quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sandra Cinto

Artista Sandra Cinto constrói mar com carga literária: "No mar de Sandra Cinto, as âncoras são literárias. Suas ondas prateadas poderiam ser a tal "onda que parava naquela hora precisa em que a pálpebra da onda cai sobre a própria pupila". Ou talvez aquela "que se continha; que contivesse um momento seu rumor de folhas líquidas".
Veja galeria de fotos da mostra de Sandra Cinto
Versos de João Cabral de Melo Neto, Rainer Maria Rilke, Edgar Allan Poe e alguns outros estão por trás da tempestade marítima que a artista desenhou nas obras da individual que acaba de abrir no Instituto Tomie Ohtake.
Leia mais (07/07/2010 - 07h01)"

terça-feira, 6 de julho de 2010

Extensa obra de Basquiat se concentra em 8 anos de carreira

Extensa obra de Basquiat se concentra em 8 anos de carreira: "Jean-Michel Basquiat, negro, filho de um haitiano, criado pobre mas então já famoso, morreu numa tarde de agosto de 1988 com uma overdose.
Museu organiza maior exposição já feita sobre Basquiat
Em oito anos deixou uma obra extensa, raivosa, intensa e sobretudo crítica. Avesso ao status-quo, revirou o cenário artístico de sua época em um momento em que as galerias começaram a ser invadidas pela arte das ruas.
Leia mais (29/06/2010 - 07h21)"

Museu da Suíça organiza maior exposição já feita sobre Jean-Michel Basquiat

Museu da Suíça organiza maior exposição já feita sobre Jean-Michel Basquiat: "Não tivesse morrido em 1988, o pintor americano de origem haitiana Jean-Michel Basquiat completaria em dezembro 50 anos e estaria, na aposta do curador da maior exposição a seu respeito, parindo desenhos e vídeos compulsivamente, como não se vê mais na Nova York "limpa" de hoje.
Extensa obra se concentra em 8 anos de carreira
É essa "sujeira" criativa, o experimentalismo em falta, a carga social crítica, energia e raiva que Dieter Buchhard conjurou na Fundação Beyeler, na cidade suíça da Basileia, para produzir o que chama de uma mostra ampla e mais objetiva da carreira do pintor.
Leia mais (29/06/2010 - 07h05)"

domingo, 27 de junho de 2010

Museu espanhol celebra aniversário com arte latina

Museu espanhol celebra aniversário com arte latina: "O atual diretor do Musac (Museu de Arte Contemporânea de Castilha e Leon), Agustín Pérez Rubio, 37, é o mais jovem responsável por uma instituição com tal porte, na Espanha. Há cinco anos, quando o Musac foi inaugurado, ele era o curador-chefe do museu, tendo sido nomeado diretor em outubro do ano passado.
Desde então, Rubio, que circula frequentemente pela América Latina, tem incrementado as relações com instituições dessa região, sendo que, em São Paulo, a Pinacoteca do Estado é vista por ele como futuro parceiro.
Nesse sábado, Agustín inaugura três exposições no Musac, todas elas dedicadas à arte latino-americana, a principal delas, "Modelos para Armar", apenas com obras da coleção do museu.
Leia mais (26/06/2010 - 07h02)"

Curadora da última Bienal do Mercosul fará Bienal de Lyon

Curadora da última Bienal do Mercosul fará Bienal de Lyon: "Foi escolhida para dirigir a próxima edição da Bienal de Lyon a argentina Victoria Noorthoorn. Ao lado do artista chileno Camilo Yáñez, Noorthoorn foi curadora-geral da última edição da Bienal do Mercosul, em outubro do ano passado, em Porto Alegre.
Ela também está preparando agora a retrospectiva da artista argentina Marta Minujin no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), que começa no fim do ano. Minujin é uma das artistas escaladas para a próxima Bienal de São Paulo.
Noorthoorn, que agora assume a bienal francesa, já ocupou cargos de curadoria no MoMA, em Nova York, e trabalhou na representação argentina da 52ª Bienal de Veneza, que levou obras do artista León Ferrari.
Leia mais (26/06/2010 - 09h01)"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Neuenschwander transforma jantar de abertura em performance em NY

Neuenschwander transforma jantar de abertura em performance em NY: "Na noite de abertura de sua exposição ontem no New Museum, em Nova York, a artista brasileira Rivane Neuenschwander transformou o jantar em sua homenagem numa performance.
Ela forçou os chefs Benedetto Bartolotta e Patric Chriss, do Jane Hotel, para onde migrou o vernissage, a cozinhar usando apenas os ingredientes que estavam numa lista de compras que encontrou por acaso em Frankfurt.
Enquanto Lisa Phillips, diretora do New Museum, achou "saudável" a refeição, o crítico Michael Wilson, da revista "Artforum", reclamou da falta de sabor, já que a lista da artista não fazia menção a sal ou açúcar.
Leia mais (24/06/2010 - 21h11)"

Documenta de Kassel planta árvore para dar início à próxima edição

Documenta de Kassel planta árvore para dar início à próxima edição: "Uma das mais importantes mostras de arte contemporânea do mundo, a Documenta, que acontece a cada cinco anos em Kassel, na Alemanha, plantou uma árvore no Auepark, na cidade alemã, como parte dos preparativos para sua 13ª edição.
Dois anos antes do início da mostra, em 2012, a árvore deverá crescer ao lado da escultura "Idee di Pietra" (ideias de pedra) do artista italiano Giuseppe Penone, obra em bronze, em formato de árvore, que fica no mesmo parque.
"Estamos celebrando o início do verão e o poder criativo da arte com esse ato", disse a curadora da Documenta, Carolyn Christov-Bakargiev, ao jornal "Süddeutsche Zeitung".
Leia mais (23/06/2010 - 21h00)"

domingo, 20 de junho de 2010

Bienal de Berlim tem perfil jovem e documental

Bienal de Berlim tem perfil jovem e documental: "Em sua sexta edição, mostra de arte contemporânea em Berlim contribui para revitalizar o bairro Kreuzberg. Predomínio de artistas jovens e obras de teor documental marcam a exposição."

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Rivane Neuenschwander leva obras do acaso a NY e à Suécia

Rivane Neuenschwander leva obras do acaso a NY e à Suécia: "Ela não fala muito. Diz que prefere escrever. Mas está ali, com os olhos azuis bem abertos, pronta para a conversa. Só que as palavras não vêm.
Sobre a toalha de mesa cor-de-rosa, um arsenal de distrações. Pães de queijo saídos do forno, café acabado de passar, bolo de fubá.
Veja fotos de obras de Rivane Neuenschwander
Leia mais (18/06/2010 - 07h32)"

Morre aos 87 anos o escritor José Saramago

Morre aos 87 anos o escritor José Saramago: "MADRI - O escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago morreu nesta sexta-feira, 18, em sua casa em Lanzarote (Ilhas Canárias) aos 87 anos de idade. O escritor faleceu às 13 horas locais (8 horas de Brasília), segundo sua esposa e tradutora, Pilar del Rio. Ainda de acordo com"

Estação Pinacoteca traz quatro mostras que merecem visita

Estação Pinacoteca traz quatro mostras que merecem visita: "Elizabeth Jobim e sua instalação, tudo azul e branco. Foto: Márcio Fernandes/AE Marina Vaz - O Estado de S. Paulo SÃO PAULO - Em março, uma fila de visitantes se formou em frente à Pinacoteca do Estado para ver as obras de Andy Warhol. Mas a mostra era na Estação Pinacoteca, a algumas quadras"

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bienal do Mercosul tem novo presidente

Bienal do Mercosul tem novo presidente

Curador belga será novo diretor da Tate Modern

Curador belga será novo diretor da Tate Modern: "A Tate Modern, um dos principais museus do Reino Unido, anunciou seu novo diretor. Ele é Chris Dercon, atual responsável pelo Haus der Kunst, em Munique, Alemanha.
O belga de 52 anos vai assumir o posto na primavera no hemisfério Norte do próximo ano. Ele disse estar "animado" com o novo trabalho. Ele substitui Vicente Todoli, que deixou a Tate após sete anos no posto.
Dercon já visitou o Brasil e fez a curadoria de uma mostra sobre Helio Oiticica no P.S.1, um dos braços do MoMA em Nova York.
Leia mais (16/06/2010 - 21h50)"

terça-feira, 15 de junho de 2010

Três novos livros exploram obra do artista gaúcho Iberê Camargo

Três novos livros exploram obra do artista gaúcho Iberê Camargo: ""Não há espaço para a alegria", escreveu o artista Iberê Camargo. "Toda grande obra tem raízes no sofrimento."
Mas a dele não era uma angústia homogênea. A obra deste pintor gaúcho, morto há 16 anos, está arquitetada sobre contrastes agudos, quente e frio, presente e passado, mergulho introspectivo contra a impetuosidade.
Veja fotos de obras de Iberê Camargo
Leia mais (15/06/2010 - 07h42)"

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Exposição mostra lado católico e abstrato de Andy Warhol

Exposição mostra lado católico e abstrato de Andy Warhol: "Por Walker Simon NOVA YORK (Reuters Life!) - Como um pioneiro da pop art, Andy Warhol trilhou o seu caminho para a fama com obras que viraram a sua marca registrada como as caixas de sopa Brillo ou latas de sopa Campbell. Mas uma nova exposição garante que a pop art foi apenas uma fase de sete anos"

Morre o artista plástico alemão Sigmar Polke

Morre o artista plástico alemão Sigmar Polke: "Sigmar Polke morreu de câncer nesta sexta-feira, aos 69 anos de idade. Ele foi um dos principais artistas plásticos contemporâneos, com obras avaliadas em milhares de euros. Avesso à mídia, ele pouco aparecia em público."

BIENAL DE BERLIM INAUGURA HOJE

BIENAL DE BERLIM INAUGURA HOJE: "Inaugura hoje a sexta Bienal de Berlim para a arte contemporânea, que irá decorrer em vários locais da cidade alemã. A bienal conta com uma oficina curatorial, seminários, debates, conferências públic..."

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Tate Modern compra obra de Lygia Pape e Paulo Brusky

Tate Modern compra obra de Lygia Pape e Paulo Brusky: "LONDRES - A Tate Modern de Londres ampliou sua coleção de arte latino-americana comprando obras dos brasileiros Lygia Pape e Paulo Brusky na abertura da Pinta Londres, anunciaram os organizadores da feira que terminou no domingo com boas vendas, segundo divulga a agência France Press. O museu"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Louise Bourgeois

Louise Bourgeois: "






Morre, aos 98 anos, a artista e escultora Louise Bourgeois.

"

Bienal de São Paulo divulga lista de artistas para a 29ª edição

Bienal de São Paulo divulga lista de artistas para a 29ª edição: "SÃO PAULO - A Fundação Bienal de São Paulo divulgou nesta terça-feira, 1, a lista dos artistas que participarão da 29ª edição de sua mostra de arte, que acontecerá entre os dias 25 de setembro e 12 de dezembro no Parque do Ibirapuera. Com o título 'Há Sempre um Copo de Mar para um Homem Navegar',"

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A artista que agigantou aranhas, morre aos 98

A artista que agigantou aranhas, morre aos 98: "Conhecida, sobretudo, por suas esculturas em que agigantou a figura de aranhas - há uma delas em exposição permanente no Museu de Arte Moderna de São Paulo -, a artista franco-americana Louise Bourgeois morreu nesta segunda-feira, 31, aos 98 anos, no Beth Israel Medical Center em Manhattan, Nova"

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Beuys vem aí



Fora da 29ª Bienal, obra de Joseph Beuys, o mais importante artista alemão do século 20, ganha exposição no Sesc Pompeia

Joseph Beuys em reprodução de seu pôster
"A Revolução Somos Nós", dos anos 1970

A 29ª Bienal de São Paulo, programada para ser aberta ao público em 25 de setembro, não vai apresentar a obra do artista alemão que melhor sintetizou a relação entre arte e política, Joseph Beuys (1921 - 1986), apesar de seu nome ter sido considerado pela curadoria.

Faria todo sentido, afinal a Bienal tem por tema central justamente as aproximações entre arte e política, e Beuys abordou esse tema especialmente nas décadas de 1960 e 1970, período que vai receber atenção especial no Ibirapuera.

Mesmo assim, Beuys estará presente na cidade, na maior mostra já dedicada a ele no país, em exposição paralela à Bienal, organizada pela Associação Videobrasil e pelo Sesc São Paulo.

"Essa exposição é nosso aporte à Bienal, dentro da ideia do "São Paulo, Polo de Arte Contemporânea", em fazer com que instituições da cidade contribuam para adensar as propostas da curadoria da Bienal", diz Solange Farkas, diretora do Videobrasil.

Ela organiza a exposição dedicada ao artista alemão no Sesc Pompeia, mesmo local que abrigou "Cuide de Você", instalação de Sophie Calle, no ano passado.

Com o título "A Revolução Somos Nós", nome de um dos mais famosos pôsteres do artista, reproduzido acima, a mostra terá curadoria de Antonio Davossa, da Academia de Arte de Milão, que acompanhou Beuys em muitas de suas viagens à Itália. A produção italiana do artista, aliás, será o foco da mostra.


Mostra exibe seis vertentes de trabalho de Beuys

As instalações são apenas uma das seis vertentes da exposição; haverá também pôsteres, vídeos, fotos e ciclo de conferências

Em 1971, Joseph Beuys foi convidado pelo galerista Lucio Amélio a organizar sua primeira mostra na Itália, em Capri. Nessa exposição, ele criou o slogan "La Rivoluzione Siamo Noi" (A revolução somos nós), para abordar as mazelas da democracia italiana. Na abertura, um jovem estudante ficou fascinado com o que viu. "Havia tanta gente que nem todos conseguiram entrar na galeria, e eu mesmo nem compreendi direito o que vi, mas fiquei impressionado com o carisma do Beuys", disse Antonio D'Avossa à Folha, por telefone.

Quase 40 anos depois, D'Avossa prepara "A Revolução Somos Nós", que irá abordar a produção italiana de Beuys. "Depois da Alemanha, foi na Itália onde ele produziu a maior parte de obras. Vamos mostrar desde o pôster de 1971 até sua última instalação, "Terremoto", de 1985, criada quatro meses antes de ele morrer", diz o curador e autor de "Joseph Beuys - Difesa della Natura".

Além de "Terremoto", inspirada num terremoto real, ocorrido em Palermo, abordando assim o conceito de catástrofe, a mostra terá também a instalação "Arena", de 1972, realizada em Verona, outra obra que aborda a democracia.

Contudo, as instalações são apenas uma das seis vertentes da exposição. "Beuys é como um diamante. Ele tem muitas faces, mas todas estão conectadas: a pedagógica, a política, a ecológica e a escultura são algumas das mais importantes", diz D'Avossa.

As demais vertentes da mostra são: os múltiplos, numa seleção dos 600 que Beuys criou como forma de democratizar sua obra; os pôsteres, cerca de 200, apresentando a coleção do italiano Luigi Bonotto, que possui o conjunto completo; os vídeos, divididos em três sessões (documentação, discussão e documentários); fotos e ciclo de conferências.

Uma das curiosidades da mostra é a comparação que D'Avossa faz entre as viagens de Beuys pela Itália com as andanças de Goethe pelo mesmo país, entre 1786 e 1788, quando usou um pseudônimo para se misturar à população.

Beuys esteve na Itália muitas vezes - em Veneza, Roma, Milão, Nápoles e Verona, entre outras. "Assim como Goethe, quando ele estava em Nápoles, por exemplo, se transformava num napolitano. Por isso, todos os seus trabalhos italianos abordam questões locais, como a agricultura, onde criou o slogan "Defesa da Natureza", em 1977", diz o curador.

Durante a mostra, será ainda instalada em São Paulo a Universidade Livre, criada por Beuys e mantida por seu aluno Jochen Stuttgen. "O ciclo de debates e a Universidade Livre são fundamentais na mostra, pois duas das questões centrais no trabalho do Beuys eram a difusão e o debate de ideias", diz ainda D'Avossa.

FABIO CYPRIANO da Folha de S. Paulo

quarta-feira, 7 de abril de 2010

MIKE NELSON REPRESENTA GRÃ-BRETANHA EM VENEZA

O British Council anunciou que Mike Nelson irá representar a Grã-Bretanha na 54ª Bienal de Veneza que inaugura em Junho de 2011.

Nelson foi o vencedor do Paul Hamlyn Award em 2001 e foi por duas vezes finalista do Turner Prize. Nascido em 1967, ganhou reputação internacional pelas suas instalações esculturais cuidadosamente realizadas.

A sua obra mais recente, Quiver of Arrows (2010), está atualmente em exibição numa mostra individual na 303 Gallery de Nova Iorque até ao dia 10 de Abril.

Vista da instalação Quiver of Arrows na 303 Gallery de Nova Iorque.

Vista interna da obra. mais imagens...

O artista londrino já esteve presente na oitava Bienal Internacional de Istambul (2003); Modern Art Oxford (2004), 26ª Bienal de São Paulo (2004); Statens Museum for Kunst, Copenhague (2008); Creative Time, Nova Iorque (2008); e na Tate Triennial (2009).

Disponível em:
www.flashartonline.com
www.303gallery.com

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Artista da Bienal 2010



Anri Sala, que estará na Bienal, questiona a política a partir do som

Um casal se separa. As perguntas dela são murmúrios que se perdem no espaço. As respostas dele são solos violentos de bateria. Tambores abafam o discurso verbal e o som embaralha forma e conteúdo.

O casal no vídeo "Answer Me" (Responda-me), do artista Anri Sala, 36, tenta desfazer o romance dentro do domo erguido pelo arquiteto Buckminster Fuller sobre as ruínas da Berlim arrasada pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Era a antiga estação de espionagem dos Aliados, que tentavam decifrar o tráfego radiofônico vindo do outro lado do muro.

Domo erguido pelo arquiteto Buckminster Fuller sobre as ruínas da Berlim arrasada pela Segunda Guerra Mundial.

Toda a obra desse artista albanês, um dos maiores nomes escalados para a próxima Bienal de São Paulo, que começa em setembro, se estrutura em torno do som e de sua relação com a arquitetura na tentativa de aferir mudanças políticas.

O videoartista albanês Anri Sala que visitou São Paulo para palestra e pesquisas
Seu vídeo sobre a separação entre rajadas de tambor não estará na mostra paulistana, mas dá ideia do que será seu próximo trabalho, ainda em preparação. "É uma forma de fugir de simbolismos de linguagem, de escapar dos grandes temas, já que o som é menos construído, não pode ser emoldurado", afirma Sala em entrevista à Folha num hotel em São Paulo.

Essa moldura impossível do som é sempre um prédio ou um contexto explorado por seu tipo de acústica, mas nunca vazio de história. Se não o domo geodésico de Buckminster Fuller, pode ser, então, uma sala de música aposentada em Bordeaux ou a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, que o videoartista visitou no Brasil.

Ele não deve usar os projetos da arquiteta no trabalho que vai mostrar em São Paulo, mas garante que a nova obra tem a ver com o contexto da cidade e o tema de arte e política desta edição da Bienal. Sala antecipou à Folha que seu próximo filme também gira em torno de um prédio agora interditado, mas ainda "rico em memórias".

Filme mudo

"A música ressuscita o passado desse prédio; as novas melodias fazem o som do passado parecer mais atual do que o do presente."

Do mesmo jeito que explorou o eco dos domos em Berlim, Sala agora busca resquícios da sonoridade punk que encheu nos anos 60 a casa de concertos da Cité du Grand Parc, em Bordeaux, cenário do filme que estará na Bienal em setembro. "Estou interessado na ideia de fricção que o som pode criar."

Num de seus primeiros trabalhos, Sala buscou a mesma fricção. Encontrou um filme mudo de um discurso de sua mãe, uma militante comunista, feito na época do regime. Mandou então legendar o filme com as palavras perdidas, reinterpretadas por leitura labial. Diante das novas imagens, Valdet, a mãe do artista, não acredita na tradução das palavras e nega ter pensado daquele jeito.

Mais do que o resgate de um discurso perdido, a tradução da obra exalta a passagem linguística entre dois momentos históricos, a Albânia antes e depois do comunismo. "Mudanças políticas trazem uma mudança de sintaxe, o que parecia articulado nos anos 60 e 70 já não é mais hoje", diz Sala.

Também herança de um regime obsoleto, há mais distinções entre branco e negro na língua nativa do Senegal, país africano dominado pela França até os anos 60, do que para outras cores, como azul e vermelho. Sala explora isso num filme em que três crianças repetem os nomes dos tons entre o preto e o branco até virar uma espécie de melodia abstrata.

"Há algo muito importante nesse espaço intervalar, quando a língua se transforma em som puro", diz. "São tão sensíveis à cor da pele que resistiram às cores tradicionais. Não havia motivo para brigar pelo vermelho, pelo amarelo. É essa linguagem desconhecida repetida até o ponto em que acaba se tornando melódica."

SILAS MARTÍ da Folha de S.Paulo

segunda-feira, 29 de março de 2010

Oscar Cruz abre novo espaço expositivo

Galeria Oscar Cruz abre novo espaço expositivo no dia 30 de março
com mostra coletiva de artistas brasileiros e estrangeiros. Destaque
para a arte contemporânea carioca, com a inauguração da coletiva,
“Com Afeto, Rio”, curada por Bernardo Mosqueira

No dia 30 de março, terça-feira, às 20 horas, o galerista Oscar Cruz inaugura novo espaço de arte contemporânea brasileira e internacional no bairro paulistano do Itaim. A Galeria Oscar Cruz está localizada no endereço da extinta galeria Baró Cruz, agora com novo projeto com um novo e renovado grupo de artistas representados.

Oscar Cruz atua no mercado da arte brasileira e internacional há 15 anos e inicia uma nova fase da sua carreira com propostas para atender o crescente interesse do público por arte contemporânea em grandes exposições e feiras internacionais. Um dos diferenciais da galeria é a forte presença de artistas contemporâneos internacionais com passagens por mostras institucionais como a Bienal de São Paulo e do Mercosul.

Os artistas representados pela Galeria Oscar Cruz são: César Gabler (Chile), Daniel Alcalá (México), Eduardo Basualdo (Argentina), Giulianno Montijo (Brasil), Hernán Salamanco (Argentina), Julio Grinblatt (Argentina), Lina Kim (Brasil), Marcelo Amorim (Brasil), Marco di Giorgio (Brasil), Mariana López (Argentina), Martín di Girolamo (Argentina), Martin Legón (Argentina), Michael Stubbs (Inglaterra), Michael Wesely (Alemanha), Nino Cais (Brasil), Pablo Siquier (Argentina), Rodrigo Cunha (Brasil) e Sebastian Gordín (Argentina).

Michael Wesely (Alemanha)

“O mercado brasileiro de arte contemporânea vem crescendo constantemente e por este motivo carece de novos talentos. Neste sentido, um dos principais projetos da galeria é enfatizar a produção contemporânea, apoiando o surgimento de novos talentos e trabalhando para consolidar e inserir seus artistas no circuito nacional e internacional.”, atesta Oscar Cruz, que atua há 15 anos no mercado paulista e carioca.

Mostras inaugurais

A coletiva no andar térreo reúne pinturas, fotografias, colagem, esculturas, objetos e aquarelas dos artistas representados.

No piso superior é apresentada a coletiva de artistas cariocas Com Afeto, Rio”, organizada pelo jovem curador Bernardo Mosqueira. São apresentados vídeos, fotografias, desenhos, pinturas, performances, objetos e instalações de Alessandro Sartori, Bernardo Ramalho, Coletivo LaRica, Coletivo Opavivará, Daniel Toledo, Daniela Antonelli, Felipe Fernandes, Gilvan Nunes, Glaucia Mayer, Joana Traub Cseko, João Penoni, Julia Cseko, Julia Debasse, Leo Ayres, Pedro Victor Brandão, Pontogor + Julia Pombo, Rodrigo Torres, Susana Guardado, Tiago Rivaldo.

Serviço:

Eventos: exposição de artistas da galeria e coletiva “Com Afeto, Rio”, com curadoria de Bernardo Mosqueira
Abertura:
dia 30 de março, terça-feira, das 19 às 23 horas
Período expositivo: de 31 de março a 10 de maio de 2010
Local: Galeria Oscar Cruz
Endereço: Rua Clodomiro Amazonas, 526, Itaim Bibi - São Paulo, SP
Telefone: (55 11) 3167 0833
Horários de funcionamento: terça a sexta-feira, das 11 às 19 horas; e sábados, das 11 às 17 horas
Entrada franca e Livre
Estacionamento: duas vagas gratuitas em frente à galeria e estacionamento conveniado
próximo

www.galeriaoscarcruz.com

Mais informações para a imprensa:

Adelante Comunicação Cultural

Décio Hernandez Di Giorgi
Tel.: (55 11) 3589 6212 / 8255 3338 (cel.)
E-mail: dgiorgi@uol.com.br
MSN: deciogiorgi@yahoo.com.br

Crítica/"Andy Warhol, Mr. America"

Mostra revela faceta crítica de Warhol

Exposição aponta sarcasmo do artista em relação aos mitos americanos e exibe obras experimentais, além das famosas


O rótulo "artista pop" é muito pequeno para definir Andy Warhol, como se pode perceber na mostra "Andy Warhol, Mr. America", que será aberta no próximo sábado, na Estação Pinacoteca.
A reportagem da Folha viu a exposição em sua primeira montagem, em Bogotá, na Colômbia, no ano passado.
Obviamente, estão nas obras, como nas gravuras de Marilyn Monroe e nas das latas de sopa Campbell's, os elementos que marcam a chamada arte pop, ou seja, o uso de elementos do mundo das celebridades e da publicidade -nessas imagens, Warhol sempre se apropriou de fotos de jornal.
Mas o que a exposição revela com intensidade é, em primeiro lugar, uma faceta crítica, que até então costuma ser atribuída apenas ao pop inglês, onde o movimento surgiu, com a famosa colagem "O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão diferentes, Tão Atraentes", de Richard Hamilton, de 1956.
Se Warhol não usava ironias em seus títulos, elas estão presentes, contudo, em suas próprias construções. Suas celebridades são maquiadas com cores fortes e berrantes, outro elemento que o caracteriza como pop, mas exibidas após situações de fraqueza. Na série sobre Jackie Kennedy, por exemplo, ela surge não quando estava gerando um padrão de beleza para o país, mas no momento de luto.
É como se Warhol apontasse para o poder ambivalente da imagem que se torna impressa, afinal ela não é capaz de revelar tudo. Nesse sentido, o custo da fama revela-se perverso e sem glamour. Mesmo assim, ao colorir tais imagens, ele apela para a sedução, uma das razões que o tornou a ser tão reconhecido popularmente.
Outro caráter importante da exposição é exibir, junto com os trabalhos mais famosos, sua obra mais experimental, até então normalmente vista em pequenas mostras ou como trabalhos menores. Warhol produziu filmes alternativos em grande quantidade -há 17 deles na exposição- e trabalhou em vários suportes, chegando até a criar ambientes imersivos, como "Silver Clouds" (nuvens prateadas), de 1966, ou "Cow Wallpaper" (papel de parede de vaca), de 1972.
São trabalhos precursores das instalações contemporâneas, que o levam muito além da mera produção pop.
Finalmente, o curador Philip Larratt-Smith acerta ainda ao apontar o caráter sarcástico de Warhol em relação aos mitos americanos. O artista abordou a violência contra os negros, em "Confrontos Raciais", a miséria, em "Desastres do Atum Enlatado", retratou temas tabus como a homossexualidade, a obsessão pela morte e, como se não fosse suficiente, a sociedade do espetáculo.
Assim, quem observa apenas as cores fortes e as imagens sedutoras, fica apenas na superfície da obra de Warhol, mas quem quiser se aprofundar de fato nessas imagens, vai descortinar um mundo não colorido e tampouco atrativo, o que afinal é o retrato da América. (FABIO CYPRIANO)


ANDY WARHOL, MR. AMERICA

Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, Centro, SP, tel.0/ XX/11/ 3335-4990); até 23/5
Quanto: R$ 3 a R$ 6 (sábado, grátis)
Cotação: ótimo


sexta-feira, 19 de março de 2010

Exposição em SP reúne 100 peças de Hélio Oiticica

No fim de 2009, o nome do artista plástico carioca Hélio Oiticica (1937-1980) virou notícia após um incêndio atingir parte de suas obras. Deixando a tragédia de lado, o Itaú Cultural abre amanhã para convidados, e domingo para o público, a exposição "Hélio Oiticica - Museu É o Mundo". A mostra, que entrelaça os escritos e a obra do artista experimental, marca ainda os 30 anos de sua morte.

Com curadoria de César Oiticica Filho, sobrinho do artista, e Fernando Cocchiarale, é a maior exposição de Oiticica em São Paulo. O evento, que vai ocupar três andares do instituto, traz 100 peças, das quais 65 pertencem à coleção da família. "A exposição é um resumo panorâmico dos trabalhos feitos por Hélio desde o início do Grupo Frente (núcleo do concretismo carioca) até os anos 1970", explica Cocchiarale.

Em destaque estão 15 Bólides (caixas), 12 Parangolés (capas), oito Penetráveis (instalação) e uma Cosmococa (instalações com projeção de fotos e música). Junto das obras, anotações de Oiticica.

Para César, o aspecto mais ambicioso da exposição é extrapolar a galeria. Seguindo o nome da mostra, uma citação do artista, a curadoria vai levar cinco Penetráveis para outros espaços da cidade. As obras poderão ser vistas na Casa das Rosas, Teatro Oficina, Pinacoteca do Estado, Parque Mário Covas e Ibirapuera. "A ideia é atingir quem está na rua, amplificando o alcance da mostra."

Museu é o Mundo. Itaú Cultural: Avenida Paulista, 149. Tel. (011) 2168-1776. Amanhã, somente convidados.
De 21 de março a 16 de maio. Ter. a sex., das 9h às 20h. Sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h. Grátis. Livre.

terça-feira, 16 de março de 2010

Bienal de São Paulo divulga cartaz da sua 29ª edição

A Fundação Bienal divulgou o pôster da exposição deste ano, sua 29ª edição.

O cartaz foi criado pela nova área de design da fundação e contem o verso do poeta Jorge de Lima: "Há sempre um copo de mar para um homem navegar", título da mostra, extraído de "Invenção de Orfeu" (1952).

MARINA ABRAMOVIĆ NO MOMA DE NOVA IORQUE


O Museum of Modern Art de Nova Iorque apresenta “Marina Abramović: The Artist is Present”, a primeira retrospectiva de larga escala num museu americano do trabalho de performance da artista, até 31 de Maio de 2010.

Marina Abramović, "Portrait with Flowers". 2009. Black-and-white gelatin silver print.

Reconhecida internacionalmente como pioneira e figura-chave na arte da performance, Marina Abramović (Iugoslávia, 1946) usa o seu próprio corpo como sujeito, objeto e meio, explorando os limites físicos e mentais.

A exposição percorre a prolífera carreira de Abramović com cerca de 50 obras que se estendem por quatro décadas de intervenções e peças sonoras, obras em vídeo, instalações, fotografias, performances solo e coletivas.

A mostra inclui a estréia mundial de uma nova obra de performance executada pela própria Abramović e a execução de performances históricas de influentes artistas especialmente selecionados para esta exposição.

Disponível em: www.artdaily.com

Paris recebe mostra de Lucian Freud

Para uma parte da crítica, ele é o maior pintor em atividade no mundo. Para outra, não passa de um acadêmico consagrado. Para o mercado de arte, sua obra é uma mina de ouro. Para os museus, trata-se de um sucesso garantido de público, como se vê nas salas lotadas de "Lucian Freud - O Ateliê", aberta na última quinta em Paris, no Centre Georges Pompidou.

"Working at Night", de 2005, é uma das obras de Lucian Freud expostas em Paris;

É a primeira grande mostra de Freud na França em 22 anos. Com curadoria de Cécile Debray, reúne 55 telas, algumas consideradas obras-primas, e a maioria pertencente a coleções particulares, o que torna a exibição (que vai até 21/7) ainda mais atrativa. Dela consta o quadro "Benefits Supervisor Sleeping", arrematada há dois anos por US$ 33 milhões (R$ 58 milhões) -um recorde para um artista vivo.

"After Cézanne", tela de 2000

Neto do fundador da psicanálise, Lucian Freud nasceu em Berlim, em 1922. Sua família migrou para a Grã-Bretanha em 1934, e ele se naturalizou inglês em 1939, o mesmo ano da morte do avô Sigmund. Começou a estudar artes bastante jovem, mas foi o encontro com Francis Bacon, em 1945, que libertou a sua pintura das convenções que a dominavam.

"Naked Admirer", de 2004

Como ocorreu com Bacon e outros nomes da "escola de Londres", Freud passou, a partir dos anos 60, a pintar quase só no ateliê. Seu método de trabalho é baseado na observação detida do modelo, num processo lento de produção, com quatro ou cinco telas por ano, as quais ele pinta sempre de pé.

Dividida em salas, o foco da mostra é a experiência do ateliê na obra de Freud, o modo como ele transformou tal espaço em seu universo pictórico.

"Painter's Garden with Eli", de 2006

Na primeira, "Interior/ Exterior" predomina o "embate" entre o mundo da rua e o ambiente fechado do ateliê, situado atualmente no bairro Notting Hill. Ali, estão expostas raras paisagens urbanas feitas por Freud, quase hiperrealistas, mostrando terrenos vazios e fundos de prédios.

A sala "Reflexão" agrupa uma série de autorretratos em diferentes épocas, inclusive o famoso "Painter Working, Reflection" (1993), em que ele se pintou nu, aos 71 anos. O isolamento no ateliê transforma o próprio artista em tema crucial e o estimula a refletir sobre a sua relação de poder com o modelo, às vezes com ironia.

"Reflection with Two Children (Self-Portrait)", autorretratro de 1965

As releituras de clássicos que Freud admira, como Cézanne e Chardin, dominam a seção "Retomadas". Mas a sala de maior impacto é "Igual à Carne - Cenografias e Composição", com nus extraordinários que fizeram a fama de Freud.

Os modelos surgem em total entrega ao pintor, tombados em camas ou no chão, gordos, estranhos, desidealizados, dessublimados. As pinceladas firmes e densas acentuam os estragos feitos no corpo pelo tempo e pelo uso. "Eu trabalho a pintura para que ela seja igual à carne", disse o pintor.

É como se, para Freud, a carne fosse o último tema da pintura figurativa, a expressão derradeira do controvertido naturalismo do artista, sobre o qual o próprio amigo Bacon emitiu um dos juízos mais severos: "O problema com a obra de Lucian é que ela é realista sem ser real".

ALCINO LEITE NETO da Folha de S.Paulo

segunda-feira, 15 de março de 2010

Artista coloca touros em cima das vacas da CowParade em SP



Dois touros de sorriso maroto, feitos de isopor, acordaram nesta manhã de segunda-feira montados em duas vacas da CowParade, evento importado da Suíça que espalha dezenas de animais coloridos de resina pela cidade de São Paulo.

A intervenção não autorizada durou pouco. Lá pelas 10h, os touros foram retirados pelos organizadores da parada. "Fomos avisados e mandamos retirar [os touros], mas não danificaram as vacas, está tudo bem", disse a assessora de imprensa do evento.

O manifesto foi feito pelo artista Eduardo Srur, 36, que há alguns anos promove em São Paulo a discussão sobre o que é arte pública. O alvo desta vez foi a CowParade por ser "o maior e mais bem sucedido evento de arte pública no mundo".

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Intervenção do artista Eduardo Srur em vaca da Cow Parade instalada na av. Paulista

Na semana passada, cerca de 20 vacas tiveram que mudar de lugar por fazerem alusão direta a marcas patrocinadoras --saíram das ruas e foram para dentro de lojas. A CowParade já passou por dezenas de cidades do mundo e acontece em São Paulo pela segunda vez em SP, depois de ter passado por Rio, Belo Horizonte e Curitiba.

"A escultura do touro remete ao touro Bandido, aquele que nunca foi domado em rodeios, personagem de novela, lenda nacional", disse Srur à Folha, que acompanhou a instalação dos dois animais na madrugada de domingo para segunda. "Não consigo ver relação entre uma vaca importada da Suíça e o nosso país. É um objeto estéril, e o touro vem para fazer uma inseminação cultural, gerar uma discussão."

Os dois touros foram feitos pelo escultor Heitor Morrone, 29, com ajuda de outras três pessoas, em dez dias. Ele e um assistente, usando chapéus de caubói, instalaram os touros e os prenderam com um cabo de aço ao redor da barriga da vaca. Vídeos e fotos serão publicados no site de Srur.

A ação começou por volta da 1h, na esquina da av. Faria Lima com av. Cidade Jardim, numa vaca pintada com onças e jacarés, instalada num posto de gasolina, principal patrocinador da CowParade. Participaram oito pessoas, incluindo um cinegrafista e dois motoristas de caminhão, que transportaram os "animais".

Uma unidade móvel da Polícia Militar e um carro da CET estavam estacionados do outro lado da av. Faria Lima e não intervieram no trabalho. Um policial chegou a se aproximar, riu e foi embora.

"O pessoal passa muito aqui para tirar foto, mas agora acho que não vão tirar mais foto dessa aí", disse João Adolfo de Oliveira, 48, segurança de uma banca de jornal na av. Paulista, esquina com a rua Augusta, onde foi feita a segunda intervenção.

Cada patrocinador paga ao evento cerca de R$ 40 mil por vaca e chama convidados para pintá-las. O site da CowParade informa que, na primeira edição, em 2005, foram levantados R$ 4 milhões em patrocínio e R$ 1,2 milhão para instituições carentes. Neste ano, o evento termina dia 21 e custou cerca de R$ 2 milhões. As quase 80 vacas serão leiloadas em abril, por um preço mínimo de R$ 5 mil.

A artista Fernanda Eva, que assina a vaca verde da av. Faria Lima, recebeu R$ 1.000 para fazer o trabalho. Ela ficou chateada com a intervenção de Srur. "É uma apropriação de mau gosto, me entristece que ele não consiga reconhecer uma obra de arte", disse Fernanda à Folha, que afirmou ter passado um mês pintando a vaca. "E ele conseguiu danificar a obra, tem umas colas grudadas, arrancou a pintura."

Não é de hoje que a CowParade gera polêmica. O evento começou em 1998 em Zurique, Suíça, país que tem a vaca como símbolo, e se espalhou pelo mundo. Em 2004, em Estocolmo, artistas "sequestraram" um dos animais e ameaçaram "decapitá-lo" caso os participantes não assinassem uma carta declarando que a CowParade não era um evento de arte. No final, a vaca foi feita em pedacinhos e mandada de volta dentro de um saco.

FERNANDA EZABELLA da Folha de S.Paulo

quinta-feira, 11 de março de 2010

BIENAL: Evento terá "terreiros" entre a exposição


Em 1998, com a antropofagia como tema central, o curador Paulo Herkenhoff, da 24ª Bienal de São Paulo, tornou o tema uma referência internacional. Para a 29ª edição, Agnaldo Farias, o cocurador brasileiro da mostra, diz que já encontrou o mote que vai marcar essa Bienal: a noção de terreiro.

"Essa é uma bienal que pretende celebrar a política, mesmo enquanto os políticos a desmoralizam. Não poderíamos organizar uma mostra que fosse simplesmente contemplativa e, por isso, vamos ter seis terreiros, que é o lugar da festa, do sagrado e do profano, como espaços para encontro em meio à exposição", conta Farias.

A ideia surgiu na primeira reunião do time curatorial, a partir da canção de Assis Valente, "Brasil Pandeiro", que se popularizou com os Novos Baianos, e tem o verso "Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros/ que nós queremos sambar". Segundo Farias, "foi no morro que o Oiticica criou os parangolés, e o terreiro é uma construção essencialmente brasileira, o que faz todo sentido para o caráter que queremos dar à mostra".

Assim, no pavilhão do Ibirapuera, em meio à mostra, serão dispostos seis terreiros, cada um organizado por um artista, de acordo com os temas usados na 29ª Bienal. Ernesto Neto, o único até agora confirmado, será o criador do terreiro da "Lembrança e Esquecimento", uma reflexão sobre o papel do monumento. Os demais temas são "Dito, Não Dito e Interdito", uma tribuna para debates, inspirada em Guimarães Rosa; "Pele do Invisível", o espaço para projeção de filmes; "Longe Daqui, Aqui Mesmo", que irá abordar as utopias; "Eu Sou a Rua", espaço para palestras e debates; "O Mesmo, o Outro", o lugar das performances, a partir de um texto de Jorge Luis Borges. "Durante a Bienal vamos ter entre 200 e 300 ações acontecendo nesses espaços, seja a apresentação do coro da Osesp, seja uma peça de dança contemporânea", diz Farias.

Na última quarta, um ciclo gratuito de palestras deu início à programação da 29ª Bienal. Organizado por Helmut Batista, coordenador do projeto Capacete, o primeiro debate foi com o artista albanês Anri Sala, no teatro Arena. Nesta quinta, o brasileiro Amilcar Packer e o britânico Jeremy Deller irão abordar suas trajetórias artísticas, no mesmo local. "O Arena foi cedido ao Helmut pela Funarte e toda a programação dele, durante esse ano, terá apoio da Bienal. Creio que essa é uma forma de mostrar o que entendemos por política, adensando o debate e colaborando com outras instituições, em vez de ficarmos apenas no Ibirapuera", conta Farias. Folha de S. Paulo

quarta-feira, 10 de março de 2010

MAIS MULHERES E MAIS DISCRIÇÃO NA WHITNEY BIENNIAL

Com a crise a afetar as instituições, galerias e criadores, parece mais do que razoável que o Whitney Musem de Nova Iorque tenha optado este ano por organizar uma bienal com metade dos artistas que nos anos anteriores (55) e sobretudo, com um perfil discreto e afastado de ostentações.

A 75ª edição da Whitney Biennial (até dia 30 de Maio), intitulada apenas “2010”, é a primeira da história em que a presença feminina é maioritária. E isso fica ainda mais patente no último piso do museu, onde foi organizada a retrospectiva “Collecting Biennials”. Aí se mostra o melhor de cada década, desde Rauschenberg até Andy Warhol ou Jasper Jones, mas os nomes femininos rareiam: Eva Hesse, Cindy Sherman e poucas mais.

No entanto, nos três pisos que ocupa a bienal são muitas as propostas assinadas por mulheres e, surpreendemente, não se trata nem de arte feminista nem de uma ode à juventude extrema – como ocorreu durante a última década. A grande maioria das artistas tem mais de 40 anos, havendo inclusive quem chegue aos 76, como Lorraine O’Grady, relativamente desconhecida até agora e que finalmente encontrou reconhecimento.


A sua proposta, the first and the last of the modernists é um desdobramento inquietante de fotografias do cantor Michael Jackson e do poeta Baudelaire em diferentes etapas da sua existência, mas organizadas por idades e aos pares, de forma a que se pode ver a evolução e transformação de ambos os ícones, cujas vidas tiveram um certo paralelismo, por incrível que possa parecer.

Disponível em: www.elpais.com

BIENAL DE SP INICIA CICLO DE PALESTRAS

Anri Sala, artista plástico albanês que atualmente reside em Berlim, inaugura hoje, às 20h, o ciclo de palestras que integra a programação da 29ª Bienal de São Paulo, no Teatro Arena (rua Dr. Teodoro Baima, 94, Centro; tel.0/xx/11/ 3897-4122; entrada franca). Os curadores da mostra, que acontecerá entre setembro e dezembro, Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, também falarão sobre o conceito construído para a Bienal deste ano. A primeira rodada de palestras prosseguirá amanhã, com participação do artista plástico inglês Jeremy Deller e do chileno Amilcar Parker, às 20h, também no Teatro Arena.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Fundação já possui verba para Bienal deste ano

Não se ouviu o espocar de rolha saltando de uma garrafa de champanhe, mas o clima da reunião da diretoria da Fundação Bienal de São Paulo, na última segunda, era próximo à felicidade entorpecente provocada pelo espumante francês.

Nela, Heitor Martins, presidente da instituição, anunciou que já havia captado R$ 23 milhões para a organização da 29ª Bienal de São Paulo, com inauguração prevista para 21 de setembro, quando a estimativa mínima para o evento era R$ 20 milhões. Só em caixa, Martins já conta com R$ 11 milhões, o equivalente ao que foi gasto na última edição, em 2008, a chamada "Bienal do Vazio", que deixou um rombo de mais de R$ 4 milhões, também já pagos pela nova direção.

Essa situação rompe uma histórica crise, que teve início em 2000, quando a Bienal passou a ter dificuldades de captação e levou Ivo Mesquita a renunciar ao cargo de curador, quando se propôs o adiamento do evento. "A Bienal nunca se recuperou daquele choque. Creio que as últimas duas edições foram interessantes, mas não se comparam às anteriores", diz o curador costarriquense Jens Hoffmann, que dirige o Instituto de Arte Contemporânea Wattis, em São Francisco, e pretende visitar também a próxima edição.

Outros curadores estrangeiros, que não visitaram a última edição, como Agustín Perez Rubio, do Museu de Arte Contemporânea de Leon (Espanha), estão comprando suas passagens para SP. "Curadores como Chus Martínez e Yuko Hasegawa ajudam a dar prestígio à nova Bienal", diz Rubio.

Retomada

Assim, ao que tudo indica, é o momento da retomada da Bienal. "Creio que nos últimos anos, a Fundação era mais hermética, e nós conseguimos nos aproximar mais da sociedade, pois temos um projeto bem estruturado e estamos fazendo um esforço de comunicação", diz Martins, à Folha, que espera chegar aos R$ 30 milhões, valor considerado como ideal para organizar a 29ª Bienal.

Itaú Unibanco, Fiat, Oi, Deutsche Bank, Votorantim e Klabin são algumas das empresas que estão investindo na Bienal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, revertendo o perfil da última década, marcada basicamente por investimento direto da União, um dos fatores que gerava atrasos. "Conseguindo endosso do patrocinador, criamos um engajamento e um maior controle de qualidade. Nossa perspectiva é criar agora vínculos de longo prazo", explica Martins. Pode parecer incrível, mas até agora a Bienal sequer tinha uma setor de captação. "Nós revertemos o perfil da Fundação, que até agora tinha mais funcionários envolvidos com funções administrativas do que com a preparação da própria Bienal", conta o presidente. Assim, foi terceirizada, por exemplo, a contabilidade e criadas três novas áreas, captação, design e relações institucionais, além de ter reforçada a produção. "Creio que tudo isso está sendo possível, pois a instituição nunca teve uma diretoria como essa, com perfis muito distintos. Temos advogados, financistas, professores e até organizadores de outras bienais. Posso ser o que mais aparece, mas não sou o que mais trabalha", diz Martins.

Apoio

O clima de otimismo, não vem só do parque Ibirapuera. Desde que foi lançado candidato a presidente, numa situação de vácuo enquanto a Bienal se afundava em dívidas, Martins já tinha o apoio das entidades culturais da cidade. "Nós o apoiamos, pois ele tinha uma história de relação com a arte contemporânea e acredito que fazia parte do projeto dele o contato com as outras entidades", conta Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado.

Essa mobilização inicial, concretizada numa carta de apoio, foi motivada pelo Ministério Público (MP), que chegou a indeferir a posse de Martins, já que sua mulher, Fernanda Feitosa, promove a SP Arte no prédio da Bienal. Mas o MP voltou atrás, após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que proíbe ingerências de Martins no contrato de Feitosa com a Bienal.

Reunidas agora no "São Paulo Polo de Arte Contemporânea", um fórum que visa programar as atividades paulistanas durante a Bienal, as instituições museológicas da cidade, cujas reuniões contam até com o secretário estadual de Cultura, João Sayad, recolocam a instituição como figura central na cultura visual da cidade.

Em algumas edições recentes, é bom que se lembre, as mostras paralelas eram mais elogiadas do que a própria Bienal. "A Bienal agora tem a capacidade ser novamente o polo articulador dessa ação", diz Araújo.

FABIO CYPRIANO da Folha de S.Paulo

Galeria expõe obras de artista vetadas por família de Oiticica


Um dos artistas selecionados para o polêmico Panorama da Arte Brasileira "sem brasileiros", com curadoria de Adriano Pedrosa, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no ano passado, não mostrou as obras previstas para a mostra.

Obra de Jorge Pedro Núñez que se assemelha aos trabalhos de Hélio Oiticica

O venezuelano Jorge Pedro Núñez apresentaria colagens e fotomontagens que se apropriam de trabalhos de Hélio Oiticica (1937-1980), como os Metaesquemas e as Cosmococas, mas a família de Oiticica não autorizou sua apresentação por considerá-los plágio.

O MAM optou então por não comprar uma briga. No catálogo da mostra, contudo, estará a carta em que Núñez tentou convencer, em vão, os Oiticica a autorizar a exibição. As obras "não autorizadas", além de várias outras que se apropriam de outros artistas, como os quadrados de Josef Albers, estarão expostas, a partir de amanhã, na galeria Luisa Strina.

Apropriação é uma das modalidades mais praticadas na produção contemporânea. Ela pode ser vista nas colagens e gravuras de Rauschenberg, até recentemente em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, e mesmo no trabalho de Oiticica, que para criar suas Cosmococas utilizava fotografias, capas de discos, jornais e livros, como "Notations", de John Cage.

Em sua carta, Núñez explica que se trata de uma "homenagem" ao artista e que sua série de Cosmococas foi feita a partir do catálogo "Quasicinemas", da retrospectiva de Hélio Oiticica organizada pelo argentino Carlos Basualdo no New Museum, em Nova York. "Nem consultei a família Oiticica porque acho que esses trabalhos não têm nada a ver com plágio", disse Luisa Strina na montagem da mostra, anteontem. A Folha tentou falar com Cesar Oiticica, mas não obteve resposta. Além de Núñez, Strina apresenta também a série de 12 desenhos do argentino Matías Duville, "Esto Fue Otro Lugar".

Feitos em grande escala e apresentados no térreo da galeria, os desenhos lembram imagens de ficção científica criadas no início do século 20.

FABIO CYPRIANO da Folha de S.Paulo


MATIAS DUVILLE E JORGE PEDRO NÚÑEZ

Onde: Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502; tel. 0/xx/11/3088-2471)

Quando: abertura amanhã, às 19h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 14/4

Quanto: grátis


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Adriano Pedrosa é anunciado como um dos curadores da próxima Bienal de Istambul

Adriano Pedrosa e Jens Hoffmann foram anunciados como sucessores do coletivo curatorial baseado em Zagreb WHW – What, How & for Whom, para serem curadores da 12ª edição da Bienal de Istambul. A bienal acontece entre os dias 17 de Setembro e 13 de Novembro de 2011.

Adriano Pedrosa, nascido em 1965 no Rio de Janeiro, vive e trabalha atualmente em São Paulo como curador, editor e escritor independente. É autor de inúmeras publicações internacionais e foi o curador no Museu de Arte da Pampulha em Belo Horizonte - MG (2001-2003); InSite_05, San Diego/Tijuana (2005); foi co-curador e co-editor nas publicações da 27ª Bienal de São Paulo (2006). Atualmente ele está no quadro editorial do The Exhibicionist: A Journal for Exhibition Making e é o diretor e fundador do Programa Independente da Escola São Paulo.

Jens Hoffmann, nascido em 1974 em San José, Costa Rica, é o diretor do CCA Watts Institute of Contemporary Art em San Francisco. Hoffmann trabalhou em várias das melhores instituições de arte do mundo, incluindo o Solomon R. Guggenheim Museum e o DIA Center for the Arts, ambos em Nova Iorque; o Kölnischer Kunstverein, em Colonia e o York and Kunst-Werke, em Berlim. Foi diretor do Institute for Contemporary Art London de 2003 a 2007. Hoffmann é o diretor fundador do The Exhibicionist: A Journal for Exhibition Making .

Disponível em: www.flashartonline.com

Fundação Bienal vai divulgar arte do Brasil no exterior

Com convênio de R$ 1,8 mi com o MinC, instituição oferecerá editais para que artistas realizem residências, publiquem livros e participem de mostras fora do país 

A partir do próximo mês, a Fundação Bienal de São Paulo se transformará em uma agência de divulgação da arte brasileira no exterior.


No início de março, serão divulgados quatro editais que permitirão a concessão de verbas para artistas realizarem residências artísticas, participarem de mostras e publicarem livros com subsídios da Fundação, através de um convênio que foi firmado com o Ministério da Cultura (MinC).


"No ano passado, visitamos a Inglaterra, a França e a Espanha e conhecemos os órgãos daqueles países que fomentam a arte no exterior e achamos que esse tipo de ação tem a ver com a Bienal, que produz muitos vínculos entre a produção nacional e o exterior", diz Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal.


Segundo o diretor de estudos e políticas culturais do MinC, Afonso Luz, o convênio com a Bienal foi possível por conta da Portaria 61, assinada pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, em agosto de 2009, criada com "o objetivo de estabelecer instrumentos à internacionalização da arte contemporânea brasileira". "A Bienal foi a primeira entidade a apresentar uma proposta de convênio, mas iremos estabelecer outras parcerias", contou Luz à Folha.


No total, o MinC está repassando R$ 1,8 milhão à Fundação Bienal, que irá alocar, como contrapartida, mais R$ 200 mil para o projeto, sendo que o total deve ser gasto até o fim do ano. Serão disponibilizados prêmios de R$ 10 mil para que 50 artistas participem de mostras, R$ 12,5 mil para 15 residências artísticas e R$ 25 mil para apoio a 15 publicações em línguas estrangeiras.


As solicitações deverão ser feitas diretamente pelos artistas no site da Bienal, que também será lançado no próximo mês. O programa prevê ainda 20 prêmios de R$ 6,5 mil para textos acadêmicos que abordem arte contemporânea brasileira e economia da arte, além de três estudos a serem encaminhados ao MinC: o mercado de arte no exterior, a circulação de obras de arte e o regime tributário.


Com isso, a Fundação Bienal se torna uma espécie de Conselho Britânico, órgão público inglês que fomenta arte no exterior. E o que levou o MinC a terceirizar essa função? "Esse é um debate de uma década atrás. Se o setor público quiser fazer tudo sozinho, ele já não consegue. Parcerias são necessárias e a Bienal tem sido a ponta de lança da arte brasileira no exterior", afirma Luz.


Além de lançar esse novo programa, Martins comemora o pagamento de todas as dívidas da fundação, de cerca de R$ 4 milhões, além de ter R$ 9 milhões em caixa, com a garantia da captação de R$ 20 milhões, o que chegará perto dos R$ 30 milhões (orçamento da 29ª Bienal de São Paulo, programada para setembro).

FABIO CYPRIANO da Folha de S. Paulo

Crítica: Mostra revela importância de Matta-Clark




A Bienal de São Paulo tem sido responsável, desde sua origem, pela atualização do público na produção contemporânea, mas, como exposição de grande porte, raramente consegue se aprofundar nas poéticas individuais. Gordon Matta-Clark foi um dos pilares da 27ª Bienal, de 2006, mas só com "Desfazer o Espaço" será possível compreender de fato toda a sua importância. 


A atualidade de Matta-Clark está em discutir temas que seguem fundamentais na sociedade, como a ocupação de espaços públicos e privados, a alimentação e o pensamento ecológico por meio de obras que seguem com forte apelo visual. 


Expor artistas como Matta-Clark, com muitos trabalhos que dependem em grande parte de documentação, poderiam tornar a exposição enfadonha, mas não é o que ocorre.

As curadoras Gabriela Rangel e Tatiana Cuevas, na mostra organizada pelo Museu de Arte de Lima, optaram por um correto equilíbrio entre trabalhos e projetos, obras mais teatrais com outras que demandam maior atenção. De certa forma, isso se inspira no próprio artista, que apresentava muitas de suas ações na arquitetura por meio de colagens fotográficas, tirando do registro um mero caráter documental. 


A exposição traz muitas obras de Matta-Clark pouco conhecidas, como a série de desenhos "Árvore da Energia", que produz um intenso diálogo com o registro da performance "Tree Dance" (dança na árvore), de 1971, também na mostra. É nas intervenções arquitetônicas, contudo, que a mostra aponta de fato a relevância de Matta-Clark. Em Paris, Berlim e Nova York, suas ações repensaram edifícios icônicos, e seguem repercutindo nas novas gerações de artistas.

FABIO CYPRIANO da Folha de S. Paulo



SERVIÇO

GORDON MATTA-CLARK: DESFAZER O ESPAÇO

Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 4/4
Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 00/xx/11/5085-1300)
Quanto: R$ 5,50; dom., grátis
Avaliação: ótimo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Exposição em Düsseldorf resgata trajetória de Robert Mapplethorp


Polêmica marcou o trabalho do fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe. Espaço de exposições NRW-Forum em Düsseldorf organiza grande retrospectiva de sua obra, exibindo 150 fotos do artista.


Uma grande retrospectiva do trabalho de Robert Mapplethorpe poderá ser visitada a partir deste sábado (06/02) no espaço de exposições NWR-Forum em Düsseldorf.

As imagens do fotógrafo norte-americano voltam à Alemanha para contar a trajetória desse artista famoso por sua irreverência: são 150 fotos sobre nudez, homossexualidade, flores, imagens de esculturas e autoretratos.


Não é à toa que a exposição tem limite de idade – apenas maiores de 16 anos podem prestigiá-la. As lentes de Mapplethorpe sempre foram voltadas para nudez, atos sexuais e práticas sadomasoquistas.

Retrato de Arnold Schwarzenegger

O trabalho do fotógrafo, que faleceu em 1989, foi alvo de debates controversos, principalmente nos Estados Unidos. Suas exibições foram marcadas por boicotes, censura e já sofreram cancelamentos. "Eu olho para a perfeição da forma. Eu faço isso em retratos, em fotos de pênis, em fotos de flores", declarou Mapplethorpe.

Na Alemanha, as fotos do artista ajudaram a inspirar o movimento estético de gerações que cresceram nos anos 1980 e 1990. Na época, as fotos de Mapplethorpe eram vendidas como pôsteres e coladas em dormitórios estudantis.

Em Düsseldorf, a exposição abrange imagens captadas com Polaroids, em 1973, até autoretratos de 1988. A novidade é que a visita guiada da exposição será feita por celular, e os visitantes poderão deixar comentários gravados a custo de uma ligação local. Esses registros ajudarão a criar um espaço virtual de compreensão do trabalho de Robert Mapplethorpe.

Fonte: www.dw-world.de
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MAC não divulga mostra em cartaz no Ibirapuera

Está em cartaz no MAC-Ibirapuera (terceiro andar do pavilhão da Bienal) uma mostra com dezenas de obras de arte em guarda da instituição e provenientes de processos judiciais contra o extinto Banco Santos (do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira), contra o empresário Naji Nahas (apreendidos durante a operação Satiagraha) e contra o traficante colombiano Juan Carlos Abadia. Inexplicavelmente, o MAC não divulga a exposição sequer em seu site (www.mac.usp.br). A mostra merece uma visita, pois é possível notar nela a variedade de artistas modernos e contemporâneos, brasileiros (em sua grande maioria) e estrangeiros que fizeram parte das coleções do banqueiro, do empresário e do traficante, embora a instituição também omita nas legendas a qual das três coleções cada obra pertencia. Da mesma forma que o MAC não divulgou a exposição, não divulga a data de seu encerramento. O museu está aberto ao público de terça a domingo, das 10h às 18h.

www.mapadasartes.com.br

Bienal de SP: Reunião de cúpula


Num clima de encontro das Nações Unidas, curadores da 29ª Bienal de São Paulo debatem os rumos da mostra que começa em setembro, com a proposta de falar de política por meio da arte 

É denso o ar na sala. Estão sentados à mesa dois brasileiros, um angolano, uma espanhola, uma venezuelana, um sul-africano e uma japonesa. Discutem a ascensão do Brasil como potência global, a crise econômica que varreu o mundo, mudanças na noção de família e sexualidade, o desmanche das utopias modernas.



Não é uma reunião das Nações Unidas. É o terceiro andar do pavilhão da Bienal de São Paulo, que começa em setembro e vai encher o espaço desenhado por Oscar Niemeyer -com a proposta de falar de política por meio da arte.


Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, os brasileiros à frente da curadoria, estão reunidos nesta semana com seus convidados estrangeiros. A Folha acompanhou parte do encontro, que tem a missão de responder até amanhã as questões que vão nortear essa exposição.


De Londres, veio o sul-africano Sarat Maharaj. Fernando Alvim, angolano que mora na Bélgica, também veio. Chus Martínez, espanhola, e Rina Carvajal, venezuelana radicada nos EUA, formam o grupo hispânico. Yuko Hasegawa, do Japão, representa o Oriente.


"Temos pessoas muito polidas e bem informadas trabalhando juntas", resume Maharaj, que estudou numa universidade segregada, na era do apartheid, e já foi codiretor da Documenta de Kassel. "Estamos pensando a mostra como uma máquina de criar ideias, capaz de investigar o mundo."


Misturando heranças, eles jogam um xadrez geopolítico. Falam de arte carregando algumas bandeiras, já que têm os pés fincados em mais de uma pátria. Enquanto a chuva arrasa a cidade lá fora, um pavilhão imaculado aguarda as definições que sairão desse encontro.


Em parte, têm a missão de saturar o espaço monumental que ficou às mínguas na última edição da Bienal. No lugar de um andar vazio, aquele que foi pichado e virou emblema da derrocada da mostra, prometem 120 artistas divididos em seis núcleos internos e até 400 eventos paralelos nos três meses da exposição, que está orçada em cerca de R$ 30 milhões.


"É a abertura de novas frentes de pensamento", diz Moacir dos Anjos. "Vamos emoldurar os intervalos de pesquisa."


Agnaldo Farias acrescenta que essa será uma Bienal experimental, que tenta redefinir o papel do público numa exposição. "É criar um problema onde não havia", diz ele. "Nossa ideia é que certa opacidade do discurso é fundamental."


Sim, é vago. Até agora, pouco de concreto tem saído a público sobre essa Bienal. Estão confirmados os nomes de artistas como Ai Weiwei, Steve McQueen, Chantal Akerman, Cildo Meireles, Nan Goldin, Nuno Ramos, Flavio de Carvalho, Anri Sala, Harun Farocki. Também se sabe que será uma mostra sobre arte e política.



Texturas do político


"Não estamos falando de ativismo, tem muitas texturas do político", diz Carvajal, do Museu de Arte de Miami. "A condição geopolítica do mundo hoje repercute na produção dos artistas, não será um apanhado histórico da violência."


Tanto que o apartheid, lembrança na vida de curadores como Maharaj e Alvim, ficou de fora. Artistas angolanos e sul-africanos que estarão na mostra, os mesmos que servirão de eixo central para a Trienal de Luanda, evento que começa em setembro na capital angolana, são jovens que despontaram depois da segregação racial.


"Estão fazendo novos experimentos", diz Alvim, curador convidado em São Paulo e diretor da mostra angolana. "Essa é uma parte do mundo que passa por profundas transformações filosóficas e estéticas."


Do seu lado do globo, Hasegawa, diretora do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio, enxerga na ascensão econômica da China uma chave de leitura para a transformação do papel da arte no Oriente. No lugar da estética histriônica, pop e inflada de artistas como Takashi Murakami, ela vê uma fusão entre criação visual e dinheiro.


"Acabou esse momento", diz Hasegawa. "Vivemos outro tipo de capitalismo, a arte é outro fenômeno cultural, está no meio de uma ventania que vem do mundo econômico."


São ares que sopram também no Brasil. São Paulo, como sede dessa Bienal, será o centro de um debate e vai ocupar um núcleo dentro do pavilhão. "Esse não é o Brasil do passado, esse é o Brasil perturbado, mexido", diz Maharaj. "É uma potência econômica e cultural."


Mais quieta, Chus Martínez, diretora do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, galega que quando jovem virou muçulmana para visitar o Irã, diz só que será uma Bienal para "repensar, reconstruir, aferir, calibrar, pesar o mundo".

SILAS MARTÍ da Folha de S. Paulo

Curadores da 29ª Bienal de SP debatem os rumos da mostra



Após mais de dez horas de debates, anteontem, com toda a equipe curatorial da 29ª Bienal de São Paulo, o curador geral da mostra, Moacir dos Anjos, e a espanhola Chuz Martinez, curadora assistente da mostra, além de curadora-chefe do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, falaram por cerca de uma hora com a . Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Folha de S. Paulo- A diretora-geral da Documenta de Kassel, Carolyn Christov-Bakargiev, disse em entrevista à , que bienais são laboratórios, vocês concordam?
Chus Martínez - Durante os anos 1990, falava-se muito em laboratório de experimento, e é um termo muito usado, mas que ainda têm significado. Quando se fala de experimento, não quer dizer que não saiba o que se faz, de sorte que não se sabe e nem se queira saber o resultado exato de onde se quer chegar, mas que se joga com alguns parâmetros possíveis de controle para se estudar algo. Nesse sentido, a Bienal de São Paulo é ultraespecífica, o que significa muito, não só para as pessoas de São Paulo, como para todo o continente e o resto do mundo. É uma bienal que não possui só eventos, mas tem uma vida histórica que se repete, e de certa forma reverbera em cada uma de suas edições. É normal pensar que não é só um laboratório mas uma academia para expor, pensar e refletir como se constrói a história da arte no país, no continente latino-americano e como é a história da recepção entre os próprios países. É um lugar fundamental para estudar a produção artística, como se relaciona essa produção com sua própria história, e como sua história se relaciona com a produção de outros. Assim, é um momento fundamental de sincronização de muitas energias, maneiras de fazer, de um evento que vai muito mais além de um momento festivo, eu diria para todos, mas, sobretudo, para o continente. Nós, de fora, vemos isso com mais força, porque existe a Bienal de Veneza, a Carnegie International [nos EUA] e a Bienal de São Paulo e há poucas outras com essa história, além da Documenta, e todas refletem não o "branding" (a criação da marca) de uma cidade, como ocorreu nos anos 1990, mas uma história da vontade de uma comunidade artística em posicionar uma produção e pensá-la de forma sistemática. A cada dois anos, com isso, são criados pontos de encontro e por isso a possibilidade da Bienal de São Paulo desaparecer a foi um escândalo, já que ela representa muito mais que uma exposição.

- E o que será, então, a 29ª Bienal?
Moacir dos Anjos - Há vários aspectos em que a Bienal vai exercer esse papel de pensar as questões de um modo, como Chus falou, não de uma maneira anárquica, mas de uma maneira investigativa, um laboratório tem esse aspecto de investigar aquilo que não se sabe ainda exatamente o que é, mas que ainda assim é importante buscar.
O que temos trabalhado muito nesses dias é investigar novas formas de construir formas de relação entre o público e a obra. Outra questão que norteia nossas discussões é como pensar a arte internacional a partir de um país como o Brasil, que nesse momento passa por uma situação especial na geopolítica do mundo, em conjunção com uma série de outros países que também assumem papel crucial. E não é apenas uma mudança de forças geopolíticas, mas a emergência de forças que não atuavam, o que muda a equação e fazer uma exposição no Brasil, nesse momento, tem um significado especial.

- A casa de leilão Phillips de Pury vai organizar um leilão dedicado, pela primeira vez, apenas com obras de países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), em abril. É a essa nova cena que vocês se referem?

Dos Anjos - A definição do BRIC passa por outros fóruns que não é a da reflexão artística e nós não estamos, de forma alguma, amarrados a essa necessidade de afirmar um bloco formado por esses quatro países. Nosso papel, aliás, é desenhar outras possibilidades de associação.
Martínez - Não é uma questão desde onde, mas de que falamos. Uma vez que se saiba o que se quer falar, ficará muito claro para quem. Não se busca primeiro as pessoas para se começa a conversar, mas primeiro é preciso ter algumas preocupações e então buscar parceiros para um diálogo sobre tais assuntos. Há muitas confusões, por um lado as pessoas estão cansadas de falar do mundo globalizado e da mundialização, mas, por outro, de formas mais raras e diferentes, se volta à noção de estado-nação e nacionalidades. E creio que a arte, se tem algo, é questionar essas noções estritamente políticas de fronteiras e separar realmente as perguntas e não os passaportes.

- Nesse sentido, depois de dois dias discutindo o projeto da Bienal, que perguntas vocês querem fazer?
Martínez - De forma geral, o interessante nessas reuniões é que as pessoas estão preocupadas em como se faz um projeto substantivo, em como se relaciona um projeto substantivo, que tenha significado para o momento em que se abra ao público, com a mesma história desse projeto. E, finalmente, como se reverbera o que se faz em São Paulo em outras comunidades fora da cidade. Nesse sentido, a discussão tem se focado em novas formas de falar, novas formas de investigar, novas formas de ser substantiva. Ter a coragem de, desde uma exposição, apelar a formas de investigação que vão além da arte de mostrar, mas que quer recorrer ao pensar, à escritura, à academia, à própria memória histórica. Nesse sentido é um dicionário de preocupações que não tem ainda nome e sobrenome, mas tem um itinerário sólido de que não seja apenas um evento.
Dos Anjos - Resumindo, uma questão fundamental que se quer fazer é qual a relevância de organizar a Bienal de São Paulo, hoje. Não é simplesmente organizar uma mostra, mas é algo além disso: criar uma forma de entendimento do mundo, uma forma de geração de conhecimento e afirmar a necessidade da arte para pensar o mundo. Essa é a ambição.
Martínez - É aproximar o público, qualquer que seja sua filiação, de moradores de rua a envolvidos na academia, familiarizando-os com os modos e métodos de trabalho dos artistas. Os artistas não apenas proporcionam uma imagem ou um resultado final, eles são agentes duplos, eles são dos poucos personagens que habitam muitos mundos e por conta dessa capacidade, eles são os melhores investigadores.

- Essa preocupação parece muito pedagógica, em aproximar a arte das pessoas, o que poderia parecer contraditório ao papel que vocês apontam para a Bienal que é fortalecer o meio artístico...

Martínez - Ao contrário, não precisamos aproximar a arte das pessoas, ela já está ai. Estamos em muitas crises, mas não nessa. Existe um entendimento tácito, não falado, não é preciso levar a arte às pessoas, a Bienal é um lugar de relações e a arte se ocupa de se aproximar das pessoas, não é preciso uma terceira mão que empurre, as próprias obras se aproximam. Mesmo na Espanha onde questiona a relação entre público e arte contemporânea, o museu [Macba] ganha visitantes o tempo todo e nós temos um dos programas mais duros e conceituais da Espanha e mesmo assim ganhamos gente. Há uma aproximação da obra, as pessoas pensam, o espectador é corresponsável no mundo em que vive. Nós não somos um "delivery service" (serviço de remessa).
Dos Anjos - Há duas coisas aí. A Bienal de São Paulo é profundamente exitosa, porque talvez seja a exposição mais visitada do planeta, com a exceção da última edição que é um caso à parte. Há uma participação intensa do público. Por outra lado, é preciso distinguir o projeto educativo, que é uma preocupação institucional, em potencializar essa exposição, a dar acesso ao máximo de participação do universo escolar, num país onde estudantes não têm acesso aos museus como a Bienal. Isso tudo não se confunde com o poder que a arte tem de comunicar, de falar da vida das pessoas, de criar uma forma de conhecimento que não se reduz a nenhuma outra forma.
Martínez - É preciso por na mesa que a arte, além de ter um componente estético, sempre é uma produção que pensa, que pensa através dos sentidos. E ao pensar através dos sentidos dos sentidos se produz um conhecimento que, atualmente, é fundamental para entender o mundo. E é ai que entra o público, porque em um mundo tão complexo, a complexidade da arte em lugar de ser um problema é onde as pessoas se sentem mais cômodas. O entusiasmo que se percebe no público da Bienal de São Paulo, e de qualquer tipo de público, é o entusiasmo de encontrar-se com uma realidade que não se parece e não mimetiza a sua própria e lhe dá capacidade de liberdade e pensamento que não existe no dia a dia.
Dos Anjos - Quando dizemos que estamos interessados na relação entre espectador e obra é porque a arte, o tempo todo, propõe novas formas de relação com o mundo e estamos interessados nessa relação produtiva, que gera conhecimento quando o público se depara com essas formas que não mimetizam o dia a dia. Nesse sentido que a arte é política.

- Como vocês vão repensar o pavilhão da Bienal?

Martínez - Dentro do pavilhão nós vamos criar outros seis pavilhões, a ser projetados por arquitetos e artistas, o que irá representar momentos de suspensão na mostra, onde será possível ver vídeos, performances, encontrar pessoas, para assim alterar o ritmo da visita. Interessa-nos muito criar formas distintas para a compreensão da mostra. Será como uma pele dentro de outra pele. Vão ser pausas produtivas.

- Vocês têm essa reunião agora e...

Dos Anjos - Novamente em maio, quando, creio, vamos ter uma clareza muito maior, inclusive em termos físicos, porque falamos fisicamente da Bienal, mas em termos abstratos, pois não temos a lista final dos artistas nem a lista de obras. Discutimos mais em termos de atmosfera, no sentido geral da exposição, mas é impossível saber com ela será concretamente, agora.

- E com tantos curadores, como a mostra deve ser organizar, vão existir curadorias específicas?
Dos Anjos - Não, a ideia é ter uma só exposição e não várias, nós somos um time. Por isso é tão prazeroso, mas ao mesmo tempo tão cansativo. Têm sido muito interessante as discussões, pois questões emergem e amadurecem, algumas são descartadas e outras adicionadas, até que exista uma plataforma partilhada de ideias e intenções que possam dar uma cara integrada à exposição.

- Até onde chegaram as discussões, o que se pode esperar da 29ª Bienal?

Martínez - É uma equipe que está tentando com muitas ambições que superam um passeio do que sucede na arte contemporânea, será algo além disso. Queremos convidar o espectador a participar de um panorama de perguntas que, creio que lhe vai interessar, porque têm a ver em como se educa o indivíduo contemporâneo, que posição tem o sujeito dentro do sistema de liberdade e coação, quais a relações possíveis entre os mil mundos que vivemos, desde o mundo cotidiano até o mundo que chega pela televisão, em todos os tipos de plano. Será um intento de engrandecer a experiência do espectador, de criar uma viagem mental que seja agradável. Será uma Bienal que terá muitas velocidades: quem quiser ver rápido poderá ver rápido, mas terá também muitas ferramentas para poder pensar mais.

FABIO CYPRIANO da de S.Paulo