Carlos Garaicoa faz narrativa de falsas transações comerciais
por Camila Molina do Estadão
Em tempos de crise econômica mundial, o artista cubano Carlos Garaicoa criou uma narrativa de mentiras na obra Cómo Hacerse Milionario a Través del Junk Mail, que dá também título à exposição que ele apresenta na Galeria Luisa Strina. O trabalho começou como uma brincadeira: lançar e receber e-mails com propostas de transações milionárias de dinheiro que não passam de invenções e que não levam a nada concreto. A ironia da obra relaciona-se com o absurdo de uma realidade abstrata em que os valores e a moeda são negociados em esfera nada palpável. "É uma ideia esperançosa nesta época", diz o artista. Na galeria, ele colocou uma quantidade grande de impressões dos e-mails emoldurados, formando uma massa de mentiras. "Coleciono há mais de dois anos esses e-mails e quero fazer um livro com esse material."
Garaicoa, de 42 anos, criador cubano de destaque na cena mundial, que também participa da Bienal de Havana, usa sempre de um "olhar muito literário e conceitual" em sua produção. As palavras são caras na construção de sua poética, assim como a relação com a arquitetura. De certa forma, sua ação é sempre mínima, apresentada por meio de estética limpa.
Exige-se, portanto, o olhar atento aos desdobramentos abrigados nas ideias por detrás da suposta simplicidade ou limpidez de seus trabalhos. É assim com a instalação Mis Obsesiones Públicas e Mis Obsesiones Privadas, formada por duas grandes caixas de vidro com inscrições, respectivamente, de desenhos, que remetem à arquitetura de prédios de uma cidade e de ferramentas usuais como martelos e chaves de fenda. Dentro de cada uma das caixas transparentes há a projeção de um vídeo, compondo, assim, um jogo entre a ideia de cidade e da mecânica do trabalho - num deles, uma animação representa o suicídio de um corpo que salta do alto de um edifício. "São dois continentes, duas Caixas de Pandora", diz o artista.
Cómo Hacerse Milionario a Través del Junk Mail, que ocupa o térreo e o primeiro piso da galeria, com trabalhos todos novos, começou a ser elaborada no Brasil, quando o artista viveu entre 2006 e 2007 no Rio. Garaicoa também celebra a feliz coincidência de ter agora também a exibição de uma grande exposição sua que vem itinerando desde o ano passado pelo País - na próxima semana chega a Belo Horizonte e talvez venha a São Paulo.
Já no terceiro piso e no terraço, o gaúcho Marlon de Azambuja, de 30 anos, que vive na Espanha, exibe Projeto Moderno, sua primeira individual na galeria. Seu trabalho, tendo como mote a arquitetura e o questionamento do absurdo da sobreposição da estética sobre a função, também se abre em vários desdobramentos. Casa Modernista para Pássaros é "ironia light", com desenhos e maquete. Depois, no terraço, ele apresenta esculturas que são gaiolas com periquitos nas formas de prédios ícones de museus: o Masp, o New Museum e a Tate Modern.
Serviço
Carlos Garaicoa e Marlon de Azambuja.
Galeria Luisa Strina.
Rua Oscar Freire, 502, tel. 3088-2471.
Das 10 h às 19 h (sábado até 17 h; fecha domingo).
Até 16/5
Garaicoa, de 42 anos, criador cubano de destaque na cena mundial, que também participa da Bienal de Havana, usa sempre de um "olhar muito literário e conceitual" em sua produção. As palavras são caras na construção de sua poética, assim como a relação com a arquitetura. De certa forma, sua ação é sempre mínima, apresentada por meio de estética limpa.
Exige-se, portanto, o olhar atento aos desdobramentos abrigados nas ideias por detrás da suposta simplicidade ou limpidez de seus trabalhos. É assim com a instalação Mis Obsesiones Públicas e Mis Obsesiones Privadas, formada por duas grandes caixas de vidro com inscrições, respectivamente, de desenhos, que remetem à arquitetura de prédios de uma cidade e de ferramentas usuais como martelos e chaves de fenda. Dentro de cada uma das caixas transparentes há a projeção de um vídeo, compondo, assim, um jogo entre a ideia de cidade e da mecânica do trabalho - num deles, uma animação representa o suicídio de um corpo que salta do alto de um edifício. "São dois continentes, duas Caixas de Pandora", diz o artista.
Cómo Hacerse Milionario a Través del Junk Mail, que ocupa o térreo e o primeiro piso da galeria, com trabalhos todos novos, começou a ser elaborada no Brasil, quando o artista viveu entre 2006 e 2007 no Rio. Garaicoa também celebra a feliz coincidência de ter agora também a exibição de uma grande exposição sua que vem itinerando desde o ano passado pelo País - na próxima semana chega a Belo Horizonte e talvez venha a São Paulo.
Já no terceiro piso e no terraço, o gaúcho Marlon de Azambuja, de 30 anos, que vive na Espanha, exibe Projeto Moderno, sua primeira individual na galeria. Seu trabalho, tendo como mote a arquitetura e o questionamento do absurdo da sobreposição da estética sobre a função, também se abre em vários desdobramentos. Casa Modernista para Pássaros é "ironia light", com desenhos e maquete. Depois, no terraço, ele apresenta esculturas que são gaiolas com periquitos nas formas de prédios ícones de museus: o Masp, o New Museum e a Tate Modern.
Serviço
Carlos Garaicoa e Marlon de Azambuja.
Galeria Luisa Strina.
Rua Oscar Freire, 502, tel. 3088-2471.
Das 10 h às 19 h (sábado até 17 h; fecha domingo).
Até 16/5
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