, eram o baiano Marivaldo Paim, do bloco do Ilê, e os norte-americanos Melvin Gibbs e Peter Zuspan.

Como acontece no Carnaval, o desfile em Veneza foi arregimentando curiosos e animados que acompanharam o grupo ensaiando passos de dança e, principalmente, filmando e fotografando.

No mesmo dia, pela manhã, foi aberto o Pavilhão Brasileiro nos Giardini, com os artistas Delson Uchôa e Luiz Braga --e curadoria de Ivo Mesquita, responsável pela edição passada da Bienal de São Paulo.

A arte brasileira em Veneza tem ainda a participação de Renata Lucas, Sara Ramo e Cildo Meireles, no Arsenale, onde também foi montada a obra "Ttéia I", de Lygia Pape (1927-2004), premiada com uma Menção Especial pela Bienal.

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