terça-feira, 25 de agosto de 2009

Obra histórica de Flavio de Carvalho está à venda em SP



Fábio Cypriano da Folha de S.Paulo

O traje "New Look de Verão", uma das mais importantes peças da arte brasileira do século 20, usado por Flavio de Carvalho em sua "Experiência nº 3", em 1956, está à venda, a partir de hoje. É o carro-chefe da mostra "Sob um Céu Tropical", na galeria James Lisboa Escritório de Arte.

"New Look de Verão", traje usado em 1956 por Flavio de Carvalho que está à venda

Carvalho (1899-1973) é não só um dos artistas mais experimentais no Brasil, como um dos precursores do happening e da performance na história da arte. Em 1931, ao caminhar de chapéu em sentido contrário ao de uma procissão de Corpus Christi, ele quase foi linchado. A polêmica foi registrada pelo próprio artista no livro "Experiência nº 2".

Contudo, Carvalho ainda é subavaliado pelo mercado de arte, tanto que o marchand James Lisboa estima que o "New Look" seja vendido por R$ 500 mil cada um, enquanto a tela "Mulata com Ramalhete de Flores" (1936), de Di Cavalcanti, na mesma exposição, está estimada em R$ 2 milhões. Cavalcanti (1897-1976) produziu mais de 25 mil trabalhos em vida, e a obra na mostra está longe de ter a importância histórica do "New Look". Os dois trajes na exposição pertenciam a sobrinhos do artista.

"Ele é o primeiro artista que trabalhou moda e arte", diz o pesquisador Flavio Roberto Lotufo, cujo tema de mestrado foi a "Experiência nº 3". Segundo Lotufo, em 18/10/1956, Carvalho andou pela cidade com dois conjuntos de saia e blusa: um de cor vermelha (que pertenceria à Faap, segundo o pesquisador) e o outro, que está na mostra.

A terceira blusa foi usada em outras ocasiões. De acordo com Lotufo, ele usou o conjunto várias vezes. As saias se perderam --na mostra há uma que serve como modelo da original. A Faap não confirmou para a Folha se possui um traje original.

Carvalho passará a ter destaque internacional no ano que vem, quando Lisette Lagnado organiza uma mostra, no museu Reina Sofía, em Madri, tendo o artista como figura central. "A apresentação das roupas está menos voltada para suas características, mas para a faceta de arquiteto e urbanista que foi o Flavio. Para ele, a cidade do século 20 passava necessariamente por uma mudança de comportamentos, livre de tabus", afirma a curadora.

SERVIÇO

SOB UM CÉU TROPICAL
Quando: abertura hoje, às 19h30; de seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 14h; até 26/9
Onde: James Lisboa Escritório de Arte (r. Dr. Melo Alves, 397, SP, tel. 0/xx/11/3061-3155); livre
Quanto: entrada franca

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