sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pires da Costa tem trajetória polêmica na Fundação Bienal



por Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo


Manoel Francisco Pires da Costa entrou para a Fundação Bienal de São Paulo no final de 2000, numa das vagas abertas após uma série de conselheiros, entre eles Milú Villela, deixarem a instituição, depois de polêmicas que culminaram com a renúncia do então curador da 25ª Bienal, Ivo Mesquita.

Auxiliando na captação de um evento já em desgaste, Pires da Costa aproximou-se do então presidente da Fundação, o arquiteto Carlos Bratke, que lançaria seu nome para sucedê-lo, com apoio de Edemar Cid Ferreira, em julho de 2002. Na época, Pires da Costa era filiado ao PPS e havia sido presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros), cargo que teve que deixar após ser acusado, em 1996, de má gestão administrativa no Banco Patente pelo Conselho do Sistema Financeiro Nacional.
Manoel Francisco Pires da Costa, atual presidente da Bienal

A primeira polêmica com Pires da Costa na Bienal ocorreu em junho de 2003, quando Ethel Leon, curadora da 5ª Bienal de Arquitetura, pediu demissão do cargo por "falta de apoio institucional e verbas", quatro meses antes da mostra.

Em março de 2005, Pires da Costa foi reeleito presidente. Após uma enxurrada de críticas à 26ª Bienal, que teve Alfons Hug como curador, o presidente abriu mão de indicar um substituto e realizou um processo seletivo, organizado por um conselho, que escolheu Lisette Lagnado para cuidar da 27ª Bienal de São Paulo, realizada em 2006.

Em abril de 2007, às vésperas da segunda reeleição, Pires Costa se autodenunciou ao Ministério Público, admitindo que contrariou o estatuto da Bienal, que proíbe que membros da instituição forneçam bens à instituição, por usar sua empresa TPT para publicar a revista "BienArt".

Naquele mesmo mês, pela primeira vez na história da Bienal, o Conselho Fiscal recusou as contas da gestão de Pires da Costa, por "julgá-las comprometidas", mas a instituição reelegeu o empresário com um "voto de confiança" e a condição de uma comissão de ex-presidentes averiguarem as contas de sua gestão, que não chegou a nenhuma conclusão.

Em maio de 2007, a Folha publicou que, além de fazer negócios com a Bienal pela TPT, Costa comprava duplicatas que a instituição tinha para receber das firmas que alugavam espaços no pavilhão de exposições. Além disso, sua mulher recebia pela jardinagem e arranjos florais da Bienal e a corretora de seu genro fez os seguros da 27ª Bienal.

O Ministério Público considerou que, apesar de irregular, o negócio de Pires da Costa com a TPT não trouxe prejuízos à Fundação, mas realizou um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual, entre outras coisas, o empresário comprometeu-se a não contratar empresas de parentes de diretores, conselheiros da Fundação e seus parentes de até o terceiro grau.

Assim como ocorreu com a mostra do "vazio", no ano passado, que não pagou artistas e prestadores de serviço dentro dos prazos estabelecidos, problemas com pagamento também marcaram a edição de 2006, que só teve suas contas encerradas quase dois anos depois de seu término.


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