Silas Marti da Folha de S.Paulo
Terá braços em São Paulo e Salvador a próxima Trienal de Luanda, maior mostra de arte contemporânea africana, que começa em setembro de 2010 na capital angolana, com um orçamento de US$ 3 milhões.
Nesta segunda edição, o curador Fernando Alvim, que organizou o primeiro pavilhão de arte contemporânea africana na Bienal de Veneza há dois anos, pretende estabelecer uma nova geografia para a arte do continente, estreitando os laços entre Angola e Brasil.
Embora a mostra principal em Luanda esteja marcada só para 2010, uma peça de teatro --"As Formigas", de Boris Vian-- e apresentações da banda Next dão largada à Trienal em São Paulo já em novembro.
Também integra a programação a exposição "Smooth and Rave", com artistas africanos contemporâneos, que ocupam em novembro a galeria Soso, no centro de São Paulo.
De frente para a galeria, um hotel desenhado por Ramos de Azevedo terá cada quarto convertido em videoinstalação a partir de maio de 2010, projeto dos curadores Jacopo Crivelli Visconti e Simon Njami.
"Não precisamos todos passar por Londres, Paris, Nova York para nos encontrar", diz Alvim. "É uma nova geografia que se está a instaurar entre São Paulo, Lisboa e Luanda."
Mais perto de Angola, a capital baiana será outro "epicentro" da Trienal. "Existe imensa conexão da África com o Brasil e ela se materializa por aqui", afirma Solange Farkas, diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia, que levará a Luanda um recorte do festival Videobrasil. "A África é um ponto de referência; existe um desejo de trânsito, de uma aproximação muito forte e expressiva."
Parte importante dessa expressão será vista em vídeo, um dos suportes mais trabalhados pela nova geração de artistas africanos. "Tem um interesse em promover o vídeo", diz Farkas. "Usar o suporte como uma ferramenta de inclusão de artistas ainda faz sentido na cena artística angolana."
Outro ponto de ligação entre Salvador e Luanda é a exposição "Três Pontes", do curador Daniel Rangel, que fará no evento africano uma mostra sobre as conexões históricas e culturais entre as duas cidades.
"Quem é que nunca ouviu falar de cinema novo, do tropicalismo, em Luanda? Temos muitas coisas em comum para além da língua", diz Fernando Alvim. "Andamos muito à volta das cidades como base curatorial."
Além do Brasil, a Trienal de Luanda planeja mostras em cidades do mundo todo, como Londres, Nova York, Havana, Tóquio, Pequim, entre outras.
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