terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fogo apressa digitalização do acervo de Leonilson

Fogo apressa digitalização do acervo de Leonilson
Incêndio de obras de Oiticica, em outubro, ressaltou importância de cópia virtual


Além de iniciativa on-line, trabalhos serão exibidos em sala especial na Pinacoteca;

Krajcberg e Volpi também terão trabalhos na internet 



Fabio Cypriano

O incêndio de parte do legado de Hélio Oiticica, no mês passado, foi o estopim para a digitalização do acervo de outros artistas brasileiros. Nos primeiros momentos da catástrofe, em outubro, quando a família de Oiticica estimava a perda em 90%, o único alívio era saber que praticamente todos os documentos estavam ao menos preservados virtualmente.


"Isso abriu nossos olhos e nos fez dar atenção para algo que nós mesmos já havíamos feito e deveria, então, ser ampliado", afirma Eduardo Saron, superintendente do instituto Itaú Cultural (IC), responsável pelo acervo virtual.
Assim, num primeiro momento, ficou decidido que três artistas deveriam passar por processo semelhante àquele por que passaram os arquivos de Oiticica: Leonilson (1957-1993), Frans Krajcberg, 88, e Alfredo Volpi (1896-1988).


"Começamos a digitalizar as obras de Leonilson há muito anos, totalizando umas 1.500, e depois paramos. Agora, acertamos com a família o término da digitalização das demais 2.000 obras, 40 cadernos e agendas do artista", conta Saron. Segundo ele, o material deve estar disponível até junho do próximo ano no site do IC (www.itaucultural.org.br), inclusive os cadernos, que poderão ser manuseados virtualmente.


Por conta do incêndio do acervo de Oiticica, aliás, a obra de Leonilson ganhou um porto seguro também fisicamente. Segundo Ana Lenice Dias Fonseca da Silva, irmã do artista, já está definido o comodato [empréstimo] à Pinacoteca. "Fomos informados na última semana de que o comodato foi aprovado pelo conselho da instituição, agora entramos numa fase de acertos finais."


O comodato, confirmado por Marcelo Secaf, presidente da Associação Amigos da Pinacoteca, conforme proposto pelo Projeto Leonilson, será feito inicialmente por um período de dez anos, com uma doação agora e outra em cinco anos.


Na primeira vez, serão doados os 108 desenhos de Leonilson feitos para a coluna de Barbara Gancia, na Folha, entre 1991 e 1993, e outros dois bordados, como são chamados os trabalhos da fase final do artista. "Achamos que seria muito importante essa série de desenhos não ser desmembrada", conta Dias Fonseca.
Uma das contrapartidas da Pinacoteca será, além de abrir uma sala com obras do artista, organizar o "catologue raisonné" (com todas as obras) de Leonilson. "Com a digitalização do Itaú, isso será muito mais simples", afirma Secaf.



Krajcberg e Volpi


Já no caso de Franz Krajcberg, não serão disponibilizadas no site apenas suas obras mais tradicionais. De acordo com o instituto, serão digitalizados também mais de cem filmes -sendo que alguns deles o próprio Krajcberg não via há mais de 40 anos. "Estamos negociando com ele como isso vai para a internet", diz Saron.


Finalmente, o modernista Volpi deve ganhar o "catologue raisonné": "Fomos procurados pelo [marchand] Paulo Kuczynski e estamos organizando o catálogo, que deve ficar pronto em 2011", afirma o superintendente do instituto.

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