Mostra no MAM, que celebra centenário do artista, revela várias áreas de atuação
Camila Molina do Estado de S. Paulo
Ao lado de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, Burle Marx foi um dos pilares que deram "sotaque particular e original" ao movimento moderno arquitetônico trazido por Le Corbusier, como afirma Lauro Cavalcanti, diretor do Paço Imperial, no Rio, e curador da mostra Roberto Burle Marx 100 Anos: A Permanência do Instável, que será inaugurada hoje no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Nacionalmente e internacionalmente, Burle Marx ficou reconhecido como dos grandes paisagistas - responsável por projetos que se tornarm sua marca, como, no Rio, o do Parque do Flamengo, o da calçada da Avenida Atlântica e do Palácio Capanema, então Ministério da Educação e Saúde, e dos jardins da Pampulha, em Belo Horizonte -, mas ele foi um criador muito além desse campo. "Indisciplinado e workaholic", como diz Cavalcanti, Burle Marx (1909-1994) tem uma produção que compreende a pintura também como parte importante de sua trajetória, a gravura, e ainda incursões no design de jóias e de vasos, de cenários e figurinos e a realização de belas tapeçarias. É essa faceta múltipla que ressalta na mostra feita especialmente para celebrar o centenário do artista, a ser completado em 4 de agosto.
Há uma definição precisa do urbanista Lucio Costa para a produção de Burle Marx, estampada logo no início da exposição: sua obra é "um constante vaivém" entre o paisagismo, a botânica, o desenho, as artes plásticas, enfim. Inevitavelmente, é esse movimento que se sente no percurso de toda a Grande Sala do MAM: o abstracionismo das cores dos quadros do artista se refletem nos vários guaches sobre o papel de seus projetos paisagísticos e até na monumental tapeçaria de 1969, com quase 25 metros de comprimento. Pertencente à prefeitura de Santo André, a tapeçaria é um grande destaque (com o perdão do trocadilho) da exposição, exibida anteriormente no Paço Imperial, no Rio, onde recebeu 180 mil visitantes - ela também é acompanhada de um alentado livro, editado pela Rocco e com textos de diversos especialistas.
Burle Marx nasceu em São Paulo, mas foi o Rio a sua verdadeira base. Também viveu na Alemanha quando jovem - uma importante experiência para sua formação -, voltando ao Brasil, em 1932, quando realizou no Recife, "terra de sua mãe", seus primeiros projetos paisagísticos. O subtítulo da mostra, a Permanência do Instável, é uma licença poética referente ao paisagista e botânico, que desde jovem, primeiramente encantado com cactos, vitórias-régias, bromélias e outras espécimes tropicais, começa a criar jardins, ou seja "composições com elementos que mudam dia a dia", como diz Lauro Cavalcanti - as plantas crescem, se transformam ao longo do tempo e como um "pintor e jardineiro prático", definiu em 1949 Claude Vincent, era esse seu desafio. A exposição é rica em tratar do paisagista Burle Marx, perpassando com documentações, fotografias (dentre elas, feitas por Gautherot e Alair Gomes) e desenhos vários de seus projetos nesse campo, públicos ou residenciais, concretizados ou não, e criados para o Brasil e para outros países.
A mostra se dedica em grande parte, também, a dar destaque para o Burle Marx "excelente" pintor - e foi esse o primeiro mote que Lauro Cavalcanti teve para conceber a exposição, há cerca de três anos. "Todos os dias ele pintava pela manhã e fazia jardins à tarde", diz o curador, afirmando ainda que o artista ficava chateado por ter sua pintura relegada a segundo plano. A mostra apresenta as telas feitas por ele da década de 1930 até o fim de sua vida (incluindo até um quadro inacabado).
Camila Molina do Estado de S. Paulo
Ao lado de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, Burle Marx foi um dos pilares que deram "sotaque particular e original" ao movimento moderno arquitetônico trazido por Le Corbusier, como afirma Lauro Cavalcanti, diretor do Paço Imperial, no Rio, e curador da mostra Roberto Burle Marx 100 Anos: A Permanência do Instável, que será inaugurada hoje no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Nacionalmente e internacionalmente, Burle Marx ficou reconhecido como dos grandes paisagistas - responsável por projetos que se tornarm sua marca, como, no Rio, o do Parque do Flamengo, o da calçada da Avenida Atlântica e do Palácio Capanema, então Ministério da Educação e Saúde, e dos jardins da Pampulha, em Belo Horizonte -, mas ele foi um criador muito além desse campo. "Indisciplinado e workaholic", como diz Cavalcanti, Burle Marx (1909-1994) tem uma produção que compreende a pintura também como parte importante de sua trajetória, a gravura, e ainda incursões no design de jóias e de vasos, de cenários e figurinos e a realização de belas tapeçarias. É essa faceta múltipla que ressalta na mostra feita especialmente para celebrar o centenário do artista, a ser completado em 4 de agosto.
Há uma definição precisa do urbanista Lucio Costa para a produção de Burle Marx, estampada logo no início da exposição: sua obra é "um constante vaivém" entre o paisagismo, a botânica, o desenho, as artes plásticas, enfim. Inevitavelmente, é esse movimento que se sente no percurso de toda a Grande Sala do MAM: o abstracionismo das cores dos quadros do artista se refletem nos vários guaches sobre o papel de seus projetos paisagísticos e até na monumental tapeçaria de 1969, com quase 25 metros de comprimento. Pertencente à prefeitura de Santo André, a tapeçaria é um grande destaque (com o perdão do trocadilho) da exposição, exibida anteriormente no Paço Imperial, no Rio, onde recebeu 180 mil visitantes - ela também é acompanhada de um alentado livro, editado pela Rocco e com textos de diversos especialistas.
Burle Marx nasceu em São Paulo, mas foi o Rio a sua verdadeira base. Também viveu na Alemanha quando jovem - uma importante experiência para sua formação -, voltando ao Brasil, em 1932, quando realizou no Recife, "terra de sua mãe", seus primeiros projetos paisagísticos. O subtítulo da mostra, a Permanência do Instável, é uma licença poética referente ao paisagista e botânico, que desde jovem, primeiramente encantado com cactos, vitórias-régias, bromélias e outras espécimes tropicais, começa a criar jardins, ou seja "composições com elementos que mudam dia a dia", como diz Lauro Cavalcanti - as plantas crescem, se transformam ao longo do tempo e como um "pintor e jardineiro prático", definiu em 1949 Claude Vincent, era esse seu desafio. A exposição é rica em tratar do paisagista Burle Marx, perpassando com documentações, fotografias (dentre elas, feitas por Gautherot e Alair Gomes) e desenhos vários de seus projetos nesse campo, públicos ou residenciais, concretizados ou não, e criados para o Brasil e para outros países.
A mostra se dedica em grande parte, também, a dar destaque para o Burle Marx "excelente" pintor - e foi esse o primeiro mote que Lauro Cavalcanti teve para conceber a exposição, há cerca de três anos. "Todos os dias ele pintava pela manhã e fazia jardins à tarde", diz o curador, afirmando ainda que o artista ficava chateado por ter sua pintura relegada a segundo plano. A mostra apresenta as telas feitas por ele da década de 1930 até o fim de sua vida (incluindo até um quadro inacabado).
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