Mostras oferecem amplo painel sobre obra de Josef Albers
Por Fabio Cypriano da Folha de SP
Tomie Ohtake expõe ótima série de 45 trabalhos, e Pinacoteca trata de percurso do artista na América Latina
Duas mostras em diferentes instituições apresentam de forma complementar a obra do pintor alemão Josef Albers (1888-1976), um dos mais importantes artistas do século 20, ambas com curadoria de Brenda Danilowitz. Na Pinacoteca do Estado, "Anni e Josef Albers - Viagens pela América Latina", apresenta o percurso do artista em suas diversas viagens ao México, ao Peru, ao Chile e a Cuba, de 1934 a 1967. Estudante da Bauhaus, onde conheceu sua mulher, Anni, em 1922, Albers chegou a lecionar na famosa escola, ao unir forma e função. Fechada pelo nazismo, em 1933, foi naquele ano que Albers se transferiu para os EUA, de onde partiu para as 14 viagens que a mostra enfoca. Nos EUA, seguiu também sua carreira docente, no Black Mountain College e na Universidade Yale, um dos temas do ótimo documentário que abre a exposição. O filme apresenta um Albers performático em suas aulas, que chegaram a ter entre seus alunos artistas como Robert Rauschenberg. Em suas viagens, o casal não só colecionou objetos pré-colombianos como se deixou influenciar pelo grafismo dos índios latino-americanos, como se pode ver nas diversas peças de tapeçaria desenvolvidas por Anni, cujo conjunto ganha grande força, mérito da mostra, ao não focar só seu marido. Albers, contudo, vai se revelando, no percurso da exposição, cada vez mais sintético em suas composições, até chegar a "Homenagem ao Quadrado", que tem poucos exemplares na Pinacoteca e é sua mais importante série, iniciada em 1950. É no Tomie Ohtake, em "Cor e Luz: Josef Albers - Homenagem ao Quadrado", que a série pode ser vista em sua plenitude, num estonteante conjunto de 45 obras, entre elas uma que pertence ao Museu de Arte Contemporânea da USP, adquirida em 1969, quando ele participou da 10ª Bienal de SP. A mostra é um dos melhores exemplos da produção moderna, com sua obsessão pela forma geométrica e o estudo das cores. Três ou quatro quadrados se repetem nas obras, com cores que pouco variam, mas que tornam cada peça única. Gênio é palavra forte, mas que não pode deixar de ser usada.
Anni e Josef Albers - Viagens pela América Latina
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000; até 8/3); livre
Quanto: R$ 2 a R$ 4 (sáb.: grátis)
Homenagem ao Quadrado
Quando: de ter. a dom., das 11h às 20h
Onde: Instituto Tomie Ohtake (r. Coropés, 88, tel. 2245-1900; até 1º/3); livre Quanto: grátis
Avaliação: ótimo (ambas as mostras)
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