quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bienal do Mercosul anuncia ''aperitivo''


A grande mostra começa em outubro, mas em setembro tem início a prévia

Camila Molina do Estadão


A Bienal do Mercosul vem se consolidando a cada edição como um dos mais importantes eventos de artes visuais brasileiros, dentro e fora do País, em âmbito global. Neste ano, a 7ª Bienal do Mercosul começa no dia 15 de setembro, com uma programação prévia, e segue até 4 de outubro, no Santander Cultural de Porto Alegre. É já um esquenta motores para a grande mostra, marcada para ocorrer entre 16 de outubro e 29 de novembro em três espaços da capital gaúcha - sete exposições ficarão abrigadas nos Armazéns do Cais do Porto, no Museu de Artes do Rio Grande do Sul e ainda no Santander. Sob título provisório de Pré-Bienal - Índices e Anotações, o evento prévio será de dias intensos de exibições de filmes, realização de palestras - com curadores e artistas -, shows e oficinas pedagógicas que apresentam as referências do que será apresentado na grande exposição propriamente dita, sob o tema Grito e Escuta.

"É uma pré-visão da 7ª Bienal do Mercosul para que já se conheçam as inquietudes que moveram o evento e não suas obras", diz o artista chileno Camilo Yáñez, que divide a curadoria-geral desta edição com a argentina Victoria Noorthoorn. O Estado obteve com exclusividade a programação da Pré-Bienal, que terá, por exemplo, shows de Arnaldo Antunes e Márcia Xavier e do francês François Virot no hall do Santander; exibição do clássico O Cão Andaluz (1928), de Luis Buñuel ; dos documentários Power of Ten (1968), do casal de arquitetos Charles e Ray Eames, de Cildo (2009), de Gustavo Moura, sobre o artista Cildo Meireles (com bate-papo depois com os dois criadores) e de Mas Allá de Estos Muros, de Juan Ignacio Sabatini, sobre Juan Downey, participante da 7ª Bienal; dos filmes Ouvindo Imagens, de Michel Favre, Insolação, de Daniela Thomas, e Versus Inversus, de Anna Maria Maiolino; palestra da curadora Victoria Noorthoorn com o ator Luiz Paulo Vasconcellos (aproveitando o Porto Alegre em Cena de Teatro). "Esta é uma Bienal dinâmica, rizomática, não tem uma estrutura clássica. Artes visuais é ponto de partida e não de chegada e, por isso, ela terá muita performance, coreografia, a Rádiovisual, shows", vai ainda explicando Yáñez.

O projeto de Grito e Escuta foi selecionado a partir de um edital que recebeu 69 propostas de curadores de todo o mundo, como diz o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, Mauro Knijnik. A 7ª edição do evento, concebida por Victoria e Yáñez, mas tendo como curadores ainda os argentinos Marina De Caro e Roberto Jacoby, os brasileiros Artur Lescher, Laura Lima e Lenora de Barros, o chileno Mario Navarro, o mexicano Erick Beltrán e o colombiano Bernardo Ortiz (todos artistas), centra-se na questão dos processos artísticos e não na concentração de obras já prontas. Por isso, muitos dos trabalhos são resultado da experiência dos artistas na cidade de Porto Alegre, por meio de residências que começaram em julho (entre eles, do francês Nicholas Floch, que passou cinco semanas na comunidade do Morro da Cruz, e dos brasileiros João Modé e Cadu Costa). "Eles criaram trabalhos mais diretos com o ritmo da cidade, que não serão esculturas públicas", afirma Yáñez - a edição retrasada da Bienal, por exemplo, deixou para Porto Alegre esculturas permanentes de José Resende e Carmela Gross, entre outras.

Como a Pré-Bienal é um evento para preparar os visitantes sobre os temas de cada uma das sete mostras desta edição (Absurdo, Ficções do Invisível, Biografias Coletivas, Texto Público, Árvore Magnética, Projetáveis e Desenho das Ideias), muitos dos trabalhos que integram sua programação (quase toda gratuita, exceto os shows dos domingos, a R$ 10) foram escolhidos pelos próprios artistas participantes. Ela foi uma proposta do próprio Santander Cultural, que a acolhe, como diz a superintende da instituição, Liliana Magalhães. "Como o trabalho criativo é o tema desta Bienal do Mercosul, o preparar de um evento como este é um momento riquíssimo", diz Liliana, reforçando também o caráter pedagógico da atividade. Todo o espaço do Santander (Rua Sete de Setembro, 1.028, Centro) será dedicado à Pré-Bienal, inclusive a grade de exibições do Cine Santander (com entradas de R$ 3 a R$ 6).

Com a crise econômica mundial, a 7ª Bienal do Mercosul teve sua duração reduzida para 45 dias. O evento prévio, que de certa forma estende esta edição, é uma oportunidade para conhecer filmes históricos da Fundação John Cage e obras do coletivo chileno de videoarte Hoffmanns House.


Destaques

15 DE SETEMBRO: Exibição do documentário Power of Ten, dos arquitetos Charles e Ray Eames, e palestra com os curadores gerais da 7ª Bienal do Mercosul, Victoria Noorthorn e Camilo Yáñez

17 DE SETEMBRO: Exibição de vídeos do coletivo chileno Hoffmans House e palestra com os artistas Carlos Cabezas e Pablo Rivera, participantes da mostra

20 DE SETEMBRO: Espetáculo multimídia com Arnaldo Antunes e Márcia Xavier como parte do programa Domingo no Átrio (17 horas, R$ 10)

27 DE SETEMBRO: Exibição do clássico desenho Fantasia, da Disney, e show de rock alternativo do francês François Virot (17 horas, R$ 10)

30 DE SETEMBRO: Exibição de O Cão Andaluz, de Buñuel, e palestra com a artista Laura Lima e integrantes do grupo de teatro Falus & Stercus

2 DE OUTUBRO: Projeção de filmes da Fundação John Cage

3 DE OUTUBRO: Exibição de Cildo (15 h e 17 h) e conversa com Cildo Meireles e Gustavo Moura

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