Depois dos animais de espuma que fez para a Vermelho, artista cria bicho em escala real para expor no octógono
Baleia coberta de jeans azul mede 18 metros; individual de Loureiro com rato, raposa, rinoceronte e elefante de espuma continua em cartaz
Baleia coberta de jeans azul mede 18 metros; individual de Loureiro com rato, raposa, rinoceronte e elefante de espuma continua em cartaz
A baleia de João Loureiro veste jeans azul. Em escala real, é uma tonelada de isopor no formato do bicho, com 18 metros de ponta a ponta, revestida com 220 metros do tecido mais popular da moda. Está encalhada agora no octógono da Pinacoteca do Estado, com o rabo espichando para outra sala. "É mais o jeans do que a baleia, mas a baleia não é um veículo neutro", diz Loureiro, 36. "Há uma proximidade com a espetacularização da arte contemporânea, uma monumentalidade introjetada na obra."
Ele conta que teve a ideia para o trabalho quando viu uma bobina gigante de jeans numa fábrica de tecido e se impressionou com aquilo fora de escala. Daí escolheu a baleia como forma para mostrar a potência do jeans na cultura popular. De quebra, serviu para aproximar a arte contemporânea a algo massificado, de consumo fácil. Também parece fácil a proposta da obra, quase uma receita de bolo instantâneo para esse tipo de arte fast food que Loureiro tenta questionar.
Na individual que montou na galeria Vermelho, em cartaz até semana que vem, ele expõe cinco bichos de espuma cinza: raposa, burro, rato, rinoceronte e elefante, numa espécie de esboço para a baleia atual. Tanto ali quanto na Pinacoteca, Loureiro quer "problematizar o contexto". "É muito mais a relação tortuosa que eu acabei estabelecendo com a instituição", diz. "A baleia ocupa duas salas, explode a simetria que existia nesse espaço, espirra para outro lado."
Espécime embalsamado
Mas a força dessa baleia, e do elefante, rinoceronte e companhia, existe só em segunda leitura. Não está nesse desafio ao espaço, e sim no ponto em que se sustenta e se legitima a partir dele. Num contexto de museu, a baleia encalhada, quase como espécime embalsamado de um museu de história natural, ganha ares de peça rara, que merece certa reverência e a iluminação dramática da galeria. "Pensei em como fazer uma forma viva aparecer com essa secura", diz Loureiro.
Noutra tentativa de questionar o espaço expositivo, Loureiro já fotografou pessoas fantasiadas de fantasmas no setor administrativo do Centro Cultural São Paulo e acabou tendo a obra retirada por causa de reclamações de funcionários. Sua fauna atual mostra certa evolução em relação àquela primeira tentativa de contestação, mas fica a impressão que o tamanho dos bichos esconde um tanto a falta do que dizer. Talvez mais do que uma baleia de blue jeans, Loureiro pode ter criado aqui um elefante branco.
JOÃO LOUREIRO
Quando: ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
Quanto: R$ 4; grátis hoje
Ele conta que teve a ideia para o trabalho quando viu uma bobina gigante de jeans numa fábrica de tecido e se impressionou com aquilo fora de escala. Daí escolheu a baleia como forma para mostrar a potência do jeans na cultura popular. De quebra, serviu para aproximar a arte contemporânea a algo massificado, de consumo fácil. Também parece fácil a proposta da obra, quase uma receita de bolo instantâneo para esse tipo de arte fast food que Loureiro tenta questionar.
Na individual que montou na galeria Vermelho, em cartaz até semana que vem, ele expõe cinco bichos de espuma cinza: raposa, burro, rato, rinoceronte e elefante, numa espécie de esboço para a baleia atual. Tanto ali quanto na Pinacoteca, Loureiro quer "problematizar o contexto". "É muito mais a relação tortuosa que eu acabei estabelecendo com a instituição", diz. "A baleia ocupa duas salas, explode a simetria que existia nesse espaço, espirra para outro lado."
Espécime embalsamado
Mas a força dessa baleia, e do elefante, rinoceronte e companhia, existe só em segunda leitura. Não está nesse desafio ao espaço, e sim no ponto em que se sustenta e se legitima a partir dele. Num contexto de museu, a baleia encalhada, quase como espécime embalsamado de um museu de história natural, ganha ares de peça rara, que merece certa reverência e a iluminação dramática da galeria. "Pensei em como fazer uma forma viva aparecer com essa secura", diz Loureiro.
Noutra tentativa de questionar o espaço expositivo, Loureiro já fotografou pessoas fantasiadas de fantasmas no setor administrativo do Centro Cultural São Paulo e acabou tendo a obra retirada por causa de reclamações de funcionários. Sua fauna atual mostra certa evolução em relação àquela primeira tentativa de contestação, mas fica a impressão que o tamanho dos bichos esconde um tanto a falta do que dizer. Talvez mais do que uma baleia de blue jeans, Loureiro pode ter criado aqui um elefante branco.
JOÃO LOUREIRO
Quando: ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
Quanto: R$ 4; grátis hoje
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